O movimento reformista ganhou força em diferentes partes de uma Europa em intensa transformação. Na Suíça, a burguesia tinha grande influência nas cidades-república de Genebra, Zurique, Basiléia e Berna. No entanto, o poderio econômico dessa nova classe social era tolhido pelos poderes políticos preservados nas mãos dos clérigos que administravam esses mesmos centros urbanos.
Foi nesse contexto que, no início do século XVI, o padre Huldrych Zwingli começou a se aproximar das idéias defendidas por Martinho Lutero. Durante sua vida, o padre humanista teve grande atuação entre os populares que sofreram com o surto de peste bubônica que assolou as ruas de Zurique. Essa experiência vivida pelo clérigo o alertou para a reforma do catolicismo defendendo um tipo de experiência religiosa mais simples e atuante.
Por iniciativa própria, Zwingli se envolveu em um movimento reformista que defendia a predestinação absoluta e criticava a confissão religiosa nas igrejas. No ano de 1531, Zwingli tentou aproximar sua nova perspectiva religiosa dos grupos conservadores da Suíça. Sua tentativa de mudança criou uma guerra civil que provocou a morte do líder religioso. Mesmo sendo morto, seu esforço resultou na assinatura da Paz de Kappel, que permitiu a liberdade religiosa no interior da Suíça.
A onda reformista atingiu a Suíça como um todo. Na cidade de Genebra, os habitantes conseguiram destituir o poder político dos nobres e clérigos. Nessa mesma cidade, o teólogo francês João Calvino (1509 – 1564) empreendeu uma nova compreensão dos princípios religiosos defendidos por Martinho Lutero. Na obra “Instituições da religião cristã”, Calvino defendeu diversos princípios do pensamento luterano e reforçou a Teoria da Predestinação Absoluta.
Entre outras idéias, o pensamento calvinista defendia princípios morais bastante rígidos e via no trabalho e na poupança duas virtudes a serem valorizadas pelo verdadeiro cristão. A valorização do trabalho e a contenção dos lucros foram princípios que atraiam vários representantes da burguesia suíça. Em pouco tempo, Calvino conseguiu uma vertiginosa ascensão política e religiosa que o concedeu o controle da nova Igreja e do governo suíço.
Segundo os pesquisadores da temática religiosa, as idéias do calvinismo foram de suma importância para que o sistema capitalista se desenvolvesse. A idéia de trabalho árduo e acúmulo de capitais, rechaçados por essa nova denominação, impulsionaram o desenvolvimento dos negócios e dos novos empreendimentos comerciais. Nesse mesmo período, o calvinismo ganhou força na Inglaterra, na Escócia, na Holanda e na França.
Por Rainer Sousa
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