Surge o Tarzan O Rei dos Macacos, também conhecido como Tarzan, nome que segundo o “dicionário dos gorilas da África”, criado pela mente ímpar do autor do personagem, significa “pele branca”, é, creio eu, ao lado de Superman e Batman, o herói de ficção mais conhecido de um lado a outro do Planeta. Acho que não existe uma criança que um dia não tenha se pendurado numa corda e tentado dar o grito do Rei das Selvas ou então dito a famosa e conclusiva frase: “mim Tarzan!” Não é novidade o lance de uma criança ser criada por animais. Na lenda romana, os irmãos Rômulo e Remo, fundadores de Roma, teriam sido criados por uma loba; Mogli, apesar de ser chamado O Menino Lobo, foi criado por um urso; numa das histórias em HQ do Wolverine, o autor da a entender que ele também tenha se criado entre lobos...e o Tarzan, segundo a mente fértil do seu criador, o escritor Edgar Rice Burroughs, foi criado por uma macaca. O navio em que o bebê viajava com os pais, naufragou, mas eles se salvaram, indo parar no coração da África. Após os pais do bebê terem sido trucidados por selvagens, uma macaca gorila que havia perdido seu filhote, achou o bebê que mais tarde se tornaria Tarzan, Rei dos Macacos ou das Selvas, já que o Tarzan reina entre ambos. O norte-americano Edgar Rice Burroughs, era um vendedor medíocre e, apesar de jamais ter pisado em terras africanas, criou o personagem que surgiu pela primeira vez em 1912, no romance Tarzan of the Apes. Burroughs capricha na saga do herói que acaba tendo duas histórias: a de se transformar no Tarzan e a da sua nobre descendência. O selvagem, na Inglaterra, é John Clayton II, Lorde Greystoke. Em 2012 completam-se 100 anos da criação do Tarzan, que mais do que Rei dos Macacos, foi uma pérola preciosa para Burroughs. O personagem saiu dos livros para as telas do cinema (na época ainda mudo) e depois foi para os gibis e para a Tv, dividindo a fama com Batman e Superman, que nunca foram romance, pois já saíram dos gibis para o cinema e Tv. Dos três, o Tarzan certamente é o mais famoso e mais duradouro, pois em quase 1 século de sua criação, continua fazendo sucesso até hoje, tanto que há poucos anos os Estúdios Disney dedicaram dois longas animados ao personagem. Do livro para o cinema O primeiro Tarzan do cinema foi Elmo Lincoln, no filme Tarzan dos Macacos (Tarzan Of The Apes), de 1918. Lincoln também estrelou o filme seguinte, O Romance de Tarzan ou Os Amores de Tarzan (Romance of Tarzan, 1919) e o seriado As Aventuras de Tarzan (The Adventures of Tarzan, 1921, quinze episódios). Ainda na época do cinema mudo, foram produzidos mais quatro filmes e quatro seriados com o herói. Além de Lincoln, ele foi interpretado, entre outros, por Gene Pollar e James H. Pierce. Se o herói já fazia sucesso sem falar, quando surgiu o som nas telas e um sujeito grandão que nadava mais que peixe, chamado Johnny Weissmuller, o sucesso da criação de Burroughs começou a atingir os quatro cantos da Terra. Mas como Weissmuller mais grunhia do que falava, acho que o som não teve tanta importância assim. O certo é que ele se tornou o intérprete do homem-macaco mais famoso de todos. Ele encarnou o herói em 12 filmes. Com Weissmuller também era finalmente sonorizado o famoso grito de vitória dos gorilas dado pelo Tarzan, que era narrado nos livros, mas não havia meio de colocá-lo no cinema mudo. Depois de Weissmuller, quase todos os “Tarzans” que se seguiram, davam o famoso grito que arrepiava até pelo de orelha de elefante. O grito nada mais era que a junção da voz de um barítono, uma soprano, ganido de cão e, segundo algumas versões, o apito de um trem! Se Tarzan, no livro, era um selvagem que naturalmente corria nu pela selva, no cinema, por causa da censura, ele não podia aparecer como no livro. Assim criaram um ridículo traje para Lincoln e Polar, os primeiros “Tarzans”, que mais pareciam modelitos greco-romano. Só a partir de Pierce é que surgia a famosa tanga, que foi diminuindo seu tamanho até a censura intervir...É de se perguntar como no filme A Companheira de Tarzan, com Weissmuller e Maureen O´Sullivan, eles deixaram a cena em que ela aparece completamente nua nadando ao lado do Tarzan. E olha que as tomadas são generosas... A censura e os outros Tarzans do cinema Mais tarde a censura também implicaria com o Boy, o filho de Tarzan e Jane, interpretado por Johnny Sheffield. Como nas selvas africanas não tem cartório, é claro que os dois não poderiam ser casados no papel. Então, ter um filho seria uma heresia aos padrões religiosos. Assim Boy aparece como “adotado”. Êta sacanagem moralista! No romance de Burroughs, o casal vive numa boa, como todo casal deve viver, com papelzinho de cartório ou não, e têm um filho chamado Korak. Pela censura da época, Tarzan seria gay ou ele ou a parceira teriam problema de infertilidade ou, quem sabe, fizessem uso de preservativo ou evitassem por outro meio... A hipocrisia da censura, por causa de um problema (para ela), causou outros quatro. E nenhum fã do Tarzan, imagino, jamais se preocupou com isso, ou seja, se ele e Jane era casados ou não. Depois de Weissmuller, surgiria Lex Barker em 1948, interpretando o homem-macaco e, após ele, Gordon Scott. Entre estes três, os fãs se dividem: alguns preferem Weissmuller, outros Barker e ainda outros, o Scott. Eu acho que os três foram ótimos à sua maneira. O piorzinho “Tarzan”, sob meu ponto de vista, foi Mike Henry. Não levava jeito. Daria melhor para agente secreto do que para homem-macaco. E, por falar nisso, lembrei de outro personagem de ficção, que é o James Bond. Seu melhor intérprete, Sean Connery, no começo da carreira chegou a participar de um filme do Tarzan, estrelado por Gordon Scott. Os gibis no Brasil e o seriado do Tarzan para a tevê Por último, ainda falando em cinema, foram lançados outros filmes do homem-macaco, porém bem fracos, pra não dizer ridículos, que nem merecem citação. Um dos últimos, ao que me consta, foi Os 3 Desafios de Tarzan e Tarzan Retorna à Índia, com o ex-dublê Jock Mahoney, que sai-se muito bem. Nos gibis, eu me encantava em criança com os desenhos de Burne Hogarth. A Editora Brasil-América (Ebal), foi a responsável por trazer o Tarzan em gibis para o Brasil. Foram publicados até a década de 70 e depois a editora parou. Na tevê, o Tarzan foi vivido por dois atores, mas vale apenas citar Ron Ely, que foi o primeiro e participou de uma série de mais de 50 episódios na década de 60. Eu só assisti a série aqui na década de 80 (ou 90), pelo SBT, mas ela foi primeiramente exibida em 1969, pela extinta Tv Excelsior. |