30.11.08
Casas de banho da Roma Antiga eram loja, biblioteca e prostíbulo num só luga
lustração mostra como seria uma casa de banho da Roma antiga (Foto: Arte/G1)
Termas construídas antes de Cristo tinham água quente e eram gratuitas.Espaços podiam abrigar milhares e centralizavam a vida social romana.
magine um só lugar onde você possa fazer compras, alugar livros, fazer ginástica e trilhas, ver obras de arte, comer, tomar um banho quente e até contratar uma prostituta. Pois assim eram as casas de banho da Roma Antiga. Em pleno século II A.C., os romanos criaram estabelecimentos que concentravam tudo o que a vida social exigia - e de graça. As construções eram enormes e chegavam a abrigar milhares de banhistas.
Veja como era uma típica casa de banho romana
O ato de banhar-se era visto mais como uma atividade social do que como um ritual de higiene para os romanos. Era nas termas que eles fechavam negócios, falavam de política e fofocavam. Os banhos tinham horários separados para homens e mulheres e eram liberados para escravos.
Segundo Katherine Ashenburg, autora do recém lançado "Passando a limpo - O banho da Roma antiga até hoje", "eles faziam o banho ser parte da vida social, um lugar em que eles passavam algumas horas do dia. Era como nossos clubes, nossos cafés, nossos spas. Eles podiam fechar negócios e contratar uma prostituta no mesmo lugar."
As termas de Dioclécio chegaram a acolher até 3 mil banhistas e tinham 13 hectares. As de Caracala, que hoje são ruinas bem conservadas, tiveram mais de 11 hectares.
Água quente
Os romanos tinham um sistema próprio para esquentar a água e distribuir o calor para as várias salas e piscinas. Chamado hipocausto, o método consistia em uma fornalha que esquentava o ar e o espalhava pelos espaços ocos das paredes e subsolos. As águas eram aquecidas em calderões e espalhadas por bombas e canos de chumbo.
Prostíbulos
Apesar de haver uma lei moral que impedia mulheres de se banharem com homens, não havia nenhuma proibição formal para isso. Não eram poucas as mulheres que preferiam comprometer sua reputação a abrir mão de um prazer dentro das casas de banho.
Antiga casa de banho preservada na região de Bath, 160 km de Londres, na inglaterra (Foto: Marília Juste/G1)
Em conseqüência, quanto mais as termas entravam na moda, mais escândalos de prostituição e promiscuidade surgiam. Para cortá-los pela raiz, entre os anos 117 e 138, Adriano emitiu um decreto que separou os banhos, reservando horas diferentes para homens e mulheres.
Mas isso não impediu a prostituição dentro das casas. De acordo com Ashenburg, "a prostituição dentro das casas de banho era normal e acredito que eram coisas normais na sociedade romana".
Declínio
Com o fim do império romano e a ascensão do cristianismo, as termas entraram em decadência. A cultura do banho romano desapareceu lentamente e as termas viraram elemento de domínio aristocrático nos séculos VIII e IX. A Idade Média chegou e repudiou tanto a prática dos banhos comunitários como quase qualquer lavagem feita com água. "Foi o período mais sujo da história", explica Ashenburg.
Fonte: G1
Disponível em:http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL749471-16107,00-CASAS+DE+BANHO+DA+ROMA+ANTIGA+ERAM+LOJA+BIBLIOTECA+E+PROSTIBULO+NUM+SO+LUGA.html
Animais eram julgados e até executados na Idade Média
Porcos eram os bichos que mais recebiam acusações.Julgamento muitas vezes acabava com a pena máxima: forca.
Em 1386, um julgamento na cidade francesa de Falaise condenou o réu à pena máxima, enforcamento em praça pública, por cometer infanticídio – assassinato de criança. No dia da execução, o povo se aglomerou para ver o espetáculo. Pela importância da solenidade, o carrasco recebeu um par de luvas brancas. No centro do show estava a ré: uma porca. Sim, isso mesmo. A porca havia sido julgada e condenada à forca. Na Europa feudal, o julgamento de animais era comum, já que se acreditava que, se eles eram responsáveis por crimes, deveriam responder por eles. O júri era igual ao aplicado aos humanos – e até a advogados os animais tinham direito. A interpretação da criminalidade animal provavelmente vinha das crenças judaico-cristãs. Em uma passagem bíblica, a morte por apedrejamento é citada: “E se algum boi escornear homem ou mulher, que morra, o boi será apedrejado certamente, e a sua carne se não comerá; mas o dono do boi será absolvido.” (Êxodo, capítulo 21, versículo 28).
Segundo a professora de literatura inglesa da Universidade da California e autora do recém-lançado "For the Love of Animals: The Rise of the Animal Protection Movement" ("Pelo amor dos animais: o surgimento do movimento de proteção animal", em tradução literal), Kathryn Shevelow, em entrevista ao G1 por e-mail, a tradição de julgamentos era especialmente comum na França. "Os crimes eram geralmente homicídio ou crimes sexuais, como de humanos que fazem sexo com animais. Nessa época, os homens consideravam os animais moralmente responsáveis por seus atos."
No livro “The criminal prosecution and capital punishment of animals”, inédito em português, o americano Edward Payson Evans examina detalhes de 191 casos do tipo. Segundo ele, os julgamentos ocorreram principalmente entre os séculos XV e XVII, sendo que o primeiro registro encontrado pelo autor data de 824, quando toupeiras foram excomungadas no Vale de Aosta, noroeste da Itália. O último caso, segundo o livro, foi em 1906, quando um cachorro foi julgado em Délémont, na Suíça.
Em alguns casos, os animais obtinham clemência. O júri podia ser tanto eclesiástico como secular, e o crime mais comum era homicídio - mas também foram registrados roubos. Além dos porcos, entre os bichos citados há abelhas, touros, cavalos, ratos, lobos, gatos e cobras.
Porcos
Entre os animais acusados, os porcos estavam entre os que mais frequentavam o banco dos réus. Segundo escreveu Piers Beirne, professor de criminologia da Universidade de Southern Maine (EUA), em um artigo sobre o assunto, o motivo de os porcos serem comunmente acusados é que eles viviam livremente com os homens, e seu peso e tamanho faziam com que causassem problemas.
O filme “Entre a Luz e as Trevas”, de 1993, mostra um advogado que viajou ao interior da França e acabou defendendo um porco em um julgamento.
Fonte: G1
Disponível em: http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL752559-16107,00-ANIMAIS+ERAM+JULGADOS+E+ATE+EXECUTADOS+NA+IDADE+MEDIA.html
Em 1386, um julgamento na cidade francesa de Falaise condenou o réu à pena máxima, enforcamento em praça pública, por cometer infanticídio – assassinato de criança. No dia da execução, o povo se aglomerou para ver o espetáculo. Pela importância da solenidade, o carrasco recebeu um par de luvas brancas. No centro do show estava a ré: uma porca. Sim, isso mesmo. A porca havia sido julgada e condenada à forca. Na Europa feudal, o julgamento de animais era comum, já que se acreditava que, se eles eram responsáveis por crimes, deveriam responder por eles. O júri era igual ao aplicado aos humanos – e até a advogados os animais tinham direito. A interpretação da criminalidade animal provavelmente vinha das crenças judaico-cristãs. Em uma passagem bíblica, a morte por apedrejamento é citada: “E se algum boi escornear homem ou mulher, que morra, o boi será apedrejado certamente, e a sua carne se não comerá; mas o dono do boi será absolvido.” (Êxodo, capítulo 21, versículo 28).
Segundo a professora de literatura inglesa da Universidade da California e autora do recém-lançado "For the Love of Animals: The Rise of the Animal Protection Movement" ("Pelo amor dos animais: o surgimento do movimento de proteção animal", em tradução literal), Kathryn Shevelow, em entrevista ao G1 por e-mail, a tradição de julgamentos era especialmente comum na França. "Os crimes eram geralmente homicídio ou crimes sexuais, como de humanos que fazem sexo com animais. Nessa época, os homens consideravam os animais moralmente responsáveis por seus atos."
No livro “The criminal prosecution and capital punishment of animals”, inédito em português, o americano Edward Payson Evans examina detalhes de 191 casos do tipo. Segundo ele, os julgamentos ocorreram principalmente entre os séculos XV e XVII, sendo que o primeiro registro encontrado pelo autor data de 824, quando toupeiras foram excomungadas no Vale de Aosta, noroeste da Itália. O último caso, segundo o livro, foi em 1906, quando um cachorro foi julgado em Délémont, na Suíça.
Em alguns casos, os animais obtinham clemência. O júri podia ser tanto eclesiástico como secular, e o crime mais comum era homicídio - mas também foram registrados roubos. Além dos porcos, entre os bichos citados há abelhas, touros, cavalos, ratos, lobos, gatos e cobras.
Porcos
Entre os animais acusados, os porcos estavam entre os que mais frequentavam o banco dos réus. Segundo escreveu Piers Beirne, professor de criminologia da Universidade de Southern Maine (EUA), em um artigo sobre o assunto, o motivo de os porcos serem comunmente acusados é que eles viviam livremente com os homens, e seu peso e tamanho faziam com que causassem problemas.
O filme “Entre a Luz e as Trevas”, de 1993, mostra um advogado que viajou ao interior da França e acabou defendendo um porco em um julgamento.
Fonte: G1
Disponível em: http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL752559-16107,00-ANIMAIS+ERAM+JULGADOS+E+ATE+EXECUTADOS+NA+IDADE+MEDIA.html
EUA perderam bomba nuclear na Groenlândia
Investigação da BBC revela que arma estava em avião que caiu no gelo em 1968.
Os Estados Unidos abandonaram uma arma nuclear sob o gelo no norte da Groenlândia depois da queda de um avião no gelo em 21 de janeiro de 1968, de acordo com documentos previamente secretos obtidos pela BBC.
O Pentágono sempre disse que todas as quatro bombas nucleares a bordo do avião haviam sido destruídas, mas os documentos, juntamente com os depoimentos de dois pilotos ouvidos pela BBC - John Haug e Joe D'Amario - revelaram que uma das armas perdeu-se quando a superfície de gelo onde ela se encontrava derreteu.
O avião era um dos bombardeiros B-52 que sobrevoavam regularmente a Base Aérea de Thule, na Groenlândia, construída pelos Estados Unidos em meados da década de 50. Ele se chocou no gelo do mar a poucos quilômetros da base.
Segundo o correspondente da BBC para assuntos de segurança, Gordon Corera, ela tinha um radar que monitorava o céu caso mísseis soviéticos passassem pelo Pólo Norte.
Era o auge da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, e a estratégia era que os bombardeiros, armados com armas nucleares, pudessem responder a uma eventual agressão militar com ataques contra Moscou.
A Groenlândia é uma província autônoma da Dinamarca, e o transporte de armas nucleares em espaço aéreo dinamarquês era mantido em segredo - assim como a natureza das buscas realizadas para tentar recuperar a arma.
Busca
Uma busca realizada por um submarino Star III fracassou e as autoridades americanas decidiram abandonar a operação para tentar recuperar a bomba perdida, de número de série 78252, de acordo com William H. Chambers, um ex-projetista de armas nucleares do laboratório de Los Álamos, nos Estados Unidos.
"Houve decepção por causa do que pode ser chamado de fracasso na recuperação de todos os componentes", disse Chambers à BBC, referindo-se à bomba não encontrada. "Seria muito difícil para mais alguém recuperar peças secretas se nós não podíamos encontrá-las."
A idéia vigente na época era que o revestimento da bomba apodreceria e o material radioativo se dissolveria no oceano - um vasto reservatório de água - tornando-o inofensivo, de acordo com Corera.
Segundo o repórter da BBC, moradores locais alegam que os resíduos da bomba afetaram o meio ambiente e a saúde de comunidades da área - alegação refutada pelas autoridades.
Apesar de a BBC ter obtido alguns dos documentos graças à legislação sobre a liberdade de informação nos Estados Unidos, alguns textos sobre o assunto continuam sendo mantidos em sigilo.
Fonte;G1
Disponível em:http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL857433-5602,00-EUA+PERDERAM+BOMBA+NUCLEAR+NA+GROENLANDIA.html
Os Estados Unidos abandonaram uma arma nuclear sob o gelo no norte da Groenlândia depois da queda de um avião no gelo em 21 de janeiro de 1968, de acordo com documentos previamente secretos obtidos pela BBC.
O Pentágono sempre disse que todas as quatro bombas nucleares a bordo do avião haviam sido destruídas, mas os documentos, juntamente com os depoimentos de dois pilotos ouvidos pela BBC - John Haug e Joe D'Amario - revelaram que uma das armas perdeu-se quando a superfície de gelo onde ela se encontrava derreteu.
O avião era um dos bombardeiros B-52 que sobrevoavam regularmente a Base Aérea de Thule, na Groenlândia, construída pelos Estados Unidos em meados da década de 50. Ele se chocou no gelo do mar a poucos quilômetros da base.
Segundo o correspondente da BBC para assuntos de segurança, Gordon Corera, ela tinha um radar que monitorava o céu caso mísseis soviéticos passassem pelo Pólo Norte.
Era o auge da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, e a estratégia era que os bombardeiros, armados com armas nucleares, pudessem responder a uma eventual agressão militar com ataques contra Moscou.
A Groenlândia é uma província autônoma da Dinamarca, e o transporte de armas nucleares em espaço aéreo dinamarquês era mantido em segredo - assim como a natureza das buscas realizadas para tentar recuperar a arma.
Busca
Uma busca realizada por um submarino Star III fracassou e as autoridades americanas decidiram abandonar a operação para tentar recuperar a bomba perdida, de número de série 78252, de acordo com William H. Chambers, um ex-projetista de armas nucleares do laboratório de Los Álamos, nos Estados Unidos.
"Houve decepção por causa do que pode ser chamado de fracasso na recuperação de todos os componentes", disse Chambers à BBC, referindo-se à bomba não encontrada. "Seria muito difícil para mais alguém recuperar peças secretas se nós não podíamos encontrá-las."
A idéia vigente na época era que o revestimento da bomba apodreceria e o material radioativo se dissolveria no oceano - um vasto reservatório de água - tornando-o inofensivo, de acordo com Corera.
Segundo o repórter da BBC, moradores locais alegam que os resíduos da bomba afetaram o meio ambiente e a saúde de comunidades da área - alegação refutada pelas autoridades.
Apesar de a BBC ter obtido alguns dos documentos graças à legislação sobre a liberdade de informação nos Estados Unidos, alguns textos sobre o assunto continuam sendo mantidos em sigilo.
Fonte;G1
Disponível em:http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL857433-5602,00-EUA+PERDERAM+BOMBA+NUCLEAR+NA+GROENLANDIA.html
Oktoberfest
Profa. Dra. Rita Amaral
Antropóloga do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo (USP)
Este texto faz parte da tese de Doutoramento em Antropologia Social de Rita Amaral, Festa à Brasileira - sentidos do festejar no país que "não é sério" defendida junto ao Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no ano de 1998.
Introdução
Bebe, bebe, irmãozinho, bebe!
Deixe as preocupações em casa.
Evite as amarguras e evite a dor
e aí a vida será uma brincadeira!
Não devemos deixar de beber
o beber é que move o mundo,
e nem ter raiva daquele
que encomenda sua bebida.
Seja cerveja, vinho ou champanhe,
vamos beber sem nos gabar.
