Antiguidade |
Período antigo (250-710) |
O arquipélago dividiu-se em numerosas pequenas localidades devido ao seu relevo acidentado, cada um com características próprias. Por volta de 250 d.C., cavaleiros da Mongólia invadiram o Japão e tomaram o controle do país. Uma das famílias de nobres, sobrepondo-se às demais, afirmou ter origem divina para se estabelecer no poder. Descendente dessa família, Jimmu Tenno foi o lendário primeiro imperador do Japão. Estabeleceu a dinastia Yamato e, gradualmente, reuniu todas as pequenas localidades em um único estado.
Imensos túmulos construídos naquela época retratam o imenso poder da dinastia Yamato. O príncipe Shotoku Taishi restringiu o poder dos grandes ujis, proprietários de terra da classe dominante, e decretou uma série de normas no ano de 604, criando a primeira constituição do Japão, com 17 artigos.
A organização centralizada do estado, proposta por Shotoku, reflete-se novamente na chamada reforma Taika, de 645, empreendida pelo imperador Kotoku. Estabeleceu-se o sistema de governo então vigente na China - dinastia dos Tang: todas as terras e a população ficaram sujeitas ao governo central, e os camponeses, obrigados a pagar impostos.
Período Nara (710-787) |
A escrita chinesa (kanji) foi adaptada à língua nipônica. Muitos templos foram construídos nessa época. O regime uji-kabane (de clãs e grandes proprietários) entra em decadência, e em seu lugar estabelece-se o regime Ritsuriô (ritsu tem o sentido de código penal, e riô, os códigos administrativo e civil).
Período Heian (794-1192) |
Sob o comando do clã Fujiwara, já no século X, a cultura nativa do Japão experimenta rápido desenvolvimento. Cria-se o sistema silabário de escrita japonês (kana), composto por 46 signos básicos. Já na metade desse período, a administração local torna-se cada vez mais difícil, devido ao descaso dos nobres da corte pelas províncias e assuntos administrativos em geral. As famílias provinciais mais poderosas passam a fortalecer o próprio poder militar, recrutando camponeses como guerreiros, para prover as necessidades de polícia e segurança locais. Desta forma, desenvolveu-se uma classe guerreira provincial nos séculos X e XI, que viria a tornar-se, posteriormente, a classe dos samurais.
As famílias Fujiwara, da aristocracia tradicional, e os clãs Taira e Minamoto, representando a nova classe, dominam então o cenário histórico durante séculos, período marcado por sucessivos confrontos armados entre os séculos XI e XII, quando os samurais passam a desempenhar importante papel na história do Japão. Nos distúrbios de Hogen (1156) e Heiji (1159), os Taira vencem os Minamoto e conquistam o poder, sob o comando de Taira Kiyomori. Kiyomori foi o primeiro samurai a ocupar posição de liderança no governo.
Praticando atrocidades e abusando do poder, o governo Taira logo se tornou odiado por todos. Depois de 20 anos no poder, em 1185, o clã Taira é derrotado pelo clã Minamoto, e morrem todos os seus principais líderes. Sobe ao poder Minamoto Yoritomo, marcando o final do período.
Período Kamakura (1192-1333) |
A linhagem direta dos Minamoto acaba com a morte de Yoritomo e posteriormente de seus dois filhos. O poder efetivo passa então para a regência do clã Hojo. Nesse período, o Japão vivenciou relativa prosperidade e crescimento econômico. O budismo também experimentou um considerável ressurgimento e difusão popular. Junto com a ampliação do comércio com a China, foram assimilados novos aspectos culturais, tais como o consumo do chá e o Zen-budismo. Já no ano de 1220, ascendia ao poder um dos maiores conquistadores do mundo: Genghis Kan, rei da Mongólia, que em pouco tempo conquista toda a China pela força das armas.
Kublai Kan, neto de Genghis Kan, decide conquistar também o território japonês para ampliar os seus domínios. Os mongóis, apesar de mais numerosos e de seu maior poderio bélico, são derrotados pelos samurais em suas duas tentativas de invasão ao arquipélago.
