Por Antonio Gasparetto Junior
A Revolta do Juazeiro aconteceu no sertão cearense em 1914, foi gerada pela intervenção do poder do governo federal na política dos estados e teve como símbolo o Padre Cícero.Durante a Primeira República, a política brasileira era comandada pelos grupos oligárquicos que detinham o poder em suas regiões. A transição para o sistema republicano no Brasil também acarretou na implantação de um Estado federalista, no qual cada estado desfruta de seus poderes e autonomia para suas decisões, mesmo que atrelados ao governo central. Para solucionar a questão do apoio político necessário ao presidente para governar o país, o presidente Campos Sales criou a chamada política dos governadores. Através desta, o presidente dava liberdade de ação aos grupos oligárquicos em cada estado em troca de apoio na eleição do presidente de interesse para ocupar o cargo na sucessão.
Em 1914 o presidente do Brasil era o Marechal Hermes da Fonseca. Sob seu governo foi criada a política das salvações, a qual ampliava os limites de monopólio do poder estruturados a partir da política dos governadores. Com tal medida o presidente tinha a capacidade de interferir na política dos estados e impedir que opositores ocupassem cargos não desejáveis, como o governo do estado.
Como reflexo da medida criada pelo presidente, Hermes da Fonseca tentou impedir que as oligarquias de oposição no estado do Ceará ocupassem o governo do estado. Tais grupos estavam sob o comando do senador gaúchoJosé Gomes Pinheiro Machado, que mesmo do extremo sul do país possuía grande influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste. A atitude causou insatisfação entre os políticos cearenses e teve como grande liderança o Padre Cícero Romão Batista.
Em 1911 começa a disputa do Padre Cícero com o presidente na tentativa de manter a família Acioly no poder da política cearense, mas o governo do país interveio em 1912 e a retirou do poder. Padre Cícero, entretanto, ocupava os cargos de prefeito de Juazeiro do Norte e vice-governador do estado.
Foi em 1914 que o coronel Marcos Franco Rabelo, interventor nomeado pelo governo nacional, passou a perseguir o Padre Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão. A medida foi imediatamente reprovada por grupos oligárquicos do Ceará, que, liderados por Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do Padre Cícero.
A expedição ordenada pelo interventor Franco Rabelo dirigiu-se para Juazeiro do Norte para prender o pároco, mas quando chegaram esbarraram em uma imensa muralha que cercava a cidade. Tal defesa era chamada de “Círculo da Mãe de Deus” e foi construída em apenas sete dias. Foi o suficiente para impedir a penetração das tropas do governo, que teve de voltar para angariar mais reforços.
Durante vários combates a vitória permaneceu com o grupo de revoltosos organizados em Juazeiro do Norte. Floro Bartolomeu se dirigiu então ao Rio de Janeiro em busca de apoio enquanto os revoltosos rumaram para Fortaleza com o intuito de depor o interventor. No Rio de Janeiro conseguiram o apoio de Pinheiro Machado e em Fortaleza Franco Rabelo foi realmente deposto.
Após a revolta e a deposição do interventor no Ceará, o presidente Hermes da Fonseca convocou novas eleições para o governo do estado, as quais resultaram na eleição de Benjamim Liberato Barroso para o cargo de governador e na volta do Padre Cícero ao posto de vice-governador.
Pelo envolvimento no evento político, o Padre Cícero foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920. Todavia sua influência no Ceará e na região Nordeste fizeram com que sua imagem como homem santo fosse mantida, até hoje é venerado pela população da região e atrai milhares de pessoas a Juazeiro do Norte.
Fontes:
Zaluar, Alba (1986), “Os Movimentos ‘Messiânicos’ Brasileiros: Uma Leitura”, in Anpocs, O Que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil. São Paulo, Cortez/Anpocs.
Monteiro, Duglas Teixeira (1977), “Um Confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado”, in S. B. de Holanda (dir.),História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III, vol. 2. Rio de Janeiro/São Paulo, DIFEL.
