Na manhã de 6 agosto de 1945, o rápido sobrevoo de um avião sobre a cidade japonesa de Hiroshima foi seguido por um silencioso clarão que encerrava a Segunda Guerra Mundial. Naquele momento, as forças militares americanas realizaram aquele que seria o mais devastador ataque nuclear de toda a História. Como se o primeiro ato não fosse suficiente, a mesma terrível manobra também atingiu a cidade de Nagasaki.
Através do lançamento de bombas de urânio, as forças militares estadunidenses promoveram o assassinato em massa de mais de 200.000 mil vidas inocentes. Mesmo tendo abatido boa parte das tropas do Eixo, o governo dos EUA alegava que essa manobra evitou a morte de um milhão de soldados que participariam da invasão das ilhas do arquipélago japonês. Apesar da justificativa, a realização de tal feito ainda desperta muita polêmica entre grupos políticos e historiadores.
A mais recente delas gira em torno de “Enola Gay”, o avião bombardeiro B-29 que participou diretamente nos dois ataques nucleares. Após executar a macabra tarefa de 1945, Enola serviu em diversas bases militares norte-americanas. Na década de 1980, foi aposentado e adquirido pelo Museu Aeroespacial de Washington, que promoveu um longo e minucioso processo de reconstrução da aeronave. Com fim do dispendioso trabalho, que durou uma década, ele ficou pronto para ser exposto ao público.
A primeira exposição da aeronave aconteceu em 1995, quando as explosões de Hiroshima e Nagasaki completavam exatos cinquenta anos. Nesse instante, a notícia da aparição fomentou uma acalorada discussão sobre qual o significado que Enola Gay teria ao assumir o posto de patrimônio histórico da Segunda Guerra Mundial. Para os grupos pacifistas, o avião que levava o nome da mãe do piloto Paul Tibbets deveria servir como um alerta sobre os terríveis erros cometidos no passado.
Não por acaso, estes mesmos pacifistas pediram que a exposição de Enola Gay fosse acompanhada por uma série de fotos que mostrassem os efeitos devastadores da bomba atômica.
Os curadores da mostra, contudo, descartaram essa vinculação crítica à exposição da aeronave e preferiram evitar qualquer posicionamento mais claro sobre o assunto.
Sem dúvida, esse silêncio ignora o lamentável fato de que a destruição da vida humana não pode ser permitida sob nenhuma hipótese.
Fonte: