Introdução sobre Confúcio
Confúcio | |||
O predomínio da filosofia de Confúcio só terminou com a revolução comunista de 1949. Até então ser chinês era ser confucionista. Mas o comunismo não o erradicou completamente. O confucionismo continua a sobreviver no modo de vida na China vermelha, na dissidente Taiwan e nos bairros chineses espalhados pelo mundo. Apesar do confucionismo ser tão conhecido, sabe-se muito pouco a respeito do seu criador.
Não suspeite de fraude e tapeação e ao mesmo tempo nunca deixe de estar alerta contra elas. Isso é necessário para quem deseja chegar ao topo. Algumas pessoas podem ser persuadidas a fazer coisas que não são capazes de compreender. É difícil encontrar um homem que queira estudar por três anos sem pensar em um emprego no final. |
Mesmo com toda essa influência, Confúcio teria morrido frustrado, acreditando que não teria sido bem-sucedido em sua missão. Sem querer contrariar um homem tão sábio, podemos afirmar que o confucionismo é uma filosofia essencialmente prática que ainda exerce grande influência sob a forma de um neoconfucionismo. Seus temas principais são a ética e apolítica. Diferente do que ocorreu na filosofia ocidental, o confucionismo pouco especulou sobre o sentido da existência e o significado da vida. Nele, a metafísica praticamente não existe. Conheça na próxima página um pouco da vida e da obra de Confúcio.
Reprodução |
Este artigo é um resumo do livro “Confúcio em 90 minutos”, de Paul Strathern, da coleção “Filósofos em 90 minutos”, publicado pela Jorge Zahar Editor em 1998.
Confúcio e a arte da ética e da política
Na China, ele era conhecido como "o mestre Kung", ou melhor, Kung-fu-tsé. Confúcio é a versão em latim de seu nome. O filósofo nasceu em 551 a.C., no estado feudal de Lu (atualmente região que faz parte da província de Chantung). Ele viveu no século 6 a.C., época em que a filosofia ocidental estava sendo inventada na Grécia por Tales de Mileto, em que Buda nasceu e em que o taoísmo estava surgindo. Seu pai era um militar (que tinha 70 anos de idade quando o filho nasceu) e tinha parentesco com os governantes da dinastia Chang.
© iStockphoto.com / Gautier Willaume |
Aos 18 anos de idade, Confúcio já estava casado. Pobre, ele tinha diversos empregos, como cocheiro e tratador de animais. Dedicava-se a estudar em seu tempo livre. Entre as áreas de seu interesse estavam a história, a música e a liturgia. Sua ambição era obter um emprego público, mas, sem sucesso nas suas tentativas, acabou virando professor. Só que para isso fundou sua própria escola, com o objetivo de ensinar administradores políticos a governar.
Naquela época, a China vivia tempos de miséria e guerra entre seus estados feudais. Os horrores vivenciados por Confúcio influenciaram profundamente seu modo de pensar o mundo. Ele entendeu que aquele sofrimento todo teria que acabar e a sociedade deveria passar a funcionar em benefício de todos os seus membros. Segundo ele, o administrador deve cumprir com suas obrigações que nem um bom pai cuida de seu filho.
À semelhança das escolas gregas dos tempos de Sócrates, Platão eAristóteles, Confúcio ensinava em sessões informais de conversas baseadas em perguntas e respostas. Seu carisma e estilo cativante atraíram alunos de diferentes províncias chinesas, entre eles, nobres a pobretões. Basicamente, um professor de moral, ele ensinou sobre como as pessoas deviam se comportar. E esse ensinamento vinha normalmente na forma de homilias, como “o homem superior é comedido em palavras mas não em realizações” ou “ quem não corrige seus erros torna-se ainda mais errado”.
A filosofia de Confúcio assumiu caráter religioso, apesar de não ser sua intenção. Enquanto ele tentava popularizar seus ensinamentos, outro filósofo chinês, o lendário Lao-tsé, criava o taoísmo, que acabou funcionando como uma espécie de complemento ao confucionismo. Os dois filósofos chegaram a se encontrar e o velho sábio Lao-tsé condenou o orgulho e a ambição de Confúcio.
Muitos dos alunos de Confúcio tornaram-se excelentes administradores e tanto governantes como governados perceberam que o governo poderia realmente trabalhar em benefício de todos. Um desses alunos, o príncipe regente Yanh Hou, ao assumir o poder, nomeou Confúcio como Ministro do Crime. Nesse improvável cargo, os relatos mostram o filósofo como um bem-sucedido administrador. Mas, apesar de não existir um ladrão nas terras em que Confúcio lutava contra o crime, havia exageros como a condenação à morte das pessoas que inventassem roupas fora do comum. Esses excessos confucianos levaram à promoção de Confúcio a um cargo de mais prestígio, salários extraordinários, mas sem nenhum poder. E sem poder decidir, Confúcio renunciou. Já com mais de 50 anos de idade, decidiu peregrinar pela China em busca de um governo que o deixasse pôr em prática suas ideias administrativas.
Em sua década como andarilho, Confúcio não foi bem-sucedido em conseguir algum emprego público. Os discípulos do filósofo, que viviam em sua terra natal, o convenceram a retornar para casa. Assim ele fez e viveu melancolicamente, com um imenso sentimento de frustração, seus últimos cinco anos lendo, escrevendo e editando comentários sobre os clássicos chineses. Em 479 a.C., aos 72 anos de idade, Confúcio morreu. Suas últimas palavras teriam sido: “A grande montanha deverá esfarelar-se, a viga forte se romper, o homem sábio deverá secar como uma planta”.
Chuansun Chih perguntou ao mestre: - O que devo fazer para me tornar um homem superior e ser funcionário do governo? - Deve respeitar as cinco qualidades mais elevadas e repelir as quatro nocivas. - Quais são essas cinco qualidades elevadas? - O homem superior é gentil sem aceitar subornos. Ele trabalha ao lado do povo sem dar motivos para ressentimentos. Ele tem ambições mas não é avarento. Ele tem dignidade mas sem o orgulho indevido. Ele inspira respeito mas não é cruel. - Em que exatamente podem ser aplicadas essas qualidades? - Trabalhar para o bem-estar do povo não é ser generoso sem aceitar suborno? Se você desse o trabalho certo para a pessoa certa, alguém ficaria ressentido? Se um homem, através do desejo de preencher sua existência, alcança tudo aquilo de que é capaz, como poderá ele ser ganancioso? O homem superior sempre cumpre suas tarefas independente de sua dificuldade ou tamanho e assim nunca é indolente. Isto certamente é dignidade sem orgulho. O homem superior cuida de sua aparência. Ele usa suas roupas e chapéu de maneira apropriada e trata os outros com respeito. E graças à sua conduta sóbria, as pessoas têm grande consideração por ele. Nesse aspecto, ele inspira respeito sem ser cruel. - E quais são as quatro nocivas? - Condenar um homem à morte porque ele falhou em sua tarefa sem ter recebido instruções corretas. Isso é crueldade. Esperar que um homem faça alguma coisa sem ser devidamente avisado. Isso é um desmando. Insistir que um homem se apresse para terminar seu trabalho quando recebeu instruções para realizá-lo meticulosamente. Isso é danoso. Prometer uma recompensa e depois concedê-la de má vontade. Isso é mesquinharia. Fonte: |