Mas devido aos grandes gastos com a defesa do país, o xogunato foi incapaz de recompensar devidamente os guerreiros que lutaram contra os inimigos. Dessa forma, o Kamakura Bakufu acabou por perder a confiança dos samurais.(na ilustração, vestes tradicionais do imperador no período Kamakura)
Período Muromachi (1338-1573) |
No decorrer da Guerra das Duas Cortes, os antigos governadores militares (shugo) evoluem e transformam-se em poderosos líderes guerreiros locais. Esses chefes ficam conhecidos por daymiô, que, ao pé da letra, significa "grande proprietário", ou simplesmente senhor feudal. A liberdade que o governo central outorgou aos senhores feudais tornou-os autônomos nos limites de seus territórios, embora ainda formalmente subordinados ao xogun. Passam então a disputar territórios entre si em sangrentas guerras interfeudais.
Apesar dos incessantes conflitos que caracterizaram essa época, a arte japonesa desenvolveu-se bastante.
Em 1543, pela primeira vez o Japão tem contato com o mundo ocidental. Um navio português desembarca na ilha de Tanegashima, ao sul do Japão. Com ele, chegam centenas de mosquetes, as primeiras armas de fogo a serem introduzidas no país. Em 1549, o jesuíta Francisco Xavier introduz o Cristianismo no Japão. (na ilustração, vestes típicas do período Muromachi)
Período Azuchi-Momoyama (1573-1603) |
Com o fim do poder do xogunato, muitos senhores feudais tentaram em unificar o Japão. O general Oda Nobunaga foi o primeiro a obter sucesso, conseguindo o controle da província de Owari em 1559 e em seguida a capital em 1568, acabando de vez com os últimos vestígios do enfraquecido xogunato Muromachi e restaurando o poder da corte imperial. Nobunaga empregou a nova tecnologia dos mosquetes para triunfar nos conflitos contra o clã Takeda, um de seus principais rivais.
Após a unificação, o Japão tornou-se um país mais pacífico, acabando, por fim, as guerras interfeudais. A população se concentrou nas cidades, o que ajudou a aumentar o comércio e a cultura urbana. Empolgado com o sucesso na unificação da nação, Hideyoshi por duas vezes tentou conquistar a Coréia, mas fracassou em ambas. Em 1598, as forças japonesas deixaram a Coréia. Nesse mesmo ano, Toyotomi Hideyoshi morre.
Período Edo (1603-1868) |
A sociedade foi dividida em quatro classes: samurais, camponeses, artesãos e comerciantes. Aos membros dessas classes, não era permitida a troca de status social. Ieyasu distribui os feudos entre os seus mais fiéis vassalos. Entretanto, os novos daimyo agora passam a ser atrelados ao governo central. Esse novo sistema manteve o poder nas mãos dos Tokugawa por mais de 250 anos, em um período que ficou conhecido também por "A Idade da Paz Ininterrupta".
Em 1614, Ieyasu dá início a uma perseguição ao Cristianismo, para que o crescente avanço desta religião entre os japoneses não ameace a ordem vigente. Em 1633, o governo exige que todos os japoneses renunciem ao Cristianismo, e para isso proíbe a entrada de jesuítas e navios portugueses no Japão, assim como a saída de japoneses ao exterior. Nessa época, o comércio e a agricultura não param de crescer. O desenvolvimento comercial fez com que o poder econômico da classe mercantil ultrapassasse até o da classe dos samurais.
Em 1760 o banimento da literatura estrangeira é revogado, e diversos ensinamentos são importados da China e da Holanda. Os escolares passam a estudar ciências ocidentais, tais como a medicina e a astronomia, em língua holandesa. Na segunda metade do século XVIII, o xogunato foi obrigado a aumentar os impostos todas as duas despesas, o que desencadeou diversas rebeliões e o desejo de uma reforma política. Quase simultaneamente, surgiam novas pressões externas pela abertura do Japão ao mundo ocidental.
Com a revolução industrial do Ocidente, apenas uma radical mudança na política interna faria com que o país pudesse igualar-se em poder aos ocidentais. Isso fez com que o Japão estabelecesse tratados de amizade com os Estados Unidos e outros países ocidentais.
Período Meiji (1868-1912) |
Os senhores feudais tiveram que ceder todas as suas terras ao imperador, com os feudos transformando-se em prefeituras. A educação foi reformulada e passou a ser compulsória. Depois de uma ou duas décadas de intensiva ocidentalização, uma onda de sentimentos nacionalistas e conservadores ganhou espaço.
Para transformar a economia agrária do Japão feudal em uma moderna economia industrial, muitos estudantes japoneses foram mandados ao exterior, para aprender as ciências e linguagens do ocidente, enquanto especialistas estrangeiros eram trazidos para o país. O governo passou a investir em transportes e comunicação. Também direcionou suporte para o crescimento das indústrias e dos negócios. Os gastos elevados provocaram uma crise, por volta de 1880, seguida por uma reforma no sistema financeiro e pelo estabelecimento do Banco do Japão.
