Por Antonio Gasparetto Junior |
A República Velha no Brasil foi marcada pelo domínio de oligarquias políticas que, normalmente, estavam ligadas à produção do café. O produto era o principal na pauta de exportações brasileira e garantia poderio aos seus produtores no campo político. Muito se disse na historiografia que havia inclusive um pacto entre São Paulo e Minas Gerais denominado política do café com leite para monopolizar o jogo político entre os dois estados, os quais seriam, respectivamente, os maiores produtores de café e de leite do Brasil. Entretanto esse argumento foi solucionado pela historiadora Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, que mostrou não existir um pacto com a rigidez que era propagada e que tampouco o termo que dá nome à política existia na época, o qual só surgiu na década de 1930. O que acontecia, de fato, era a predominância de alguns estados, não apenas São Paulo e Minas Gerais, na cena política nacional, o que mantinha uma oligarquia cafeeira no poder.
A campanha presidencial para 1910 foi uma das mais acirradas da Primeira República, colocava em disputa os candidatos Hermes da Fonseca e Ruy Barbosa. Este protagonizou a chamada Campanha Civilista apresentando uma alternativa civil para a Presidência da República. Mas o vencedor foi Hermes da Fonseca.
A Política das Salvações foi uma das principais marcas do governo de Hermes da Fonseca. A vitória deste trouxe os militares novamente para o centro da política nacional, já que o mesmo era Marechal e desde Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os dois primeiros presidentes do Brasil, os militares não ocupavam o maior cargo político nacional.
A Política das Salvações foi uma tentativa dos militares de destituir as oligarquias políticas locais, de acordo com o projeto do presidente Hermes da Fonseca. Nasceu como uma proposta de enfrentar a Campanha Civilista de Ruy Barbosa nas disputas eleitorais, mas seu crescimento e aplicação se deram mesmo após o resultado das eleições. A execução da Política das Salvações tratava-se de nomear interventores militares nos estados brasileiros para enfraquecer os cafeicultores.
A suposta prática de moralização da política nacional não se desenvolveu da forma desejada. Em primeiro lugar, a política de Hermes da Fonseca de nomear interventores militares enfrentou oposição dos cafeicultores e conheceu a derrota em alguns lugares, como foi o caso no estado de São Paulo. Em segundo lugar, o que ocorria era a substituição de uma oligarquia por outra quando se conseguia colocar no poder um interventor militar, contradizendo o intuito de moralização política. Em terceiro lugar, a própria população também se manifestou contra a Política das Salvações já que percebia a permanência de oligarquias e a redução das desigualdades sociais não acontecia. Um dos casos mais famosos da ação do povo contra a iniciativa do Governo Federal foi a revolta liderada pelo padre Cícero, no Ceará, o qual estava interessado em assumir o poder que era dos fazendeiros.
A Política das Salvações tomou rumo pior ainda para o presidente Hermes da Fonseca quando os interventores militares começaram a estabelecer suas próprias oligarquias que resultavam no abalo do governo central. Foi então que Hermes da Fonseca desistiu de seu programa de governo baseado na Política das Salvações e caiu em descrédito e encontrou dificuldades políticas e econômicas, entregando o Brasil para o seu sucessor com grandes dificuldades.
Fontes:
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=652
http://pt.wikipedia.org/wiki/Política_das_Salvações