Pois já houve quem tomou champanhe
E depois não pôde pagar
(Canção da Oktoberfest)
A experiência brasileira da festa como linguagem e como "artefato" popular, como um modo de ação diante dos mais variados problemas e contextos, encontra expressão exemplar na Oktoberfest de Blumenau, Santa Catarina. Esta Oktoberfest brasileira é cheia de significados particulares e a compreensão de sua gênese pode ajudar a entender seus múltiplos sentidos e por que ela vem se tornando um modelo de festa no Sul do Brasil e em várias outras regiões brasileiras (Fishfest de Mato Grosso, a Cajufest de Fortaleza, e a própria Oktoberfest de Garanhuns, Pernambuco, para citar um exemplo curioso).
A Oktoberfest blumenauense surgiu em 1984. Mesmo assim, já faz parte do calendário turístico da Embratur como a segunda maior festa brasileira, sendo considerada pela população local como uma espécie de carnaval do Sul. Alguns catarinenses dizem mesmo:
Quem disse que carnaval sempre tem que ter samba e marchinha e ser em fevereiro? Se você for a Veneza, vai ficar espantada com as músicas do Carnaval de lá. A Oktoberfest é o Carnaval do Sul. (Max, 19 anos)
Considerando-se certos aspectos, de fato, pode-se pensar na Oktoberfest como um Carnaval, já que inclui elementos característicos deste, como as fantasias, os desfiles, os carros alegóricos, as festas de clube e de rua e representa um momento em que aquilo que os blumenauenses mais valorizam é incorporado aos desfiles nas ruas, do mesmo modo que acontece no Carnaval. Este modelo, inclusive, parece ser o modelo brasileiro de festa, reproduzindo-se freqüentemente tanto em festas religiosas como em festas profanas.
A história e os valores dos blumenauenses são encenados nas ruas de Blumenau do mesmo modo como a história e os valores do povo brasileiro são representados nas alegorias e enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, pelos devotos do Círio de Nazaré e das festas do Divino Espírito Santo ou pelos “matutos” do São João de Caruaru.
A Oktoberfest de Blumenau foi um sonho acalentado durante anos pelos grupos originários da Alemanha, que ali viviam. Sempre se comentava como seria gratificante e importante realizar uma festa como a alemã, que acontece na Bavária, especialmente porque Blumenau já tinha toda a arquitetura condizente com o espírito da festa, além do gosto pela cerveja, herança alemã. Tanto pelo fabrico quanto pelo consumo (a maior parte dos blumenauenses sabem fabricar sua própria cerveja, embora poucos o façam atualmente). Este gosto pela cerveja introduziu a primeira indústria dela em Blumenau, inaugurada em 1858 por um dos colonos trazidos pelo Dr. Blumenau. Heinrich Mosang abriu sua cervejaria na casa que ainda hoje existe na rua São Paulo. Durante anos, entretanto, a Oktoberfest foi apenas um projeto, marcado pela vontade de reforçar a identidade alemã dos habitantes (Sasse, 1991).
O sucesso da Oktoberfest foi tamanho que Blumenau não só se recuperou física e economicamente, como também se converteu num evento tão associado à identidade da cidade que muitos folhetos turísticos substituem o nome de Blumenau por Oktoberfest. Graças ao volume de visitantes que a cidade passou a receber em função da festa, a economia se desenvolveu de forma equilibrada, harmônica e crescente. O padrão de vida da cidade subiu paralelamente. Existem, em Blumenau, segundo dados da prefeitura, automóveis na proporção de um para cada três habitantes — a taxa mais elevada do Brasil. Os blumenauenses se orgulham do fato de que em todo o município não existe uma só família que não seja proprietária da casa em que mora.
O sucesso do modelo festivo de Blumenau fez com que ele se convertesse num modelo que vem se disseminando por todo o país, como modo de incentivar o turismo e através dele concentrar recursos para financiar obras sociais, gerar empregos e fomentar indústrias.
Por trás da segunda maior festa da cerveja do mundo — depois da Oktoberfest de Munique, Alemanha — movimentam-se batalhões de pessoas para viabilizar a estrutura da festa. Se a prefeitura de Blumenau e a PROEB investem 2 milhões de dólares na Oktoberfest, as empresas patrocinadoras, como as quatro grandes cervejarias do Brasil (Antártica, Brahma, Kaiser e Skol), armam também uma gigantesca operação para apoiar o evento. São dezessete dias de festa seguidos, contra os cinco dias do Carnaval.
A marcante influência da cultura germânica em Blumenau se revela ao primeiro olhar: na arquitetura, no fenótipo do povo, nos hábitos, nos restaurantes, em tudo se revela um certo jeito europeu, do qual os blumenauenses muito se orgulham, embora se considerem profundamente brasileiros. Chalés de madeira envernizada, casas caiadas, telhados construídos para receber neve (que representam mais uma referência que uma necessidade), letras góticas nos anúncios e o idioma alemão, falado pelas ruas por muitos dos habitantes. Pode-se dizer que Blumenau se fez uma cidade brasileira sem ter perdido a “germanidade”. Daí o anseio por uma festa que representasse essa identidade e tudo de visão de mundo particular que significa. Uma festa que fizesse explodir numa tradução brasileira o orgulho de descender de alemães (Bonatti, 1992).
O destino, contudo, se encarregou de impulsionar o projeto. E impulsionou com as águas descontroladas das enchentes do rio Itajaí-Açu, em cujo vale se localiza Blumenau. Não era a primeira vez que acontecia (a primeira grande enchente aconteceu em 1895), mas em 1983 Blumenau foi quase totalmente destruída pelas águas do rio. Inundadas até os telhados, na vazante as casas eram apenas restos enlameados das até então belas casinhas com jeito europeu, caiadas e com cercas cuidadas, muitas flores e frontais de madeira envernizada. Demorou um bom tempo até que a cidade pudesse voltar a uma certa normalidade, com o apoio da prefeitura e do governo do Estado. Mas cada chuva se transformava em uma ameaça. Em 1984, antes mesmo que a cidade estivesse funcionando normalmente, uma nova enchente, de proporções maiores para uma cidade ainda em recuperação da enchente anterior, destruiu Blumenau. "Completamente", dizem alguns blumenauenses. "Menos a coragem do povo", dizem outros (Silva,1989; Sasse, 1991; Bonatti, 1992).
A festa como modo de ação
Sem muitas esperanças diante da catástrofe, o povo de Blumenau só via duas soluções: partir para sempre, abandonando a cidade que seus avós e tataravós idealizaram e construíram à mercê do rio, ou ficar e reconstruir tudo. Mas o desânimo era imenso e cada chuva se tornaria sinônimo de medo. Primeiro por causa da enchente do ano anterior, que consumira recursos que o município já não possuía, e depois pelos sérios obstáculos a serem ultrapassados, dos quais o maior parecia ser o abatimento moral dos blumenauenses. Era preciso arrecadar dinheiro rapidamente para reconstruir a cidade, pois os recursos da prefeitura e do Estado não seriam suficientes e demorariam muito a chegar.
Voltou-se, então, à velha fórmula de concentração e distribuição de bens do povo: a festa. Era necessário realizar uma festa para angariar recursos. Foi então que se resolveu colocar em prática o antigo projeto da Oktoberfest e, através dela, tentar revigorar o espírito de criação para a reconstrução da cidade; o mesmo espírito de luta e de coragem que imbuíra seus antepassados que ergueram Blumenau. Agora, os blumenauenses contemporâneos poderiam fazer parte dessa aventura, que estava recomeçando, dando-lhes a chance de também fazer parte da história de luta por um bom lugar para se viver e criar os filhos.
Muitos foram contra, pois além dos recursos serem mínimos e os espíritos estarem fatigados e desanimados, era agosto, e uma Oktoberfest que se preze deve ser realizada em outubro. Mesmo assim, a vontade de renascer da cidade falou mais alto e as mãos foram postas à obra. Segundo Marita Sasse (1991), apenas a perspectiva da alegria de ver realizada a "Oktoberfest de Blumenau" e a motivação de receber bem as visitas foi capaz de animar a população e incentivá-la a unir forças para se ajudar mutuamente e tirar a lama de dentro das casas, limpar móveis, consertar cercas, envernizar as madeiras novamente, caiar as casas, escovar as calçadas, até que não restassem marcas da destruição. Pelo menos não "tão" aparentes.
A idéia tomou conta dos grupos e a Secretaria de Turismo ofereceu apoio, chamando os empresários a participarem. As grandes cervejarias do Brasil foram contatadas e aceitaram patrocinar o evento. Evidentemente, o sul do Brasil estava mais do que qualificado, pela ascendência da população e pelos traços culturais todos, para realizar uma bela festa da cerveja. O começo do calor, vindo com a primavera, ajudava a secar a cidade, as lágrimas do povo, e a aumentar a sede. E tudo começara a florir, aumentando a esperança no renascimento de Blumenau (Sasse,1991; Bonatti, 1992).
As escolas ensaiaram suas fanfarras; o município sua banda. Elas deveriam animar a nova festa de Blumenau. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos deveriam participar, organizando o que pudessem. O esforço de cada um era necessário.
Foi construída, de madeira, no estilo camponês, uma carroça que, puxada por cavalos, levaria um imenso barril de chope pelas ruas da cidade, distribuindo gratuitamente canecas dele aos passantes. Para guiá-lo, foi eleito um popular personagem desenhado pelo cartunista local Luiz Cé desde 1979, o Vovô Chopão, que seria também conhecido, a partir de então, como símbolo da festa e dono do carro da cerveja (chamado de Bierwagen).
Vovô Chopão, o responsável oficial pela distribuição gratuita de chope durante os dias da festa, é o rei da folia, uma espécie de Momo germano-brasileiro. Ele, no entanto, não é destronado e nem "morre" no final da festa. Apenas se recolhe às páginas do jornalzinho onde nasceu. Durante os dezessete dias da festa, Vovô Chopão é encarnado por um cidadão blumenauense que o representa com alegria e fanfarronice e é o rei temporário da festa. Mas é "apenas um Vovô” e, como tal, não tem a malícia de seus pares, como o rei Momo. Sua principal função é a de presidir a distribuição gratuita do chope e animar os bailes (Sasse, 1991).
Em setembro de 1984 foi eleita a rainha da primavera de Blumenau, que foi encarregada de visitar as cidades vizinhas e o resto do país convidando para a primeira grande festa do chope no Brasil. O cartaz que ela levava por toda parte dizia: “Visite a Oktoberfest de Blumenau. Apesar de tudo”. Este apelo foi eficaz pois chamava para a festa e lembrava aos convidados a necessidade de solidariedade no difícil momento que a cidade atravessava.
Para alguns, parecia impossível e absurdo que Blumenau estivesse festejando alguma coisa. Por solidariedade ou curiosidade, pelo amor ao chope ou ainda motivada pela beleza demonstrada pelo exemplo da rainha da primavera, uma enorme quantidade de pessoas respondeu positivamente ao convite. A rainha da primavera recebeu, a partir de então, a função de Rainha da Festa e deve ser sempre “uma loirinha rosada” que se veste com o traje típico de camponesa alemã do século passado, todo bordado com flores vermelhas e brancas, cores de Blumenau. Ela é escolhida entre representantes dos Clubes de Caça e Tiro locais (Sasse, 1991). Sua missão principal é promover da Oktoberfest nos meses que a antecedem, percorrendo o país, e desfilar sua beleza pela cidade durante a festa. Esta rainha desfila diariamente pela cidade (do mesmo modo que o Vovô Chopão), rodeada de outras moças bonitas, as “princesas”, exibindo o padrão de beleza das mulheres do sul e as flores de Blumenau que lotam seu carro.
As donas de casa e de doceiras prepararam seus doces. E muito, muito chucrute, que acompanharia as salsichas e os marrecos assados, comida tradicional alemã. O objetivo disso era atrair muita gente que, vindo para comer, beber, dançar e cantar terminasse conhecendo e principalmente comprando os produtos da cidade. Os felpudos, como toalhas e roupões, os cristais e artigos de charutaria, principais produtos de Blumenau, assim como as camisetas (a indústria de malhas Hering é uma das principais indústrias de Blumenau), foram postos à venda, e os saldos da enchente foram vendidos por preços ínfimos. A primeira festa foi um sucesso, embora muitos comerciantes afirmem ter tido prejuízo. Em todo caso, muitos encaram a primeira festa como um investimento no que viria depois (Sasse, 1991).
Texto completo em:http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0016_02.html
Fonte: Educação Pública
Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0016_02.html
Antropóloga do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo (USP)
Este texto faz parte da tese de Doutoramento em Antropologia Social de Rita Amaral, Festa à Brasileira - sentidos do festejar no país que "não é sério" defendida junto ao Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no ano de 1998.
Introdução
Bebe, bebe, irmãozinho, bebe!
Deixe as preocupações em casa.
Evite as amarguras e evite a dor
e aí a vida será uma brincadeira!
Não devemos deixar de beber
o beber é que move o mundo,
e nem ter raiva daquele
que encomenda sua bebida.
Seja cerveja, vinho ou champanhe,
vamos beber sem nos gabar.
Pois já houve quem tomou champanhe
E depois não pôde pagar
(Canção da Oktoberfest)
A experiência brasileira da festa como linguagem e como "artefato" popular, como um modo de ação diante dos mais variados problemas e contextos, encontra expressão exemplar na Oktoberfest de Blumenau, Santa Catarina. Esta Oktoberfest brasileira é cheia de significados particulares e a compreensão de sua gênese pode ajudar a entender seus múltiplos sentidos e por que ela vem se tornando um modelo de festa no Sul do Brasil e em várias outras regiões brasileiras (Fishfest de Mato Grosso, a Cajufest de Fortaleza, e a própria Oktoberfest de Garanhuns, Pernambuco, para citar um exemplo curioso).
A Oktoberfest blumenauense surgiu em 1984. Mesmo assim, já faz parte do calendário turístico da Embratur como a segunda maior festa brasileira, sendo considerada pela população local como uma espécie de carnaval do Sul. Alguns catarinenses dizem mesmo:
Quem disse que carnaval sempre tem que ter samba e marchinha e ser em fevereiro? Se você for a Veneza, vai ficar espantada com as músicas do Carnaval de lá. A Oktoberfest é o Carnaval do Sul. (Max, 19 anos)
Considerando-se certos aspectos, de fato, pode-se pensar na Oktoberfest como um Carnaval, já que inclui elementos característicos deste, como as fantasias, os desfiles, os carros alegóricos, as festas de clube e de rua e representa um momento em que aquilo que os blumenauenses mais valorizam é incorporado aos desfiles nas ruas, do mesmo modo que acontece no Carnaval. Este modelo, inclusive, parece ser o modelo brasileiro de festa, reproduzindo-se freqüentemente tanto em festas religiosas como em festas profanas.
A história e os valores dos blumenauenses são encenados nas ruas de Blumenau do mesmo modo como a história e os valores do povo brasileiro são representados nas alegorias e enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, pelos devotos do Círio de Nazaré e das festas do Divino Espírito Santo ou pelos “matutos” do São João de Caruaru.
A Oktoberfest de Blumenau foi um sonho acalentado durante anos pelos grupos originários da Alemanha, que ali viviam. Sempre se comentava como seria gratificante e importante realizar uma festa como a alemã, que acontece na Bavária, especialmente porque Blumenau já tinha toda a arquitetura condizente com o espírito da festa, além do gosto pela cerveja, herança alemã. Tanto pelo fabrico quanto pelo consumo (a maior parte dos blumenauenses sabem fabricar sua própria cerveja, embora poucos o façam atualmente). Este gosto pela cerveja introduziu a primeira indústria dela em Blumenau, inaugurada em 1858 por um dos colonos trazidos pelo Dr. Blumenau. Heinrich Mosang abriu sua cervejaria na casa que ainda hoje existe na rua São Paulo. Durante anos, entretanto, a Oktoberfest foi apenas um projeto, marcado pela vontade de reforçar a identidade alemã dos habitantes (Sasse, 1991).
