28.3.10

Alvo de polêmica, chá de Santo Daime é consumido há 300 anos

Bebida era usada por índios antes de ser incorporada a religiões.
Expansão de igrejas levou consumo da ayahuasca para EUA e Europa.

Alvo de polêmica desde o assassinato do cartunista Glauco Villas Boas e do filho dele, Raoni, há uma semana, o chá de ayahuasca, conhecido popularmente como “Santo Daime”, é consumido por comunidades indígenas da Amazônia há pelo menos 300 anos.


Relatos históricos dão conta de mais de 70 grupos que usavam a ayahuasca – e suas mais de 40 diferentes denominações – nos países ao longo da Amazônia (Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela e Bolívia). O uso nas tribos estava relacionado ao xamanismo, às práticas de cura e aos mitos de origem dos grupos, diz a antropóloga Beatriz Labate, autora de vários livros sobre a ayuahasca.

Foto: Divulgação / Igreja Céu dos Ventos

Fiéis participam de culto do Santo Daime na igreja Céu dos Ventos em Haia, na Holanda (Foto: Divulgação / Igreja Céu dos Ventos)


Há quem acredite que a substância já seria utilizada pela civilização inca (a palavra “ayahuasca” tem origem quéchua), "embora não haja evidências arqueológicas", diz Henrique Carneiro, do Departamento de História da USP.


Mas foi só nos anos 30, quando o seringueiro brasileiro neto de escravos Raimundo Irineu Serra (1892-1971), o mestre Irineu, fundou a doutrina do Santo Daime, que a bebida passou a ter seu uso incorporado à religião a qual teve o nome vinculado.

  • Aspas

    A adesão de pessoas conhecidas na mídia, como Lucélia Santos, Ney Matogrosso e Maitê Proença acabou servindo com uma divulgação maior do Daime, despertando o interesse em vários lugares, inclusive em outros países. "

Adeptos do Santo Daime, Glauco e o filho foram mortos por um dos freqüentadores da igreja Céu de Maria, fundada pelo cartunista. Familiares e a defesa do acusado pelo crime apontam o chá, ministrado nos cultos, comoum dos agravantes do estado psicológico dele.








Divisão

Foi mestre Irineu que adaptou o uso da bebida, antes utilizada de forma terapêutica pelos xamãs indígenas, aos cultos, que incorporam elementos do xamanismo caboclo, do catolicismo, do esoterismo e do espiritismo, diz o professor de antropologia da Universidade Federal da Bahia Edward MacRae, autor de “Guiado pela Lua - Xamanismo e Uso Ritual da Ayahuasca no Culto do Santo Daime” (ed. Brasiliense).


Mais tarde, o Santo Daime foi dar origem a duas novas igrejas. Após uma revelação, um dos discípulos do mestre Irineu, Daniel Pereira de Matos, fundou a Barquinha, igreja mais restrita ao Acre, que tem elementos africanos mais fortes. Em Rondônia, outro daimista, José Gabriel da Costa, fundou a União do Vegetal (UDV), que adota a grafia hoasca.

Da Amazônia para os centros urbanos

No final da década de 70, muitos jovens de classe média brasileira, a caminho das ruínas de Machu Picchu, conheceram o chá no Acre e se converteram à religião, que migrou da Amazônia para os grandes centro urbanos, como Rio, Brasília e Florianópolis.

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    Há um processo sincrético com certas tradições, como o 'umbandaime’ [resultado da fusão do Daime com a religião afro-brasileira], a abordagem mais hinduísta, neo-pagã, que dentro dos seus rituais passaram a incorporar o uso da ayahuasca. "

“A adesão de pessoas conhecidas na mídia, como Lucélia Santos, Ney Matogrosso e Maitê Proença acabou servindo com uma divulgação maior do Daime, despertando o interesse em vários lugares, inclusive em outros países”, diz o historiador Henrique Carneiro.

Expansão

Mais conhecido nos centros urbanos brasileiros, não demorou até que o chá de ayahuasca chegasse a outros continentes. Durante a década de 80, segundo a antropóloga Beatriz Labate, o Santo Daime e a União do Vegetal abriram suas primeiras igrejas nos Estados Unidos e Europa.


