O Brasil monárquico tem fim em 15 de novembro de 1889 e, a partir desta data, até hoje, somos uma República que reza um regime democrático, mas não é, por completo. O primeiro presidente e cabeça do movimento que transformou o Brasil em República, foi o marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
Pertencente a tradicional família de militares, após a proclamação do Brasil República, o marechal já convocou a nossa primeira Constituinte e, através desta, foi eleito nosso primeiro presidente.
Através do Decreto número 4, de 19 de novembro do mesmo ano, ele instituiu e oficializou a Bandeira brasileira, nosso maior símbolo. Além disso, o marechal Deodoro reformou o Ensino e também as finanças.
O Brasil, finalmente, respirava a verdadeira brisa da independência de Portugal. Mas, com apenas dois anos de mandato, o marechal renunciou à presidência.
De 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894, assumiu a presidência o então vice-presidente, marechal Floriano Vieira Peixoto, que ficou conhecido como “O marechal de ferro”, por enfrentar a Revolta da Armada e a Revolução Federalista.
De família humilde, o marechal Floriano iniciou seus estudos em Alagoas, sua terra natal. Mais tarde, já no Exército, destacou-se na Campanha do Paraguai. Teve braço forte para enfrentar vários problemas sociais e militares que já se desenharam ao raiar da nova República, e por isso também foi chamado de Consolidador da República.
De 1894 a 1898, o presidente da República foi Prudente José de Morais e Barros. Com luva de veludo de um lado e mão de ferro do outro, pacificou o país, anistiando os envolvidos nas Revoluções Armada e Federalista. Resolveu a questão do Território das Missões no Sul e assegurou a posse do Brasil sobre a Ilha de Trindade, reclamada pela Inglaterra. Sua mão pesou mais na Guerra de Canudos, liderada por Antonio Conselheiro, do qual falamos em outra matéria no GNT.
Manoel Ferraz de Campos Sales foi o quarto presidente da República, governando o país de 1898 a 1902. Campos Sales, com o apoio do grande diplomata Barão do Rio Branco, obteve o reconhecimento dos direitos do Brasil ao território do Amapá.
Também no seu governo providenciou a elaboração do anteprojeto do Código Civil, incentivou a implantação de indústrias e reabilitou o crédito e as finanças do país.
De 1902 a 1906, o presidente do Brasil foi Francisco de Paula Rodrigues Alves, responsável pela obrigatoriedade da vacinação no Brasil, a pedido do sanitarista Oswaldo Cruz. Ele também remodelou a Marinha e o Exército, firmou o Tratado de Petrópolis, que anexou o território do Acre ao Brasil, antes sob o domínio da Bolívia e do Peru. Rodrigues Alves ainda reorganizou o Banco do Brasil.
Afonso Augusto Moreira Pena, nosso sexto presidente, deu início à conquista da Amazônia, celebrando tratados de navegação fluvial com a Colômbia. Foi ele quem designou Ruy Barbosa para representar o Brasil em Haia, na Holanda, onde foi sobremaneira elevada a imagem e a soberania do nosso país. O presidente Afonso Pena ainda estabilizou a moeda e o câmbio. Ele governou de 1906 a 1909, falecendo antes de terminar seu mandato.
De 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910, o vice-presidente Nilo Procópio Peçanha então assumiu a presidência, concluindo o mandato de Pena. E, apesar de governar o país por apenas 16 meses, Nilo Peçanha fez coisas notáveis, como a criação do Serviço Nacional do Índio (SNI, hoje FUNAI), instalou o Ministério da Agricultura e implantou o Ensino Profissional e ainda inaugurou a iluminação elétrica no Rio de Janeiro e a Diretoria de Saneamento.
Quando ainda era Ministro da Guerra, designação dada antigamente ao Ministro do Exército e Marinha, Hermes Rodrigues da Fonseca já começara a reforma do Exército, o que concluiu depois, como presidente da República, entre os anos de 1910 e 1914.
Seu governo foi marcado por diversas crises políticas que até chegaram a ameaçar com uma guerra civil os Estados do Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas. Em consequência ao feito de Santos Dumont, Hermes da Fonseca criou a Escola de Aviação.