O sucesso da Oktoberfest foi tamanho que Blumenau não só se recuperou física e economicamente, como também se converteu num evento tão associado à identidade da cidade que muitos folhetos turísticos substituem o nome de Blumenau por Oktoberfest. Graças ao volume de visitantes que a cidade passou a receber em função da festa, a economia se desenvolveu de forma equilibrada, harmônica e crescente. O padrão de vida da cidade subiu paralelamente. Existem, em Blumenau, segundo dados da prefeitura, automóveis na proporção de um para cada três habitantes — a taxa mais elevada do Brasil. Os blumenauenses se orgulham do fato de que em todo o município não existe uma só família que não seja proprietária da casa em que mora.
O sucesso do modelo festivo de Blumenau fez com que ele se convertesse num modelo que vem se disseminando por todo o país, como modo de incentivar o turismo e através dele concentrar recursos para financiar obras sociais, gerar empregos e fomentar indústrias.
Por trás da segunda maior festa da cerveja do mundo — depois da Oktoberfest de Munique, Alemanha — movimentam-se batalhões de pessoas para viabilizar a estrutura da festa. Se a prefeitura de Blumenau e a PROEB investem 2 milhões de dólares na Oktoberfest, as empresas patrocinadoras, como as quatro grandes cervejarias do Brasil (Antártica, Brahma, Kaiser e Skol), armam também uma gigantesca operação para apoiar o evento. São dezessete dias de festa seguidos, contra os cinco dias do Carnaval.
A marcante influência da cultura germânica em Blumenau se revela ao primeiro olhar: na arquitetura, no fenótipo do povo, nos hábitos, nos restaurantes, em tudo se revela um certo jeito europeu, do qual os blumenauenses muito se orgulham, embora se considerem profundamente brasileiros. Chalés de madeira envernizada, casas caiadas, telhados construídos para receber neve (que representam mais uma referência que uma necessidade), letras góticas nos anúncios e o idioma alemão, falado pelas ruas por muitos dos habitantes. Pode-se dizer que Blumenau se fez uma cidade brasileira sem ter perdido a “germanidade”. Daí o anseio por uma festa que representasse essa identidade e tudo de visão de mundo particular que significa. Uma festa que fizesse explodir numa tradução brasileira o orgulho de descender de alemães (Bonatti, 1992).
O destino, contudo, se encarregou de impulsionar o projeto. E impulsionou com as águas descontroladas das enchentes do rio Itajaí-Açu, em cujo vale se localiza Blumenau. Não era a primeira vez que acontecia (a primeira grande enchente aconteceu em 1895), mas em 1983 Blumenau foi quase totalmente destruída pelas águas do rio. Inundadas até os telhados, na vazante as casas eram apenas restos enlameados das até então belas casinhas com jeito europeu, caiadas e com cercas cuidadas, muitas flores e frontais de madeira envernizada. Demorou um bom tempo até que a cidade pudesse voltar a uma certa normalidade, com o apoio da prefeitura e do governo do Estado. Mas cada chuva se transformava em uma ameaça. Em 1984, antes mesmo que a cidade estivesse funcionando normalmente, uma nova enchente, de proporções maiores para uma cidade ainda em recuperação da enchente anterior, destruiu Blumenau. "Completamente", dizem alguns blumenauenses. "Menos a coragem do povo", dizem outros (Silva,1989; Sasse, 1991; Bonatti, 1992).
A festa como modo de ação
Sem muitas esperanças diante da catástrofe, o povo de Blumenau só via duas soluções: partir para sempre, abandonando a cidade que seus avós e tataravós idealizaram e construíram à mercê do rio, ou ficar e reconstruir tudo. Mas o desânimo era imenso e cada chuva se tornaria sinônimo de medo. Primeiro por causa da enchente do ano anterior, que consumira recursos que o município já não possuía, e depois pelos sérios obstáculos a serem ultrapassados, dos quais o maior parecia ser o abatimento moral dos blumenauenses. Era preciso arrecadar dinheiro rapidamente para reconstruir a cidade, pois os recursos da prefeitura e do Estado não seriam suficientes e demorariam muito a chegar.
Voltou-se, então, à velha fórmula de concentração e distribuição de bens do povo: a festa. Era necessário realizar uma festa para angariar recursos. Foi então que se resolveu colocar em prática o antigo projeto da Oktoberfest e, através dela, tentar revigorar o espírito de criação para a reconstrução da cidade; o mesmo espírito de luta e de coragem que imbuíra seus antepassados que ergueram Blumenau. Agora, os blumenauenses contemporâneos poderiam fazer parte dessa aventura, que estava recomeçando, dando-lhes a chance de também fazer parte da história de luta por um bom lugar para se viver e criar os filhos.
Muitos foram contra, pois além dos recursos serem mínimos e os espíritos estarem fatigados e desanimados, era agosto, e uma Oktoberfest que se preze deve ser realizada em outubro. Mesmo assim, a vontade de renascer da cidade falou mais alto e as mãos foram postas à obra. Segundo Marita Sasse (1991), apenas a perspectiva da alegria de ver realizada a "Oktoberfest de Blumenau" e a motivação de receber bem as visitas foi capaz de animar a população e incentivá-la a unir forças para se ajudar mutuamente e tirar a lama de dentro das casas, limpar móveis, consertar cercas, envernizar as madeiras novamente, caiar as casas, escovar as calçadas, até que não restassem marcas da destruição. Pelo menos não "tão" aparentes.
A idéia tomou conta dos grupos e a Secretaria de Turismo ofereceu apoio, chamando os empresários a participarem. As grandes cervejarias do Brasil foram contatadas e aceitaram patrocinar o evento. Evidentemente, o sul do Brasil estava mais do que qualificado, pela ascendência da população e pelos traços culturais todos, para realizar uma bela festa da cerveja. O começo do calor, vindo com a primavera, ajudava a secar a cidade, as lágrimas do povo, e a aumentar a sede. E tudo começara a florir, aumentando a esperança no renascimento de Blumenau (Sasse,1991; Bonatti, 1992).
As escolas ensaiaram suas fanfarras; o município sua banda. Elas deveriam animar a nova festa de Blumenau. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos deveriam participar, organizando o que pudessem. O esforço de cada um era necessário.
Foi construída, de madeira, no estilo camponês, uma carroça que, puxada por cavalos, levaria um imenso barril de chope pelas ruas da cidade, distribuindo gratuitamente canecas dele aos passantes. Para guiá-lo, foi eleito um popular personagem desenhado pelo cartunista local Luiz Cé desde 1979, o Vovô Chopão, que seria também conhecido, a partir de então, como símbolo da festa e dono do carro da cerveja (chamado de Bierwagen).
Vovô Chopão, o responsável oficial pela distribuição gratuita de chope durante os dias da festa, é o rei da folia, uma espécie de Momo germano-brasileiro. Ele, no entanto, não é destronado e nem "morre" no final da festa. Apenas se recolhe às páginas do jornalzinho onde nasceu. Durante os dezessete dias da festa, Vovô Chopão é encarnado por um cidadão blumenauense que o representa com alegria e fanfarronice e é o rei temporário da festa. Mas é "apenas um Vovô” e, como tal, não tem a malícia de seus pares, como o rei Momo. Sua principal função é a de presidir a distribuição gratuita do chope e animar os bailes (Sasse, 1991).
Em setembro de 1984 foi eleita a rainha da primavera de Blumenau, que foi encarregada de visitar as cidades vizinhas e o resto do país convidando para a primeira grande festa do chope no Brasil. O cartaz que ela levava por toda parte dizia: “Visite a Oktoberfest de Blumenau. Apesar de tudo”. Este apelo foi eficaz pois chamava para a festa e lembrava aos convidados a necessidade de solidariedade no difícil momento que a cidade atravessava.
Para alguns, parecia impossível e absurdo que Blumenau estivesse festejando alguma coisa. Por solidariedade ou curiosidade, pelo amor ao chope ou ainda motivada pela beleza demonstrada pelo exemplo da rainha da primavera, uma enorme quantidade de pessoas respondeu positivamente ao convite. A rainha da primavera recebeu, a partir de então, a função de Rainha da Festa e deve ser sempre “uma loirinha rosada” que se veste com o traje típico de camponesa alemã do século passado, todo bordado com flores vermelhas e brancas, cores de Blumenau. Ela é escolhida entre representantes dos Clubes de Caça e Tiro locais (Sasse, 1991). Sua missão principal é promover da Oktoberfest nos meses que a antecedem, percorrendo o país, e desfilar sua beleza pela cidade durante a festa. Esta rainha desfila diariamente pela cidade (do mesmo modo que o Vovô Chopão), rodeada de outras moças bonitas, as “princesas”, exibindo o padrão de beleza das mulheres do sul e as flores de Blumenau que lotam seu carro.
As donas de casa e de doceiras prepararam seus doces. E muito, muito chucrute, que acompanharia as salsichas e os marrecos assados, comida tradicional alemã. O objetivo disso era atrair muita gente que, vindo para comer, beber, dançar e cantar terminasse conhecendo e principalmente comprando os produtos da cidade. Os felpudos, como toalhas e roupões, os cristais e artigos de charutaria, principais produtos de Blumenau, assim como as camisetas (a indústria de malhas Hering é uma das principais indústrias de Blumenau), foram postos à venda, e os saldos da enchente foram vendidos por preços ínfimos. A primeira festa foi um sucesso, embora muitos comerciantes afirmem ter tido prejuízo. Em todo caso, muitos encaram a primeira festa como um investimento no que viria depois (Sasse, 1991).
Texto completo em:http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0016_02.html
Fonte: Educação Pública
Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0016_02.html
29.11.08
No século 19, enchentes já faziam parte do cotidiano
RICARDO MOREIRA DE MESQUITA
ESPECIAL PARA A FOLHA
AS ENCHENTES em Santa Catarina são históricas, mas precisam deixar de ser. Não existem méritos quando a ocupação humana desordenada favorece fenômenos naturais que ceifam vidas.
A morfologia geológica que favoreceu a colonização do Estado e a pluralidade étnica peculiar também facilitam a ocorrência de enchentes registradas por viajantes e exploradores. No século 19, nas falas e relatórios dos presidentes da Província de Santa Catarina, dirigidos à Assembléia Provincial e enviados à administração real, na cidade do Rio de Janeiro, observa-se que as enchentes já faziam parte do cotidiano.
Nesses documentos estão os registros das atividades de governo, em que relatam a situação das finanças públicas, obras provinciais, socorros à saúde e tranqüilidade pública.
Não foram poucos os que também deixaram sugestões para combatê-las. O presidente João Carlos Pardal, em 1838, informava da necessidade de mudança no traçado da estrada para Lages, onde o rio Braço do Norte, no sul do Estado, subia o seu leito e avançava 44 metros além das margens, a cada enchente. Em Porto Belo, já haviam mudado o trajeto da estrada, cansados de reconstruir as pontes em razão das cheias.
Fixar-se às margens dos rios é uma opção do homem desde remotos tempos, pela fertilidade das terras e garantia de alimentação, a luta pela sobrevivência. Em Santa Catarina, a colonização não foi diferente de outras sociedades de regadio -Egito, Mesopotâmia, Delta do Ganges e rio Amarelo. A serra Geral, com seus contrafortes, limita o planalto ocidental da planície litorânea, recortada em belas praias, promontórios e pelos rios que nela nascem e se fazem ao mar.
Muitos outros relatos sobre tempestades, inundações -o vocábulo preferido na época- estão registrados. Mas a enchente ocorrida em 1880 deixou marcas no Estado, talvez tanto quanto deixará a de 2008.
Entre os dias 27 e 28 de setembro de 1880, escreve o presidente da Província, João Rodrigues Chaves, "elevaram-se as águas do rio Itajaí e seus afluentes a um nível que excedeu todas as previsões e inundaram rapidamente e impetuosamente todo o grande vale [...], Blumenau, o núcleo colonial de Luiz Alves e o povoado de São Pedro do Gaspar, causando graves danos e muitas perdas de vidas. Estradas, pontes de grande valor, habitações, engenhos, todas as plantações, fundadas nestes férteis municípios e nos de Tijucas e Tubarão".
E o presidente continua: "Vou abrir a vossos olhos o quadro triste desta desgraça. Na Colônia de Itajaí pereceram nessa inundação três pessoas; em Blumenau, 11; em Luiz Alves, 25; em Tubarão, três, e, finalmente, em Tijucas, uma pessoa, em um total de 42 mortos". A solidariedade brasileira era bem-vinda. Chaves louva os atos de caridade e cita vários doadores, inclusive dom Pedro 2º, sua majestade imperial, e a imperatriz Thereza Christina.
Chegaram doações das províncias vizinhas do Paraná e Rio Grande do Sul. O povo é grandioso, solidário, mas não recebe soluções.
No século 20, as maiores cheias na região do Vale do Itajaí ocorreram em 1957, 1961, 1984 (a grande enchente que atingiu Blumenau) e a de 1987.
Em 24 de março de 1974, chuvas intensas de dois dias desceram a serra arrasando Tubarão, no sul de Santa Catarina.
O desmatamento, a ocupação desordenada das encostas, a omissão dos poderes públicos no controle demográfico de regiões de risco, associados à especulação imobiliária, lavouras e plantações desordenadas nos picos dos morros, agravam os eventos.
A comunicação instantânea pode transformar a enchente de 2008 em um triste e grandioso espetáculo que passará para a história como mais uma inundação. Ou será, a continuar a inércia da gestão pública, mais uma histórica enchente?
RICARDO MOREIRA DE MESQUITA é jornalista, escritor e historiador, sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e membro da Academia Desterrense de Letras.
Fonte: Jornal da Ciência
Disponivel em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=60216
ESPECIAL PARA A FOLHA
AS ENCHENTES em Santa Catarina são históricas, mas precisam deixar de ser. Não existem méritos quando a ocupação humana desordenada favorece fenômenos naturais que ceifam vidas.
A morfologia geológica que favoreceu a colonização do Estado e a pluralidade étnica peculiar também facilitam a ocorrência de enchentes registradas por viajantes e exploradores. No século 19, nas falas e relatórios dos presidentes da Província de Santa Catarina, dirigidos à Assembléia Provincial e enviados à administração real, na cidade do Rio de Janeiro, observa-se que as enchentes já faziam parte do cotidiano.
Nesses documentos estão os registros das atividades de governo, em que relatam a situação das finanças públicas, obras provinciais, socorros à saúde e tranqüilidade pública.
Não foram poucos os que também deixaram sugestões para combatê-las. O presidente João Carlos Pardal, em 1838, informava da necessidade de mudança no traçado da estrada para Lages, onde o rio Braço do Norte, no sul do Estado, subia o seu leito e avançava 44 metros além das margens, a cada enchente. Em Porto Belo, já haviam mudado o trajeto da estrada, cansados de reconstruir as pontes em razão das cheias.
Fixar-se às margens dos rios é uma opção do homem desde remotos tempos, pela fertilidade das terras e garantia de alimentação, a luta pela sobrevivência. Em Santa Catarina, a colonização não foi diferente de outras sociedades de regadio -Egito, Mesopotâmia, Delta do Ganges e rio Amarelo. A serra Geral, com seus contrafortes, limita o planalto ocidental da planície litorânea, recortada em belas praias, promontórios e pelos rios que nela nascem e se fazem ao mar.
Muitos outros relatos sobre tempestades, inundações -o vocábulo preferido na época- estão registrados. Mas a enchente ocorrida em 1880 deixou marcas no Estado, talvez tanto quanto deixará a de 2008.
