A Construção dos Estados Modernos na América Hispânica entre 1820 e 1870
Em "Política, Ideologia e Sociedade na América Espanhola do Pós-Independência" Frank Safford aborda o fragmentado e lento processo de formação dos Estados Modernos na América Hispânica.
O foco do autor é um viés institucionalista, visando apresentar os desafios de implantação do Estado Moderno em uma região colonial.
Apresenta as características gerais do processo bem como suas especifidades, contemplando a amplitude geográfica e a heterogeneidade das formações políticas.
Alguns eixos temáticos tornam-se de fundamental importância para a compreensão da estrutura da obra: a composição étnica, a presença da Igreja Católica, o poder rural, opoder militar, a tensão corporativismo versus individualismo no tocante à Igreja, ao Exército e às comunidades indígenas, a tensão federalistas versus centralistas, o conflito entre os princípios liberais e as tradições anti-liberais opondo liberais, conservadores e exaltados, a inspiração nos modelos constitucionais britânico, francês, americano e espanhol, a inevitável dificuldade de adequação destes modelos à realidade das ex-colônias e o surgimento do caudillismo.
O período da pós-independência foi de instabilidade e de experimentação dos ideais liberais, tanto econômicos quanto políticos, trazendo frustrações para muitos que impuseram tais bandeiras e tiveram de enfrentar o desafio de fazer a transposição das ideias europeias para a sociedade hispânica.
Pensadores políticos como Montesquieu, Rousseau, Constant, Bentham e Tocqueville, influenciaram profundamente a estrutura das instituições políticas e o funcionamento do processo político.
Algumas das dificuldades encontradas na Construção do Estado Moderno não foram privilégio da América Espanhola visto que também na Europa e nos EUA foi necessário desafiar tradições, interesses e resistências anti-liberais. Na América Espanhola, somou-se a tudo isso a inexistência de uma cultura e instituições políticas locais e a existência de uma tradição espanhola ainda mais fortemente anti-liberal, consequência da permanência do poder da Igreja Católica e da militarização da política decorrente das lutas pela independência.
Algumas das dificuldades encontradas na Construção do Estado Moderno não foram privilégio da América Espanhola visto que também na Europa e nos EUA foi necessário desafiar tradições, interesses e resistências anti-liberais. Na América Espanhola, somou-se a tudo isso a inexistência de uma cultura e instituições políticas locais e a existência de uma tradição espanhola ainda mais fortemente anti-liberal, consequência da permanência do poder da Igreja Católica e da militarização da política decorrente das lutas pela independência.
Safford não enfatiza possíveis conflitos de classe permeando o processo de montagem dos Estados Modernos porque para ele os criollos dominaram o processo de institucionalização. Destaca o fato de que muitas das lutas e tensões ocorreram no interior deste grupo social, envolvendo interesses pessoais, regionais e corporativos, derivados da formação intelectual ou relacionados a questões ideológicas, particularmente no tocante à Igreja, à escravidão e aos indígenas. Houve também, conflito de gerações, principalmente entre os heróis da independência e a geração sucessora.
Logo após a Independência, quando fez-se necessário desenhar o novo modelo institucional e uma nova ordem política e social, o contexto histórico era o de euforia para com os princípios liberais e os recentes acontecimentos políticos na Europa e América.
O liberalismo esteve presente em todo o processo emancipatório, ainda que moderado. O motivo da adesão dos criollos às ideias liberais foi a sua marginalização dos processos políticos e decisórios no período do Estado Monárquico Metropolitano.
Logo após a Independência, quando fez-se necessário desenhar o novo modelo institucional e uma nova ordem política e social, o contexto histórico era o de euforia para com os princípios liberais e os recentes acontecimentos políticos na Europa e América.
O liberalismo esteve presente em todo o processo emancipatório, ainda que moderado. O motivo da adesão dos criollos às ideias liberais foi a sua marginalização dos processos políticos e decisórios no período do Estado Monárquico Metropolitano.
A instabilidade e as tensões que fizeram parte das décadas de 1820 a 1870 é explicada por Frank Safford como resultado da inexistência de uma classe econômica forte, ideologicamente hegemônica e politicamente ativa.
Depreende-se de sua análise que a inexistência de uma burguesia à francesa, fez com que os Estados nacionais hispânicos não recebessem suporte econômico de uma classe com capacidade política de fazer frente às diversas forças de resistência à Centralização e à Racionalização. Somente uma tal classe poderia se contrapor às instituições antigas e ao fenômeno político do caudillismo, presente em diversos períodos e regiões durante o processo de consolidação das nações e Estados. E os criollos adeptos da construção dos Estados nacionais, não correspondiam a uma classe com tal envergadura econômica, política e ideológica.
Depreende-se de sua análise que a inexistência de uma burguesia à francesa, fez com que os Estados nacionais hispânicos não recebessem suporte econômico de uma classe com capacidade política de fazer frente às diversas forças de resistência à Centralização e à Racionalização. Somente uma tal classe poderia se contrapor às instituições antigas e ao fenômeno político do caudillismo, presente em diversos períodos e regiões durante o processo de consolidação das nações e Estados. E os criollos adeptos da construção dos Estados nacionais, não correspondiam a uma classe com tal envergadura econômica, política e ideológica.
(FRANK SAFFORD. Política, Ideologia e Sociedade na América Espanhola do Pós-Independência.)