“No inverno de 1993, um grupo de seis pessoas foi à comunidade de Céu de Mapiá [no Acre]. Eles encontraram [o fundador] Padrinho Alfredo e quando ele soube o que estava acontecendo na Holanda, batizou de Céu dos Ventos”, conta Irene Hadjidakis que, com o marido Marco, ajudou a fundar uma das duas igrejas do Santo Daime no país, em Haia, há 16 anos.

O consumo do chá em rituais, no entanto, começou dois anos antes, quando tomaram conhecimento da visita de um grupo da Igreja acreana à Espanha. “Desde esta época, se tornou possível participar de rituais do Santo Daime na Holanda de forma constante. O grupo cresceu muito rápido e, em poucos meses, estávamos conduzindo rituais com 200 participantes”, lembra.

‘Umbandaime’

Nas grandes cidades, o chá do Santo Daime passou ainda por um terceiro ciclo de expansão, chegando a comunidades de espiritismo, umbanda e religiões orientais.

“Uma vez que o Daime e a UDV chegam nos grandes centros urbanos, começam a combinar suas práticas com matrizes religiosas típicas das cidades, em diálogo com vertentes orientalistas, hinduístas, umbanda e terapias humanísticas como meditação, yoga, expressões artísticas diferentes”, explica Beatriz Labate, pesquisadora do Instituto de Psicologia Médica da Universidade de Heildelberg, na Alemanha.


“Há um processo sincrético com certas tradições, como o 'umbandaime’ [resultado da fusão do Daime com a religião afro-brasileira], a abordagem mais hinduísta, neo-pagã, que dentro dos seus rituais passaram a incorporar o uso da ayahuasca”, diz o professor Edward MacRae.


Longe de representar o surgimento de novas religiões, segundo o antropólogo, o que se observa na introdução do chá nestas religiões é a convivência de práticas do Santo Daime, como concentrações, entoação de hinos e mirações [visões após ingestão do chá]. “O Daime é uma religião bastante sincrética, não só para a crença a santos católicos, mas também para outras entidades indígenas e africanas”, diz.

Legislação

Em janeiro deste ano, o governo brasileiro oficializou as regras para o uso religioso do chá de ayahuasca. Segundo os especialistas, a resolução, no entanto, é resultado de uma discussão iniciada há quase 20 anos. O Brasil nunca proibiu a ingestão do chá em cerimônias religiosas, mas faltavam orientações para evitar o uso indevido.

Foto: Arquivo / Agência Estado

Altar onde são feitas as orações de purificação do ritual de Santo Daime é visto durante sessão na cidade de Juquitiba, em São Paulo (Foto: Arquivo / Agência Estado)

O país foi um pioneiro na regulamentação [do uso do chá], diz Beatriz Labate. Segundo a antropóloga, a legislação brasileira serviu de exemplo para que tribunais de muitos países legalizassem o consumo do ayahuasca.

Preconceito

Para a pesquisadora, no entanto, a "maneira como alguns setores da mídia tem discutido o tema" após o assassinato do cartunista Glauco é produto de preconceito. “Existe um forte dispositivo antidrogas, uma tendência a sempre se lidar de maneira preconceituosa com o tema. No caso da ayahuasca, se faz julgamentos mais severos do que se houvesse um assassinato em outra igreja qualquer.”

O professor Edward MacRae concorda. “Usar essa substância como sacramento causou espanto por muito tempo na sociedade, que não estava acostumada com isso. Houve uma série de interpelações ao governo para saber se podia ou não”, afirma.

Labate destaca que o uso da bebida em rituais religiosos é sempre mediado por pessoas experientes, que a servem nos rituais seguindo certos preceitos. “Essas igrejas têm forte conhecimento acumulado. A quantidade da dose [ministrada] varia de acordo com o peso da pessoa, da idade, do sexo, de quanto tempo participa do ritual. Para as religiões, é uma substância extremamente sagrada.”


Fonte: G1

O Desafio da Indisciplina Escolar

Indisciplina é considerada por educadores como um dos problemas mais recorrentes dentro de sala de aula. Mas será que a escola está lidando corretamente com esta questão?


