Renato Cancian*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
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Leon Trotsky comandou o Exército Vermelho |
O trotskismo é um termo comumente empregado para designar as teses e reflexões teóricas sobre a práxis e a teoria revolucionária comunista elaborada por Leon Trotsky (em russo: Lev Davidóvitch Trótskii). Intelectual marxista e líder revolucionário bolchevique, Trotsky nasceu em 1879, na Ucrânia, e morreu em 1940, no México.
O conjunto de seus escritos e publicações enfoca quatro temas centrais, que tiveram grande influência no ideário e nos movimentos socialistas:
- a lei do desenvolvimento combinado e desigual;
- a crítica à degeneração do Estado soviético (devido à burocratização);
- a elaboração das características constitutivas da sociedade socialista;
- o internacionalismo.
Todos esses temas integram a teoria da Revolução Permanente que, segundo o próprio Trotsky, não deve ser considerada uma contribuição original porque está baseada no pensamento e teorias formuladas por Karl Marx, Friedrich Engels e também por Vladimir Lênin.
A teoria da Revolução Permanente veio a público logo após a revolução abortada de 1905, na Rússia czarista, a partir de um breve texto intitulado "Balanços e Perspectivas". De acordo com a teoria marxista, a revolução socialista será alcançada após um processo histórico e mediante algumas etapas, cuja finalização ocorre quando se liquida com a sociedade de classes.
Entre os adeptos do marxismo, acreditava-se que era imprescindível a etapa relacionada ao desenvolvimento das forças produtivas capitalistas e, por conseguinte, da burguesia e do modelo de democracia parlamentar, para depois chegarmos ao socialismo. Trotsky rejeitou, porém, essa tese e defendeu o princípio segundo o qual era possível "pular" algumas etapas do processo revolucionário.
O desenvolvimento econômico fomentado pelo Estado russo no final do século 19 acarretou um acelerado processo de industrialização que, embora tardio em comparação com outros países europeus, provocou o aparecimento das fábricas e, por conseguinte, o surgimento do proletariado industrial.
Conforme as teses de Trotsky, o desenvolvimento econômico da Rússia era do tipo "desigual" e "combinado" e foi estimulado por influências externas. A Rússia foi obrigada a avançar por "saltos", mas a conseqüência desse tipo de modernização foi a coexistência de estruturas produtivas novas e arcaicas. Desse modo, entende-se por que a classe média manteve-se exígua e a burguesia industrial permaneceu estritamente dependente, fraca e temerosa diante do aparelho estatal.
A revolução de 1905 mostrou, porém, que o proletariado tinha força para promover a ruptura da ordem social. Com essa análise, Trotsky defendeu a tese de que o proletariado industrial russo, embora sendo uma minoria da população, poderia vencer. E a concretização da revolução provaria, portanto, que não seria necessário atravessar a fase de domínio da burguesia e do regime democrático de tipo parlamentar.
Trotsky salientou, porém, que a consolidação da revolução socialista na Rússia só seria viável se ocorressem processos revolucionários similares em outros países. Esta última tese se baseava no fato de que sem o apoio de outros Estados, o atraso tecnológico, industrial e cultural da Rússia se revelaria um obstáculo à consolidação de um Estado socialista naquele país.
Trotsky refinou suas teses e análises sobre o tema publicando, em 1924, o texto intitulado "As Lições de Outubro", cujo conteúdo ratifica a tese de que a construção do Estado e sociedade socialista não poderia ficar permanentemente circunscrita a um território nacional. O risco era de não conseguir se consolidar em sua plenitude devido ao aparecimento de contradições internas e externas. Ou seja, se o Estado soviético continuasse no isolamento correria o perigo de sucumbir.
De acordo com a perspectiva de Trotsky, a Revolução de Outubro de 1917 deveria expandir-se internacionalmente de modo a provocar a chamada revolução mundial. Embora Trotsky tenha acertado ao assinalar o potencial revolucionário do proletariado de um país atrasado, como era o caso da Rússia, sua tese sobre a necessidade da revolução mundial como condição de sobrevivência do Estado socialista russo não se comprovou.
O teor das análises de Trotsky sobre esse último tema fez com que os líderes bolcheviques, Stalin, Zinoviev e Kamenev, rompessem com ele. Com a morte de Lênin, em 1924, Stalin assume o poder e envia Trotsky para o exílio. No último ano de exílio, em 1929, Trotsky consegue terminar de escrever a teoria da Revolução Permanente.
Em 1930, o líder revolucionário é expulso definitivamente da Rússia e dez anos depois é assassinado no México a mando do próprio Stalin.
O conjunto de seus escritos e publicações enfoca quatro temas centrais, que tiveram grande influência no ideário e nos movimentos socialistas:
- a lei do desenvolvimento combinado e desigual;
- a crítica à degeneração do Estado soviético (devido à burocratização);
- a elaboração das características constitutivas da sociedade socialista;
- o internacionalismo.
