A
sociologia da infância, elaborada em torno da década de 30 do século passado, desenvolve-se cada vez mais no contexto mundial, justamente por estimular a ideia de posicionar as crianças, no campo da teoria e da metodologia, como atores sociais perfeitos. Esta visão resulta de uma controvérsia sobre as definições da sociabilidade na esfera sociológica.
Alguns autores defendem que o ponto de vista da sociologia deve englobar não somente as acomodações e interiorizações vigentes nos mecanismos da socialização, mas igualmente os sentimentos de posse, as recriações e as multiplicações perpetradas pelos que se encontram no estágio infantil.
Este ângulo subverte o conceito que se tem da criança como um ser passivo, um mero receptor das ideias dos mais velhos. Os infantes entabulam pactos e contratos, dividem com os adultos seus conceitos próprios e desenvolvem ao seu lado, e também em parceria com outras crianças, novas culturas.
Esta sociologia elabora o conceito de ator social no mesmo contexto que assiste a retomada das teorias interpretativas tradicionais, levando-as novamente ao cenário principal da mentalidade social. Contribui para isso o decisivo ingresso das crianças na moderna pauta das discussões e políticas públicas; isso ocorre em vista das transformações no modo de vida deste significativo grupo social em todo o Planeta, por conta das mudanças essenciais nos campos da economia, da política, da cultura e nas engrenagens sociais, engendradas na segunda metade da Modernidade.
Marcel Mauss foi o responsável pelo surgimento da Sociologia da Infância no seio das Ciências Sociais, na década de 30. Logo depois, porém, o estudo sociológico da infância passa por um mecanismo de exclusão no bojo das pesquisas acadêmicas, no que concerne a sua independência intelectual.
Apenas depois da década de 80, com as mutações concretizadas no campo infantil, os acadêmicos do continente europeu e da América do Norte acolhem a infância enquanto estágio fundamental da existência, e como um fator essencial na arquitetura social. Para que essa ideia se enraizasse entre estes sociólogos, houve a necessidade de subverter a mentalidade vigente sobre as crianças, consideradas até então meros seres biológicos e psíquicos, simples peões nas jogadas sociais dos adultos. E a infância deixou de ser vista como apenas uma condição natural do desenvolvimento humano.
Hoje, em pleno século XXI, debatem-se questões como o pretenso desvanecimento do conceito de infância, recém-nascido nos debates teóricos – fenômeno conhecido como a crise social da infância, fruto também das mudanças típicas da modernidade -, e a visão da condição infantil como um fator de construção social, seguida de perto pela constatação da existência de inúmeras infâncias, conforme os juízos, as práxis, as discussões que se estruturam em torno desta ideia.
Fontes:
http://www.culturainfancia.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&catid=59:sociologia&id=143:sociologia-da-infancia-pesquisa-com-criancas&Itemid=99
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/download/3288/2853