Por Emerson Santiago |
Afirmava Churchill em seu famoso discurso que “…uma cortina de ferro desceu sobre a Europa…”, dando a entender que havia sido estabelecida uma severa divisão político-ideológica entre os regimes autoritários comunistas e os sistemas liberais capitalistas, com a imagem do bloco socialista pintada como a vilã da contenda. A URSS, vencida as potências do eixo, era agora a principal inimiga da coligação anglo-saxâ, defensora dos valores da sociedade ocidental contemporânea.
É neste cenário que a política dos EUA sofre então uma guinada, pois além do já citado antagonismo com seu novo inimigo, a União Soviética, o país abre mão de sua histórica política externa de neutralidade para iniciar um período de maior interferência nas principais questões mundiais. A única grande potência capitalista restante passa a atuar ativamente no plano internacional, numa fase esta que se estende até os nossos dias, e que recebe a denominação de “globalismo”.
Mas é a partir da construção do Muro de Berlim, que separava os setores comunista e capitalista da cidade de Berlim, que o termo “cortina de ferro” ganhou renovado fôlego entre a imprensa e opinião pública dos países ocidentais, sugerindo também o modo ferrenho com que os países socialistas buscavam delimitar suas fronteiras, evitando qualquer “contaminação” dos países capitalistas. De certo modo, tal associação fazia sentido, pois naquela parte da Europa, recortada politicamente de uma ponta à outra, via-se um cenário de milhares de quilômetros fortificados com muros de concreto, arame farpado, fossas e equipamentos de ativação de armas automáticas.
Esta guerra ideológica, travada entre os dois sistemas políticos, causou um isolamento social, econômico e cultural que durou aproximadamente 45 anos, onde em muitos casos ocorreu o isolamento até mesmo de caráter emocional, dividindo famílias, casais, amigos, separados pela competição ferrenha entre as mentes dos povos da Europa.
A cortina de ferro, por sua vez, só seria levantada entre 1989 e 1991, com a queda dos vários regimes de esquerda que dominavam o leste europeu, numa espiral de revolta e descontentamento com a falência da retórica socialista, em especial no campo econômico. O primeiro a adotar as mudanças foi a Hungria, o mesmo país que em 1956 desafiou de modo inédito a supremacia soviética no leste da Europa.
Bibliografia:
http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/sec21/chave_artigo.asp?cod_artigo=285
http://educacao.uol.com.br/historia/guerra-fria-inicio.jhtm
http://veja.abril.com.br/agencias/afp/afp-mundo/detail/2009-04-30-375948.shtml