Cristóvão Colombo queria encontrar uma nova rota comercial para a Ásia, mas acabou descobrindo um novo mundo que foi chamado de América. Já o programa Apollo da Nasapretendia levar o homem até a Lua e conseguiu exatamente isso, se bem que a um custo atualizado de cerca de US$ 200 bilhões e com equipamentos que não tiveram nenhuma aplicação em outros projetos. Há também o exemplo do arqueologista britânico Percy Fawcet, uma espécie de versão real de Indiana Jones, que veio à região amazônica no Brasil em busca de uma misteriosa cidade inca e acabou desaparecendo sem deixar nenhum vestígio.
Assim têm sido as grandes aventuras humanas neste planeta e no universo. Algumas buscam uma coisa e acabam encontrado outra e outras conseguem exatamente o que almejavam, mas com um alto custo econômico e de vidas perdidas. Apesar desses percalços, as grandes expedições conduzidas pelo homem são responsáveis por um legado inestimável, que vai da descoberta de novas terras e povos até a elaboração de uma das mais impressionantes explicações científicas para a origem e evolução da vida neste planeta. Nas próximas páginas, descubra quais foram as dez expedições mais importantes de todos os tempos.
O topo do Everest
Chegar até o ponto mais alto do planeta era tão desafiador para o ser humano que ele só conseguiu fazer isso menos de duas décadas antes de conseguir ir para a Lua. Em 29 de maio de 1953, dois homens, de uma expedição que incluía 362 integrantes e 20 guiassherpas, alcançaram o topo do Monte Everest, na fronteira entre o Nepal e o Tibete. O ponto mais alto da Terra, localizado no Himalaia a 8.850 metros de altura, foi alcançado pela primeira vez na história pelo neozelandês Edmund Hillary e pelo sherpa Tenzing Norgay. Com a rota para o Everest bloqueada no Tibete chinês, a única alternativa era tentar alcançar o topo da montanha pelo Nepal, mas o governo nepalês permitia somente uma expedição por ano. Em 1953, a vez era dos britânicos que tinham John Hunt como líder da expedição. Hunt formou duas equipes para uma subida que era muito mais perigosa do que é hoje, já que não havia rotas traçadas e ninguém sabia o que poderia encontrar lá nem como o corpo reagiria a mais de oito mil metros de altura. Durante a subida, Norgay salvou Hillary de uma queda fatal em uma fenda profunda escondida sob uma fina camada de neve.
A primeira volta ao mundo
Houve uma Era das Grandes Navegações, quando expedições marítimas patrocinadas por Portugal e Espanha partiram em uma busca desesperada por novas rotas comercias com o Oriente, já que a tradicional passagem dos produtos por Constantinopla estava bloqueada desde que os turcos a conquistaram em 1453. Uma dessas expedições foi liderada pelo navegador português Fernão de Magalhães a serviço da corte espanhola. Em 20 de setembro de 1519, Magalhães partiu liderando cinco embarcações, com 234 tripulantes, entre gregos, espanhóis, portugueses, franceses e italianos, em direção ao extremo sul da América com a missão de provar que as Ilhas Molucas (Indonésia) pertenciam à Espanha, de acordo com o Tratado de Tordesilhas. Na Patagônia, ele superou um motim e logo a seguir atravessou uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico que ficou conhecida como Estreito de Magalhães. Sua expedição foi em direção às Filipinas, onde Magalhães envolveu-se em uma guerra e acabou morto. Boa parte da tripulação adoeceu ou morreu durante as batalhas. Os poucos que sobreviveram, sob o comando do ex-amotinado Juan Sebastian del Cano, conseguiram levar os barcos que restaram e aportaram em Sevilha, em 8 de setembro de 1522, completando a primeira circunavegação do planeta.
As viagens de Marco Polo
Marco Polo
Há entre os historiadores dúvidas se ele fez mesmo as viagens que conta ter feito e viu o que viu. Mas se realmente as fez, o italiano Marco Polo foi um dos primeiros e maiores desbravadores da história. Em 1298, em um manuscrito ao qual ele deu o título de "Livro das Maravilhas", Polo descreve um mundo cheio de novidades revolucionárias para a época - como dinheiro de papel, pratos de porcelana e uso do carvão - que ele descobriu em uma expedição, acompanhado do tio e do pai, que fez saindo da Europa e passando por Irã, Afeganistão, Ceilão até chegar a China. Mercador e católico, o veneziano Marco Polo partiu em 1271 em direção ao Império Mongol com a missão dada pelo papa de aproximar os cristãos dos herdeiros de Gengis Khancontra um inimigo comum: o Islã. Polo conta que passou 16 anos na China onde pôde observar o quanto a civilização oriental estava avançada em relação ao Ocidente. Seus relatos sobre isso eram tão impressionantes que os europeus ficaram inicialmente incrédulos, considerando Polo um loroteiro. Mas à medida que seus relatos eram confirmados por outros viajantes, Marco Polo tornou-se fonte de inspiração para muito dos grandes aventureiros que surgiram no planeta.
