Na época, município tinha poucas semelhanças com a atual metrópole.
'Colina do Ipiranga', de Miguelzinho Dutra (esq), e o 'Monumento à Independência', suposto local onde ocorreu o grito (Foto: Reprodução/Museu Paulista e Paulo Toledo Piza/G1)
Que o grito de independência foi dado às margens do riacho do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, todos sabem. O que poucos paulistanos têm ciência é de que diversas vias na capital paulista “presenciaram” a passagem do príncipe regente Dom Pedro I nos idos de agosto e setembro de 1822.
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Naquela época, São Paulo era uma pequena cidade com pouco mais de 6 mil habitantes e bem diferente da atual metrópole de 11 milhões de moradores. O perímetro urbano da capital era delimitado pelo Rio Tamanduateí (onde atualmente está localizado o Parque Dom Pedro), o Vale do Anhangabaú e as atuais regiões da Rua 25 de Março e do bairro da Liberdade, de acordo com relatos que estão no Museu Paulista.
Nessa pequena cidade, Dom Pedro I chegou no dia 25 de agosto de 1822, após cobrir, em 12 dias de viagem, uma distância de 634 km desde o Rio de Janeiro (veja mapa acima). O príncipe e sua comitiva atravessaram uma pequena ponte sobre o Rio Tamanduateí e caminharam por uma região arborizada onde atualmente está localizado o Parque Dom Pedro.
Maquete da cidade de São Paulo antiga (esq.) e a metrópole atual (Foto: Reprodução/Museu Paulista e Paulo Toledo Piza/G1)
De lá, seguiram por uma pequena via onde hoje fica a Avenida Rangel Pestana até o prédio que servia como sede do governo de São Paulo, o Colégio dos Jesuítas. O edifício, que foi confiscado pelo governo no século XVIII, abrigou o príncipe durante os 11 dias em que ficou na cidade, a trabalho. No dia 5 de setembro, ele decidiu ir a Santos, na Baixada Santista.
“Na manhã, enveredou o príncipe Dom Pedro com sua guarda de honra (...) pela tortuosa Rua do Lavapés, tomando assim o velho Caminho do Mar, dos mais antigos da terra brasileira”, diz o historiador Eduardo Canabrava Barreiros, em artigo intitulado “Itinerário da Independência”. A rua, que mantém hoje a nomenclatura original, era usada como porta de saída da capital ao litoral.
'Inundação', de Benedito Calixto (esq.) e o Rio Tamanduateí hoje (Foto: Colina do Ipiranga”, de Miguelzinho Dutra)
Após dois dias, na madrugada de 7 de setembro, o príncipe subiu a Serra do Mar em direção a São Paulo. Ao chegar às margens do Riacho do Ipiranga, Dom Pedro encontrou um mensageiro que lhe trazia uma carta . O documento, assinado por José Bonifácio, patriarca da Independência, e pela princesa Maria Leopoldina, informava que o príncipe havia perdido a condição de regente do Brasil.
Relatos históricos indicam que Dom Pedro, após ler a carta, refletiu por alguns instantes e, em seguida, afirmou: “É tempo... Independência ou morte! Estamos separados de Portugal.”
'Dom Pedro I', de Benedito Calixto (esq); no destaque, local onde hoje fica o Parque Dom Pedro (Foto: Reprodução/Museu Paulista e Paulo Toledo Piza/G1)
O local exato onde ocorreu o “grito do Ipiranga”, porém, é incerto. “Precisaria de um estudo minucioso para descobrir o real local”, disse a historiadora Miyoko Makino, do Museu Paulista. “Mas seria nas imediações de onde está o ‘Monumento à Independência’”, completou.
Do Ipiranga, que não fazia parte do perímetro urbano paulistano, o príncipe seguiu para a sede do governo paulista, onde festejou o fim da subserviência do Brasil perante Portugal. “Lá, criou a música do Hino à Independência”, lembrou Miyoko.
A celebração durou três dias. No dia 10 de setembro, retomou viagem ao Rio de Janeiro, onde chegou após cinco dias de cavalgada. Na capital fluminense, foi nomeado imperador do Brasil. Mas isso é história para outra ocasião.
Fonte: G1