Já se perguntou por que você toma banho? É uma questão de higiene básica, né? Se bem que alguns povos não sejam lá muito chegados a este saudável e agradável hábito. E, você já se perguntou se o banho tem algum tipo de história? Duvida? Só tem! Lembremos da termas romanas. Não as confunda com antros do tipo bass fond que se espalham por endereços pra lá de duvidosos em várias cidades do Brasil e do mundo.
Depois do Banho, Edgar Degas (c. 1890)
Tchau, preguiça! Tchau, sujeira! Adeus, cheirinho de suor!
Era assim que começava uma musiquinha cantada por um ratinho no Castelo Rá-Tim-Bum, que ensinava a gurizada a tomar banho. Uma aulinha de higiene básica para as crianças, mas que muito adulto deveria ver para aprender a tomar banho. Ué? Tá pensando que eu não assistia? Eu via, sim. Via junto com meu filho que estava com uns cinco anos nessa época.
Eu sei que em todos nós, um dia, já houve um latente Cascão. Bastava imaginar em ter que tomar banho para sair correndo. Tem gente que lava só o pé, diferentemente do sapo que tem chulé, e acha que já tomou banho. Há alguns tipos de banho além do banho turco. Um dos mais famosos e praticados é o Banho Tchéco. Só tchéco-tchéco no sovaco e demais partes escondidinhas do corpo humano e já se acha que tomou aquele banho. Muito adolescente masculino tomou banho seco. Bem, quer dizer… abria o chuveiro mas não se molhava. Acho que vocês me entendem, certo? Geralmente, além da toalha e o sabonete que nem sempre eram utilizados, o adolescente masculino levava um exemplar da Playboy, ou Penthouse e, em casos de extrema sorte, uma daquelas revistinhas suecas devidamente escondidas, digo, enroladas na toalha. Catecismo do Carlos Zéfiro também não era descartado. Era tudo uma questão de imaginação por estimulação visual. Agora, no sufoco mesmo, valia até revista de corte-costura com anúncio de lingerie. Aí sim era uma questão de grande imaginação.
Pois bem, essa introdução um tanto longa serviu para apresentar a história do banho, que é contada num livro chamado, Clean: An Unsanitised History of Washing (algo como Limpeza: uma [des] sanitizada história do banho), de Katherine Ashenburg. Vejamos, então, quais são os banhos mais importantes da história do mundo ocidental.
1700 a.C.
No palácio de Knossos, na ilha de Creta, foi encontrada a mais antiga banheira já descoberta. Foi feita em terracota.
500 a.C.
Os gregos já usavam chuveiros e banheiras primitivas em banhos públicos. Eles se lavavam num pedestal com um sumidouro (um ralo).
100 d.C.
Os romanos transformam o banho diário em um grande interlúdio social. Criaram um elaborado sistema de abastecimento de água para as cidades e os banhos podiam ser frio, morno ou quente. Foi o apogeu dos banhos como atividade social. Veja uma relação de antigas Termas Romanas.
537
A queda do Império Romano, após as invasões dos bárbaros fez com que os banhos entrassem em declínio. Apenas no Império Bizantino se manteve a tradição dos banhos, que de romanos se transformaram em banhos turcos com o passar do tempo.
1000
Os Cruzados voltaram do Oriente contando maravilhas, inclusive que por lá, além de infiéis, também havia o banho turco. A moda pegou e diversos balneários foram construídos por toda Europa.
1347
A peste! A danada grassou e ceifou milhões de vidas – uma em cada três pessoas morreu em decorrência da peste – em apenas 4 anos. Os banhos e balneários foram fechados, pois se acreditava que a água quente, ao abrir os poros, permitia a entrada da peste no corpo. Durante os 400 anos seguintes, os europeus evitaram os banhos e a água de uma forma que não fosse para matar a sede. Havia até um ditado… “Saepe manus, raro pedes, nunquam caput” ( “Mãos às vezes, raramente os pés, a cabeça nunca.”). Lavar o corpo por completo era quase um pedido para receber a visita de um representante do tribunal da Santa Inquisição.
1762
Em Emílio, ou Da Educação, um livro de Rousseau, fez-se a água fria entra na moda celebrando-a como uma forma de limpeza. O Romantismo glorifica a natureza do banho, que gradativamente volta a ser um ato saudável.
1827
Os hotéis começam a construir salas de banho onde os hóspedes tomavam banhos completos. Hoje é impensável não se ter banheiro no quarto de um hotel.
1837
Não tem banheiro no palácio de Buckingham quando da coroação da Rainha Vitória. Havia uma banheirinha (bidê?) portátil em seus aposentos. Na verdade, ela tomava banho tchéco. Aquele em que a palma da mão leva a água até determinados lugares do corpo e… tchéco…tchéco… O seu vestido tinha uma abertura especial para facilitar o “banho”.
1865
Durante a Guerra Civil, os norte-americanos para se sentirem mais norte-americanos ainda, foram convencidos que a limpeza é progressista, democrática e era a quintessência do americanismo.
1878
A empresa Procter & Gamble lança o sabonete Ivory (marfim – branco em sinal de limpeza). Isso fez com que se tornasse uma das maiores anunciantes até fim do século XIX, justamente por propagandear um sabonete.
2005
Cerca de 25% das casas norte-americanas tem três ou mais banheiros.
2009
A alta incidência de alergias, asma e outras doenças é atribuída ao excesso de limpeza dos prósperos habitantes do mundo ocidental.
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