DELLA CAVA, Ralph. (1975), “Messianismo Brasileiro e Instituições Nacionais: Uma Reavaliação de Canudos e Juazeiro”. Revista de Ciências Sociais – UFC, vol. VI, nº 1 e 2.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. (1980), Os Deuses do Povo. São Paulo, Brasiliense.
http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/revolta-de-juazeiro/
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Floro+Bartolomeu<r=f&id_perso=683
Durante a Primeira República, a política brasileira era comandada pelos grupos oligárquicos que detinham o poder em suas regiões. A transição para o sistema republicano no Brasil também acarretou na implantação de um Estado federalista, no qual cada estado desfruta de seus poderes e autonomia para suas decisões, mesmo que atrelados ao governo central. Para solucionar a questão do apoio político necessário ao presidente para governar o país, o presidente Campos Sales criou a chamada política dos governadores. Através desta, o presidente dava liberdade de ação aos grupos oligárquicos em cada estado em troca de apoio na eleição do presidente de interesse para ocupar o cargo na sucessão.
Em 1914 o presidente do Brasil era o Marechal Hermes da Fonseca. Sob seu governo foi criada a política das salvações, a qual ampliava os limites de monopólio do poder estruturados a partir da política dos governadores. Com tal medida o presidente tinha a capacidade de interferir na política dos estados e impedir que opositores ocupassem cargos não desejáveis, como o governo do estado.
Como reflexo da medida criada pelo presidente, Hermes da Fonseca tentou impedir que as oligarquias de oposição no estado do Ceará ocupassem o governo do estado. Tais grupos estavam sob o comando do senador gaúchoJosé Gomes Pinheiro Machado, que mesmo do extremo sul do país possuía grande influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste. A atitude causou insatisfação entre os políticos cearenses e teve como grande liderança o Padre Cícero Romão Batista.
Em 1911 começa a disputa do Padre Cícero com o presidente na tentativa de manter a família Acioly no poder da política cearense, mas o governo do país interveio em 1912 e a retirou do poder. Padre Cícero, entretanto, ocupava os cargos de prefeito de Juazeiro do Norte e vice-governador do estado.
Foi em 1914 que o coronel Marcos Franco Rabelo, interventor nomeado pelo governo nacional, passou a perseguir o Padre Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão. A medida foi imediatamente reprovada por grupos oligárquicos do Ceará, que, liderados por Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do Padre Cícero.
A expedição ordenada pelo interventor Franco Rabelo dirigiu-se para Juazeiro do Norte para prender o pároco, mas quando chegaram esbarraram em uma imensa muralha que cercava a cidade. Tal defesa era chamada de “Círculo da Mãe de Deus” e foi construída em apenas sete dias. Foi o suficiente para impedir a penetração das tropas do governo, que teve de voltar para angariar mais reforços.
Durante vários combates a vitória permaneceu com o grupo de revoltosos organizados em Juazeiro do Norte. Floro Bartolomeu se dirigiu então ao Rio de Janeiro em busca de apoio enquanto os revoltosos rumaram para Fortaleza com o intuito de depor o interventor. No Rio de Janeiro conseguiram o apoio de Pinheiro Machado e em Fortaleza Franco Rabelo foi realmente deposto.
Após a revolta e a deposição do interventor no Ceará, o presidente Hermes da Fonseca convocou novas eleições para o governo do estado, as quais resultaram na eleição de Benjamim Liberato Barroso para o cargo de governador e na volta do Padre Cícero ao posto de vice-governador.
Pelo envolvimento no evento político, o Padre Cícero foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920. Todavia sua influência no Ceará e na região Nordeste fizeram com que sua imagem como homem santo fosse mantida, até hoje é venerado pela população da região e atrai milhares de pessoas a Juazeiro do Norte.
Fontes:
Zaluar, Alba (1986), “Os Movimentos ‘Messiânicos’ Brasileiros: Uma Leitura”, in Anpocs, O Que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil. São Paulo, Cortez/Anpocs.
Monteiro, Duglas Teixeira (1977), “Um Confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado”, in S. B. de Holanda (dir.),História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III, vol. 2. Rio de Janeiro/São Paulo, DIFEL.
DELLA CAVA, Ralph. (1975), “Messianismo Brasileiro e Instituições Nacionais: Uma Reavaliação de Canudos e Juazeiro”. Revista de Ciências Sociais – UFC, vol. VI, nº 1 e 2.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. (1980), Os Deuses do Povo. São Paulo, Brasiliense.
http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/revolta-de-juazeiro/
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Floro+Bartolomeu<r=f&id_perso=683