Todos esses temas integram a teoria da Revolução Permanente que, segundo o próprio Trotsky, não deve ser considerada uma contribuição original porque está baseada no pensamento e teorias formuladas por Karl Marx, Friedrich Engels e também por Vladimir Lênin.
Teoria da Revolução Permanente
De acordo com o próprio Trotsky, a teoria da Revolução Permanente foi inspirada no pensamento de um judeu russo, chamado L. Helfand, que depois emigrou para a Alemanha e adotou o pseudônimo de Parvus. Ao tomar conhecimento das reflexões de Parvus, Trotsky enriqueceu sua teoria agregando novas contribuições à análise.A teoria da Revolução Permanente veio a público logo após a revolução abortada de 1905, na Rússia czarista, a partir de um breve texto intitulado "Balanços e Perspectivas". De acordo com a teoria marxista, a revolução socialista será alcançada após um processo histórico e mediante algumas etapas, cuja finalização ocorre quando se liquida com a sociedade de classes.
Entre os adeptos do marxismo, acreditava-se que era imprescindível a etapa relacionada ao desenvolvimento das forças produtivas capitalistas e, por conseguinte, da burguesia e do modelo de democracia parlamentar, para depois chegarmos ao socialismo. Trotsky rejeitou, porém, essa tese e defendeu o princípio segundo o qual era possível "pular" algumas etapas do processo revolucionário.
Rússia czarista
A base empírica que sustentava a tese de Trotsky era um minucioso estudo das características do desenvolvimento social e econômico da Rússia sob o regime czarista. O Estado russo era um aparelho político cuja estrutura e funções serviam aos interesses da aristocracia czarista. Ou seja, o aparelho estatal russo era um Estado absolutista.O desenvolvimento econômico fomentado pelo Estado russo no final do século 19 acarretou um acelerado processo de industrialização que, embora tardio em comparação com outros países europeus, provocou o aparecimento das fábricas e, por conseguinte, o surgimento do proletariado industrial.
Conforme as teses de Trotsky, o desenvolvimento econômico da Rússia era do tipo "desigual" e "combinado" e foi estimulado por influências externas. A Rússia foi obrigada a avançar por "saltos", mas a conseqüência desse tipo de modernização foi a coexistência de estruturas produtivas novas e arcaicas. Desse modo, entende-se por que a classe média manteve-se exígua e a burguesia industrial permaneceu estritamente dependente, fraca e temerosa diante do aparelho estatal.
A revolução de 1905 mostrou, porém, que o proletariado tinha força para promover a ruptura da ordem social. Com essa análise, Trotsky defendeu a tese de que o proletariado industrial russo, embora sendo uma minoria da população, poderia vencer. E a concretização da revolução provaria, portanto, que não seria necessário atravessar a fase de domínio da burguesia e do regime democrático de tipo parlamentar.
Trotsky salientou, porém, que a consolidação da revolução socialista na Rússia só seria viável se ocorressem processos revolucionários similares em outros países. Esta última tese se baseava no fato de que sem o apoio de outros Estados, o atraso tecnológico, industrial e cultural da Rússia se revelaria um obstáculo à consolidação de um Estado socialista naquele país.
Expansão internacional
As principais teses contidas na teoria da Revolução Permanente se concretizaram com a Revolução de Outubro de 1917. O Estado absolutista russo foi derrubado por um processo revolucionário socialista liderado pelo proletariado. Porém, a necessidade da expansão internacional da revolução socialista não teve aceitação entre os principais líderes revolucionários russos.Trotsky refinou suas teses e análises sobre o tema publicando, em 1924, o texto intitulado "As Lições de Outubro", cujo conteúdo ratifica a tese de que a construção do Estado e sociedade socialista não poderia ficar permanentemente circunscrita a um território nacional. O risco era de não conseguir se consolidar em sua plenitude devido ao aparecimento de contradições internas e externas. Ou seja, se o Estado soviético continuasse no isolamento correria o perigo de sucumbir.
De acordo com a perspectiva de Trotsky, a Revolução de Outubro de 1917 deveria expandir-se internacionalmente de modo a provocar a chamada revolução mundial. Embora Trotsky tenha acertado ao assinalar o potencial revolucionário do proletariado de um país atrasado, como era o caso da Rússia, sua tese sobre a necessidade da revolução mundial como condição de sobrevivência do Estado socialista russo não se comprovou.
O teor das análises de Trotsky sobre esse último tema fez com que os líderes bolcheviques, Stalin, Zinoviev e Kamenev, rompessem com ele. Com a morte de Lênin, em 1924, Stalin assume o poder e envia Trotsky para o exílio. No último ano de exílio, em 1929, Trotsky consegue terminar de escrever a teoria da Revolução Permanente.
Em 1930, o líder revolucionário é expulso definitivamente da Rússia e dez anos depois é assassinado no México a mando do próprio Stalin.