Entre os dias 27 e 28 de setembro de 1880, escreve o presidente da Província, João Rodrigues Chaves, "elevaram-se as águas do rio Itajaí e seus afluentes a um nível que excedeu todas as previsões e inundaram rapidamente e impetuosamente todo o grande vale [...], Blumenau, o núcleo colonial de Luiz Alves e o povoado de São Pedro do Gaspar, causando graves danos e muitas perdas de vidas. Estradas, pontes de grande valor, habitações, engenhos, todas as plantações, fundadas nestes férteis municípios e nos de Tijucas e Tubarão".
E o presidente continua: "Vou abrir a vossos olhos o quadro triste desta desgraça. Na Colônia de Itajaí pereceram nessa inundação três pessoas; em Blumenau, 11; em Luiz Alves, 25; em Tubarão, três, e, finalmente, em Tijucas, uma pessoa, em um total de 42 mortos". A solidariedade brasileira era bem-vinda. Chaves louva os atos de caridade e cita vários doadores, inclusive dom Pedro 2º, sua majestade imperial, e a imperatriz Thereza Christina.
Chegaram doações das províncias vizinhas do Paraná e Rio Grande do Sul. O povo é grandioso, solidário, mas não recebe soluções.
No século 20, as maiores cheias na região do Vale do Itajaí ocorreram em 1957, 1961, 1984 (a grande enchente que atingiu Blumenau) e a de 1987.
Em 24 de março de 1974, chuvas intensas de dois dias desceram a serra arrasando Tubarão, no sul de Santa Catarina.
O desmatamento, a ocupação desordenada das encostas, a omissão dos poderes públicos no controle demográfico de regiões de risco, associados à especulação imobiliária, lavouras e plantações desordenadas nos picos dos morros, agravam os eventos.
A comunicação instantânea pode transformar a enchente de 2008 em um triste e grandioso espetáculo que passará para a história como mais uma inundação. Ou será, a continuar a inércia da gestão pública, mais uma histórica enchente?
RICARDO MOREIRA DE MESQUITA é jornalista, escritor e historiador, sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e membro da Academia Desterrense de Letras.
Fonte: Jornal da Ciência
Disponivel em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=60216
Piratas já foram 'funcionários' de reis em ações nos mares
Carta de corso dada ao capitão Antoine Bollo, em 27 de fevereiro de 1809 (Foto: reprodução/Wikimedia Commons)
Carta de corso permitia que piratas agissem para capturar inimigos.
Pirataria é tão antiga quanto a navegação.
Pirataria é tão antiga quanto a navegação.
"Você precisa somente de três homens e um barquinho, e no próximo dia você está milionário”. Foi assim que o ex-capitão da extinta marinha somali Abdullahi Omar Qawden definiu a ação dos piratas na costa do país. Desde o início do ano,mais de 80 embarcações foram atacadas na África, e 12 permanecem sob poder dos bandidos.
Apesar de sempre terem sido temidos e combatidos por nações, os piratas já lutaram lado a lado ao lado de governos, durante os tempos de guerra, nos séculos XVI, XVII e XVIII. Eles eram 'contratados' para capturar navios inimigos e geralmente tinham que entregar uma parte da riqueza conseguida ao rei. A acrobacia para tornar as ações 'legais' era legitimada pela Carta do Corso.
Segundo o especialista e autor de "Piracy: The Complete History" ('Pirataria: a história completa' - inédito em português), Angus Konstam, em entrevista ao G1, por e-mail, "isso não era nada menos que a pirataria legítima - e era conhecida como uma espécie de 'privatização'. Os piratas não custavam nada ao governo e eram usados para danificar a economia do inimigo."
Até Júlio César
A atividade dos criminosos dos mares existe desde que começaram as navegações. De acordo com Konstam, o primeiro registro de ação de piratas vem do Egito Antigo, no século 14 A.C - quase 3,5 mil anos atrás.
Na Roma e Grécia antiga aparecem as primeiras tentativas de se combater os ladrões dos mares. Nessa época eles agiam indiscriminadamente. Até o imperador romano Júlio Cesar foi vítima de piratas, quando navegava perto da ilha de Pharmacusa.
Conforme contou o capitão Charles Johnson, no histórico livro "Piratas - Uma História geral dos roubos e crimes de piratas famosos" (Ed. Artes e Ofícios), os piratas que capturaram César tinham o costume de amarrar seus prisioneiros dois a dois, de costas, para joga-los ao mar. Mas, imaginando que César fosse alguém importante, pelas roupas e quantidade de escravos que o rodeavam, decidiram cobrar o equivalente a 3.600 libras pelo seu resgate.
César sorriu e ofereceu o dobro. Os piratas então mandaram seus escravos buscarem o dinheiro, o que levou mais que um mês. Nesse tempo, ele conviveu ‘em paz’ com os criminosos. Quando o dinheiro chegou, César foi libertado. De volta ao trono, sua prioridade foi preparar uma poderosa esquadra. Ele capturou seus antigos seqüestradores, saqueou suas posses e os trancou num calabouço.
Violência
O principal atrativo para um pirata é o dinheiro. Na 'época de ouro da pirataria', entre os anos de1695 e 1730, a vida num navio da Marinha Real ou da marinha mercante não era fácil. O pagamento não era dos melhores e o tratamento era cruel. O autor Shelley Klein conta no livro "Os Piratas mais perversos da história" (Ed. Planeta) que “muitos capitães eram sádicos e adoravam mais do que tudo infligir torturas corporais naqueles que empregavam.”
Há relatos de espancamentos com vassouras, barras de ferro, punhais e martelos. “Pouco espanta então que os marinheiros preferissem a pirataria a um trabalho na Marinha Real ou na marinha mercante – afinal, a bordo de um navio pirata, para alguém ser açoitado ou abandonado em uma ilha deserta era necessário o consentimento de toda a tripulação, não apenas do capitão.”
Num navio pirata a violência era geralmente dirigida aos prisioneiros. E havia muita. Há histórias de prisioneiros sendo queimados vivos, de outros que tinham os órgãos internos retirados, de enforcamentos e esquartejamentos. O tratamento dado às vítimas muitas vezes tinha objetivo de convencê-las a se juntar à tripulação. Os navios sempre estavam buscando novos recrutas. Outro objetivo era a propaganda: a fama de cruel espantava quem quisesse enfrentá-los e garantia que eles fossem notícia.
Mitos
Alguns piratas pioravam sua reputação com a aparência, deixando a barba crescer e cultivando cicatrizes. Edward Taech, o barba negra, era “a própria imagem de um ‘monstro em forma de gente’, uma criatura quase sobre-humana”, escreveu Klein . Ao contrário do que muitos imaginam, poucos piratas enterravam seus tesouros. A maioria dividia a soma entre a tripulação, que gastava com ‘vinhos e mulheres’.
Outro mito é o fato de que eles obrigavam seus prisioneiros a caminhar na prancha de madeira para fora do navio, antes de cair no mar. Não há referências históricas sobre essa prática.
Alguns piratas pioravam sua reputação com a aparência, deixando a barba crescer e cultivando cicatrizes. Edward Taech, o barba negra, era “a própria imagem de um ‘monstro em forma de gente’, uma criatura quase sobre-humana”, escreveu Klein . Ao contrário do que muitos imaginam, poucos piratas enterravam seus tesouros. A maioria dividia a soma entre a tripulação, que gastava com ‘vinhos e mulheres’.
Outro mito é o fato de que eles obrigavam seus prisioneiros a caminhar na prancha de madeira para fora do navio, antes de cair no mar. Não há referências históricas sobre essa prática.
Fonte: G1
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Os Primeiros Seres Humanos
O que é haj?
Parta agora para Esparta
Pirâmide de Gizé
Primeira onda colonizadora em 4 mil a.C.
Quem foi Ahmed Abdallah?
Quem matou o homem do gelo?
Roubar para sobreviver
Samurai
Quem foi Al Capone?
Talhados para o frio: Neandertais
Táxi de New York
Transplantes de coração em 1000 a.C.?
Tropicalismo
Uma convivência nem sempre pacífica
Fonte: História do Mundo
Disponível em: http://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/
28.11.08
Tribos Indígenas Brasileiras
01- Arara
02- Araweté
03- Ashaninka
04- Asurini
05- Bororo
06- Enawenê Nauê
07- Guarani
08- Juruna/Yudja
09- Kaapor
10- Kayapó
11- Kalapalo
12- Karajá
13- Kaxinawá
14- Krahô
15- Maioruna
16- Marubo
17- Matis
18- Matipu
19- Mehinako
20- Rikbaktsa
21- Suruí
22- Tembé
23- Ticuna
24- Tirió
25- Waiana Apalaí
26- Waurá
27- Wai Wai
28- Waiãpi
29- Yecuana/Maiongong
AIMORÉ
- Grupo não-tupi, também chamado de botocudo, vivia do sul da Bahia ao norte do Espírito Santo. Grandes corredores e guerreiros temíveis, foram os responsáveis pelo fracasso das capitanias de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo. Só foram vencidos no início do Século XX.
AKUNTSU
- Les Akuntsu sont un petit groupe d’Indiens d’Amazonie.
ANAMBÉ
- A língua Anambé é da família Tupi-Guarani. Nos anos 80, todos os Anambé com mais de 40 anos eram falantes da língua indígena e quase todos os que estavam na faixa de 20 a 30 anos a entendiam, mas usavam correntemente o português. Vivem no alto curso do rio Cairari, um afluente do Moju, que corre paralelo ao baixo rio Tocantins, pela sua margem direita. Estão na Terra Indígena Anambé, com 7.882 hectares, homologada e registrada, situada no município de Moju, PA.
APALAI
- Outras denominações : Aparai; Uaiana População : 2.157 (segundo dados oficiais em 2003)Língua : Karib Localização : Norte do Pará, Guiana Francesa e Suriname, Amapá, Parque do Tumucumaque, 3,8 milhões de hectares (equivalente a área da Bélgica)Os Apalai e os Wayana são povos de língua karib que habitam a região de fronteira entre o Brasil (rio Paru de Leste, Pará), o Suriname (rios Tapanahoni e Paloemeu) e a Guiana Francesa (alto rio Maroni e seus afluentes Tampok e Marouini). No Brasil, eles mantêm há pelo menos cem anos relações estreitas de convivência, coabitando as mesmas aldeias e casando-se entre si. Por conseguinte, é muito comum encontrar referências a essa população como um único grupo, embora sua diferenciação seja reivindicada com base em trajetórias históricas e traços culturais distintos.
APIAKÁ
- Os Apiaká vivem no norte do Estado de Mato Grosso. Encontram-se dispersos ao longo dos grandes cursos fluviais Arinos, Juruena e Teles Pires. Parte deles reside em cidades como Juara, Porto dos Gaúchos, Belém e Cuiabá. Tem-se notícia também da existência de um grupo arredio. A maior parte de sua população encontra-se aldeada na Terra Indígena Apiaká-Kayabí, cortada pelo rio dos Peixes. Os Apiaká vivem na margem direita do rio e os Kayabí, na margem esquerda. Os Apiaká eram um povo numeroso, constituindo uma aldeia de até 1.500 pessoas, além de outras também populosas.
APINAYÉ
- Nomes alternativos: Apinajé, ApinagéClassificação lingüística: Macro-GêPopulação: 800 (1994 SIL)Local: Tocantins, perto de Tocantinópolis, 6 aldeias
APURINÃ
- Nomes alternativos: Ipurinãn, Kangite, PopengareClassificação lingüística: ArawakPopulação: 2,000 (1994 SIL)Local: Amazonas, Acre; espalhados sobre 1600 kilômetros do Rio Purus, de Rio Branco até Manaus
1 - ARARA
- As mulheres dessa tribo usam, como roupa, apenas uma espécie de cinto chamado uluri, feito de entrecasca de árvore. Se esse cinto se romper (por acaso), a mulher se sente desprotegida e nua. A presença deste cinto significa que a mulher não está sexualmente disponível, e a aproximação só acontece quando ela o retira. Alguns desses povos já estão extintos. Sua língua é a tupi. No ritual de transição entre a infância e a vida adulta, os meninos ficam reclusos na casa dos homens e têm que passar por sofrimentos físicos e dar provas de força. Embora não haja um espaço físico determinado, as meninas também têm que cumprir alguns rituais de passagem.
2 - ARAWETÉ
- Os Araweté são um povo tupi-guarani de caçadores e coletores da floresta de terra firme, que se deslocou há cerca de quarenta anos das cabeceiras do rio Bacajá, em direção ao rio Xingu, no Estado do Pará. O nome "Araweté", inventado por um sertanista da Funai, não significa nada na língua do grupo. O único termo que poderia ser considerado uma auto-denominação é bïde, que significa "nós", a "gente", os "seres humanos".Outro nome: ArauetéLocalização: no Estado do Pará, próximo ao Igarapé Ipixuna, afluente do XinguQuantos são: 293 (em 2003)Língua: da família Tupi-Guarani
3 - ASHANINKA
- Os Ashaninka têm uma longa história de luta, repelindo os invasores desde a época do Império Incaico até a economia extrativista da borracha do século XIX e, particularmente entre os habitantes do lado brasileiro da fronteira, combatendo a exploração madeireira desde 1980 até hoje. Povo orgulhoso de sua cultura, movido por um sentimento agudo de liberdade, prontos a morrer para defender seu território, os Ashaninka não são simples objetos da história ocidental. É admirável sua capacidade de conciliar costumes e valores tradicionais com idéias e práticas do mundo dos brancos, tais como aquelas ligadas à sustentabilidade socioambiental.
4 - ASURINÍ
- Onde habitam : Terra Indígena Trocará, a 24 quilômetros ao norte da sede do Município de Tucuruí, no Tocantins (PA) Outras denominações : Asuriní do Trocará, Akuáwa-Asurini População : Em 2001, eram 303 Língua : Da família Tupi-Guarani Atividade predominante : Coletam mel e açaí, para comercializar em pequena escala em Tucuruí. Criam algumas cabeças de gado, mas apreciam a carne de caça como : anta, veado, caititu, cotia, macaco entre outras. Curiosidade: A caça é uma atividade predominantemente masculina, porém, as mulheres também caçam.Os Asuriní usam espingarda para caçar e anzóis na pesca, além de tarrafas e malhadeiras. Os Asuriní se autodenominam Akuáwa, que significa “ gente, nós” e habitam a Terra Indígena Trocará, com 21.722 hectares demarcados e homologados, localizados no município de Baião, em Tucuruí, no Pará. Pertencem à família lingüística Tupi-guarani, mas, atualmente, praticamente todos os Assuriní falam com fluência o português, principalmente jovens e crianças. No passado, formavam com o Povo Parakanã um grande grupo tupi e teriam como região de origem o Rio Xingu. Depois se deslocaram para leste ocupando as cabeceiras do Rio Pacajá e, mais tarde, as proximidades do Rio Trocará onde estão até hoje. Atualmente residem em uma única aldeia a cerca de três quilômetros da margem do Rio Tocantins. Eles adoram jogar futebol. Rituais : Todos os anos realizam o cerimonial denominado Morohaitawa onde são formados novos xamãs. A preparação de um homem para o xamanismo começa quando ele é jovem participando das “festas do tabaco”. A atividade xamanística é intensa por isso todo homem assuriní é um pouco pajé. Eles consideram Mahira “nosso velho avô” como o criador dos serem humanos e responsável pela instauração da ordem na Terra, com poder de vida e morte sobre os humanos. Mahira também contribuiu para a Cultura transmitindo conhecimentos como cultivo da mandioca, confecção de flautas e músicas.