Destruição do Império Asteca
Muitas expedições têm o objetivo da conquista. Não só simbólica, como foi a de alcançar o topo do Everest, mas principalmente de ocupação e colonização, como foram as do tempo das Grandes Navegações, nos séculos 15 e 16. Quando os espanhóis viram as riquezas do Império Asteca no Novo Mundo recém descoberto não pensaram muito até decidir dar um jeito de tomá-las. A missão foi realizada por uma expedição liderada por Fernando Cortéz. Formada por 200 mil homens, a maior parte nativos inimigos dos astecas, e algumas carabinas, canhões, cavalos, cachorros e espadas, a "expedição" de Cortéz conseguiu derrotar o exército de cem mil guerreiros astecas, liderados pelo imperador Montezuma 2.º e armados de lanças e machados, em uma sangrenta guerra entre 1519 e 1521. Antes de conquistar o Império Asteca, ajudado pelos surtos de sarampo e varíola que os europeus transmitiram aos astecas, Cortéz já havia liderado outras expedições que conquistaram as ilhas onde estão Cuba, Haiti e República Dominicana. Ironicamente quando ele rumou para o México para derrotar o povo de Montezuma, Cortéz partiu desobedecendo a uma ordem do governo espanhol.
Procurando Livingstone
David Livingstone
Não bastasse um grande aventureiro, esta história tem dois. O primeiro é o explorador escocês David Livingstone que em agosto de 1865 partiu em busca da nascente do rio Nilo, um dos grandes mistérios geográficos da época. Mas, de repente, Livingstone sumiu. Algo estranho para um homem profundamente conhecedor da África, onde desde 1841 já havia feito longas travessias e descrito a geografia, a organização social e a fauna e flora do continente. Vários boatos percorreram a Europa e a América sobre o que teria acontecido com o aventureiro escocês. Em 1871, para tentar solucionar o mistério, o jornalista norte-americano Henry Morton Stanley partiu rumo a África em busca de Livingstone. Trabalhando para o jornal New York Herald, Stanley liderou uma expedição com 200 homens que percorreu o mesmo caminho feito pelo explorador escocês e passou inclusive pelos mesmos apuros, como contrair doenças como a malária. Em 27 de outubro de 1871 aconteceu o fato mais inesperado. Stanley encontrou Livingstone vivo. Ele estava no meio de um grupo de escravos negociados pelos árabes. Stanley teria se aproximado dele e dito: "Dr. Livingstone, eu presumo". Após o encontro, os dois ainda realizaram juntos algumas explorações do continente africano.
A conquista do Oeste
No começo do século 19, o oeste dos Estados Unidos era um mistério. Para descobrir exatamente o que existia por aqueles lados, o então presidente norte-americano Thomas Jefferson encarregou os militares Meriwether Lewis e William Clark de liderarem uma expedição para encontrar uma rota por rios até o Pacífico. À frente de três sargentos, 22 soldados e vários voluntários e escravos, eles partiram em maio de 1804 e 28 meses depois retornaram como verdadeiros heróis. Isso porque mais do que encontrar uma rota transcontinental para o Pacífico a expedição de Lewis e Clark trouxe também informações sobre 300 espécies desconhecidas pela ciência, encontraram dezenas de tribos indígenas e conheceram suas culturas, além de terem descoberto e mapeado boa parte das Montanhas Rochosas, uma cordilheira que se estende do Canadá ao México. A aventura desse batalhão de desbravadores não só foi uma das expedições mais emocionantes da história como foi também um dos principais incentivos à conquista do Oeste pelos norte-americanos.
