Os mais primitivos calendários do velho continente são o hebreu e o egípcio. Ambos tinham um ano civil de 360 dias. Por volta do ano 5000 a.C. e depois de muitas reformas, os egípcios estabeleceram um ano civil invariável de 365 dias. O atraso de aproximadas 6 horas por ano em relação ao ano trópico fez com que as estações egípcias fossem atrasando lentamente.
O CALENDÁRIO ROMANO PRIMITIVO
Na tradição Romana, a origem da construção dos calendários civis se confunde com as origens da cidade de Roma (753 a.C.), sendo atribuída a Rômulo, fundador lendário de Roma, a introdução do primeiro calendário romano.
No Calendário Romano Primitivo, o ano tinha 304 dias distribuídos por 10 meses. Os quatro primeiros tinham nomes próprios dedicados aos deuses da mitologia romana, sendo os restantes designados por números ordinais (ver Tabela 1). Tratava-se de um calendário sem nenhuma base astronômica, pois os períodos que nele eram definidos não possuíam quaisquer relações com movimentos do Sol ou da Lua.
O CALENDÁRIO DE NUMA POMPÍLIO
Numa Pompílio, o segundo Rei de Roma (715-673 a.C.), instituiu um calendário com base astronômica solar, composto de 355 dias distribuídos por 12 meses. Por considerar meses com dias pares “azarados”, diminuiu um dia a cada um dos seis meses de 30 dias. A estes 6 dias juntou mais 50, formando dois novos meses, Januarius e Februarius. Este último, ter 28 dias (número par), foi dedicado a Februa, deus da purificação dos mortos, a quem os romanos ofereciam sacrifícios para pagar pelas faltas cometidas durante todo o ano. Por este motivo, passou a ser o último mês (ver Tabela 2).
O CALENDÁRIO JULIANO
Os romanos cada vez mais sentiam a necessidade de coordenar o seu ano lunar com o ciclo das estações e estabeleceram um sistema solar-lunar rudimentar, introduzindo no seu calendário, de dois em dois anos, um novo mês, Mercedonius, cuja duração era de 22 ou 23 dias. Dessa forma, existia um ano de 377 dias e outro de 378 entre dois anos com 355 dias. Ao analisarmos a média a cada 4 anos, vemos que ela é de 366,25 dias, 1 dia a mais que o ano trópico. Entretanto, as intercalações de Mercedonius passaram a ser feitas de acordo com interesses políticos – os Pontífices alongavam ou encurtavam o ano conforme as suas simpatias com que estava no poder. A desordem foi tanta que chegou ao ponto de o começo do ano estar adiantado cerca de 3 meses em relação ao ciclo das estações.
Julio Cesar, ao chegar ao poder em Roma, estava decidido a acabar com o problema, chamando o astrônomo grego Sosígenes para que examinasse a situação. que concluiu que o Calendário Romano estava 67 dias adiantado em relação ao ciclo das estações. Júlio César, então, ordenou que aquele ano (46 a.C.), além do Mercedonius, existiriam mais 2 meses – um de 33 e outro de 34 dias – resultando em um ano civil de 445 dias, o maior de todos os tempos. Ficou conhecido como o Ano da Confusão.
Depois disso, foi adotado o calendário solar, conhecido por Juliano, que começou a vigorar no ano 45 a.C., mediante um sistema que devia desenrolar-se por ciclos de quatro anos, com três comuns de 365 dias e um bissexto de 366 dias, a fim de compensar as quase seis horas que havia de diferença para o ano trópico. Suprimiu-se o Mercedonius e Februarius passou a ser o segundo mês do ano. Como homenagem, o mês Quintilis passou a se chamar Julius (ver Tabela 3)
O CALENDÁRIO DE AUGUSTO CÉSAR
No ano 730 de Roma, o Senado romano decretou que Sextilis, passasse a chamar-se Augustus, pois durante este mês o imperador César Augusto pôs fim à guerra civil que desolava o povo romano. E para que o mês dedicado a César Augusto não tivesse menos dias que o dedicado a Júlio César, Augustus passou a ter 31 dias. Este dia “saiu” do mês de Februarius, que ficou com 28 dias nos anos comuns e 29 nos bissextos. Também para que não houvesse tantos meses seguidos com 31 dias, reduziram-se para 30 dias os meses de September e November, passando a ter 31 dias os de October e December. Assim se chegou a uma distribuição, sem lógica, dos dias pelos meses, que ainda hoje perdura, e que se transcreve com os nomes atuais em língua portuguesa.
Referências:
[1] Borges, A. S. Tempo e Poder: A Ordenação do Tempo no Calendário Romano Republicano. Trabalho de Conclusão deCurso de História, UFRJ, 2007.
[2] Marques, M. N. Origem e Evolução do Nosso Calendário. Observatório Astronômico de Lisboa, 2006.
[3] Stalliviere, I. C. Calendários Romanos. Museu de Topografia Prof. Laureano Ibrahim Chaffe, UFRGS, 2009.
Fonte: InfoEscola