ATIKUM
- A reserva Atikum, com uma área de 15.276 hectares e uma população de 3.582 índios, está localizada na Serra do Umã, no município de Carnaubeira da Penha, em Pernambuco.A presença dos indígenas na Serra do Umã data provavelmente do século XIX. Segundo documentos de 1801, esses índios, sob a denominação de Umãs juntamente com outras tribos, foram aldeados no local onde permaneceram até 1819, quando a aldeia foi abandonada após vários conflitos.Em 1824, houve a dispersão de diversos grupos indígenas pelo sertão de Pernambuco, tendo os Umã se dirigido para região da Serra Negra.
ATROARI
- Nomes alternativos: Atruahí, Atroaí, Atrowari, Atroahy, Ki'nyaClassificação lingüística: CaribePopulação: 350 (1995 SIL)Local: Nos rios Alalau e Camanau na fronteira entre o estado de Amazonas e o território de Roraima. Também nos rios Jatapu e Jauaperi
AVÁ-CANOEIRO
- Povo de língua da família Tupi-Guarani que vivia entre os rios Formoso e Javarés, em Goiás. Em 1973, um grupo foi contatado. Foram pegos "a laço" por uma equipe chefiada por Apoena Meireles, e transferidos para o Parque Indígena do Araguaia (Iha do Bananal) e colocados ao lado de seus maiores inimigos históricos, os Javaé . Parte da área indígena Avá-Canoeiro, identificada em 1994 com 38.000 ha, nos municípios de Minaçu e Cavalcante em Goiás, está sendo alagada pela hidrelétrica Serra da Mesa, no rio Maranhão.
AWÁ-GUAJÁ
- Onde habitam : no Estado do Maranhão, habitam a Terra Indígena Awá, no Município de CarutaperaOutras denominações : se auto denominam Awá, Wazaizara (Tenetehara), Aiayé (Amanayé), Gwazá População : 230 índios em contato e em 1999, foram contabilizados cerca de 30 índios sem contato Língua : da família Tupi-Guarani Atividade predominante : praticam a agricultura itinerante, sendo a caça e a pesca, as formas mais importantes de sobrevivência. É comum se deslocarem para áreas distantes, denominados como retiros de caça. Cultivam mandioca, arroz, milho, batata doce, cará, banana, melão, melancia, feijão, cacau, laranja, maracujá. O uso do babaçu é freqüente principalmente em tempos de penúria, quando usam o fruto para complementar a dieta.As origens desse povo são obscuras, mas acredita-se que os Guajá sejam originários dos rios Gurupi, Guamá e Capim no Estado de Tocantins. Provavelmente formavam junto aos Ka´apor, Tembé e Guajajara (Tenetehara) um grupo maior da família lingüística tupi-guarani naquela região. Os que vivem na pré-Amazonia brasileira constituem um dos últimos povos caçadores e coletores no Brasil. Além dos aldeados pela Funai, existe um certo número vivendo na floresta sem contato com a sociedade que não deve passar de 30 pessoas. Os primeiros contatos com o povo Guajá aconteceram em 1973. Até então, acredita-se que essa etnia tinha uma vida nômade subsistindo da caça de animais silvestres e da coleta de produtos florestais. Rituais : Na esfera religiosa, há participação complementar entre o homem e a mulher. É o que acontece no cerimonial de “viagem para o céu” (ohó iwa-beh) praticado durante o período da estiagem nas noites de lua cheia. Com a ajuda das mulheres, os homens são adornados com plumagens de aves para embarcar nessa viagem.- A página sobre os índios Awá no site Survival.
BANIWA
- Os Baniwa vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela, em aldeias localizadas às margens do Rio Içana e seus afluentes Cuiari, Aiairi e Cubate, além de comunidades no Alto Rio Negro/Guainía e nos centros urbanos de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos (AM). Já os Kuripako, que falam um dialeto da língua baniwa, vivem na Colômbia e no Alto Içana (Brasil). Ambas etnias aparentadas são exímias na confecção de cestaria de arumã, cuja arte milenar lhes foi ensinada pelos heróis criadores e que hoje vem sendo comercializada com o mercado brasileiro. Recentemente, têm ainda se destacado pela participação ativa no movimento indígena da região. Esta corresponde a um complexo cultural de 22 etnias indígenas diferentes, mas articuladas em uma rede de trocas e em grande medida identificadas no que diz respeito à organização social, cultura material e visão de mundo.
5 - BORORO
- Onde habitam : Mato Grosso Outras denominações : Coroados ou Parrudos População : Cerca de 2000 pessoas Língua : Bororo (Tronco Linguístico Macro-Jê) Atividade predominante : São tradicionais caçadores e coletores. Adaptaram-se à agricultura da qual extraem sua subsistência Curiosidade : Dentro de cada clã há uma comunhão de bens culturais (nomes, cantos, pinturas, adornos, enfeites, seres da natureza) que só podem ser usados pelos membros desse determinado clã a não ser que este direito seja participado a outras pessoas em “pagamento” por favores recebidos. Habitam a região do planalto central de Mato Grosso e está distribuído em cinco Terras Indígenas demarcadas: Jarudore, Meruri, Tadarimana, Tereza Cristina e Perigara. Com uma história de muita resistência ao avanço das frentes e expansão de territórios, a “pacificação” com o povo Bororo ocorreu no final do século XIX. Destacam-se pela confecção de seus artesanatos de plumagem (cocar e braçadeiras em pena) e também pela pintura corporal em argila. Rituais : Os Bororo praticam diversos rituais como a “Festa do Milho” para celebrar a colheita do cereal, um alimento importante na nutrição dos índios; “Furação de Orelha e Lábios”, além do Ritual do Funeral, uma celebração sagrada para todos que se consideram índio (Boe). O funeral é o que mais chama atenção pela complexidade, podendo durar até dois meses. A morte de alguém pode provocar mudanças ou reforçar as alianças. Mas a tribo obedece a uma organização social rígida. São de língua tronco macro-jé, autodenominado boe. A aldeia é dividida em duas partes - exare e tugaregue - que, por sua vez, se subdividem em clãs com deveres muito bem definidos. Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade exare, conforme determinam seus mitos. Os antigos Bororo destribuíam-se por extensa região, compreendida entre a Bolívia, a Oeste, o rio Araguaia, o rio das Mortes, ao Norte, e o rio Taquari, ao Sul.
CAETÉ
- Os deglutidores do bispo Sardinha viviam desde a Ilha de Itamaracá até as margens do Rio São Francisco. Depois de comerem o bispo, foram considerados "inimigos da civilização". Em 1562, Men de Sá determinou que fossem "escravizados todos, sem exceção".
CARIJÓ
- Seu território estendia-se de Cananéia (SP) até a Lagoa dos Patos (RS). Vistos como "o melhor gentio da costa", foram receptivos à catequese. Isso não impediu sua escravização em massa por parte dos colonos de São Vicente.
DENI
- Nomes alternativos: DaniClassificação lingüística: ArawakPopulação: 600 (1986 SIL)Local: AmazonasCompreendem mais de 600 tribos indígenas que habitam uma planície entre os Rios Purus e Juruá, localizados no Amazonas. Considerados como Tribo Arawa, os Deni são parte do braço linguístico Aruak. A primeira menção aos Deni aparece no relatório SPI de 1942. São divididos em grupos ou clãs. Cada clã tem certa autonomia política, possuindo sua própria auto-identidade: Bukure Deni, Kuniva Deni, Minu Deni, Varasa Deni, Hava Deni, Madija Deni. Devido ao baixo potencial agrícola do solo da floresta, os Deni equilibram sua dieta com a flora e a fauna selvagens. Os Deni são nômades e sua população das aldeias oscila bastante, as aldeias são apenas uma agregação de grupos familiares e de famílias. Eles não possuem uma unidade inerente como comunidade. O Ciclo da Borracha, que se estendeu do fim do século XIX até 1940, foi a principal causa da rápida ocupação ocidental dos vales dos Rios Purus e Juruá e dos consequentes e trágicos desaparecimentos, diretamente ou pela introdução de doenças, de muitas Tribos Indígenas do Amazonas. Durante o boom da borracha, estima-se que a população indígena da região do Rio Purus era de aproximadamente 40 mil indivíduos.
6 - ENAWENÊ-NAWÊ
- Onde habitam : Aldeia próxima ao Rio Iquê, afluente do Rio Juruena, no nordeste do Mato Grosso Outras denominações : Eram conhecidos como Salumã, mas por meio dos vizinhos Pareci, em 1983, se descobriu a verdadeira denominação do grupo. População : em 2000, eram 320 índios Língua : da família Aruák Atividade predominante : Pesca e coleta Curiosidade : Tradicionalmente não consomem caça e não têm o hábito de caçar. O peixe é considerado alimento nobre, fundamental nos rituais e objeto de troca nas relações sociais e amorosas. Vivem em uma região de vegetação variada, com cerrado e floresta tropical localizada no vale do afluente do Rio Juruena, a noroeste de Mato Grosso, município de Juína, Comodoro e Campo Novo dos Paresi. Vivem nesse território em uma única aldeia perto do Rio Iquê. Dificilmente os Enawenê-Nawê deixam suas aldeias para contato com os não-índios mantendo sua autonomia devido à localização geográfica privilegiada e até hoje não falam o português. Os produtos da coleta complementam a alimentação e servem de matéria-prima para enfeites, roupas e objetos. O mais importante é o mel misturado com água e consumido como refresco. Dentre os frutos, destacam-se castanha, buriti, bacaba e pequi. Também comem fungos (cogumelos selvagens), raízes, alguns tipos de insetos e de larvas. Cascas, raízes e folhas especiais são usadas como remédio. Produzem sal vegetal de palmeiras e panelas de barro. Da palha do buriti confeccionam cordas, cestos, peneiras, raquetes para assar peixes, saias, enfeites de braços e cobrem casas. De madeiras especiais fazem canoas, bancos, remos, arcos, flechas, fogo. Fabricam também redes, saias e pulseiras de algodão. É um povo muito alegre e rico em diversidade musical e danças, bem como nas indumentárias que caracterizam sua peculiaridade.Rituais : Os Enawenê-Nawê são muito espiritualistas sendo que suas atividades econômicas são orientadas pelo calendário ritual, pois acreditam que há um outro tipo de vida após a morte.- A página sobre os índios Enawenê Nawê no site Survival.
FULNI-Ô
- Nomes alternativos: Fulniô, Furniô, Fornió, Carnijó, Iatê, YatêClassificação lingüística: Macro-Gê, FulnioPopulação: 5000 (1995 SIL & MNTB-98)Local: Pernambuco - Águas BelasOs Fulniô são o único grupo do Nordeste que conseguiu manter viva e ativa sua própria língua - o Ia-tê - assim como um ritual a que chamam Ouricuri, que atualmente realizam no maior sigilo. Na parte central das terras da reserva indígena se encontra assentada a cidade de Águas Belas rodeada totalmente pelo território Fulniô. São mais de 2.900 índios que vivem em Pernambuco.
GAVIÃO
- Esse nome foi atribuído a diferentes grupos Timbira da região do médio Tocantins por viajantes do século XIX, que sempre falavam do caráter guerreiro desses índios. A denominação vem das penas de gavião usadas em suas flechas. Esses índios foram muito reduzidos pelo contágio de doenças em seus primeiros contatos com os brancos. Uma das maiores tradições é a corrida de toras: as equipes de revezamento (formada somente por homens), carregam troncos de buriti nos ombros. O mais importante não é quem chega primeiro, o que vale mais é o divertimento. A comemoração é maior quando as equipes chegam juntas ou quase juntas. Cada indivíduo recebe dois nomes e um deles não pode ser divulgado. Mostrar ao outro este segredo, significa transferir poder. Quando alguém recebe o nome de um parente que já morreu carrega a responsabilidade de manter as características do antepassado e quem o escolhe assume o papel de padrinho com a função de transmitir a cultura. Depois do casamento, por um período determinado, entre genro e sogra, nora e sogro, ficam proibidos de chamar o outro pelo nome.
GOITACÁ
- Ocupavam a foz do Rio Paraíba. Tidos como os índios mais selvagens e cruéis do Brasil, encheram os portugueses de terror. Grandes canibais e intrépidos pescadores de tubarão. Eram cerca de 12 mil.
GUAJAJARA
- Nomes alternativos: Guazazara, Tenetehar, TeneteháraClassificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Tenetehara (IV)População: 13.000 - 14.000 Local: Maranhão, 81 aldeias
7 - GUARANI
- Onde habitam : Reserva Indígena do Rio Silveira, localizada em Boracéia, divisa entre Bertioga e São Sebastião. Mas, existem aldeias Guarani em diversos estados como : Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santos, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pará. População : É considerado um dos povos mais populosos no Brasil, com cerca de 27 mil índios Língua : da família Tupi-Guarani Atividade predominante : praticam a agricultura de subsistência plantando arroz, mandioca entre outros itens. Curiosidade : as danças, cantos e rituais são direcionados ao Deus Tupã, pedindo proteção às pessoas e à natureza. Valorizam a preservação do meio ambiente. Considerado um dos mais populosos povos indígenas no Brasil, foi um dos primeiros a manterem contato com os portugueses resistindo a qualquer imposição em sua cultura. Os Guarani foram os que mais resistiram e ainda resistem muito para manter seus costumes tradicionais como a língua, as danças e, principalmente as manifestações religiosas. Apesar do constante contato com os não-índios, eles mantêm suas características físicas pois muitas aldeias não admitem a miscigenação. São agricultores de subsistência plantando arroz, mandioca outros. Em muitas aldeias existem escolas onde o ensino é bilíngüe.- Histórias dos Guaranis de Santa Catarina- Ywy rupa: a territorialidade Guarani - A página sobre os índios Guarani no site Survival.
HIXKARYANA
- Nomes alternativos: Hixkariana, Hishkaryana, Parukoto-Charuma, Parucutu, Chawiyana, Kumiyana, Sokaka, Wabui, Faruaru, Sherewyana, Xerewyana, Xereu, HichkaryanaClassificação lingüística: CaribePopulação: 804 (censo de Maio, 2001)Local: Amazonas, Rio Nhamundá acima até os rios Mapuera e Jatapú
HUPDA
- Nomes alternativos: Hupdé, Hupdá Makú, Jupdá Macú, Makú-Hupdá, Macú De Tucano, UbdéClassificação lingüística: Maku (Puinave, Macro-Tucano)População: 1,208 no Brasil (1995 SIL); 150 na Colômbia (1991 SIL); 1,350 nos dois paísesLocal: Rio Auari, noroeste de Amazonas
IKPENG
- Nomes alternativos: Txikão, Txikân, Chicao, Tunuli, TonoreClassificação lingüística: CaribePopulação: 240Local: Parque Xingu, Mato Grosso
JAMAMADI
- Nomes alternativos: Yamamadí, Kanamanti, CanamantiClassificação lingüística: ArawakPopulação: 250Local: Amazonas, espalhados sobre 512.000 km2
JARAWARA
- Nomes alternativos: Jaruára, YarawaraClassificação lingüística: ArawáPopulação: 160Data do início do trabalho da SIL: 1987Local: Seis aldeias dentro da area indígena Jamamadi-Jarawara, no município de Lábrea, Amazonas. A reserva fica perto do rio Purus, acima de Lábrea e no lado oposto do rio.