De 1914 a 1918, o Brasil foi governado por Venceslau Brás Pereira Gomes, o primeiro presidente a encarar uma guerra mundial. Seu governo teve de conter os efeitos e consequências da I Guerra Mundial sobre a Economia. Com o bombardeio de navios brasileiros pela Alemanha, Venceslau Brás teve sobre as costas a responsabilidade de declarar guerra aos alemães.
Fora isso, o presidente promulgou o Código Civil e a Reforma Eleitoral. O Código Civil foi elaborado por Clóvis Beviláqua e vigora até hoje.
Delfim Moreira da Costa Ribeiro também foi um presidente com mandato tampão, pois teve que assumir a presidência entre 1918 e 1919, já que Rodrigues Alves, presidente reeleito, faleceu sem tomar posse. Delfim Moreira convocou novas eleições, mas no pouco tempo que ocupou o cargo, contratou a Missão Militar Francesa, reformou os Correios e Telégrafos e aprovou os códigos de Processo Civil e Penal.
NE - Ao término da guerra, o Brasil contratou, para o Exército e sua Aviação nascente, a Missão Militar Francesa, que desenvolveu seu trabalho de instrução dos nossos oficiais militares aqui de 1920 a 1939.
Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa, vencedor das eleições, concluiu o mandato de Rodrigues Alves. Assim, ele governou o Brasil de 1919 a 1922. Epitácio Pessoa fez a Reforma Financeira, solucionou questões de limites entre Estados e iniciou as primeiras obras contra as secas do Nordeste. Isso acabaria depois sendo aproveitado pelos políticos mais contemporâneos como marketing de campanha, até hoje. E até hoje, mesmo com a criação do Bolsa Família, o nordestino e seus animais continuam morrendo de sede (o adendo é nosso).
Coube a Epitácio Pessoa a comemoração do primeiro centenário da pseudo-independência de D. Pedro I e a inauguração do Monumento do Ipiranga, em São Paulo, capital.
De 1922 a 1926, nosso presidente foi Artur da Silva Bernardes, que governou o país praticamente em estado de sítio, dado aos diversos levantes ocorridos, inclusive o de 1924, no Estado de São Paulo.
Bernardes também teve que ter mão de ferro para sufocar os levantes e poder governar. Ele pacificou o Rio Grande do Sul, talvez sua maior vitória, expandiu a radiotelegrafia com o Marechal Rondon, promulgou o primeiro Código de Menores e instalou o Conselho Nacional do Trabalho. Buscou também disciplinar o pagamento da dívida externa...é, a danada já existia, desde D. Pedro II...
Mas, como nos conta a História, saimos do regime monárquico e entramos para o presidencialista, que se alternava entre presidentes militares e civis, como vimos até agora. Conquistamos a liberdade de Portugal, mas os problemas da Nova República se intensificavam, talvez, dado à grande extensão territorial do país, quando se resolvia um problema no Rio Grande do Sul, por exemplo, já estava surgindo outro no Maranhão.
E a coisa ia engrossar ainda mais a partir do governo de Washington Luís, entre os anos de 1926 a 1930, quando já no final do seu mandato, uma revolução encabeçada por Getúlio Vargas o depôs.
Historiador, Washington Luís foi o criador da frase “governar é abrir estradas”, e foi o que ele fez. Apesar da crise econômica de 1929 e a crise política que cercou seu governo, ele inaugurou as rodovias Rio-São Paulo e Rio-Petrópolis.
De 24 de outubro de 1930 a 03 de novembro do mesmo ano, o Brasil foi governado por uma Junta Militar, que no dia 03 de novembro empossou Getúlio Dornelles Vargas, que instaurou um regime ditatorial, governando o país de 1930 a 1945.
Mesmo assim, Vargas promulgou as Constituições de 1934 e 1937, criou os Ministérios do Trabalho, Aeronáutica e Educação, implantou a indústria siderúrgica, elaborou as leis trabalhistas e instituiu a Previdência Social.
