Tela do artista plástico Francisco Ricci intitulada Auto de fé (1683), cerimônia em que a sentença era anunciada às vítimas.
Do século V ao XV, o mundo vivenciou um período chamado Idade Média. Nesse período, uma instituição que predominou nos aspectos econômicos, sociais e culturais foi a Igreja Católica. Guiados pela fé, os religiosos organizaram expedições evangelistas (Cruzadas), tomaram o poder (Sacro Império) e cometeram algumas atrocidades em nome de Deus, entre elas a Santa Inquisição.
Entende-se por Santa Inquisição o julgamento que a Igreja fazia a fim de separar os cristãos dos hereges. Qualquer um que não aceitasse as regras impostas, que desafiasse o poder da Igreja ou que não aceitasse Jesus Cristo como seu salvador, seria perseguido e levado à Inquisição. Consistia em um julgamento no qual o réu deveria pedir perdão por seus pecados e receber sua sentença, que na maioria das vezes era ser queimado vivo. O ato de pedir perdão ficou conhecido como o Auto de fé.
O Auto de fé era a cerimônia em que os réus eram obrigados a participar, antes de sua condenação. Era iniciado com um sermão e, logo depois, os réus tinham que pedir perdão por seus crimes sem direito à defesa. Em seguida, caminhavam em direção a um pátio, ladeados por expectadores de todas as partes do reino. Primeiro iam os réus que se salvaram da fogueira. Em suas roupas havia a pintura de uma chama de cabeça para baixo. Depois iam os réus condenados à fogueira. A pintura era de uma chama de ponta para cima (ilustrando o que lhes esperava). Por último iam os ditos hereges, réus que não aceitaram a salvação de suas almas ou que, por conta da gravidade de seus crimes, não receberam o perdão. Em suas vestes havia ilustrações de chamas, cobras e demônios. A cerimônia se encerrava nas chamas da fogueira. Os expectadores, em sua maioria, vibravam.
No ano de 2000, o papa João Paulo II, líder máximo da Igreja na época, pediu perdão por vários crimes cometidos pela instituição, inclusive a Santa Inquisição.
Por Demercino Júnior
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