JUMA
- Nomes alternativos: Yumá, Katauixi, Arara, Kagwahiva, Kagwahibm, Kagwahiv, Kawahip, Kavahiva, Kawaib, KagwahiphAuto-denominação: KagwahivaClassificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Kawahib (VI)População: Havia 300 em 1940Local: Amazonas, Rio Açuã, tributário do Mucuim
8 - JURUNA
- Povo indígena cuja língua é a única representante viva da família Juruna, do tronco Tupi. Autodenominam-se Yudjá; o nome Juruna significa, em Tupi-Guarani, “bocas pretas”, porque a tatuagem características desses índios era uma linha que descia da raiz dos cabelos e circundava a boca. Na metade do século XIX tinham uma população estimada em 2.000 índios, que viviam no baixo rio Xingu. Um grupo migrou mais para o alto do rio, hoje em território compreendido pelo Parque do Xingu (MT). Segundo levantamento de médicos da Escola Paulista de Medicina, que prestam serviços de saúde aos índios do parque, em 1990 eram 132 pessoas. Alguns Juruna vivem dispersos na margem direita do médio e baixo rio Xingu, e há um grupo de 22 índios, segundo dados da Funai de 1990, que vive na Volta Grande do rio Xingu, numa pequena área indígena chamada Paquiçaba, no município de Senador José Porfírio, no sudeste do Pará.Suas terras serão atingidas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
9 - KAAPOR
- Nomes alternativos: Urubu, Kambõ, Urubu-Caápor, Urubu-Kaápor, Kaapor.Auto-denominação: Ka'aporClassificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Oyampi (VIII)População: 800Local: Maranhão10 aldeias espalhadas sobre 7168 km2. Há quatro aldeias grandes, Zê Gurupi, Ximbo Renda, Gurupi-una e Água PretaOs primeiros encontros de paz dos Kaapor com os brasileiros ocorreram em 1928 em Canindé no rio Gurupi. Em 1928 era conhecido como Posto Indígena Pedro Dantas. Naquela época, o Posto se encontrava na ilha na frente do local atual de Canindé, do lado do Pará. Veja as três perspectivas sobre estes encontros neste website do Kaapor. Com a chegada de civilização os Kaapor se retiraram para a selva até que a reserva presente foi demarcada. A população estava estável com cerca de quinhentas pessoas por muitos anos. Houve um censo feito pelo chefe do Posto Canindé em 1968 e a população foi enumerada em um pouco mais de quinhentas pessoas. Naquela época, o chefe do posto foi a quase todas as aldeias e fez um censo. Mais um censo foi feito pelo chefe do Posto Turiaçu no final dos anos 70. Mais uma vez, foram enumerados em pouco mais de quinhentas pessoas. Desde então a distribuição de medicamentos por vários grupos ajudou a combater a mortalidade infantil, e também ajudou aos adultos a sobreviverem epidemias de gripe forte. Atualmente (2002) os Kaapor estão enumerados em cerca de oitocentas pessoas.Uma característica interessante da língua Kaapor foi o desenvolvimento de uma língua de sinais entre eles. Existem vários surdos-mudos entre eles que são capazes de se comunicar com outros que não são surdos-mudos. O povo desenvolveu uma língua de sinais entre si (sistema de comunicação intra-tribal). Um surdo-mudo visitando uma aldeia distante tem capacidade de se comunicar com um membro de outra aldeia sem problema.Uma outra característica interessante é sua elaborada cerimônia de nomeação, com muitos enfeites de pena. No dia de nomear o(s) filho(s), esperam o nascimento do sol, e enfrentando o sol nascente o padrinho escolhido dançará com uma criança em seus braços, tocando um apito feito do osso do pé do gavião-real. Diversas crianças podem ser nomeadas durante esta cerimônia. O padrinho e o pai da criança têm ornamentos feitos de penas tais como um capacete feita das penas da cauda do pássaro japu, uma peça nos lábios decorada com a pena da cauda da arara como base, brincos, pulseiras, e às vezes faixas no braço também. Esta cerimônia está precedida por uma noite de bebedeira onde consomem quantidades grandes de cerveja feita de beiju (purê de mandioca tostada em bolinhos redondos) de banana ou de caju. A língua Kaapor tem 14 consoantes e 6 vogais que são orais e podem ser nasais.
KADIWÉU
- Nomes alternativos: Mbaya-Guaikuru, Caduvéo, Ediu-AdigClassificação lingüística: Mataco-GuaicuruPopulação: 2 milLocal: Mato Grosso do Sul, cerca da Serra da Bodoquena. 3 aldeias
KAINGANGS
- Outras denominações : CoroadosPopulação : aproximadamente 7.000Língua : família JêPovo de língua da família Jê, também conhecidos como Coroados. Vivem em 26 pequenas áreas indígenas no interior dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São aproximadamente 7.000 índios em todo país.Dos Kaingang de São Paulo, que até o início do século XX se mostravam hostis aos trabalhos da estrada de ferro São Paulo-Corumbá, hoje sobrevivem 100 nos postos Icatu ( Penápolis) e Vanuíre (Tupã). Os Kaingang meridionais, habitam as reservas de diversos postos indígenas ou vivem espalhados pelos três Estados sulinos:No Paraná, nos postos Barão de Antonina (Arapongas), Queimadas (Reserva), Ivaí (Pitanga), Fioravante Esperança (Palmas), Rio das Cobras e Boa Vista ( Iguaçu), Apucarana (Londrina), Mangueirinha (Mangueirinha), José Maria de Paula (Guarapuava);Em Santa Catarina, no posto Xapecó (Chapecó), onde há uma subdivisão chamada Xokléng.;No Rio Grande do Sul, são 4.100 índios distribuídos nos postos Cacique Doble, Ligeiro, Nonoai e Guarita, Serrinha, Vontouro, Monte Caseiros, Inhacorá, e Borboleta, esta última área ainda não reconhecida, todos nos municípios do extremo noroeste do Estado.
KAMAYURÁ
- Tribo de cerca de duzentas pessoas, vivem na região dos formadores do rio Xingu, Mato Grosso do Norte. Esta população indígena, da família lingüística tupi-guarani, vinda talvez das costas litorâneas do Maranhão, emigrou, muito provavelmente a partir do século XVII, para instalar-se progressivamente nesta região seguindo outros grupos indígenas fugindo do contato com os portugueses (1870). Apesar da diversidade de origens e de línguas, essas tribos constituem-se hoje numa área cultural definida: as tribos da área do uluri ou as chamadas tribos xingüanas, que ocupam a parte sul do Parque Indígena do Xingu. Ao norte vivem outras tribos, com algumas das quais os Kamayurá mantiveram contatos esporádicos, muitas vezes conflituosos, no decorrer de sua migração
KAMBIWÁ
- Os Kambiwá, com uma população de cerca de 1.100 índios, vivem aldeados pela Fundação Nacional do Índio (Funai), numa área de 2.700 hectares, localizada nos municípios de Ibimirim, Inajá e Floresta, na região do Moxotó, em Pernambuco.A reserva, criada em 1971, reuniu cerca de cem famílias que se encontravam vagando pela região, devido às perseguições dos grande proprietários de terra.
KANELA
- Onde habitam : MaranhãoOutras denominações : Canela, Timbira População : em 2001, eram 1.337 Ramkokamenkrá e, 458 Apanyekrá, em 2000 Língua : Timbira Oriental, da Família Jê Curiosidade : Os Kanela têm um conjunto de ciclos rituais baseados na família. Entre os principais ritos estão o nascimento, puberdade, casamento, resguardo pós-parto e o luto. Na passagem da adolescência, os meninos passam pela perfuração da orelha e as meninas ficam reclusas, quando ocorre a primeira menstruação.Os Kanela são compostos de cinco nações remanescentes dos Timbira Orientais, sendo a maior a dos Ramkokamenkrá descendentes dos Kapiekran como eram conhecidos em 1820. O grupo Ramkokamenkrá, que significa “índios do arvoredo de almécega” atualmente se autodenomina com o nome português Canela. A principal aldeia Ramkokamenkrá, Escalvado, é conhecida pelos sertanejos e moradores de Barra do Corda como Aldeia Ponto e fica a cerca de 70 km a sul-sudeste dessa cidade, no Maranhão. A Terra Indígena Kanela conta com 125.212 hectares demarcados e homologados. Dois fatos marcaram a vida desse povo. Em 1931, um fazendeiro instalou seu rebanho na área e afugentou a principal fonte de alimentação que é a caça. Iludindo os índios, ofereceu-lhes uma festa em que foram embriagados e massacrados. Outro fato foi em 1963, quando um líder messiânico fez o povo Kanela acreditar que haveria uma transformação : os brancos virariam índios e estes se tornariam brancos. Seis deles morreram por determinação dos fazendeiros. O grupo possui uma cultura preservada mantendo equilibrado o relacionamento do indivíduo com a natureza e a sociedade. As maiores expressões de arte são as formas musicais e as danças acompanhadas de cantos que hoje ocorrem nos períodos das grandes festas. Entre os Kanela, o urucum é passado no corpo em situações familiares, enquanto a tintura azul-escura do jenipapo é usada somente em uma determinada situação cerimonial, jamais no dia-a-dia. Uma de suas tradições é a Corrida de Toras com a participação de homens e mulheres considerados velozes. As toras para homens pesam mais de 100 quilos e para mulheres 80.Rituais : O conjunto de ciclos rituais acontece durante as festas e está baseado na participação de quase toda a sociedade. Meninos são introduzidos na classe de idade por quatro ou cinco festas de iniciação. Como passo principal para o casamento definitivo, a maioria das meninas entra como associada nos rituais masculinos para receber seus cintos de maturidade, necessários para serem aceitas pelos parentes.
12 - KARAJÁ
- Nomes alternativos: Xambioá, Chamboa, Ynã Onde habitam : Terra Indígena do Parque Nacional do Araguaia na Ilha do Bananal, Tocantins População : 2.500 pessoas Língua : Karajá, de origem lingüística Macro-Jê Atividade predominante : A alimentação da comunidade é habitualmente retirada do Rio Araguaia e dos lagos. Apreciam alguns mamíferos e demostram especial predileção na captura de araras, jaburus.Plantam : milho, banana, mandioca e melancia. Eles aproveitam também os frutos do cerrado, como o oiti e o pequi, e a coleta do mel silvestre.Curiosidade : Os Karajá preferem a monogamia e o divórcio é censurado pelo grupo. Se a infidelidade do homem casado se torna pública, os parentes masculinos da mulher abandonada batem no homem infrator perante toda a aldeia, numa grande ação dramática, que pode tomar proporções maiores com o acirramento de ânimos entre os grupos domésticos envolvidos, resultando inclusive em queima da casa da família do marido infrator. Os Karajá possuem íntima relação com o Rio Araguaia que é fonte de sua subsistência. Segundo o mito da criação, os Karajá saíram do fundo desse rio e ocuparam as terras perto das margens. Guardam muitas tradições demonstradas em cantos e festas. Uma de suas características é a diferenciação entre a fala das mulheres e crianças e a dos homens, feitas através de fonemas e expressões específicas. São muito ricos na fabricação de seu artesanato “ aôrity” e dos adornos “ isiywidyna”. Destacam-se pelas plumagens, cestarias e cerâmicas.Rituais : Os rituais praticados são demonstrados pelos cantos como a “Festa do Hetohoky”, “Casa Grande” e também estão inseridos nas danças e lutas corporais “ ijesu” onde principalmente os homens jovens usam a oportunidade para demonstrar força e coragem. Outra festa é a do “Aruanã” em homenagem ao peixe da região que eles crêem proteger a todos os Karajá.
KARIRI-XOCÓ
- Situados na beira do Rio São Francisco, na cidade de Porto Real do Colégio, em Alagoas, a tribo Kariri-Xocó, e seus remanescentes continuam na sua luta pela resistência cultural até os dias de hoje. São mais ou menos 2.400 pessoas em suas 200 famílias.
KARIPUNA
- Nomes alternativos: Karipúna, Karipúna do Uaçá, PatuwaClassificação lingüística: Crioulo (francês)População: 672 (1995 SIL)Local: Amapá, na fronteira da Guiana Francesa
KARITIANA
- Nomes alternativos: CaritianaClassificação lingüística: Tupi, ArikemPopulação: 150 (1995 SIL)Local: Rondônia
KATUKINA
- Designa dois grupos indígenas, da família Katukina, que autodenominam-se Peda Djapá ("Gente da Onça"). Vivem em diversos grupos no rio Biá, afluente do Jataí e Amazonas. Existem aproximadamente 220 índios. Os Katukina de língua da Família Pano, vivem no rio Envira, nas margens do rio Gregório, juntamente com os Yawanawá, na área indígena Rio Gregório, Acre, e na área indígena de Campinas. Os Katukina já foram chamados, por muitos viajantes, como "índios barbados" por causa do costume de pintar a boca de preto. A troca de cônjuges é bastante comum, mas os filhos sempre ficam com a mãe.
KAXARARI
- Nomes alternativos: KaxaririClassificação lingüística: PanoPopulação: 220 (1995 AMTB)Local: Alto Rio Marmelo, tributário do Rio Abuna, Acre, Rondônia, Amazonas
10 - KAYAPÓ
- Também chamados de Caiapó, é um povo de língua da família Jê. Distribui-se por 14 grupos: Gorotire, Xikrin do Cateté, Xikrin do Bacajá, A'Ukre, Kararaô, Kikretum, Metuktire (Txu-karramãe), Kokraimoro, Kubenkran-kén e Mekragnotí. Há indicações de pelo menos três outros grupos ainda sem contato com a sociedade nacional. As aldeias, identificadas pelo nome do grupo a que pertencem, são grandes para os padrões da Amazônia: a dos Gorotire tem 920 pessoas, e há referências históricas de aldeias com 1500 índios. Eles mantêm pouco contato entre as tribos e possuem uma estrutura cultural e social bastante homogenia, com poucas diferenças locais. A forma tradicional da aldeia é um círculo de casas formando um pátio. No centro, fica uma casa que só é utilizada para a reunião dos homens.
KUIKURO
- Onde habitam : Terra Indígena do Xingu no Mato Grosso Nomes alternativos: Kuikuru, Guicurú, Kurkuro, Cuicutl, Kalapalo, Apalakiri, Apalaquiri População : Cerca de 450 índios, em 2002 Língua : da Família Karib (Carib) Atividade predominante : a agricultura da mandioca e a pesca, são a base da alimentação. Também cultivam bata doce, milho, algodão, pimenta, tabaco, urucum e frutas como banana, melancia, mamão e limão. Considerado o povo com a maior população no Alto Xingu, os Kuikuro habitam o sul da Terra Indígena do Xingu, próximo ao Posto Leonardo, perto do município de Querência, no Mato Grosso. São cerca de 450 índios que falam a língua Kuikuro, pertencente ao tronco lingüístico Karib (Carib). Hoje, habitam três aldeias, sendo que a principal é a Ipatse, onde vivem mais de 300 pessoas. Os povos do Alto Xingu não comem nenhum “bicho de terra ou de pelo”, exceto o macaco, uma espécie de Cebus. São excelentes nadadores e produzem artefatos como canoas, bancos, esteiras, cestos e adornos plumários usados no dia-a-dia e em cerimoniais para pagamento de serviços como a pajelança ou para selar uma aliança de casamento. A fabricação de um variado e rico artesanato é hoje fonte de recursos para compra de bens como material de pesca, munições, miçangas, combustível e gêneros alimentícios (arroz, sal, açúcar, óleo, etc...) Rituais : Como os demais povos do Alto Xingu, os Kuikuro realizam e participam do “Kuarup”, um ritual em homenagem aos mortos. Entre os mitos, destaca-se a “Iamaricumã”, celebrada pelas mulheres que se vestem com os adereços dos homens.