Em 1942, assim como o presidente Venceslau Brás, teve de arcar com o peso de uma declaração de guerra à Alemanha Nazista, que já havia formado seu Eixo com a Itália e o Japão. Assim surgia a gloriosa FEB (Força Expedicionária Brasileira), que lutou ao lado dos aliados e atuou na Itália de Mussolini na Segunda Guerra Mundial.
Mas, como diz o ditado “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, em 29 de outubro de 1945, Getúlio, que havia assumido o poder através de golpe militar, é deposto por outro golpe militar, e se exila em São Borja, sua cidade natal, no Rio Grande do Sul.
De outubro a dezembro de 1945, outro mandato tampão, desta feita José Augusto Linhares assumiu a direção do país como presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele já convocou eleições para 2 de dezembro de 1945, ganhas pelo general Dutra. Mas o impressionante é que como presidente apenas um mês, José Augusto Linhares criou o Departamento Nacional de Obras e o Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais.
O general Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência do país em 31 de janeiro de 1946 e o governou até 31 de janeiro de 1951. Ele promulgou uma nova Constituição, criou a Hidrelétrica de São Francisco, construiu a usina de Paulo Afonso e as refinarias de petróleo em Mataripe e Cubatão e ainda concluiu as obras da rodovia Rio-Bahia e reconstruiu a Rio-São Paulo, que foi batizada com seu nome. O homem tinha pulso e visão!
De 1951 a 1954, volta nos braços do povo à presidência da República, Getúlio Dornelles Vargas. Mas desta vez, crises políticas enormes o levariam ao suicídio em 24 de agosto de 1954. Mesmo assim, enfrentando problemas e sem concluir o mandato, em apenas 3 anos Getúlio Vargas criou o Ministério da Saúde, a Petrobrás, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE), o Conselho Nacional de Pesquisas e a Comissão Nacional de Política Agrária.
É de se chamar a atenção a atuação de Getúlio, Dutra e outros governantes anteriores, que fizeram grandes realizações em meio a um mar de tormentas e ainda deram o pontapé inicial em outras obras. Há algum tempo os governantes atuais reclamam que 4 anos de mandato é MUITO POUCO para fazer qualquer coisa...Por isso, Fernando Henrique Cardoso, que viria a ser presidente do Brasil em 1994, conseguiu aprovar a reeleição para mais um mandato, o que deu a ele e ao atual presidente Lula, 8 anos de poder (para poder) fazer alguma coisa...Desculpem o trocadilho. Foi irresistível.
Com a morte de Getúlio, mais um mandato tampão e mais problemas. Assume a presidência do Brasil de 24 de agosto de 1954 a 09 de novembro de 1955, João Fernandes Campos Café Filho, que procurou aperfeiçoar as instituições democráticas e conter a crise política iniciada no último governo Vargas. Mas Café Filho teve o azar de ficar doente e, afastado para tratamento médico, quando voltou o Congresso Nacional já havia decretado seu impedimento para voltar ao cargo.
Vargas e o governo militar pós 64, foram criticados por fechar o Congresso Nacional. Mas você sabia que o Congresso Nacional pode fechar a porta a um mandato presidencial? A História registra tudo...
Carlos Coimbra da Luz foi, em toda a História política do país, o presidente com o menor mandato: ele ocupou o cargo de presidente por dois dias apenas. De 09 a 11 de novembro de 1955. Como era o presidente da Câmara dos Deputados e com o impedimento de Café Filho, ele teve que assumir. Como a crise política continuava, ele foi deposto pelo então Ministro da Guerra, general Teixeira Lott.
Coube a Nereu de Oliveira Ramos terminar o mandato até às eleições, ganhas por Juscelino, que foi empossado em 31 de janeiro de 1956. Como presidente do Senado, Nereu já havia ocupado o cargo de presidente na ausência do general Dutra, e assim voltou a ocupar o cargo novamente, com a deposição de Luz.
De 1956 a 1961, o Brasil foi governado pelo médico mineiro Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que entrou para a História pela implantação da indústria automobilística no país e pela construção de Brasília, a nova capital do Brasil.
