Por: Eduardo Eide Nagai
Sempre que falamos da história da Língua Portuguesa esquecemos de seu processo. Os professores sempre nos ensinaram uma história passiva e pacífica da Língua, mas precisamos nos lembrar a todo instante que a língua nacional foi utilizada para nos colonizar. E o que podemos fazer em relação a isso? Ora, podemos ouvir vozes que até então foram excluídas. Podemos entender outros pontos de vista que até então foram excluídos. Assim, como podemos entender os seus medos, os seus sonhos, os seus sofrimentos, as suas explorações, etc. Como os dos africanos, por exemplo. Ao fazermos isso, perceberemos que temos mais em comum do que imaginamos. Isso nos aproximará. Valorizando-nos. Incluindo uma parte de nós, que nós mesmos excluíamos. Não há como negar que a africanidade é uma parte de nossa identidade. E através do estudo da língua portuguesa em seus diversos países ficará mais claro.
Dividimos sua origem para estudar a língua portuguesa em alguns tópicos importantes:
1) O Latim:
- na antiguidade
- no feudalismo
2) A Língua portuguesa:
- no feudalismo
- nas grandes navegações
- nos países lusófonos
3) As Línguas oprimidas (Crioulo, Tetum e Tupi).
- na áfrica, em Timor-leste e no Brasil.
O primeiro tópico trata-se da origem da Língua Portuguesa, nosso objeto de estudo neste momento. Na antiguidade o Latim se dividia em dois, o Latim Clássiso e o Latim Vulgar, lembrando que o primeiro era utilizado pelos poetas, pelos filósofos, ou seja, em escritos artísticos e científicos no império romano, e esse último utilizava o latim para dominar os povos subjugados por Roma que tinham que usar essa língua. No Feudalismo, com o fim do Império Romano, o Latim vulgar forma as línguas nacionais. Dependendo de cada região do antigo Império, o latim forma uma língua diferente. O clero e a nobreza insistem em utilizar o Latim em missas e para traduzir a bíblia, fazendo com que a maioria da população dos feudos não pudesse interpretar a sua religião de forma diferente. O latim, portanto, também foi utilizado como meio de dominação, desta vez pela igreja católica.
O feudalismo começa a se instabilizar e dá seu suspiro final com a Reforma Protestante, liderada por Lutero. Esse traduz a Bíblia em várias línguas nacionais, o que permite o desenvolvimento de outras religiões, formando assim as Igrejas Protestantes, abrindo a possibilidade de leitura da bíblia pela população, é neste momento que as missas começam a ser realizadas em língua nacional. O português surge em Portugal. Iniciamos assim, a discussão do segundo tópico: a Língua Portuguesa.
Com o rápido desenvolvimento de Portugal e Espanha, as grandes navegações expandiram a Língua portuguesa em diversos outros países, devido à colonização de Portugal no Brasil, em Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A língua começa a se desenvolver nesses países e assim o colonizador utiliza o português para dominar. A história da língua portuguesa é uma história de dominação como podemos ver, entrando em conflito com as línguas nativas, ou seja, as línguas que se formaram nos países colonizados antes mesmo do português chegar nesses lugares. No Brasil havia o predomínio do Tupi-guarani, que era uma língua falada pela maioria das tribos brasileiras, apesar de cada tribo possuir sua língua, o tupi, como língua mãe da maioria delas, era utilizado para que as tribos se comunicassem. Já o Tetum, língua de Timor-Leste país asiático, formou-se a partir da interação da Língua portuguesa, do inglês e da língua da Indonésia. Esta língua era falada em Timor, pois depois de sua independência em relação à Portugual (em 1975), a Indonésia, ao dominar Timor proibiu o uso do português em suas terras. Assim, formou-se o tetum para a comunicação entre os timorenses. Já o crioulo tem sua história nas Áfricas, ele divide espaço com diversas outras línguas africanas. Porém em Cabo Verde, em Angola e em São Tomé e Príncipe era a língua mais utilizada e a que mais sofreu por causa da colonização.
Todas estas línguas tinham sua história antes do português chegar ao seu domínio, e depois disso, foram sendo descaracterizados. O Tupi não se fala no Brasil. O Tetum e o Crioulo são utilizados por suas populações somente entre as famílias e no seu dia-a-dia; já nos prédios governamentais, nas escolas, nas mídias, utiliza-se o português. Isso tudo não é ensinado nas escolas brasileiras. Para sabermos de onde viemos, quem somos e para onde vamos utilizando a nossa língua portuguesa precisamos compreender essa história de opressão através da língua.
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