No último domingo, mais um acidente aéreo chocou o mundo. Um Boeing 737-800 da Ethiopian Airlines com 90 pessoas a bordo, sendo 83 passageiros e sete tripulantes, caiu no Mar Mediterrâneo depois de decolar de Beirute, capital do Líbano. Até o momento, as razões do acidente são desconhecidas. Um temporal pode ter causado a queda, pois chovia muito forte em Beirute, quando a aeronave decolou.
As tragédias envolvendo esses tubos metálicos que sobrevoam nossas cabeças costumam ser medidas pelo número arrasador de vítimas que faz. Segundo esses parâmetros, o maior acidente aéreo até hoje aconteceu em 1977, na Ilhas Canárias, deixando 578 mortos. A tragédia não foi exatamente um acidente aéreo, mas de trânsito: em linhas gerais, dois monstruosos Jumbos receberam autorização para ocupar a mesma pista ao mesmo tempo. Com a visibilidade prejudicada devido a um forte nevoeiro, se chocaram.
Acidente semelhante só aconteceria 25 anos mais tarde, quando um Tupolev russo e um Boeing 757 se chocariam a 11.500 metros de altitude na Alemanha em um tipo raríssimo de acidente aéreo. De acordo com especialistas, uma diferença de segundos no roteiro de cada um e o choque não teria ocorrido. O mais dramático é que a bordo do avião russo havia um grupo de 52 crianças e adolescentes do Bashkortostão, uma das repúblicas autônomas da Federação Russa, que iriam passar férias na Espanha. Eles deveriam ter deixado Moscou um dia antes, mas se confundiram sobre o aeroporto de embarque e foi preciso esperar outro aparelho.
Em 2006 foi a vez do Brasil assistir perplexo a um choque a 11.000 metros de altitude. Naquele ano, o Boeing 737-800 da Gol caiu nas selvas de Mato Grosso após chocar com um jato Legacy, matando 154 pessoas. Em uma investigação confusa, ficou certo que o Legacy voava a uma altitude em que não deveria estar, diferente daquela determinada por seu plano inicial. Também não houve dúvidas de que, no jatinho, o aparelho chamado transponder – que transmite os dados sobre velocidade, altitude e direção para o controle aéreo em terra – ficou inoperante em parte do trajeto até o choque com o Boeing. Erro humano e de computadores no controle de tráfego em Brasília também alimentaram as investigações.
Um ano mais tarde, o país presenciaria o pior acidente aéreo de sua história. No dia 17 de julho de 2007, um Airbus A320 da TAM que vinha de Porto Alegre não conseguiu pousar na pista molhada de Congonhas. Depois de atravessar a avenida paralela ao aeroporto, entrou num depósito de carga e explodiu. O avião viajava lotado. Morreram todos e ainda houve vítimas em terra. Foram cerca de duas centenas de mortos. As investigações apontaram que um erro cometido pela comandante impediu que o avião desacelerasse o suficiente para pousar. Mas o comprimento da pista – curta demais – e a falta de uma área de escape foram decisivos para que o acidente produzisse tantas mortes.
No fim de um sequência de acidentes que assustaram os brasileiros nos últimos anos está a queda do voo 447 da Air France em 2009. A aeronave, que partiu do Rio de Janeiro rumo a Paris, desapareceu do controle aéreo no litoral brasileiro no meio do oceano Atlântico num caso ainda não esclarecido pelas autoridades. O acidente matou 228 pessoas, sendo 59 delas brasileiras. Um mês após o desastre com o avião da Air France, um Airbus A310 da Yemenia Airways, companhia aérea estatal do Iêmen, caiu no Oceano Índico próximo às Ilhas Comores, na costa leste da África, com 153 pessoas a bordo. O espantoso no desastre é que houve um único sobrevivente, uma adolescente francesa de ascendência comorense, Bahia Bakari. A história é ainda mais surpreendente porque a garota não sabia nadar bem.
Trinta e seis anos antes do acidente da Air France no Atlântico, outro tragédia unia Brasil e França. Em 1973, um vôo da Varig que fazia a rota Rio-Paris precisou fazer um pouso de emergência a apenas oito minutos de aterrissar na pista do aeroporto francês de Orly. Mais tarde, soube-se que a causa do acidente foi um incêndio provocado por um cigarro no banheiro do avião. A queda, que aconteceu a quatro quilômetros do destino final voo, matou 116 passageiros e outros seis tripulantes.
Fonte: http://veja.abril.com.br/