Além disso, Juscelino implantou a indústria da construção naval, criou incentivos à industrialização e exportação de minérios, a estrada Belém-Brasília, integrando a Amazônia e criou o Conselho do Desenvolvimento, investindo também em energia e transportes. Para não fugir à regra dos seus antecessores, o presidente Juscelino ainda teve que enfrentar as sublevações militares de 1956 e 1959, conhecidas por revoltas de Jacareacanga e Aragarças.
Em 1961, sob o marketing do “varre, varre vassourinha”, o professor Jânio da Silva Quadros é eleito presidente do Brasil e, no mesmo ano, renuncia, sem ninguém até hoje saber o verdadeiro motivo. Fora a criação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação, o que Jânio fez em seus 7 meses de mandato foi reatar relações diplomáticas com a Russia comunista e condecorar com a Ordem do Cruzeiro do Sul, comenda máxima a ser outorgada a uma personalidade, a Ernesto Guevara, ministro de Cuba.
Fora essas “heresias” dentro da ótica militar, Jânio ainda tinha como vice João Goulart, que na época da sua renúncia, estava na China comunista, não se sabe fazendo o quê...
E vai mais um tampão! De 25 de agosto de 1961 a 07 de setembro do mesmo ano, assume a presidência da República Paschoal Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados. O vice de Jânio, como visto acima, estava em missão oficial na China. Mazzilli ainda voltaria à presidência do Brasil em mais uma “tampada”, de 2 a 15 de abril de 1964, quando terá início o Governo Militar, que se estenderá até 1985.
Mas antes de sair, Mazzili introduziu no Brasil o regime parlamentarista, igualzinho na Itália de seus pais...
De 1961, após voltar da China, até 02 de abril de 1964, assume a presidência do Brasil João Belchior Marques Goulart (Jango). Ele criou o Ministério do Planejamento e elevou o território do Acre à categoria de Estado. Fez voltar o regime presidencialista e foi deposto pela chamada Revolução de 1964.
Após a deposição de Jango, assumiu como presidente da República o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, governando de 1964 a 1967, quando perdeu a vida num acidente aéreo. Em seu governo foi elaborada a nova Constituição, sistematizados a distribuição da receita e o regime tributário e foi criado o FGTS. Castelo Branco também promoveu a unificação da Previdência Social.
De 1967 a 1969, o presidente da República foi o marechal Arthur da Costa e Silva, que consolidou a revolução dando cumprimento à Constituição de 1967. Foi adotada uma política econômica-financeira com abertura de crédito às empresas e instituida uma taxa flexivel de câmbio para estimular o comércio externo. Costa e Silva ainda adotou o Plano Nacional de Comunicação, dinamizou a política de transportes com a pavimentação de novas estradas e iniciou as obras da ponte Rio-Niterói, que leva seu nome.
Vítima de uma trombose cerebral, ele também não concluiu seu mandato, sendo substituido até 30 de outubro de 1969 por uma Junta de Ministros Militares.
De outubro de 1969 a 15 de março de 1975, o presidente foi o general Emilio Garrastazu Médici. Ele buscou equacionar a expansão da indústria siderúrgica e implantou dois pólos petroquímicos, sendo um em São Paulo e outro na Bahia. Criou o PIS e, infelizmente, não foi bem sucedido na construção da rodovia Transamazônica, que deveria ligar Santarém a Cuiabá e Perimetral Norte. A obra foi abandonada e até hoje, 36 anos após, ainda é criticada pelos oposicionistas do período militar.
De 1974 a 1979, o país foi governado pelo general Ernesto Geisel que já deu início à preparação da transição, após o governo seguinte, para o governo civil. Geisel extinguiu o famigerado Ato Institucional Número 5 e primou seu governo para o chamado Desenvolvimento Integrado, conjugando os planos político, econômico e social.
Criou o Ministério da Previdência e Assistência Social e deu início à construção da hidrelétrica de Itaipu. Com esta obra e a inauguração da Barragem de Sobradinho, ele dinamizou a política energética brasileira.
Geisel também firmou acordo nuclear com a Alemanha, decretou a fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro e a divisão do Mato Grosso, criando o estado de Mato Grosso do Sul. Nessa época o Brasil já ocupava a oitava posição no ranking da Economia Mundial.
