21.9.09

Onu criou 'parlamento do mundo' e definiu princípios dos direitos humanos

Organismo foi fundado logo depois da Segunda Guerra Mundial.
G1 conta a história do surgimento das Nações Unidas.

Nesta quarta-feira (23), a Assembleia Geral das Nações Unidas começa o seu 64º encontro. Em meio a um novo cenário no pós-crise mundial e com as contínuas situações limites de Iraque eAfeganistão, as delegações de 192 países terão espaço para se manifestar e debater.

Mas nem sempre foi assim. Antes da Segunda Guerra Mundial, não existia um organismo que reunisse a maioria dos países do mundo para tentar resolver pela via diplomática os conflitos. Leia aqui mais sobre a história da criação da ONU (Organização das Nações Unidas).

A organização começou a funcionar em outubro de 1945, depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Ela teve sua Carta ratificada por EUA, China, Reino Unido, França e pela ex-URSS. Mas sua origem remonta à Liga das Nações, que foi uma tentativa frustrada de evitar um novo conflito mundial após a Primeira Guerrra Mundial.

Antes da Liga, países tentaram se organizar em outras associações para formular tratados e acordos. Como escreveu o historiador Paul Kennedy no livro "The Parliament of Man: The Past, Present, and Future of the United Nations": "A ideia de uma associação da humanidade data de centenas, se não de milhares de anos. Alguns trabalhos atribuem a filósofos chineses ou gregos as origens dos pensamentos sobre uma ordem mundial. Outros sugerem que os católicos da Idade Média propuseram alguma forma de governança mundial [...] Não é de se surpreender que a maioria desses textos foram escritos no final ou quase no final de grandes e sangrentas guerras. Eram esforços para encontrar uma saída para a anarquia internacional, escapar das repetidas brigas entre cidades, monarquias e estados, e estabelecer uma paz duradoura.”

O século XIX presenciou uma série de medidas que, esperava-se, tirariam o mundo da anarquia internacional. Mas os pactos entre as grandes potências sempre renegavam as nações exploradas ou de importância inferior, como os países da America Latina e da África. Uma das poucas tentativas bem sucedidas foi a criação da Cruz Vermelha, em 1863.

Foto: AFP

O chefe da delegação soviética Andrei Gromyko assina a Carta da ONU na Conferência Internacional de São Francisco, em 26 de junho de 1945 (Foto: AFP)

Depois da Segunda Guerra Mundial, e, principalmente, do Holocausto e das bombas de Hiroshima e Nagazaki, o mundo se assustou de verdade. Após o fim da guerra, 51 países, o Brasil entre eles, assinaram o documento para se incorporar à organização.

Leia também: Ameaça nuclear redefiniu as relações internacionais após a Segunda Guerra

Apesar de não ter conseguido evitar guerras e de ser alvo de críticas por sua suposta incapacidade de intervir em crises e pela burocracia, a ONU estabeleceu princípios importantes dos direitos humanos e dos direitos da mulher. No dia 10 de dezembro de 1948, 58 Estados membros da Assembleia Geral da ONU assinaram, em Paris, a Declaração Universal dos Direitos Humanos que definiu, por escrito, os direitos que todo homem deveria ter ao nascer.

"Para mim a mais importante contribuição da ONU consiste em lançar princípios e ideias que mudaram o modo com que governos, ONGs e indivíduos abordam os problemas pelo mundo. O modo como falamos dos assuntos hoje, basicamente tudo o que lemos os jornais tem os vocabulários, os princípios, e em muitos casos os tratados e convenções que resumem as aspirações humanas para melhorar o planeta. Para mim, a ONU foi um ator essencial nisso", disse em entrevista ao G1 Thomas G. Weiss, professor de ciências políticas do Instituto Ralph Bunche de Estudos Internacionais e autor do recém-lançado "UN ideas that changed the world" ("Nações Unidas, ideias que mudaram o mundo", em uma tradução livre).

Funcionamento

A contribuição dos estados é a principal fonte dos recursos da ONU. Os EUA são ainda os maiores contribuintes da organização, seguidos de Japão e Alemanha.


A ONU tem seis idiomas oficiais: inglês, francês, espanhol, chinês, árabe e russo.
O Conselho de Segurança é composto por 15 membros – cinco permanentes com direito a veto (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) e dez não-permanentes, eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos. O conselho também tem o poder de convocar sessões especiais.


A Assembleia Geral reúne-se uma vez por ano em sessão ordinária, como a desta semana. Ela é basicamente o palanque onde qualquer nação-membro pode se pronunciar. "É como se fosse um parlamento do mundo", explica o professor Weiss.


Fonte: G1