A Contribuição dos Pressupostos de Paulo Freire para o Ensino de História
Edivaldo Pereira da Silva
Maria da Glória Sobral Wanderlei
Sérgio Inácio da Silva
1. Resumo
Este trabalho nos permite refletir sobre uma educação que respeite as peculiaridades humanas, nos levando a uma pesquisa relacionada com Freire e seu legado literário, que retrata a importância da comunhão no ato de ensinar, numa relação de cumplicidade entre o educando e o educador na construção do saber, rompendo assim, com os entraves pelos quais a educação vem passando, promovendo entre os educadores uma reflexão crítica da historicidade do processo educacional, fazendo um paralelo: educação bancária x educação problematizadora. Freire contribuiu com a questão da conscientização e da ética dentro e fora da sala de aula, procurando dessa forma adotar na prática de ensino do professor uma ação-reflexão-ação em todo condicionamento educacional, permitindo uma mudança no discurso fatalista de que o fracasso escolar não esta atribuída apenas à incapacidade dos educandos, mas também a formação precária dos professores.
Palavras-chave: Construção do saber, educação, reflexão critica, historia, prática de ensino.
2. Abstract
This work allows us to reflect on an education that respects the human peculiarities, taking us to an investigation related to Freire and his literary legacy, which portrays the importance of community in teaching in a relationship of complicity between the learner and educator in the construction of is, thus breaking with the barriers by which education is going, among educators promoting critical reflection of the history of the educational process, making a parallel: education bank education x problematizing. Freire contributed to the issue of awareness and ethics inside and outside the classroom, looking this way adopt the practice of teaching the teacher (a) an action-reflection-action educational conditioning throughout, allowing a change in the discourse that fatalistic school failure is not attributed solely to the inability of learners, but also the poor training of teachers.
Keywords: constructuion of knowledge, education, critical reflection, history, pratice of teaching
INTRODUÇÃO
"Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas é alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender"[1].
O ensino de História há muito tempo vem sendo norteado por um modelo tecnicista, onde segundo Vasconcelos[2] suas variações, ocorridas entre as décadas de 60 e 70,fundamentava-se no Funcionalismo, o que reduz o ensino da mesma a um conjunto de técnicas, regras e memorização de fatos e datas históricas sem fundamentação. O modelo tecnicista de se ensinar e de se aprender nas instituições públicas e privadas de nossa sociedade, limita o aluno, não permitindo que o mesmo possa dar ênfase na sua Problematização, fazendo uma analise critica a sua prática social.
Diante desta problemática que a educação brasileira vem passando no decorrer dos anos, elaboramos o Trabalho de Conclusão de Curso, trabalho este que visa contribuir para a qualidade de ensino em nosso país. Para isso utilizamos no primeiro capitulo como fonte de pesquisa o educador político pernambucano Paulo Freire, que muito contribuiu nas salas de E.J.A. para a redução do analfabetismo em nosso país. Toda sua experiência com essa nova pedagogia, denominada por muitos como Pedagogia Libertadora, teve inicio na cidade de Angicos, sendo então adotado mais tarde como um programa de governo, o mesmo governo que tentou exterminar o programa por ser um programa de cultura popular, e consequentemente o seu criador pelas suas idéias político-pedagógicas.
A Pedagogia Freireana, título do segundo capítulo do trabalho teve origem e destino na temática do analfabetismo, pois Paulo Freire via a educação como uma forma de liberdade e transformação social, uma pedagogia que condena a educação bancária, no qual muitos educadores a utilizam como uma forma de introduzir nos educandos todos os conteúdos que lhes são repassados de forma sistemática, forma esta que simplesmente é condenada pelo educador Paulo Freire, que via na educação problematizadora e no dialogo um novo método de ensino e que era, ou seja, é função do professor realizar em sala de aula essa árdua tarefa.
Finalizamos o mesmo como um breve paralelo sobre a contribuição das concepções freireanas para o ensino de História, fazendo de forma critica e analítica um diagnóstico do ensino de História hoje, ou seja, a nossa identidade nacional, fornecendo dicas que serão úteis na nossa formação. Melhorar a nossa didática de ensino é o item primordial nessa pesquisa, o professor Historiador precisa utilizar eixos temáticos que sejam significativos para seus educandos, como também deve se aprofundar mais em suas aulas para então poder de forma coletiva explorar seus textos de forma crítica, estudar o tempo histórico como também, as mudanças ocorridas em nossa sociedade.