O general João Batista de Oliveira Figueiredo, o último general a dirigir os destinos do país, veio de uma família de tradição militar. Seu pai era o general Euclides de Oliveira Figueiredo. Após galgar todos os postos de comando do Exército, ele foi promovido em 1978 a general de Exército. No ano seguinte, e até 1985, foi eleito pelo Colégio Eleitoral como presidente do Brasil.
Em seu governo foram elaboradas estratégias mais agressivas para combate à crise energética e a ampliação das exportações. Porém, seu governo foi marcado pelo início e conclusão do processo de democratização, pela anistia e pela reforma partidária. Em 1986 o cetro do comando do país já se encontrava pacificamente nas mãos dos civis.
De 1986 a 1990, com a morte de Tancredo Neves antes de assumir, quem herdou o cargo foi o maranhense José Sarney de Araújo Costa. Buscando contornar a crise econômica, Sarney montou uma equipe contrária à antiga política econômica do governo militar. Esta equipe criou o Plano Cruzado. No primeiro instante desse plano a inflação atingiu valores negativos, o consumo aumentou e os fundos aplicados foram lançados na economia.
Alguns meses mais tarde, a euforia de consumo levou o plano à falência. A estabilização forçada dos preços retraiu os setores produtivos e acabou fazendo com que os bens de consumo desaparecessem das prateleiras dos supermercados e das empresas. Muitos fornecedores passaram a cobrar um ágio sob a obtenção de determinados produtos.
A fuga das reservas motivou um processo de crise econômica marcado pela moratória, ou seja, o não pagamento dos juros da dívida externa brasileira. O controle dos preços foi eliminado e a inflação voltou a disparar. Mesmo ainda tentando novos planos (Bresser, 1987; e Verão, 1989) a economia brasileira não conseguia vencer seu problema inflacionário. No ano de 1989, a inflação anual já alcançava 1764%.
A ineficiência do campo econômico, só não ganhou maior destaque na época devido às movimentações políticas em torno da Constituição de 1988. Essa nova Constituição criou um grande problema judiciário devido à sua extensão e quantidade de detalhes. Muitos aspectos da economia e dos poderes instituídos foram prejudicados com o aspecto eminentemente burocrático da nova Constituição.
De 1990 a 1994, é eleito presidente do país Fernando Affonso Collor de Mello. A posse do novo presidente, em março de 1990, em meio à hiperinflação, foi acompanhada de novas medidas econômicas, organizadas pela ministra Zélia Cardoso de Mello - o Plano Collor. O cruzeiro, que tinha mudado para cruzado, voltou ao nome antigo. Em 1991 já emergiam sucessivos escândalos envolvendo membros do Governo. Ainda nesse ano ganhou força a política recessiva, ampliando o desemprego e a miséria da maioria da população. Já no início de 1992, Collor experimentava uma crescente impopularidade, impulsionada mais ainda pelo bloqueio da Poupança e com uma inflação sempre superior a 20%, com sinais preocupantes de elevação.
Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, acusou o ex-caixa da campanha presidencial, Paulo César Farias, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no Governo e, principalmente, de profundas ligações comerciais com o presidente. No mês seguinte foi instalada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as acusações, o que acabou na primeira cassação de um presidente no país.
Em 3 de outubro de 1992, o vice Itamar Augusto Cautiero Franco assume a presidência da República, inaugurando o primeiro mandato tampão pós governo militar. Itamar governou o país até 1994.
Recessão prolongada, inflação aguda e crônica e desemprego, levavam os brasileiros a uma situação de descrença geral nas instituições e de baixa auto-estima.
Itamar Franco se concentrou em arrumar o cenário que encontrara. Procurou realizar uma gestão transparente, algo tão almejado pela sociedade brasileira. Para fazer uma gestão tranqüila, sem turbulências, procurou o apoio de partidos mais à esquerda.