O extremo sul da Terra
A conquista do polo sul elevou à categoria de heróis um grupo de expedicionários britânicos liderados pelo oficial da marinha Robert Falcon Scott no começo do século 20. Mas foi um reconhecimento póstumo já que eles nunca conseguiram retornar para casa. O esforço que custou a vida dos integrantes da expedição britânica além de tudo não teve o mérito de consagrá-los como os primeiros homens a atingir o extremo sul do planeta já que eles chegaram lá quatro semanas após a expedição do norueguês Roald Amundsen. Veterano em expedições a terras congeladas - Amundsen já havia participado da primeira expedição belga à Antártica e também tinha liderado a expedição que encontrou a passagem noroeste entre o Atlântico e o Pacífico no Alasca -, o explorador norueguês partiu no navio Fram rumo à Antártica e no fim de 1911 iniciou uma bem-sucedida aventura que duraria três meses e o levaria a ser o primeiro homem a atingir o ponto mais extremo ao sul da Terra. Quando a expedição de Scott chegou lá encontrou a tenda e a bandeira da Noruega deixadas por Amundsen.
Um novo mundo
Uma das mais importantes expedições na Terra foi comandada por um genovês a serviço dos reis da Espanha. Cristóvão Colombo liderou uma expedição com três caravelas - Santa Maria, Pinta e Nina - cujo objetivo era alcançar a Ásia através de uma rota marítima na direção oeste. A missão de Colombo fazia parte das investidas que as nações européias fizeram nos séculos 15 e 16 para encontrar novos caminhos comerciais para o Oriente, devido ao bloqueio da passagem por Constantinopla, desde que a cidade foi tomada pelos turcos. No meio do trajeto de Colombo, no entanto, havia um gigantesco pedaço de terra que foi chamado pelos europeus de "novo mundo". Colombo fez quatro expedições, quatro tentativa de chegar às Índias entre 1492 e 1500, e em todas acabou sempre em algum ponto da América. As expedições de Colombo registraram pela primeira vez o deslumbramento dos europeus pelas belezas naturais e mistérios do novo mundo, ao mesmo tempo em que mostraram o olhar condescendente deles por um povo selvagem e "inferior".
Da Terra à Lua
Em 25 de maio de 1961 o presidente dos Estados Unidos John Kennedy anunciou aquela que seria a mais desafiadora expedição já feita pela humanidade: a missão Apollo, cujo objetivo era levar o homem até a Lua. Durante oito anos, milhares de pessoas engajaram-se numa das maiores aventuras feitas pelo ser humano que começou a alcançar seu objetivo em 16 de julho de 1969, quando a Apollo 11 partiu levando a bordo os astronautas Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin “Buzz” Aldrin. Quatro dias depois, eles pousaram na Lua. Foi quando Armstrong ao dar os primeiros passos de um ser humano em solo lunar disse “este é um pequeno passo para um homem, mas um gigantesco passo para a humanidade”. A frase dá a dimensão exata da conquista tecnológica e simbólica que a missão significou. O Saturno 5, foguete que levou a nave Apolo 11, pesava três mil toneladas e tinha uma altura equivalente a um prédio de 36 andares. Os astronautas deixaram uma placa em solo lunar com a seguinte mensagem: “Aqui, homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Viemos em paz e por toda a humanidade”. Ao todo, 12 astronautas estiveram no satélite natural da Terra, sendo que a última missão para a Lua foi a Apollo 17 em dezembro de 1972.
Rumo à evolução
Charles Darwin
Ela não foi tão emocionante e perigosa como a missão Apollo, mas o legado científico que ela deixou para a humanidade foi o mais importante até agora. Em dezembro de 1831, partiu da Inglaterra o navio da marinha britânica HSM Beagle, comandado pelo capitão Robert Fitzroy. A bordo dele estava um jovem naturalista de 22 anos com a missão de pesquisar animais, plantas e a geologia dos locais por onde a expedição passasse. Durante quase cinco anos, esse naturalista chamadoCharles Darwin não só viveu uma grande aventura, que incluiu visitar as remotas ilhas Galápagos e escalar os Andes, como também, a partir de suas observações, desenvolveu uma da mais brilhantes ideias científicas de todos os tempos: a teoria da evolução das espécies. As expedições do HSM Beagle, que tinham por finalidade atualizar os mapas dos litorais da América do Sul, Oceania e sul da África para a marinha real britânica, possibilitaram a Darwin ter o “insight” que revolucionaria a visão do homem e proporcionaria uma das melhores respostas sobre a origem e o desenvolvimento da vida.
Fontes:
Science Channel
Superinteressante
The Guardian