4. BIOGRAFIA DE PAULO FREIRE
1.1 Nasce no Recife o educador político Paulo Freire
Segundo pesquisas realizadas (BRANDÃO, 2005, p.63), nasce no dia 19 de setembro de 1921 nasceu em Recife Pernambuco, no bairro de Casa Amarela, o educador Paulo Freire. Quando menino, aprendeu a ler e escrever às sombras das mangueiras no quintal da sua casa com seus pais rabiscando com gravetos, letras e palavras no chão como enfatiza o mesmo em uma de suas obras (FREIRE, 1995, p.25). Aos 10 anos muda-se com sua família para a cidade de Jaboatão dos Guararapes, região Metropolitana do Recife. Paulo Reglus Neves Freire foi um dos quatro filhos de Joaquim Temístocles Freire, oficial da polícia militar e de sua mãe Dona Edeltrudes, vivendo a infância e a juventude não propriamente pobre ao extremo, mas de poucas posses.
Aos 16 anos, ingressou no "curso ginasial" no Colégio Osvaldo Cruz como bolsista, mas foi durante essa virada em sua vida na sua adolescência que Paulo Freire começou a desenvolver seu grande interesse pela educação, precisamente pela Língua Portuguesa, precebendo que a educação era na verdade o caminho para um mundo melhor e também para sua transformação. Em 5 anos de estudos ele conclui o Ensino Secundário, demonstra um bom desempenho na área da educação, onde no mesmo colégio ganha aos 18 anos seu primeiro emprego, tornando-se, em 1941, professor de língua portuguesa defendendo a educação como prática da liberdade. Logo após se tornar professor do Colégio Osvaldo Cruz, dedicou-se por conta própria a estudos de filosofia e filosofia da linguagem.
Seguindo seus ideais, forma-se Bacharel em Direito em Recife, mas tendo a vocação voltada para lecionar logo abandonaria a profissão, que praticamente não chegou a exercer, pois sua paixão pela educação (DREIRE, 1985, p.8) o conduziu para defender tese para a Cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes de Pernambuco, teseessa que seria seu primeiro livro.
Em 1947, com apenas 26 anos ele foi nomeado diretor do Departamento de Educação e Cultura do SESI, onde entrou em contato com a alfabetização de adultos, participando inteiramente de um intenso trabalho de formação de círculos de diálogos entre professores e pais de alunos.
Em todo estudo que Paulo Freire participava sobre teorias pedagógicas sempre desaguava em experiências de educação, sendo que todas partiam de um continuo esforço de leitura crítica da realidade social, nas quais suas experiências deveriam "ser vividas em meio a uma participação tão estreita quanto possível na vida cotidiana dos educandos do povo" as chamadas leitura de vida (BRANDÃO, 2005, p. 63).
Desde os primeiros anos de docência, o professor Paulo relutou em transformar-se em um docente de sala de aula e em um pesquisador especialista em temas acadêmicos. Em 1961, foi nomeado professor de história e filosofia da Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife.
Nesses tempos Paulo Freire e sua equipe de educadores nordestinos trabalhavam na criação de um novo sistema de trabalho na alfabetização, baseados em cartilhas e em trazer para o mundo do adulto, formas de trabalho didático com crianças em nada correspondiam às idéias de uma educação libertadora, definindo os seus ideiais como os idéiais de um socialismo humano (BRANDÃO, 2005, p. 63). O método obedece às normas metodológicas e lingüísticas, para formar pessoas educadas e conscientes. Paulo Freire sabia que para formar pessoas educadas e conscientes exigia uma outra compreensão do processo ensino-aprendizagem do educador-alfabetizador para o educando-alfabetizando.
Em 1962, o governador do Rio Grande do Norte ouvindo falar das novas idéias de Freire, convida ele e sua equipe para aplicar o método de alfabetização recém-criado em uma região do sertão do nordeste. A pequena cidade de Angicos foi escolhida e ao redor de um primeiro "Circulo de Cultura", eles viveram com entusiasmo uma tão grande experiência e pioneira de alfabetização de trabalhadores rurais iletrados, jovens e adultos. Logo os primeiros resultados desse intenso trabalho foram animadores, e é claro essa foi apenas a primeira etapa de um sistema que não aceitaria a interferência partidária, mas tendo uma independência técnica.