No governo de Itamar foi elaborado, como aparentou, o mais bem-sucedido plano de controle inflacionário do Brasil: o Plano Real. Montado pela equipe do seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o plano visava criar uma unidade real de valor (URV) para todos os produtos, desvinculada da moeda vigente, o cruzeiro. Desta forma, cada URV correspondia a US$ 1. No governo de Fernando Henrique a URV veio a ser denominada “Real”, a nova moeda brasileira. O Plano Real foi eficiente, já que proporcionou o aumento do poder de compra dos brasileiros e o controle da inflação.
Entre 1994 e 1998, assumiu a presidência Fernando Henrique Cardoso. Ministro da Fazenda no governo anterior, ele deu prioridade à consolidação da estabilidade da nova moeda, evitando a todo custo a retomada das altas taxas inflacionárias. Promoveu a reforma da Constituição e, durante os dois primeiros anos, conseguiu manter a estabilidade econômica, dando lugar à frase que “agora todo brasileiro pode comer frango!
Quanto às outras reformas, Cardoso conseguiu que o Congresso aprovasse o fim do monopólio estatal nos setores de telecomunicações, de exploração e refino de petróleo e sobre a malha ferroviária.
Ele entregou, segundo seus oposicionistas, grandes conquistas do passado nas mãos de empresas estrangeiras, como a telefonia, por exemplo. Acabou com o transporte ferroviário e, para piorar, criou a famigerada CPMF, que tributava toda movimentação financeira no país. O dinheiro dessa arrecadação forçada “democraticamente”, deveria ser aplicado na Saúde, mas não foi. No mais, FHC, como era chamado, aprovou a reeleição presidencial para um segundo mandato e, reeleito para a presidência de 1998 a 2002, acabou por sucumbir ante a bolha inflacionária que havia contido virtualmente com o Plano Real, provocando a maior onda de desemprego no país e grandes perdas salariais do trabalhador, que para não perder o emprego, teve de se submeter à vontade do patronato.
No seu segundo governo se instalava definitivamente uma nova praga no país: o MST (Movimento dos Sem Terra), formado por pessoas ditas trabalhadoras rurais, e que através de invasões e depredações do patrimônio alheio (e até do governo), lutam por terras, que segundo a mídia, após conseguidas, são vendidas.
Ao invés de combater o problema na raiz, FHC optou por aumentar o ITR, Imposto Territorial Rural, sobre terras ditas improdutivas, numa tentativa de promover uma Reforma Agrária que até hoje não saiu do papel. O que ficou de bom, segundo o site Acorda, Brasil foi justamente a desestatização e a Lei da Responsabilidade Fiscal.
"Nem sei como Fernando Henrique conseguiu fazer tantas privatizações. Nem sei como conseguiu aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Nem sei como conseguiu criar as Agências Reguladoras. Hoje, com a incrível deterioração das lideranças políticas, nada disso seria possível.E estamos caminhando, a passos largos, para a volta do governo todo poderoso. Do governo dono de tudo. Caminhamos para trás. Muito ruim". (Do site Acorda, Brasil, do jornalista José Roberto Doubek Lopes)
De 2002 a 2006, foi eleito, pela primeira vez na História do país, um ex-operário para presidente da República. Luís Inácio (Lula) da Silva, após sucessivas tentativas de chegar ao poder, finalmente conseguiu, trazendo novas esperanças ao sofrido povo brasileiro.
Com um discurso mais moderado que os que fazia antigamente, e um vice-presidente empresário, e do Partido Liberal, aliado a uma proposta de governo sem assustar o mercado, ou seja, agradando a gregos e troianos, Lula conseguiu vencer as eleições de 2002, ganhando do neoliberalismo tucano (PSDB). Seu primeiro governo teve como destaque o programa Bolsa Família e, como pontos negativos os escândalos de corrupção para votação de emendas pró-governo (escândalo do mensalão) e outros, além dos resultados aquém das promessas de campanha. Reeleito para um mandato de mais 4 anos (2006 a 2010), seu governo continuou o mesmo, e os escândalos políticos também. FHC foi o primeiro presidente pós 64 a se reeleger e Lula, o segundo. E os dois, segundo a mídia e material nos enviado por internautas, parecem ter inaugurado a Era do Presidente Turista, pois em seus mandatos permaneceram mais viajando por outros países. Um dos pontos mais positivos para a sociedade brasileira no governo Lula, é que a Polícia Federal nunca antes teve tanto poder de ação, e realiza assim um excelente trabalho. Mas o contraponto é o Judiciário, pois a PF prende e ele solta...
