Para muitos historiadores, a colonização do Nesta aula Brasil foi, em grande parte, um empreendimento urbano, apesar de a economia da Colônia ter se baseado na exportação de produtos rurais. O núcleo urbano foi o ponto de partida para a ocupação da terra.
As cidades coloniais tinham a nítida finalidade de civilizar a Colônia. As cidades eram o centro de difusão de hábitos e costumes da Metrópole.
Fundar cidades fazia parte da estratégia portuguesa de colonização, que não visava apenas à exploração predatória mas à permanência e à fixação do homem na terra. Foi a partir delas que o colonizador português exerceu o domínio econômico e militar do território.
Vamos ver o papel das cidades no processo de colonização e a herança cultural que elas significam.
Como eram as cidades no Brasil colonial
Além de serem parte integrante da estratégia portuguesa de colonização, as cidades no Brasil colonial também serviram de entrepostos comerciais e sedes do poder administrativo.
As primeiras cidades brasileiras foram fundadas junto ao mar, e isso tornouse uma marca da colonização portuguesa na América.
Até hoje, Parati mantém o visual arquitetônico que adquiriu desde a fundação, com suas fachadas simples, pintadas de branco.
Com características diferentes das que marcaram as cidades da América espanhola - que eram planejadas como um tabuleiro de xadrez, com ruas e quarteirões retos e uniformes -, as cidades brasileiras foram resultado da dinâmica do dia-a-dia, ou seja, de um crescimento desordenado.
Por isso, elas apresentavam certo naturalismo, obedecendo mais ao rigor do relevo local que a planos geométricos. Rio de Janeiro, Salvador e Olinda são exemplos de urbanização portuguesa no mundo colonial.
Embora a cidade colonial brasileira apresentasse uma certa desordem, em todas elas havia a presença do poder religioso - representado por igrejas e conventos de diversas ordens religiosas -, e do poder metropolitano - expresso pela Câmara, pelas fortificações e pelo porto.
Na cidade não havia indústria nem imprensa. A cidade colonial tinha uma vocação econômica notadamente mercantil. Nela, tudo se vendia e tudo se comprava. Era o espaço do grande comércio de exportação de mercadorias da Colônia e de importação de escravos.
A estrutura urbana era rudimentar. Somente algumas ruas eram calçadas e iluminadas com lampiões a óleo de baleia.
Não havia esgoto: os dejetos eram transportados pelos escravos em tonéis denominados tigres. Por causa das péssimas condições de higiene, as cidades eram freqüentemente assoladas por febres e endemias. Não havia transporte público; as famílias mais abastadas transitavam em carruagens ou liteiras. Na paisagem da cidade colonial, a mulher branca quase não aparecia, pois só lhe era permitido o percurso da casa para a igreja, onde quase sempre se cobria com véu.
Nosso patrimônio histórico-cultural
A maioria dos brasileiros de hoje não conhece a história da cidade onde mora, não conhece a riqueza do país onde nasceu. No entanto, vive perto de um patrimônio material e cultural originalíssimo, que define sua identidade como brasileiro.
Conservar essa herança, esse patrimônio histórico-cultural, é uma tarefa de todos os brasileiros, e não apenas do Governo. Afinal, esse legado pertence a todos nós. Um povo sem passado não pode se constituir enquanto Nação, não pode exercer plenamente seus direitos e deveres de cidadão.
Para garantir a preservação desse legado, a Constituição brasileira reconhece alguns bens históricos e culturais como patrimônio nacional. O último censo, realizado em 1991, registrou que 74% da população brasileira vive no meio urbano. Em 296 municípios, existem bens tombados e calcula-se que 1/3 da população (aproximadamente 50 milhões de pessoas) tenha contato, direto ou indireto, com esses bens. Além disso, há trinta sítios históricos preservados pelo governo federal.
A evolução das cidades
No final do século, as cidades brasileiras evoluíram rapidamente. O Rio de Janeiro já possuía 50 mil habitantes e, desde 1763, era sede da Colônia e porto por onde se exportava a produção das minas de ouro. Salvador, antiga capital colonial e importante centro de exportação do açúcar, contava 45.500 moradores.
Outras cidades populosas eram Recife, com 30 mil pessoas, São Luís do Maranhão, com 22 mil, e São Paulo, com 15.500.
Na Região das Minas, graças à mineração, surgiram mais cidades, como Mariana, Vila Rica (atual Ouro Preto), Sabará e São João del Rei. As cidades criadas com a riqueza trazida pelo ouro foram abandonadas quando as minas se esgotaram. Não houve outra atividade econômica que desse continuidade ao progresso e à modernização dessa região.
No litoral do Rio de Janeiro, a cidade de Parati, que foi a primeira a escoar o ouro das Minas, permaneceu praticamente inalterada. Pelas características de sua arquitetura e pelo valor artístico e cultural que representam, Ouro Preto e Parati são hoje consideradas patrimônio da humanidade pela Organização para a Educação, Ciência e Cultura das Nações Unidas - UNESCO.
Depois da chegada da Corte, a cidade do Rio de Janeiro prosperou e expandiu-se.
O tempo não pára
As cidades coloniais brasileiras nos deixaram um rico patrimônio históricocultural.
Nesse período, surgiu o chamado estilo barroco colonial brasileiro, que até hoje podemos observar na arquitetura e na ornamentação das igrejas.
Mas não foi apenas a riqueza do barroco que marcou a beleza e as características das novas cidades coloniais. A arquitetura adaptada ao clima tropical, a integração com a natureza, o traçado tortuoso das ruas e a simplicidade de largos e praças também fazem parte dessa herança. Preservá-la é manter vivas as origens de nossa história e de nossa identidade cultural.
Fonte: www.cienciamao.usp.br