Era uma aula como outra qualquer, mas com uma única e importante diferença: a aula sobre grandes navegações deu lugar a conversas paralelas, alunos dormindo, celulares tocando e jornais abertos sobre a mesa no lugar do livro didático, deixado em casa por algum motivo. Se você é professor, certamente já se viu em uma situação parecida com essa. Mas não se sinta sozinho (a), a indisciplina em sala de aula é um problema mais comum do que você imagina.

Uma pesquisa realizada pela revista Nova Escola (editora Abril) e pelo Ibope em 2007 com 500 professores país mostrou que 69% deles apontavam a indisciplina e a falta de atenção como os principais problemas enfrentados dentro de sala de aula. Por muito tempo na história da educação, essas dificuldades foram atribuídas exclusivamente aos estudantes, o que ajudou a construir a famosa imagem do “aluno-problema”, ou seja, aquele aluno que não reconhece limite, que não respeita autoridade e que na gosta de aprender. Mas é preciso reavaliar essa realidade.

Segundo especialistas em pedagogia, a indisciplina pode ser vista como a transgressão de dois tipos de regras. Primeiro, as morais, construídas socialmente para alcançar equilíbrio social, baseadas em princípios éticos universais: na xingar, não bater, não roubar, não agredir, etc. Geralmente, quando uma dessas regras é violada, o professor deve procurar a ajuda de outros profissionais, como o gestor pedagógico, a assistente social ou o psicólogo. São as mais graves e exigem uma avaliação conjunto com esses outros profissionais. Em segundo lugar, estão as violações das regras chamadas de “convencionais”. Elas são responsáveis por grande parte dos atos de indisciplina. Trata-se de regras criadas com fins específicos e que, por esse motivo, podem variar de uma instituição para outra: uso do celular, conversas, atrasos, saídas indevidas etc. Nesse caso, o professor deve procurar mais do que nunca compreender e não julgar. É preciso avaliar se as regras fazem sentido para os alunos, se há excesso de regras e se as punições não criam situações constrangedoras ou criam ainda mais insatisfação.Muitos professores acreditam ainda que esse tipo de respeito, de conhecimento moral e ético, deve ser aprendido em casa. Mas as questões ligadas à moral, à ética e a vida em geral também devem ser tratadas como conteúdos de ensino, tal como as grandes navegações ou o iluminismo. Em suma, a indisciplina pode e deve ser vista com um tópico relacionado ao processo de ensino aprendizagem.

Segundo Ana Aragão, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), “as crianças não enxergam a utilidade de um regimento ou dos famosos combinados que não se sustentam. Elas não sentem a necessidade de respeitá-los e acabam até se voltando contra essas normas”.

Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre essa questão, o Café História sugere o artigo
“A Indisciplina e a Escola Atual”, de Júlio Groppa Aquino (professor da Faculdade de Educação da USP) e o vídeo da professora Ana Aragão, anteriormente citada, intitulado “A confusão das regras no combate à indisciplinas”, produzida pela equipe da Revista Nova Escola. E aproveite também o novo fórum do Café História:“Quais as melhores práticas pedagógicas para solucionar a indisciplina escolar?

Fonte: Café História

Repúblicas da banana

Ditaduras, ocupações e, agora, até um terremoto no Haiti fizeram da América Central a região mais instável e miserável do lado de cá do Atlântico. Entenda o que uma longilínea fruta tem a ver com isso.

por Karin Hueck e Mauricio Horta

Um transatlântico de 300 metros se aproxima de uma praia tropical. Seus 3 400 passageiros estão há 5 dias viajando e dispõem de dezenas de atrações a bordo, de campos de minigolfe e paredes de escalada a shows de cabaré. Ainda assim, boa parte dos turistas resolve sair do navio e conhecer a praia de areia branca. Junto com eles, descem garçons e funcionários para abastecê-los com drinques e petiscos durante o banho de sol. Seria uma cena normal, apenas mais um passeio turístico no Caribe, se a praia paradisíaca não fosse Lavadee, o país onde ela se encontra o Haiti, e a data do passeio 17 de janeiro de 2010 - 5 dias depois de um terremoto matar 200 mil pessoas e devastar boa parte da pequena nação. No tremor de 7 graus, 250 mil casas foram destruídas, assim como quase todos os prédios do governo e os dois únicos postos de bombeiros do país. Durante semanas, o mundo se entristeceu com a situação precária do Haiti. Mas a notícia realmente triste é que o país não é uma aberração - é apenas o ponto mais baixo de uma região inteira problemática, a América Central. Ocupações externas, golpes de Estado, ditaduras: quase todos os países da região passaram por isso. E o que pouca gente sabe é que todo esse caos pode ter começado com uma inofensiva frutinha...