Conclusão
À guisa de curiosidade, vale ressaltar aqui que, dos 33 presidentes, eleitos ou com mandato tampão, apenas 9 foram militares. Os demais 24 são todos civis.
Dos 33 presidentes, 10 pertenceram à Maçonaria. São eles: Deodoro, Nilo Peçanha, Campos Sales, Delfim Moreira, Floriano, Hermes, Jânio, Rodrigues Alves, Washington e Venceslau Brás.
De todos os nossos presidentes da República,
6 são de Minas Gerais: Afonso Pena, Venceslau Brás, Delfim Moreira, Artur Bernardes, Carlos Luz e Juscelino Kubitschek.
6 são do Rio Grande do Sul: Hermes da Fonseca, Getulio Vargas, João Goulart, Costa e Silva, Garrastazu Médici e Ernesto Geisel.
5 são do Rio de Janeiro: Nilo Peçanha, Washington Luís, João Figueiredo, Fernando Collor e Fernando Henrique.
4 são de São Paulo: Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigues Alves e Ranieri Mazzilli.
2 são de Alagoas: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
2 são do Ceará: José Linhares e Castelo Branco.
1 é do Maranhão: José Sarney.
1 é da Bahia: Itamar Franco.
1 é do Mato Grosso: Gaspar Dutra.
1 é do Mato Grosso do Sul: Jânio Quadros.
1 é da Paraíba: Epitácio Pessoa.
1 do Rio Grande do Norte: Café Filho.
1 de Santa Catarina: Nereu Ramos.
E 1, o atual, é de Pernambuco: Luis Inácio Lula da Silva.
Obs: - Julio Prestes, que é de São Paulo, não foi enfocado aqui, já que não chegou a tomar posse, assim como Tancredo Neves, de Minas Gerais, que também não assumiu e, quanto a Itamar Franco, como ele nasceu no meio do rio, segundo contam, entre os estados da Bahia e Minas Gerais, ele está contado como baiano, mas para o povo de Minas Gerais, ele é mineiríssimo. E aliás, seu campo de atuação é em Minas Gerais.
NE – Do que podemos deduzir desta suada matéria, que deu um trabalhão de pesquisa e composição, pois é impossível, num espaço reduzido, narrar os anos completos de governo (ou desgoverno) de todos os nossos 33 presidentes da República. Assim, tivemos que buscar na pesquisa os fatos que dariam maior interesse à matéria, mas, como escrevia, existem aqui variadas deduções, mas gostaria de chamar a atenção para uma, a qual acho que nem o mais aprofundado antropólogo pode explicar...Na monarquia, as revoltas não eram tantas, pois a cada revolta um ou mais pescoço iam para a fôrca. E nós víamos nossas riquezas irem para a Europa e assistíamos às execuções dos nossos poucos heróis, e abaixávamos a cabeça.
Livres de Portugal, nasceu a República e com ela a liberdade sonhada. Mas então as revoltas triplicaram e nós nos engalfinhávamos com nossos irmãos e, praticamente, nenhum governante conseguiu agradar-nos, até hoje. Na chamada Revolução de 64, por exemplo, grupos terroristas e cantores posando de intelectuais atasanaram os governantes até não poder mais, sendo eles mesmos os responsáveis por uma repressão mais dura.
Após o Regime Militar, surge um governo puramente civil e nossa política vai se deteriorando lado a lado com o caráter de seus representantes. Os revoltosos desapareceram, assim como os cantorzinhos intelectuais da época, que hoje a tudo assistem das suas mansões e nada reclamam. Aliás, um deles chegou até a ser ministro do atual sistema, que perdura desde 1985. Talvez Freud pudesse explicar...
Fontes: jornais O Estado e Folha de São Paulo, Revistas Veja, Isto É (diversas datas)
e Realidade (1969), Enciclopédia Abril-Conhecer-Brasil (1977)