KULINA
- São também chamados de Kurína, Kolína, Curina ou Colina, e vivem em pequenos grupos. Quando se casa, o homem vive na casa da família da esposa e tem que trabalhar para retribuir a mulher. Cada casal tem a obrigação de gerar pelo menos três filhos, ganhando o direito de construir uma casa separada e continuando juntos se desejar. Eles acreditam que a concepção acontece sem qualquer contribuição feminina, e para engravidar, a mulher tanto pode relacionar-se apenas com o marido ou ter vários parceiros. Em qualquer dos casos, ela é a única responsável pelos cuidados com a criança.
MAKUXI
Les Makuxi croient, comme leurs voisins Ingarikó, qu’ils descendent des enfants du soleil qui leur ont fait le don du feu mais aussi des maladies et des disgrâces de la nature.
- A página sobre os índios Makuxi no site Survival.
MAMAINDÉ
- Nomes Alternativos: Nambikuára do NorteAuto-Denominação: MamaindéClassificação lingüística: Nambikuára, Nambikuára do Norte, Mamaindé População: 170+Local: Mato Grosso, na divisa de Rondônia
16 - MARUBO
- Eles estão em contato com a sociedade nacional desde 1870 e foram incorporados ao trabalho de exploração da borracha. O homem pode se casar com várias mulheres (poligamia), e cada uma delas ocupa um espaço bem definido na maloca. Por influência dos missionários, hoje, os mortos são sepultados em cemitérios, mas a cremação fazia parte dos antigos costumes desses índios, eles comiam as cinzas com mingau para que o morto pudesse continuar entre eles. A única exceção ocorre com as crianças de colo, que são enterradas geralmente entre as árvores. É uma população de 600 pessoas, que falam a língua da família Pano e vivem ao longo dos rios Ituí e Curuçá, na Amazônia, junto à fronteira com o Peru.
MAXAKALI
- Nomes alternativos: Caposho, Cumanasho, Macuni, Monaxo, MonochoClassificação lingüística:
Macro-Gê, MaxakaliPopulação: 728 (1994 SIL)Local: Minas Gerais, 160 km interior do litoral, 14 aldeias
19 - MEHINAKO
- Nomes alternativos: MehinakuClassificação lingüística: AruakPopulação: 200 índiosLocal: Rio Kurisevo, Alto Xingu, Parque do Xingu, MT
MUNDURUKU
- Nomes alternativos: Mundurucu, Weidyenye, Paiquize, Pari, Caras-PretasClassificação lingüística: TupiPopulação: 7.000 ou maisLocal: Pará, Amazonas. 22 aldeiasOs Munduruku vivem em 32 aldeias, em três áreas no Pará e Amazonas. Eles vivem da caça, pesca, coleta e agricultura. O grau de bilingüismo dos Munduruku não é muito alto, sendo o dos homens maior do que o das mulheres e crianças.Saiba mais sobre os índios Munduruku
NADËB
- Nomes Alternativos: Makú-Nadëb, MakúAuto-Denominação: NadëbClassificação lingüística: Makú, NadëbPopulação: 300Local: 2 aldeias: Rio Uneiuxi e Rio Japurá, Amazonas
NAMBIKWARA
- Onde habitam : vivem nas Terras Indígenas Pirineus de Souza, Nambikwara e Vale do Guaporé, no município de Comodoro, em Mato Grosso. Outras denominações : Anunsu, Nhambiquara, Nambikuara População : 1.145 (em 1999) Língua : Nambikwara Curiosidade : esta etnia pratica o “Xikunahity”, conhecido como futebol com a cabeça. Os Nambikwara também já foram chamados de “Povos das Cinzas” por dormirem no chão à beira do fogo e amanhecerem cobertos por uma mistura de cinzas e areia. São vários grupos da mesma família lingüística que receberam, genericamente, o nome de Nambikwara. Eles se diferenciam de outros grupos éticos pela língua, pois falam vários dialetos e contam com traços culturais marcantes e próprios. Rituais : Sua origem é explicada pelo mito da pedra preta. Praticam o ritual da flauta sagrada que narra a história do menino que se transformou em alimento para seu povo. Nesse ritual, tocam uma flauta nasal.Saiba mais sobre os índios Nambikuara
PALIKUR
- Classificação lingüística: Aruák, Aruák do Norte, PalikurPopulação: 1600 no Brasil e na Guiana FrancesaLocal: Nos litorais do Norte às margens dos rios, Amapá
PANKARU
- Sua trajetória foi pontuada por uma sucessão de conflitos fundiários com grileiros e posseiros, que ainda não foram totalmente resolvidos. Além de um histórico de opressão e marginalização pela sociedade não-indígena, os Pankaru têm em comum com os demais grupos indígenas chamados "emergentes" o ritual secreto do "Toré", marca de identidade e resistência cultural. Os pouco mais de 80 índios desta tribo estão localizados no Oeste do Estado da Bahia, à esquerda do Rio São Francisco. Falam a língua portuguesa.
PARECI
- Onde habitam : Município de Tangará da Serra, Chapada dos Parecis, Mato Grosso Outras denominações : Paresi, Haliti População : Cerca de 1.300 índios Língua : Aruák Atividade predominante : caça, pesca e coleta de frutos silvestres Curiosidade : Para os Pareci, a bola tem suas peculiaridades, feita por eles, com seiva de mangabeira, um tipo de látex, e mede cerca de 30 centímetros de diâmetro. Eles também praticam o Xikunahity, futebol de cabeça. Vivem na Terra Indígena Paresi, um território de matas, campos e cerrados no município de Tangará da Serra, região do Médio - Norte do Mato Grosso, e Chapada dos Paresis, região de matas, campos, cerrados, montanhas e planaltos, assentada nos divisores das bacias dos rios do Prata e Amazonas. Esses índios sofreram com a abertura da BR-364, ligando o país de norte a sul atravessando seu território. O contato trouxe doenças e grandes perdas de terras, cultura e valores étnicos que eles lutam para preservar até hoje. Segundo o mito da criação, os Pareci saíram de dentro de uma pedra no Campo Novo dos Parecis liderados pela entidade mítica Wazare e se espalharam pela chapada dividindo-se em três grupos: os Kaxiniti (parte oriental), os Waimaré (central) e os Kozarini, (ocidental).Saiba mais sobre os índios Pareci
PATAXÓ
- Onde habitam : Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo População : Cerca de 6 mil pessoas Língua : Português e Tronco Lingüístico Macro-Jê. Povo de língua da família Maxacali, do tronco Macro-Jê. Abandonou sua língua original e expressa-se apenas em português.Vive no sul da Bahia, em Barra Velha, Coroa Vermelha e Monte Pascoal, em zona economicamente valorizada (cacau e turismo), nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália e nas áreas indígenas Mata Medonha e Imbiriba. Em 1990, eram aproximadamente 1.600 índios.Curiosidade : Esse povo sofreu muito devido ao contato com os portugueses, que chegaram até a proibi-los de falar sua própria língua e de praticar seus rituais religiosos e culturais. Com pouco mais de 6 mil pessoas, o povo Pataxó luta para recuperar suas terras e pelo resgate de sua identidade e reconhecimento como um povo indígena, apesar das perdas ocasionadas pelo contato com a sociedade não-indígena. Os pataxó vivem na região interna à faixa litorânea dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e na Bahia. Alguns deles ainda falam a língua do tronco Macro-Jê, mas o português predomina nas aldeias. Entre seus rituais, ainda praticam a tradicional dança chamada “Toré”. Tem um artesanato rico e variado.
POTIGUAR
- Senhoreavam a costa desde São Luís até as margens do Parnaíba, e das margens do Rio Acaraú, no Ceará, até a cidade de João Pessoa, na Paraíba. Exímios canoeiros, inimigos dos portugueses, seriam uns 90 mil
20 - RIKBAKTSA
- Nomes alternativos: Aripaktsa, Erikbatsa, Erikpatsa, CanoeiroClassificação lingüística: Macro-GêPopulação: 970Local: Mato Grosso, confluência dos rios Sangue e Juruena, Japuira na beira do leste do Juruena entre os rios Arinos e Sangue, e Posto Escondido na beira do oeste do Juruena 700 kilómetros ao norte. 9 aldeias e 14 colônias.
SATERÉ-MAWÉ
- Nomes alternativos: Maue, Mabue, Maragua, Sataré, Andira, ArapiumClassificação lingüística: Tupi, Mawe-SaterePopulação: 9,000 (1994 SIL)Local: Pará, Andirá e outros rios. Talvéz também em Amazonas. Mais de 14 aldeiasOs Sateré-Mawé ou Sateré-Maué, vivem na região dos vales dos rios Marau e Andirá (Amazonas), distribuídos por aldeias, com uma população de 5.800 pessoas. Eles são conhecidos como os introdutores do guaraná na região. Têm uma forte tradição agrícola e comemoram o fim da colheita com o tarubá, uma bebida fermentada tão forte que pode causar embriaguez por até um mês. A formiga tem um significado especial e é muito respeitada por esses índios. Uma das espécies, a tocandira, é considerada como divindade e usada nos rituais de passagem. A picada é extremamente dolorosa, mas para demonstrar coragem, os meninos tem que colocar a mão dentro de uma espécie de luva cheia dessas formigas e resistir à dor, para depois disso, serem considerados adultos. Apesar dos 300 anos de contato com a sociedade nacional, mantêm a própria língua, organização social, usos e costumes.Os Sateré-Mawé se vêem como inventores da cultura dessa planta, auto-imagem justificada no plano ideológico por meio do mito da origem, segundo o qual seriam os Filhos do Guaraná. O guaraná é o produto por excelência da economia Sateré-Mawé, sendo, dos seus produtos comerciais, o que obtém maior preço no mercado. É possível ainda pensar que a vocação para o comércio demonstrada pelos Sateré-Mawé se explique pela importância do guaraná na sua organização social e econômica.
21 - SURUÍ
- Nome: Suruí de RondôniaNomes alternativos: Sororós, MudjetíreAuto-denominação: Paíter, PaiterClassificação lingüística: Tupi, Mondé, SuruíPopulação: 920Local: Rondônia, na fronteira entre Rondônia e Mato Grosso
Os Suruí foram contatados pela primeira vez em 1969. Não se sabe com certeza quantos suruí havia naquela época, mas calcula-se que pelo menos metade deles morresse de sarampo, tuberculose, e hepatite B durante os primeiros cinco anos após o contato inicial.O primeiro censo, feito na década de 70, mostrou entre 200 e 300 indígenas suruí. No ano de 1988, havia por volta de 450. No último rescenseamento em 1999, havia 840 suruí. A população desta etnia continua a crescer desde os primeiros anos de contato, quando o grupo ficou bem dizimado.Existe somente um dialeto da língua suruí. Há apenas umas pequenas diferenças quanto à pronúncia de alguns sons. Estas diferenças estão se tornando cada vez mais visíveis entre os jovens e os mais idosos. Fala-se cada vez mais português, e com esta mudança estão entrando muitos empréstimos na língua. As únicas diferenças quanto ao uso da língua pelos dois sexos ocorrem com termos relacionados a parentesco e às funções do corpo.
SUYÁ
- Os índios Suyá vivem na Parte setentrional do Parque Nacional do Xingu, no Norte de Mato Grosso, com uma população de 140 pessoas. Falam uma língua que pertence ao ramo setentrional da família lingüística Jê, e partilham muitos traços da organização social e cultural com os outros membros dessa família lingüística. São mais intimamente relacionados aos Apinayé, aos Kayapó setentrionais, e aos Timbira. Os Suyá são menos relacionados em termos de língua e cultura aos Jé centrais (incluindo os Xavante e os Xerente) e os Jê meridionais (incluindo os Kaingang e os Xokleng). Além dos produtos de suas roças, os Suyá vivem da caça, da pesca e da coleta. Como conseqüência do contato com as frentes de expansão, a população Suyá talvez seja apenas 2O% do que foi outrora (1980). Isso se deve a massacres, a envenenamento e às repetidas epidemias que devastaram os dois ramos do grupo até sua pacificação em 1959 e 1969, respectivamente. A perda populacional levou a uma consolidação de todos os Suyá numa única aldeia. Na última década, porém, sua população tem crescido rapidamente; desenvolveram um sentimento de identidade étnica cada vez nais forte.
TABAJARA
- Viviam entre a foz do Rio Paraíba e a ilha de Itamaracá. Aliaram-se aos portugueses. Deviam ser uns 40 mil
TEMIMINÓ
- Ocupavam a ilha do Governador, na baía de Guanabara, e o sul do Espírito Santo. Inimigos dos tamoios, aliaram-se aos portugueses. Sob liderança de Araribóia, foram decisivos na conquista do Rio. Eram 8 mil na ilha e 10 mil no Espírito Santo.
TAMOIO
- Os verdadeiros senhores da baía de Guanabara, aliados dos franceses e liderados pelos caciques Cunhambebe e Aimberê, lutaram até o último homem. Eram 70 mil.
TENHARIM
- Nomes alternativos: Tenharem, TenharinAuto-denominação: KagwahivaClassificação lingüística: TupiPopulação: 465 Local: Amazonas.Os Diahói moram no rio Marmelos, os Karipuna no Posto Rio Jaci Paraná em Rondônia, os Morerebi no Rio Preto e Marmelos. 2 aldeiasPovo indígena de língua Tupi-Guarani, que costumam enterrar os mortos debaixo dos pisos das casas. Acreditam que o espírito permanece morando no local e usando os utensílios que possuía quando era vivo. Para pescar, eles colocam dentro d'água um pedaço de madeira com desenho dos peixes que querem capturar. Fazem isso sempre debaixo de árvores frutíferas, mas acreditam que a fartura da pescaria é explicada unicamente pelos desenhos. Eles só não pescam o boto e o peixe-boi por serem considerados alimentos sagrados (tabu).
TERENA
- Nomes alternativos: Terêna, Tereno, EtelenaClassificação lingüística: ArawakPopulação: 20.000Local: Mato Grosso do Sul, em 20 aldeias e 2 cidadesO povo Terena mora principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, ocupando áreas entre Campo Grande, ao leste, e o Rio Miranda, ao oeste. Residem em mais ou menos vinte aldeias, havendo as maiores concentrações nas seguintes áreas:1. Cachoeirinha/Moreira, na vizinhança de Miranda2. Taunay-Bananal, entre Miranda e Aquidauana que fica uma hora de ônibus das duas cidades3. Limão Verde, na área de Aquidauana4. Buriti e outras aldeias perto, na vizinhança de Campo GrandePopulação: aproximadamente 20,000.A SIL começou a trabalhar entre os Terena em 1957. Naquela época, pensava-se que este grupo já tivesse sido bastante assimilado na sociedade brasileira. A sua antiga estrutura política tribal já não funcionava mais, e a maioria dos seus costumes e crenças tradicionais não estavam sendo praticados mais. Em ocasiões especiais como no Dia do Índio, 19 de abril, ainda fazem a Dança da Ema com as suas sete peças. Na região é conhecida como a dança do Bate-Pau. Embora os Terenas sejam um povo basicamente agricultor, mudanças significantes têm ocorrido durante os últimos cinqüenta anos. Com maior ênfase agora em adquirir uma boa educação escolar, há maior diversidade hoje em dia na maneira que ganham a vida.
23 - TIKUNA
- Maior etnia da Amazônia brasileira, conta com uma população de 20.135 indivíduos, que ocupam cerca de 70 aldeias às margens do rio Solimões, no Estado do Amazonas. Outra parte do grupo vive no Peru. As meninas, quando ficam menstruadas, são submetidas a um ritual de iniciação, que sempre acontece na lua cheia, representando a bondade, a beleza e a sabedoria. Nesta festa, os índios fabricam máscaras de macacos e monstros e enfeites para as virgens. Um dos índios usa uma máscara com cara de serpente e incorpora o espírito do principal personagem do ritual, um monstro que vivia na água. Durante os festejos, o monstro faz gestos obscenos que divertem a tribo. Ele também ronda o cubículo onde fica a menina, batendo com um bastão no chão. Durante três dias e três noites, essa garota é protegida por duas tias que aproveitam o tempo dando conselhos de como ser uma boa mulher Tikuna: respeitar o marido, ser ativa e trabalhadeira.Saiba mais sobre os índios Tikuna
TREMEMBÉ
- Grupo não-tupi, que vivia do sul do Maranhão ao norte do Ceará, entre os dois territórios potiguares. Grande nadadores e mergulhadores, foram, alternadamente, inimigos e aliados dos portugueses.Eram cerca de 20 mil.