O trabalho na pequena cidade de Angicos foi realizado de uma forma muito preliminar, onde em uma casa foi improvisado sala de aula, lampiões e gás, lápis, caderno e quadro negro, chegando a alfabetizar cerca de mais de 300 pessoas em 45 dias. O presidente João Goulart foi presenciar aquele trabalho e ficou maravilhado com o que viu no encerramento do encontro.
Da pequena idéia de Angicos e Recife a idéia se espalhou por todo Brasil, se tinha em mente que era preciso se educar para viver melhor, nascendo dessa forma, uma nova pedagogia de ensino uma pedagogia centrada no pleno respeito ao outro, no dialogo e na participação ativa de todos os educandos (BRANDÃO, 2005, p. 63). Nasceram nesse período várias alternativas do que vieram a ser as inovações de uma outra pedagogia.
Quando o Programa Nacional de Alfabetização estava quase pronto para ser posto em marcha aconteceu no Brasil o golpe militar de 1964. Criado por um decreto-lei, mas no mês de abril do mesmo ano o "Programa" foi extinto. Os movimentos de cultura popular foram colocados sob suspeita e fortemente reprimidos. Ainda no ano de 1964, por duas vezes, no Recife, Paulo foi convidado a explicar-se primeiro aos acadêmicos e, depois, aos militares, respondendo a inquéritos administrativo e policial-militar. E foi justamente, a ousadia de suas idéias e propostas que o levou a prisão. Mesmo sem haver culpa formal alguma a seu respeito, ele permaneceu detido como traidor durante setenta dias em Recife.
Com 43 anos, cinco filhos, uma carreira promissora pela frente e o sentimento de que suas palavras e gestos continham um profundo sentido. Com tanta pressão, tudo por causa de seu esforço pela melhora da educação no país, Paulo se viu obrigado a pedir asilo junto à Embaixada da Bolívia no Rio de Janeiro, onde passou apenas 40 dias. Logo foi transferido para o Chile onde trabalhou por cerca de cinco anos comparando o exílio a um aprofundamento pedagógico (DREIRE, 1985, p.56).
Ao final do seu tempo de trabalho como um educador exilado no Chile, ele se transferiu com sua família para os Estados Unidos. Não seria o último país de acolhida e nem o último continente de peregrinação longe do Brasil, recebeu também convite para ir trabalhar na Europa, mas viveu em Cambridge Estados Unidos, ministrando aulas de pedagogia na Universidade de Harvard, e levando, a um pais distante, as suas idéias sobre a educação e o seu novo alcance social.
Paulo tembém viveu na cidade de Genebra, na Suíça, trabalhando no Conselho Mundial de Igrejas, que entre outras atividades, protegia perseguidos políticos, e foi durante o seu exílio, no Chile, que ele publicou seu primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade e foi justamente dos "tempos do Chile" que Freire nos deixou uma bela referência:
Um sonho que tenho, entre um sem numero de outros, ésemear palavras em áreas populares, cuja experiência popular não seja escrita, quer dizer, áreas de memória preponderadamente oral. No Chile quando lá vivi no meu tempo de exílio, os "semeadores de palavras" em áreas de reforma agrária foram os próprios camponeses alfabetizandos, que as "plantavam" nos troncos da árvores , ás vezes, nos chãos dos caminhos. (TRIVINOS, 2001, p. 174.)
.No ano de 1968 ele concluiu o seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, que foi publicado em varias línguas, Mas por questões políticas, o livro só foi publicado no Brasil depois de 1974.
