Por Felipe Araújo |
Antônio Conselheiro foi descrito por Euclides da Cunha no livro Os Sertões, um estudo sobre a situação do povo nordestino na Guerra de Canudos. Euclides descreve Antônio Conselheiro da seguinte forma:
“E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa. Face escaveirada, olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão, em que se apoia o passo dos peregrinos”.
Nesta época o desenvolvimento econômico dava-se na região Sudeste do Brasil, onde a cultura cafeeira e os barões do café compunham uma elite agrícola. Já no Nordeste, a situação era bem diferente. Após e retirada dos nordestinos entre 1877 e 1879 – período da Grande Seca – a região passou por um dos períodos mais miseráveis de sua história, com os habitantes procurando por lugares melhores para a agricultura e moradia.
Os problemas na área eram, e ainda são, a falta de chuvas que causa a morte das plantações e rebanhos e o descuido dos governantes locais. Parte deste esquecimento dos políticos nasceu na época do Coronelismo, criado no Império. O coronel dispunha de um título oficial de militar e atuava como um chefe político local, mandando na região como bem entendia.
Oferecendo abrigo e oportunidade de proteção, Antônio Conselheiro expandiu seu número de seguidores. Canudos, que ficava na zona de influência do Barão Jeremoabo, começou a irritar os grandes proprietários de terras. A prosperidade e o prestígio que o arraial ganhava acabou amedrontando os líderes locais, que tinham medo de perder força política.
Em 1896, a força policial do tenente Pires Ferreira com seus 40 homens foi enviada pelo governo da Bahia, porém, foi derrotada pelos seguidores de Conselheiro. No mesmo ano, outra expedição contra Canudos. O major Febrônio de Brito e seus 600 homens tentaram invadir o arraial, mas também foram destroçados. Em maio de 1897, uma terceira tentativa. O coronel Moreira César e suas fileiras de 1.300 homens atacaram o arraial de Canudos com peças de artilharia, mas foram novamente derrotados e mortos.
A quarta tentativa deu-se entre os meses de setembro e outubro de 1897. A brigada do general Artur Oscar de Andrade Guimarães com seus 6.000 homens consegui invadir e destruir o arraial.
Os número final de mortes na Guerra de Canudos é assustador. Mais de 5.000 homens mortos em batalha. Ao fim da guerra, um dos aspectos positivos foi a volta do debate sobre o povo sertanejo no Brasil. Milhares de homens que tentavam sobreviver à miséria e à falta de recursos.
Atualmente, o que restou de Canudos está submerso na águas do Açude de Cocorobó, construído no final dos anos 60 em uma inútil tentativa de apagar da lembrança do povo brasileiro um dos mais autênticos movimentos organizados pelas camadas populares.
Fontes:
http://eaesp.fgvsp.br/pt/node/961
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos2.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u47.jhtm