Batalha que se travou no monte das Tabocas, perto da atual cidade de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, entre os holandeses e os portugueses e brasileiros que se revoltaram contra o domínio dos primeiros, saindo vitoriosos na ação armada acontecida em 3 de agosto de 1645. Na época, tornava-se cada vez mais forte a sublevação contra a ocupação holandesa no Brasil, e para combater os insurretos o tenente-coronel Hendrick Haus, comandante em chefe dos holandeses, colocou-se à frente dos 1.200 homens da tropa regular dos invasores, todos eles bem equipados e auxiliados por uns quinhentos índios tapuias, que investiram sobre as posições dos revoltosos liderados por João Fernandes Vieira e Antônio Dias Cardoso, chefes da rebelião
Estes contavam em suas fileiras com um efetivo que talvez não ultrapassasse os mil homens, a maioria sem experiência em guerras, mas dispunham de apenas 200 armas de fogo de tipos e calibres diferentes, além de escassa munição. Apesar disso os holandeses levaram à pior no confronto, e ao cair da noite tiveram que se retirar apressadamente para o Recife, deixando no campo um número considerável de mortos, além de armas e munições que seriam de grande auxílio à causa dos insurretos.
Na raiz desse acontecimento temos que desde 1639 recrudescia em Pernambuco a campanha pela sua libertação do domínio holandês. Em 1640 ocorreu a restauração do trono português, mas como a Espanha, durante algum tempo, tentou reassumir seu domínio sobre terras lusitanas, Portugal não se atreveu a criar uma nova frente de batalha, e por isso reconheceu a perda de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, determinando, ao mesmo tempo, o fim das hostilidades contra os holandeses no Brasil, proibindo seus representantes de atuarem militarmente contra eles na colônia. Em contrapartida, a Holanda assumia o compromisso de que durante dez anos não expandiria seu domínio em território brasileiro. As duas partes, porém, não cumpriram o acordo.
Em Pernambuco, a ação dos descontentes começou a tomar corpo inicialmente através da queima dos canaviais, o que inviabilizava a produção de açúcar, o principal produto de exportação da região naquela época. Em 1642 e 1643, outras operações de pequena envergadura passaram a ser desenvolvidas com o objetivo de desestruturar a administração e a economia holandesas no Brasil. Apesar do fracasso das tentativas de auxílio através do mar, retomou-se em terra a prática das emboscadas, única estratégia que possibilitava ao descontentes causar estragos as forças inimigas, apesar das com poucas armas de que dispunham
João Fernandes Vieira era um líder civil, mas Antônio Dias Cardoso, dono de extraordinária competência militar, além de ser muito corajoso, discreto e profundo conhecedor de Pernambuco, fora indicado por André Vidal de Negreiros ao Governador Geral do Brasil, Antônio Teles da Silva, para assumir a tarefa de organizar os pernambucanos em um pequeno exército capaz de iniciar o movimento de insurreição. E foi o que ele fez, dedicando-se durante seis meses à tarefa de recrutar e treinar militarmente os homens que formariam a força de que ele precisava para derrotar os holandeses.
A decisão favorável ao levante aconteceu em 23 de maio de 1645, dia em que Fernandes Vieira e mais 18 companheiros firmaram um compromisso de honra cujo texto dizia em certo trecho: “Nós, abaixo assinados, nos conjuramos e prometemos em serviço da liberdade, a não faltar em nenhum tempo, com toda a ajuda de fazendas (engenhos), contra qualquer inimigo (incluía até Portugal) na restauração de nossa pátria”. Foi nesse momento que pela primeira vez surgiu no Brasil o sentimento de Pátria, respaldado pela força militar organizada e treinada por Dias Cardoso, apesar da intensa perseguição que os holandeses lhe faziam nas matas e engenhos do interior pernambucano.
A grande vitória pernambucana ocorrida no monte das Tabocas, ensejou, séculos depois, a criação do Parque Histórico Estadual das Tabocas, criado pelo governo de Pernambuco em 9 de novembro de 1978, no local onde a batalha foi travada. Anteriormente, em 1945, ali fora erguida a capela em honra a Nossa Senhora de Nazaré, em cumprimento à promessa feita trezentos anos antes por João Fernandes Vieira, governador da capitania de Pernambuco e um dos comandantes das tropas que enfrentaram os holandeses, de que ali construiria uma igreja caso os invasores fossem derrotados.
Fonte: Recanto das letras