Quando fez um ano que estava em Cambridge, Freire mudou-se para Genebra na Suíça, onde atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique. Paulo retorna ao Brasil em 1980. Em 1989, durante o governo de Luiza Erundina, Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo (1989-1991). Deixando sua marca na Secretaria de Educação com a criaçao do Movimento de Alfabetização (MOVA). Em 1986, sua esposa Elza morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a pernambucana Ana Maria Araújo Freire, conhecida como "Nita". Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
4.2 desenvolvimento
A PEDAGOGIA FREIREANA
Otrabalho de Paulo Freire teve origem e destino na temática do analfabetismo. Para ele, a alfabetização era pensada como um instrumento de transformação da realidade numa dimensão de ação cultural libertadora, não tendo sido nunca pensada isoladamente, quando Freire nos presenteia em sua obra, com idéias de que a liberdade sem limite é tao negada quanto a liberdade asfixiada ou casatrada (FREIRE, 1996, p. 40.). Freire não considerava o fenômeno do analfabetismo como oriundo de carências pessoais que incapacitavam certos grupos sociais para aprender, nem da questão do atraso histórico, a ser superada pelo desenvolvimento.
A origem esta numa situação histórica de exploração e de opressão. A inspiração de seu trabalho nasce de dois conceitos básicos: a noção de consciência dominada mais os elementos subjetivos que a compõem e a idéia de que há determinadas estruturas que conformam o modo de pensar e agir das pessoas. a consciencia do mundo e a consciencia de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num pensamento de busca ( FREIRE, 1996, p. 59 ). Na verdade, Freire não construiu exatamente um método de alfabetização. O método usado num lugar era descrito, discutido e criticamente compreendido pelo grupo que estava exercendo a prática.
Toda teoria pedagógica é no entender de Freire subjacente a um conceito de homem e de mundo. Não há, portanto, uma educação neutra. Para Paulo Freire o homem é um ser no mundo e com o mundo. Um ser capaz de admirar o mundo objetivando-o e transcendendo-o através da sua consciência.
O conceito de educação bancária é formulado por Paulo Freire como o contraponto da educação humanista, ou da educação como prática da liberdade. A designação de bancária vem da metáfora do ato de depositar valores num banco. O educador é o depositante de conteúdos nos educandos. Quanto mais conteúdos depositar, melhor educador será o professor, segundo Cury (2003, p. 13.), nós nos tornamos maquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em maquinas de aprender, enfatiza o mesmo. Quanto mais 'repletos' de conhecimento ficarem os alunos, melhores educandos serão. O saber é uma doação. Nesta concepção os homens são vistos como seres do ajustamento da adaptação.Nessa educação o agente é o educador e sua tarefa é encher os educandos dos conteúdos da sua narração. Ao invés de comunicar-se, na concepção bancária o educador faz comunicados. A criatividade é estimulada ao invés de freada.
A educação problematizadora responde à essência do ser e da sua consciência, que é a intencionalidade. A capacidade de admirar o mundo, desprendendo-se dele ao mesmo tempo em que nele está, transcendendo-o e objetivando-o. A intencionalidade repousa nesta capacidade de admiração que desmistifica, problematiza e critica a realidade admirada, gerando a percepção do inédito viável.
A percepção mágica ou ingênua da realidade cede então lugar a uma percepção que é capaz de perceber-se, eliminando-se posturas fatalistas que dão à realidade uma aura de inexorabilidade. Só a concepção libertadora realiza a superação da contradição educador – educando, ressalva Freire(1985, p.10) que é no dominio da decisão, da avaliação, da liberdade, da ruptura, da opção, que se instaura a necessidade da ética e se opõe a responsabildade.
O diálogo é então a base do método de Freire, mas o que é o diálogo? O diálogo é uma relação de comunicação de intercomunicação, que gera a crítica e a problematização, uma vez que é possível a ambos os parceiros perguntar: "por quê?". Ele nutre-se da esperança, da confiança, da humildade e da simpatia.
O antidiálogo não é capaz de gerar a crítica, pois por ser arrogante, desamoroso, auto-suficiente, gera o medo que intimida e aliena. Donde ao invés de comunicar o anti-diálogo faz comunicados. Mas ao analisar melhor o fenômeno humano do diálogo, constatamos a necessidade de analisar a palavra como mais do que um meio para que o diálogo se faça, pois a palavra "disciplina" carrega em si um ranço de autoritarismo e de falta de diálogo que era comum no comportamento das gerações anteriores. Freire constata as duas dimensões constitutivas da palavra: ação e reflexão. A palavra verdadeira é práxis transformadora um exemplo muito citado por Paulo e citado como exemplo por Barreto (1985, p.61) em sua obra é que a educação pode contribuir para que as pessoas se acomodem ao mundo em que vivem ou se envolvam na transformação.
