No passado, o jeito era dormir sobre peles de animais ou montes de palha
por Maurício Barros de Castro
O chão era o limite enquanto o homem ainda não havia descoberto uma das suas mais importantes invenções: a cama. Antes de nossos ancestrais desenvolverem a capacidade de construir artefatos, eles deitavan no solo úmido e ficavam sujeitos a inundações e ataques de bichos rastejantes. Na melhor das hipóteses, dormiam sobre peles de animais ou montes de palha. Embora conseguissem maior conforto, permanecia a incômoda proximidade da terra. Era preciso se colocar acima dessas adversidades.
No antigo Egito, as pessoas já conseguiam dormir melhor. Um dos tesouros encontrados na tumba de Tutancâmon é uma cama de madeira dobrável. Acredita-se que o modelo era utilizado em viagens e campanhas de guerra. Sua engenhosidade não se perdeu com o tempo e, ainda hoje, o objeto é facilmente reduzido a um terço de seu tamanho. Mas poucas pessoas tinham acesso a tamanho privilégio. Ao contrário do resto da população, somente os faraós e nobres usavam camas para dormir ou mesas e cadeiras para comer.
Nos séculos seguintes, a cama continuou sendo utilizada não apenas para descanso, mas também como local de refeições. Uma aplicação que teve seu ápice com os romanos, acostumados a celebrar banquetes deitados em divãs semicirculares ou em forma de ferradura, repletos de almofadas.
Com o avanço da Idade Média e a compartimentação dos ambientes da casa, a cama foi recolhida ao quarto de dormir. Para se proteger do frio, os europeus passaram a utilizar um modelo herdado dos persas: o dossel, um leito cercado por colunas de madeira e cortinas de tecido.
Outras sociedades encontraram formas diferentes de repousar. Os índios preferem as redes e os japoneses gostam de futons (colchões espessos e dobráveis) sobre tatames. Ao longo do tempo, o móvel permaneceu com inúmeros usos, todos voltados para o descanso e o prazer. Não é à toa que, em vários idiomas, "ir para a cama" também pode ser sinônimo de fazer amor.
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