A primeira vez que os americanos viram uma banana foi em 1876, na Exposição Centenária da Filadélfia. Na ocasião, a fruta não chamou muita atenção - até porque estava exposta ao lado do telefone de Graham Bell. Mas, 15 anos depois, a banana já tinha conquistado o coração dos americanos e era servida em restaurantes de Nova York. Fazia muito sucesso porque era prática: sua casca é uma embalagem natural que dispensa lavagem. Tinha o potencial de virar o Big Mac das frutas. E, de fato, logo virou: na década de 1930, a banana já era a fruta mais barata e consumida nos EUA. Mas como um produto tropical extremamente perecível podia ser abundante nos EUA? Graças a uma das primeiras multinacionais do mundo: a United Fruit Company, que, além de inventar um método de distribuição de frutas em larga escala, contribuiu para bagunçar a América Central.


Damn it! We have bananas
Nascida na véspera do século 20, a UFC controlou a produção, o transporte e o marketing da
banana, com eficiência de relógio e agressividade para eliminar qualquer rival. O lugar escolhido para plantar a fruta foi a desabitada América Central, que oferecia o pacote completo: governos frágeis e terrenos tropicais disponíveis para latifúndios. Foi lá que a UFC deitou e rolou nos 35 anos seguintes. Nesse período, os EUA fizeram 28 operações militares na região, inclusive no Haiti. "O maior objetivo dessas incursões foi tornar aAmérica Central segura para as bananas", escreve Dan Koeppel, escritor americano, autor de Banana: The Fate of the Fruit That Changed the World.

O método que a UFC usava para dominar a região era simples. Com o intuito de modernizar os países, a empresa construía ferrovias e portos, e criava empregos locais. Aí vinha o pulo do gato: muitas vezes os governos não tinham dinheiro para pagar pelas regalias. Em troca, acabavam cedendo imensas extensões de terras férteis para a United Fruit Company plantar bananas, quase livre de impostos. Para que acidentes naturais ou greves não interrompessem o fluxo contínuo de frutas para os EUA, o jeito foi expandir o sistema para vários países ao mesmo tempo. Assim, a UFC exportou o modelo "ferrovias-em-troca-de-terra", inaugurado na Costa Rica, para Panamá, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Para os governos, o toma lá dá cá não soava como o fim da soberania, mas como a grande chance de modernização.

Banana pra dar e vender
O problema só ficou óbvio quando a UFC ficou maior do que os países onde atuava. "Não é bom para um país depender da exportação de um só produto", diz Marcelo Bucheli, professor de história da Universidade de Illinois, EUA. "E os países centro-americanos não só exportavam um ou dois produtos mas também eram controlados por uma ou duas companhias e exportavam para um ou dois países." Em 1930, a UFC era o maior empregador da região. Subornando governos, ditava leis trabalhistas, sonegava impostos e não permitia que pequenos produtores surgissem. Assim, a UFC pariu as "Repúblicas da
Banana".

O
Haiti recebeu indiretamente os tentáculos da UFC, por meio de uma de suas afiliadas, a Standard Fruit and Steamship Company, que se instalou por lá. Mas o que realmente atrasou a vida da nação foram as migrações em massa atraídas pela agricultura. O Haiti não oferecia infraestrutura e nem postos de trabalho para a população (aliás, nunca ofereceu) e 300 mil haitianos deixaram o país para trabalhar nas plantações vizinhas. Para piorar, na mesma época, uma intervenção americana ocupava o país e definia como deveria ser governado. Os líderes locais, em vez de elaborar um projeto para desenvolver a nação, lutavam entre si pelo poder - preferiam intervenções externas à possibilidade de ficar longe do governo.

