13 de maio de 1994 — Os custos da escravidão
O Núcleo de Consciência Negra de São Paulo moveu ação judicial em que reivindicava indenização para os descendentes de escravos no Brasil pelo trabalho de seus antepassados, no total de US$ 6,14 trilhões. Cada descendente receberia US$ 102 mil. O movimento estima que na época que foi movida a ação, 40% da população ou 60 milhões de brasileiros teriam origem africana.
De acordo com os cálculos do Núcleo, os 3,7 milhões de escravos vindos da África teriam gerado, ao longo do tempo em que vigorou o regime, 30,7 milhões de descendentes. Esse contingente realizou linearmente, ainda segundo o Núcleo, 614 milhões de anos de trabalho não remunerado. Aplicando-se o valor de US$ 10 mil como salário mínimo anual chegou-se ao custo de US$ 6,14 trilhões.
A ação é declaratória e o direito à indenização estava prescrito quando o processo foi aberto. O objetivo era que o Estado reconhecesse os danos causados aos negros pela escravidão.
Homens e mulheres eram trocados na África por fumo e cachaça em um negócio muito lucrativo para os traficantes. Um negro se pagava em cinco anos. Os escravos não conseguiam sobreviver às jornadas de 18 horas diárias por mais que sete anos, e eram rapidamente substituídos por outros.
Era considerado humilhante não ter escravos. O comerciante inglês John Luccock, que viveu de 1808 a 1818 no Brasil, autor de Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil, comentou que os brancos que moravam aqui se sentiam "fidalgos demais para trabalhar em público".
A fuga foi uma das formas mais frequentes de rebelião dos cativos, e que deu origem aos quilombos. O Quilombo dos Palmares foi o maior de todos, e é o mais conhecido deles, erguido em 1602 na Serra da Barriga, a 90 km de Maceió. O povoado foi atacado 25 vezes até ser destruído em 1694.
O tráfico legal de escravos entre o Basil e a África terminou em 1856. Em seguida, vieram as leis do Ventre Livre (1871) e a do Sexagenário (1884), resultantes da campanha pela abolição. Um ano antes da assinatura da Lei Áurea, que libertou 800 mil escravos, começaram as fugas em massa apoiadas pelos abolicionistas, até que finalmente a escravidão foi extinta no Brasil.
A controvérsia dos Lanceiros Negros
No fim da Guerra dos Farrapos (1835 a 1845), no Rio Grande do Sul, o único obstáculo às negociações de paz era a liberdade dos escravos que lutaram com os rebeldes. A alforria fora negada pelo governo do Império e chegou-se a um impasse. Historiadores sustentam que Davi Canabarro, um dos líderes da revolução, resolveu a questão ao fazer um acordo com o Duque de Caxias para exterminar o regimento dos Lanceiros Negros. Canabarro mandou que o regimento fosse desarmado sob suspeita de motim. Na mesma noite, os Lanceiros Negros foram massacrados pelo Exército Imperial.
Entretanto outros historiadores argumentam que o desarmamento foi uma coincidência. Caxias teria contrariado a determinação de recolher os lanceiros como escravos estatais para a Fazenda de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Os sobreviventes da chacina foram alforriados e incorporados por ordem de Caxias aos três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na Província.
Fonte: JBlog
Disponível em: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=12779