No setor político, o Japão recebeu a sua primeira constituição ao estilo europeu, em 1889, com a Câmara dos Comuns garantindo a participação popular. Conflitos de interesses na Coréia, no entanto, entre a China e o Japão causaram a Guerra Sino-Japonesa, entre 1894 e 1895. O Japão derrotou a China e anexou Taiwan, mas foi forçado pelas potências ocidentais a devolver outros territórios.
Novo conflito de interesses na Coréia e na Manchúria, desta vez entre a Rússia e o Japão, levaram à Guerra Russo-Japonesa entre 1904 e 1905. O exército japonês também venceu, conquistando territórios. Aumentou a sua influência na Coréia e a anexou completamente em 1910. Esses sucessos intensificaram ainda mais o sentimento nacionalista do povo japonês. Em 1912, morre o imperador Meiji e chega ao fim a sua era, que deixou um saldo positivo de grandes reformas, além de um estado moderno e unificado.
Japão e as Guerras Mundiais (1914-1945) |
O imperador Meiji foi sucedido pelo seu filho Taisho. Durante a era Taisho, o poder político passou gradualmente da oligarquia para o parlamento e os partidos democratas. O Japão participou da Primeira Guerra Mundial junto aos Aliados, em respeito a tratados firmados com a Inglaterra. Após a guerra, a situação econômica piorou. Em 1923, um grande terremoto destruiu Tóquio. A grande depressão mundial de 1929 colaborou ainda mais para aumentar a crise.
Diante da fome e da miséria do povo, setores militares ultranacionalistas defenderam a idéia de que apenas uma expansão territorial poderia amparar o excedente demográfico. Assim, contra a vontade do imperador Hiroito, os militares conseguiram quase o controle completo do governo. Não demorou para que o Japão seguisse o exemplo das potências ocidentais e obrigasse a China a assinar tratados econômicos e políticos injustos. Em 1931 o exército japonês invadiu a Manchúria. No mesmo ano, a força aérea bombardeiou Xangai.
Em 1933, o Japão retirou-se da Liga das Nações por ter sido muito criticado pelas suas ações na China. Em julho de 1937, tem início a segunda Guerra Sino-Japonesa, que persistiu, em menor escala, até 1945. Ocupou o Vietnã, em 1940, e firmou pactos com a Alemanha e Itália. Essas ações intensificaram o conflito com os Estados Unidos e a Inglaterra, que reagiram com um boicote no abastecimento de petróleo. Isso fez com que o Japão capturasse as refinarias da Indonésia e arriscasse entrar numa guerra contra as duas potências.
Em 1944 o Japão sofreu ataques aéreos intensivos. No dia 1º de abril, tropas norte-americanas desembarcaram em Okinawa. As forças Aliadas exigiam a rendição incondicional do Japão. Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima e, três dias depois, outra sobre Nagasaki, forçando o imperador Showa finalmente aceitar a capitulação sem impor condições. Em 2 de setembro, os aliados receberam a notícia da rendição incondicional do Japão. A guerra deixou mais de 1.800.000 mortos só no Japão, 40% das cidades foram destruídas e a economia completamente arrasada.
O Japão Pós-Guerra (1945 - ....) |
Pela nova constituição, o imperador perdeu todo o seu poder político e militar. O sistema de aristocracia foi abolido e em seu lugar entrou em vigor um tipo de monarquia constitucional sob o controle de um parlamento. As relações exteriores, completamente interrompidas durante o período de ocupação americana, só foram retomadas a partir de 1951.
Com o apoio dos Estados Unidos e de outros países, o Japão integra-se a várias organizações internacionais. Na década de 60, com o apoio dos acordos comerciais, o Japão torna-se uma das principais potências econômicas e políticas, suficientemente forte para competir com as maiores potências mundiais. Admitido na ONU em 1956, renova tratados com os EUA. A partir de 1975, o país passa a integrar as conferências anuais com os sete países mais industrializados do planeta.
Em 1973 a crise do óleo abala a economia japonesa, que sofre um afrouxamento na expansão econômica e uma crise monetária. O primeiro ministro Kakuei Tanaka declara então "estado de urgência" para combater a crise. A reação da economia, tão dependente do óleo, foi o fortalecimento das indústrias de alta tecnologia. A partir do começo da década de 90, o Japão firma-se como a segunda maior potência econômica mundial.