A coisa desandou de vez quando, ao fim da 2ª Guerra Mundial, o mundo entrou na Guerra Fria. Em 1954, a CIA e a UFC derrubaram um governo eleito da Guatemala e instauraram uma
ditadura. Começaram assim 4 décadas de guerrilhas de esquerda e ditaduras de direita na região, que mataram centenas de milhares de pessoas - 200 mil só de guatemaltecos. No Haiti, a instabilidade chegou ao seu auge: em dois anos, 5 presidentes se revezaram no poder. Para assegurar a influência capitalista na região, os EUA apoiaram ogolpe político da família Duvalier (o maléfico Papa Doc e seu filho). Sessenta mil pessoas foram assassinadas durante sua ditadura. O pequeno país caribenho continuou sem perspectivas de governo sério - e assim permaneceu até os dias de hoje.

Mas o que a caótica
América Central de hoje tem a ver com a UFC do começo do século? Os presidentes podem não ser mais (todos) ditadores malucos, mas o modelo econômico continua. "Os países centro-americanos enfatizaram a exportação agrícola mesmo depois da democracia. O Estado não criou novas indústrias nem se diversificou", diz Steve Striffler, professor de antropologia da Universidade de Nova Orleans, nos EUA. Claro que há exceções, como a Costa Rica, que, mesmo depois de ocupada pela UFC, hoje tem o IDH mais alto do que o do Brasil. Ainda assim, a América Latina é responsável por 80% da produção mundial de banana.

O
Haiti vive a pior situação do continente. O país continua plantando bananas, mas, apesar de ser um país essencialmente agrário, 50% dos alimentos para a população têm de ser importados. Isso porque o Haiti perde anualmente 36 mil toneladas de solo fértil devido à erosão. "A cada dia, o país acorda com um pedaço a menos", diz Lúcia Skromov, do Comitê pró-Haiti. 96% da vegetação original foi devastada durante os períodos de instabilidade política e exploração da agricultura. E é por isso que o país estava tão fragilizado quando o terremoto sacudiu Porto Príncipe: falta madeira para a construção, a maior parte era feita de barro ou de galhos. Ou seja, além do caos político e econômico, o Haiti caminha lentamente para virar uma espécie de ilha de Páscoa - que, de tão devastada por seus habitantes, acabou matando todos eles de fome. Se isso acontecer, nada mais vai nascer por lá. Nem mesmo as malditas bananas.

Uma história de fracasso
Entre tantos golpes e revoluções, o Haiti não parou para se desenvolver

1804
Uma revolta de escravos liberta o
Haiti da colonização. Em troca, a França pede uma indenização que consome 80% do orçamento haitiano por quase 100 anos. Ou seja, o país já nasce endividado.

1915
Empresas americanas dominam a
América Central para plantar bananas. Os EUA ocupam o Haiti e garantem a hegemonia dos mares para que ninguém domine o canal do Panamá na 1ª Guerra Mundial.

1957
Entre 1956 e 1957, 5 presidentes se revezam no governo do
Haiti. O resultado é ogolpe de François Duvalier, o Papa Doc, ditador que ficou 14 anos no poder e mandou matar 60 mil inimigos.

1990
As primeiras eleições democráticas são organizadas. O vencedor é Jean-Bertrand Aristide, que, já em 1991, é deposto por um
golpe. Em 1994, EUA e ONU ocupam novamente o Haiti.

2004
O Brasil resolve liderar a missão da ONU no
Haiti. Altruísmo? Não exatamente. O governo brasileiro quer provar que está pronto para assumir uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

2010
No dia 12 de janeiro, um terremoto destrói a capital, Porto Príncipe. A sede do governo, ministérios e 200 mil vidas vão parar debaixo dos escombros. O
Haiti terá de se reerguer das ruínas e no meio de uma crise ambiental.

A maldição da banana
As plantações deixaram um rastro de pobreza nos países que as acolheram. Veja a porcentagem da população abaixo da linha da pobreza na
América Central.


NICARÁGUA - 48%

GUATEMALA - 56%

HAITI - 80%

EL SALVADOR - 30,6%

HONDURAS - 50,7%

Para saber mais

Banana: The Fate of the Fruit That Changed the World
Dan Koeppel, Hudson Street Press, 2007.

The History of Haiti
Steeve Coupeau, Greenwood, 2007.


Fonte:Superinteressante