O conteúdo do diálogo é justamente o conteúdo programático da educação. E já na busca desse conteúdo deve estar o diálogo presente. O educador bancário define o conteúdo antes mesmo do primeiro contato com os educandos. Esse dialogo proposto por Paulo Freire, tem como base: o amor ao mundo e as pessoas; a humildade; a fé nas pessoas; a esperança; o pensar verdadeiro;são esses critérios para um dialogo critico embasa pelo mesmo, pois Somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo.
Para o educador libertador, esse conteúdo é a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao educando daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. Esse conteúdo deve ser buscado na cultura do educando e na consciência que ele tenha da mesma.
As consciências oprimidas e as críticas ou mágicas estão imersas na realidade ou afogadas nelas. Elas não se sentem capazes de entender os fatos. A consciência ingênua sente-se de tudo capaz. Só a consciência crítica elabora um recorte viável da realidade, representando os fatos como eles se dão empiricamente, com as suas múltiplas relações.
Por acreditar o mundo passível de transformação a consciência crítica liga-se ao mundo da cultura e não da natureza. Essa concepção distingue natureza de cultura, entendendo a cultura como os acréscimos que o homem faz ao mundo, ou como o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador.
O educando deve primeiro descobrir-se como um construtor desse mundo da cultura aeducação exige do educador, de um lado, que eleja a serviço de quem quer estar. Essa descoberta resgataria a sua auto-estima, pois tanto é cultura a obra de um grande escultor, quanto o boneco de barro feito pelo seu vizinho.
4.3 AS CONCEPÇÕES DE PAULO FREIRE E OENSINO DE HISTÓRIA
4.3.1 O ensino de História e a identidade nacional
O ensino de História até nos anos 80, tinha como principal objetivo desenvolver no aluno uma identidade nacional. Porém esse sistema de ensino não obtinha êxito, pois não conseguia criar a identidade, causando assim mais duvidas, de que identificação. Mas, segundo Freire (2001, p. 57.), essa falta de informação geram diferenças ideológicas, de um lado, discriminatórias, de outro, de resistência.
O método tradicionalista do ensino de História dava ênfase apena para que o aluno decorasse datas e nomes de alguns personagens da política nacional, "decoreba", nos quais os mesmos permaneciam longe da realidade e da vida e do mundo do qual estava inserido, tornando os conteúdos da disciplina de Historia um assunto chato, existente apenas em livros velhos e na poeira dos museus e o que cai na prova escolar não é o que a vida do aluno lhe pede, mas sim o que professor, ressalta Tiba(2008, p.68.) em seus estudos.
Mas esses fatores têm mudado, graças à expansão da escola que trouxe um público culturalmente diversificado para o ambiente escolar, causando assim um aumento do acesso a novos conceitos e informações pedagógicas, tornando o aluno participante e ativo na construção do conhecimento educacional, é isto que Freire (1996, p. 23-24.) tenta nos repassar quando nos diz que:
Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual o sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado (...) quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém.
A nova metodologia que propomos se diferia do antigo ensino simplificado que se limitava apenas a transmitir aos alunos a seqüência dos períodos históricos. A proposta é trabalhar com "eixos temáticos". Temas geradores proposto pela pedagogia libertadora eles são os grandes assuntos do ensino de História nos últimos quatros primeiros anos do Ensino Fundamental. Trabalhar o eixo temático da historia local e do cotidiano do educando, segundo Henry A. Giroux (1997, p 167.), nos revela que é essencial para a construção da educação como politica cultural e a relação das culturas populares e subordinadas com os modos dominantes da escolarização.
Apresentando o estudo da história local, o docente estará ampliando ao discente a capacidade de observação do mundo que o rodeia e diversificando suas relações, compreendendo assim, que o processo histórico é construído através de intercâmbios da humanidade, no seu processo social, econômico, político, cultural e artístico. A sugestão dos PCN é que os professores, nos primeiros anos letivos, do Ensino Fundamental II tratem de três conceitos que estão presentes nos demais anos em curso: o fato histórico, o sujeito histórico e o tempo histórico. Porém ele vai ter que adequar um pouco desses conhecimentos a sua finalidade.
Os conceitos das personagens históricas e tempo histórico poderão ser trabalhados de maneira tradicional ou inovadora. O mestre não deve limitar-se em apenas nomes e feitos das personalidades, porém mostrá-las apenas no momento em que sua ação ganhou notoriedade com também, não pode passar a idéia de que a seqüência dos conhecimentos é divido por toda comunidade no mesmo caminho ao longo do tempo cronológico (2001, p. 36.). Cada país, povo ou comunidade vive o próprio tempo histórico. O educando tem que entender que alguns fatos históricos têm curta duração, enquanto outras levam muito mais tempo para se consumar.
A História é uma das disciplinas que apresentam maiores possibilidade de criar situações pedagógicas para que o aluno desenvolva suas capacidades intelectuais autônomas e se transforme em um observador atento da realidade podendo estabelecer relações, comparações e chegar à conclusão sobre o tempo e o espaço em que vive. Principalmente porque, ela é matéria viva e deve desenvolver um método específico de diálogo entre os alunos, dialogo este proposto pelo mestre Paulo Freire. O docente deve criar facilidade no processo de aprendizagem utilizando o máximo possível de materiais didáticos. Ao mesmo tempo em que o estudante terá mais facilidade de entender o tempo histórico se introduzissem problemas onde ele está inserido (2001, p. 38-39.) (escola, família, vizinhos, amigos), construindo uma co-relação deste com as condições regionais, nacionais e de mundo.
Na construção dessa nova dinâmica, recomenda-se que o docente valorize ao máximo o conhecimento, hipóteses e modo de explicar que os alunos já trazem em sua bagagem cultural e de vida. Para encerra a atividade, o professor pode propor que o tema estudado, seja transformado em um produto cultural. Podendo transformá-lo em livros, mural, exposição de desenho, teatro, mapa, ou quadro cronológico.
Visitas a museus, exposições, cidades históricas e pesquisa na comunidade, coloca o aluno diante de situações que possibilita seu contato com vários tipos de realidade e informação permitindo interação com as diversidades, chegando assim a estabelecer suas próprias conclusões. E aceitável que o docente desenvolva alguma atividade antes dessas visitas. No intuito de um melhor aproveitamento no conhecimento nas visitas.
O professor deve dar preferência a trabalho que possam ser compartilhado com outras pessoas. Assim poderá reunir outros grupos da própria escola, ou familiares, no intuito que os alunos possam contar a experiência vivida durante o passeio, e o que conseguiram aprender naquele momento, pois segundo, Heerdt (2003, p.24.), a participação é indispensável para gerar um mundo mais justo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia proposta e utilizada na compilação deste trabalho mostrou-se uma ferramenta útil para a realização de pesquisas cientifica - pedagógicas, mas seu poder de ação não se limita apenas a isso, sua utilização precisa e deve atingir os mais variados campos do saber. Freire obteve bons resultados ao aplicar seus ideais de liberdade para fins pedagógicos como vimos na cidade de Angicos.
Ao identificar os modos como o ensino de História vem sendo "transmitido" em sala de aula, entende-se que estas concepções devem ser objeto de estudos por todos os professores que desejam atuar nessa área, por isso tomamos como fonte de estudo as concepções da pedagogia Freireana, ou seja, a Pedagogia Libertadora que de certa forma trabalha com essas tendências, onde a missão dos educadores é preparar as novas gerações para o mundo em que terão que viver.
Na nossa pesquisa o professor deixa de ser o elemento principal do ensino para ser o orientador, para junto com seu aluno refletir sobre o conhecimento. E os conteúdos, as fontes históricas de pesquisas assumem um papel de meio e não de fim, fornecendo-lhes subsídios para que o individuo possa operar sobre o seu mundo e construir novos conceitos, ajudando-os a exercerem de forma mais ampla a sua cidadania, não como meros espectadores, mas como atores-participantes e ativos.
REFERÊNCIAS
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[1] CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro:Sextante, 2003, p.17.
[2]VASCONCELOS, Cheila Francett Bezerra Silva; SILVA, Claudiane Oliveira Pimentel; RIBEIRO, Fátima Lúcia soares; Metodologia do ensino de matemática. Maceió: NEAD, 2007, p.13.