Por Matheus Blach
Existem discussões acaloradas sobre o tema Globalização, são várias as divergências sobre a sua definição e sua origem. Ao tratar do assunto faz-se necessária muita cautela no emprego deste termo, principalmente quando falamos sobre isto no século XV, pois seu desenvolvimento e conceito estão sempre atrelados a consolidação do capitalismo e as revoluções tecnológicas dos sistemas de informação do século XX e século XXI. Este texto tratará da globalização como um fenômeno que levou a uma maior integração política econômica e social e a “aproximação” de diversos “países” através do aprimoramento dos meios de transporte e comunicação, motivado pelos interesses comerciais e políticos no século XV na chamada Expansão Marítima.
Se visualizarmos no termo globalização a idéia de integração podemos sim, falar sobre uma globalização do século XV em diante. Os povos nativos “brasileiros” puderam experimentar uma manga pela primeira vez quando os portugueses as trouxeram da Índia além da canela e da pimenta, assim como a laranja-doce e o tamarindo vindos da China e da África. Os Europeus somente conheceram o chocolate e o abacaxi quando chegaram aqui na América. (SCHMIDT, Mario, 2005). O fio condutor dessa grande integração que o mundo começa a viver são as relações comerciais, o interesse dos Europeus em encontrar uma nova rota até as tão desejadas e lucrativas especiarias da Índia. As rotas tradicionais eram muito problemáticas, pois por terra havia muitos contratempos – assaltos, acidentes com as cargas, impostos – e a demora era grande o que encarecia os produtos. (SCHMIDT, Mario, 2005). Essas dificuldades se tornavam ainda mais desencorajadoras diante do monopólio dos Árabes e Italianos sobre o comércio das especiarias na Europa através do mediterrâneo. O transporte marítimo era mais eficaz, pois poderia transportar uma maior quantidade de produtos de forma mais segura barata e veloz. As expedições eram grandes projetos visionários e onerosos. Portugal foi pioneiro nas verdadeiras aventuras expansionistas, pois já havia formado um Estado forte, com poder centralizado e condições para financiar as viagens, depois outros países também iniciaram o processo de expansão como Espanha, França e Inglaterra. (SCHMIDT, Mario, 2005). A integração de culturas e mercadorias toma rumo sem precedentes na História até então, a disputa política e econômica entre esses países Europeus motiva o desenvolvimento tecnológico, o aprimoramento das técnicas de navegação, de mapeamento do mundo e o tráfego de informações sobre as novas terras e os novos povos encontrados. Cartógrafos, navegadores e viajantes aventureiros agiam como grandes coletores de informações e se relacionavam cada vez mais com os povos do oriente em busca de diferentes rotas e fontes para seus mapas e relatos. Foram eles que se tornaram responsáveis pelo transito de informações sobre o mundo ainda desconhecido, muitas vezes defendendo suas bandeiras nacionais e trabalhando em prol da expansão comercial e territorial de seu país e muitas outras “vendendo” registros importantes e sua própria mão de obra para quem pagasse melhor em um verdadeiro “mercado negro” de mapas e rotas que poderiam levar a “novas terras” ou as Índias. (GUEDES, Max Justo, 2004).
Portanto as relações estabelecidas nesse novo mundo de interações não foram apenas de trocas comerciais, as relações entre os Europeus com o resto do mundo não foi “uma via de mão única” todos os processos envolvidos – colonização, exploração, tráfico de escravos, troca de mercadorias – criaram pontes de trocas de informação, de comunicação, em que todos foram influenciadores e influenciados pela cultura, política e economia de cada sociedade.
Referências Bibliográficas
SCHMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração 2005
GUEDES, Max Justo. Os mapas da mina. Revista Nossa História nº4, Ano 1, Fevereiro 2004.
GRUZINSKY, Serge. A passagem do século: 1408-1520: as origens da globalização. São Paulo: Companhia da Letras, 1999.
HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo: Companhia da Letras, 2007.
Fonte: História Magister Vitae