TRUKÁ
- Os remanescentes dos Truká, cerca de 826 índios, vivem a 18 quilômetros da cidade de Cabrobó, numa área de 1.650 hectares, na região do rio São Francisco, em Pernambuco.A agricultura é seu principal meio de subsistência. Cultivam, principalmente, o arroz e a cebola. Na falta de chuvas as lavouras são irrigadas. Além do cultivo da terra, a única fonte de renda se limita a biscates na cidade de Ibimirim.
TUKANO
- São também chamados de Tucano, e a família lingüística Tukâno é dividida nos ramos ocidental, que compreende línguas faladas no Peru, Equador e Bolívia; e oriental, com as línguas Barasâna, Desâna, Karapanã, Kubéwa, Pirá-Tupúya, Suriâna, Tukâno e Wanâno, faladas desde a Colômbia até o Brasil, no Noroeste da bacia Amazônica. São extremamente vaidosos, gastam dias e esforços para capturar aves de plumagens belas, coloridas e variadas para fazer adornos. Eles também gostam de modificar as cores originais dando comidas especiais para as aves ou aquecendo as penas, processo conhecido como tapiragem. Usam até duas dezenas de aves para um único adorno. Estes enfeites são usados em rituais e aqueles que usam as peças mais bonitas são muito prestigiados pela tribo.
TUPINAMBÁ
- Consituíam o povo tupi por excelência. As demais tribos tupis eram, de certa forma, suas descendentes, embora o que de fato as unisse fosse a teia de uma inimizade crônica. Os tupinambás propriamente ditos ocupavam da margem direita do rio São Francisco até o Recôncavo Baiano. Seriam mais de 100 mil.Conhecidos também como Tamoio ou Tamuya, viviam numa faixa de litoral que ia da atual cidade de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, a Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. "Tamoio" significa avô, o mais velho, e "Tupinambá" talvez signifique o primeiro, o mais antigo. Os Tupinambá viviam sobretudo no estado do Rio de Janeiro, onde se calcula um total de 6 mil pessoas. O conjunto da nação Tupinambá nessa região não deveria ultrapassar 10 mil pessoas.Três traços principais marcavam este povo: a inteligência, a guerra e a abertura para o novo.Eram pessoas muito curiosas e observadoras. Um frade francês, Claude d’Abbeville, que teve contato com um grupo Tupinambá, no Maranhão, escreveu: "Imaginava que iria encontrar verdadeiros animais ferozes, homens selvagens e rudes. Enganei-me totalmente. São grandes discursadores, possuem muito bom senso e só se deixam levar pela razão, jamais sem conhecimento de causa".Saiba mais sobre os índios Tupinambá
Gravura em cobre de Theodor de Bry. Dança ritual dos Tupinambá.No centro, três pajés com mantos de penas, cintos e diademas.
TUPINIQUIM
- Foram os índios vistos por Cabral. Viviam no sul da Bahia e em São Paulo, entre Santos e Bertioga. Eram 85 mil.
27 - WAI-WAI
- Nomes alternativos: Waiwai, UaiaiPovo de língua da família Karíb.Vivem na área indígena Nhamundá-Mapuera, na fronteira do Pará com o Amazonas, e Waiwai, em Roraima.A população é constituída por uma mistura de várias tribos atraídas e assimiladas por eles ao longo dos anos, entre as quais as dos Karafawyana, dos Kaxuyana e dos Hixkariana. Em 1990, segundo a Funai, somavam um grupo de aproximadamente 1250 índios que vivem nas áreas indígenas Nhamundá-Mapuera, no oeste do Pará, e Wai-Wai em Roraima.Fazia parte da cultura deles a troca de mulheres capturadas de outras aldeias, consideradas como troféus de guerra. Com a chegada dos holandeses que colonizaram o Suriname, antiga colônia nas Guianas, os índios estabeleceram este mesmo tipo de relação, trocando mulheres por artigos europeus. Os holandeses se utilizaram desta prática para conseguir com que os índios, ao invés de trazer mulheres, capturassem os escravos negros fugidos.
28 - WAIÃPI
- Nomes alternativos: Wayampi, Wayãpi, Oyampi, Oiampi, Oyampik, GuayapiAuto-denominação: WaiãpiClassificação lingüística: Tupi, Tupi-Guarani, Subgrupo 8, WayampiPopulação: 1000+Local: Várias aldeias nos tributários do rio Amapari na parte leste do Amapá e nos rios Oiapoque e Camopi na Guiana Francesa; há também uns poucos falantes no rio Paru Leste, na parte nordeste do Pará, Brasil
WAIMIRI ATROARI
- São uma etnia do tronco lingüístico Karib, cujo território imemorial de ocupação se localiza ao sul de Roraima e norte do Amazonas. Eram mais conhecidos como Crichanás, quando segmentos expansionistas travaram seus primeiros contatos com eles, sobretudo a partir do Século XIX. Nos primórdios desses contatos, há duas estimativas sobre a população: uma que os dava como sendo seis mil pessoas; e a outra, em torno de duas mil. Suas terras eram pródigas em produtos de grande importância comercial para a época, atraindo assim a cobiça de colonizadores. A demografia dos Waimiri Atroari, que, em 1987, era de 374 pessoas, chegou a crescer registrando em 1999 830 índios.
26 - WAURÁ
- Nomes alternativos: Uaura, AuraClassificação lingüística: ArawakPopulação: 347Local: Parque Xingu, Mato Grosso
Os Waurá moram na região sul do Parque Indígena do Xingu e figuram entre as nove comunidades indígenas que possuem a “cultura xinguana”. Embora a cultura seja a mesma, as línguas faladas nesta região vêm duma variedade de famílias lingüísticas. Estas línguas não são mutuamente inteligíveis, mas muitos dos índios são multilíngües, falando ou entendendo várias das línguas do “grupo cultural.” Os Waurá vivem numa aldeia principal, dirigem também uma aldeia agrícola e um Posto Indígena de Vigilância. A população Waurá da aldeia principal anda por volta de 340, mas também há alguns Waurá vivendo em outras aldeias devido a casamentos inter-étnicos. As mulheres e crianças Waurás e mais da metade dos homens são quase monolíngües. Poucos sabem bem o português, e o português que sabem serve principalmente para compras e vendas.
XAVANTE
- Nomes Alternativos: Xavánte, Shavante, Chavante, Auwe, Awen, Akwe, AkwenAuto-Denominação: A’uwéClassificação lingüística: Macro-Gê, GêAgrupamento Akwén, Xavante População: 7.100 pessoasLocal: Serra do Roncador, na parte leste do Mato Grosso, 60 aldeiasLíngua : A’uwen, do tronco lingüístico Macro-Jê A língua Xavante contém 13 consoantes e 13 vogais – das quais quatro são nasais. Termos de honra e carinho são usados com referência a outros, como os parentes por afinidade e os netos. Muitos destes relacionamentos chaves são atualmente refletidos na gramática da língua. Por exemplo, ao falar diretamente ao genro, um homem usará a forma gramática indireta (terceira pessoa) em vez das formas da segunda pessoa.Atividade predominante : caça, pesca, coleta de frutos e palmeiras Curiosidade : A organização cultural desse povo permanece intacta, e praticam a cerimônia de Furação da Orelha. Os Xavante são famosos também pelas suas Corridas de Tora de Buriti, onde os dois clãs competem numa espécie de corrida de revezamento, carregando por alguns kilômetros troncos de buriti que pesam até 80 kilogramas.Os Xavante vivem em seis reservas demarcadas, no leste mato-grossense, zona norte oriental do planalto do Brasil Central. A região tem grande rede hidrográfica formada pelas bacias dos afluentes dos rios Kuluene-Xingu e das Mortes-Araguaia. É dessa região de floresta tropical, mato e savana, com árvores baixas e altas, que os índios retiram o alimento e os materiais para seus artesanatos, armas, instrumentos musicais e as ocas dispostas em forma circular. Se alimentam de caças, frutos, palmeiras e pescados. Rituais : Sua organização cultural e social permanece ainda intacta como danças, cantos, pinturas corporais e cerimônias coletivas como o “Daporedzapu” (Furação de Orelha), que incluem os longos e complexos ritos de iniciação para meninos, culminando na cerimônia de furar orelha – no qual pequenos paus são inseridos no lóbulo das orelhas dos iniciados. Estes paus são usados – e em tamanhos progressivamente maiores – durante o resto das vidas deles.Uma aldeia tradicional é construída com as casas dispostas em forma de ferradura de cavalo, dando-se o seu lado aberto para o rio. O domínio da mulher é a casa, cujo abertura sempre dá para o centro da aldeia.As mulheres tecem um tipo de cesta incrivelmente forte, a qual elas usam para carregar os nenês recem-nascidos. A ampla alça da cesta passa pela testa da mulher, enquanto a cesta mesma fica deitada nas costas dela, livrando assim, as mãos da mulher para outros trabalhos.
XETÁ
- Os Xetá são uma etnia em extinção, localizados na região da Serra do Douradoa.Xetá, Héta, Chetá, Setá, Ssetá, Aré, Yvaparé e até Botocudo são as denominações pelas quais os Xetá podem ser identificados na literatura, relatos de viajantes e fontes documentais que tratam da presença de povos indígenas no espaço que hoje constitui o Estado do Paraná. Habitantes originais do noroeste paranaense, o território tradicional dos Xetá é conhecido como Serra dos Dourados, principalmente no espaço compreendido ao longo do rio Ivaí. Língua da família Tupi-Guarani.
XOKLENG
- Os índios Xokleng da TI Ibirama em Santa Catarina, são os sobreviventes de um processo brutal de colonização do sul do Brasil iniciado em meados do século passado, que quase os exterminou em sua totalidade. Apesar do extermínio de alguns subgrupos Xokleng no Estado, e do confinamento dos sobreviventes em área determinada, em 1914, o que garantiu a "paz" para os colonos e a conseqüente expansão e progresso do vale do rio Itajaí, os Xokleng continuaram lutando para sobreviver a esta invasão, mesmo após a extinção quase total dos recursos naturais de sua terra, agravada pela construção da Barragem Norte. Da família linguística Jê, hoje vivem pouco mais de 750 índios.
XUCURU
- Os Xucuru, com uma população atual de cerca de 3.500 índios, vivem na serra do Ororubá, numa área de 26.980 hectares, no município de Pesqueira.De acordo com vários pesquisadores, o nome da serra Ororubá possui diversas origens e significados: seria uma corruptela de uru-ybá – fruta dos urus, onomatopaico de várias pequenas perdizes; viria de "orouba", uma palavra oriunda do cariri; seria de origem tupi, vindo de uru-ubá – fruta do pássaro ou ser corruptela de arara-ubá ou, ainda, poderia dizer respeito à expressão designativa da primeira tribo tapuia-cariri localizada na serra.Sua presença na serra do Ororubá, vem desde a época da colonização portuguesa, como o comprovam alguns documentos. Provavelmente nunca tenham se afastado do local.
YANOMAMI
- Nomes alternativos: Yanomámi, Waicá, Waiká, Yanoam, Yanomam, Yanomamé, Surara, Xurima, ParahuriClassificação lingüística: YanomamPopulação: 4.500Local: Posto Waicá, Rio Uraricuera, Roraima, Posto Toototobi, Amazonas, Rio Catrimani, RoraimaPovo constituído por diversos grupos cujas línguas pertencem à mesma família, não classificada em troncos. Denominada anteriormente Xiriâna, Xirianá e Waiká, a família Yanomami abrange as línguas Yanomami, falada na maior extensão territorial, Yanomám ou Yanomá, Sanumá e Ninam ou Yanam, as quatro com vários dialetos. Os Yanomami vivem no oeste de Roraima, no norte do Amazonas e na Venezuela, num total de 20 mil índios.É o último povo indígena das Américas que conseguiu sobreviver mantendo seu patrimônio cultural e social. Seus membros, 7822 indivíduos, vivem dos dois lados da fronteira entre o Brasil e a Venezuela, próximo ao Pico da Neblina. Os Yanomami abrem várias trilhas para ligar as diferentes aldeias com as áreas de caça, os acampamentos de verão e as roças recentes e antigas. Eles fazem um constante rodízio entre esses lugares e com isso, a floresta se recupera com rapidez. Todos da tribo moram numa imensa casa coletiva e as crianças ocupam um lugar de destaque, suas necessidades são prontamente atendidas e seus pedidos sempre levados em conta. Embora haja um intercâmbio freqüente de mulheres e produtos, cada uma das aldeias tem completa autonomia política e administrativa. Esses índios queimam os seus mortos e comem as cinzas. Eles acreditam que os espíritos, que podem ser bons ou maus, habitam as plantas e animais. Os garimpeiros disputavam suas terras desde 1987, atraídos pelas grandes reservas de diamante, ouro, cassiterita e urânio, colocando em risco a sobrevivência do povo Yanomami. Em 1990, o governo brasileiro adotou medidas de proteção às terras indígenas, iniciando a retirada dos garimpeiros.- A página sobre os índios Yanomami no site Survival.
YAWALAPITI
- Onde habitam : Terra Indígena do Parque Xingu, em Posto Leonardo, em Mato Grosso Outras denominações : Iaualapiti População : 196 Língua : da Família Aruák Atividade predominante : vivem da pesca, caça, roças de milho, batata doce, cará e mandioca. A caça é reduzida a algumas aves comestíveis como jacu, mutum, macuco, e pomba. Curiosidade : Eles têm o costume de trocar utensílios com os Aweti, com os quais também trocam mulheres. Pequenos e robustos, os Yawalapiti vivem às margens de uma grande lagoa na Terra Indígena do Parque Xingu, a cerca de cinco quilômetros do Posto Leonardo. Eles têm o costume de trocar utensílios com os Aweti, com os quais também trocam mulheres. Os Yawalapiti aproveitam todos os recursos da região. Usam fibras de buriti para confeccionar redes e cestos, sapé para cobertura das casas, taquara para flechas, raízes e folhas como remédios. As mulheres cuidam do fornecimento da água para a aldeia, fiam o algodão, tecem as redes e esteiras de espremer mandioca, preparam a pasta do urucum, o óleo de pequi e a tinta de jenipapo usados na ornamentação corporal. Entre as características comuns aos povos do Xingu estão o rico artesanato com belíssimos colares, cerâmicas e cestarias, a índole pacífica e os traços semelhantes na cultura como pinturas artesanais, corporais e produção alimentar, além de serem excelentes músicos e dançarinos. Rituais : Como outros povos do Alto Xingu, eles se destacam na demonstração do Huka Hulka, luta corporal masculina praticada desde criança, além da Yamarikumã (lutas femininas).
YUHUP
- Nomes alternativos: Makú-yahup, Yëhup, Yahup, Yahup Makú, "Maku"Classificação lingüística: MakuPopulação: 360 no Brasil (1995 MTB); 600 em total (1986 SIL)Local: Amazonas, num tributário do Rio Vaupés. Talvez também na Colômbia
Fonte: ARARA
Disponivel em: http://www.arara.fr/BBTRIBOS.html
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