De origem germânica, mas naturais da Escandinávia, os Vândalos encontravam-se, no século I d. C., na região báltica compreendida entre o Elba e o Vístula. Plínio refere os Vandili como um amplo grupo de tribos germânicas orientais. Este povo é recordado pela primeira vez, na zona do Danúbio, por ocasião da guerra entre Marco Aurélio, os Marcomanos e os Quados. Os Vândalos dividiam-se em dois grupos: os Silingos e os Asdingos. No tempo de Caracala encontramo-los em desacordo com os Marcomanos e, em 270 d. C., os Vândalos asdingos foram derrotados por Aureliano e expulsos para a outra margem do Danúbio. Por volta de 335 d. C., os Vândalos Asdingos, atacados na zona do Danúbio pelos Godos, obtiveram a autorização de Constantino para se estabelecerem em Panonia, em troca da submissão aos romanos e da obrigação de oferecer contingentes militares. Permaneceram nessa zona cerca de 60 anos até que, sob pressão dos Hunos, se juntaram aos Suevos, Alanos e Vândalos silingos e formaram uma grande coluna bárbara. Superada a resistência dos francos, em 31 de Dezembro de 406 d. C., passaram o Reno, invadiram a Gália e devastaram amplas regiões. No Outono de 409 d. C., os Vândalos, os Suevos e os Alanos entraram em Espanha, ocupando-a. Em 416 d. C., o rei Visigodo Valia prometeu a Honório libertar Espanha dos demais bárbaros: expulsou os silingos, cujo rei Fredbal foi capturado e levado para Itália, e os Alanos. O rei Vândalo Gunderico reclamou então sob seu domínio todo o povo Vândalo e Alano, com o título de "rei dos Vândalos e dos Alanos". Posteriormente, os Vândalos desceram até à Espanha Meridional, tentando inicialmente controlar a zona de Cartagena e Sevilha e, mais tarde, toda a Espanha. Foi então que se manifestou a intolerância dos Vândalos, de religião ariana, relativamente aos romanos católicos. Em 428 d. C., sucedeu a Gunderico seu irmão Genserico, que no ano seguinte conduziu o seu povo (um conjunto de 80 000 homens, entre Vândalos, Alanos e Visigodos dispersos que haviam permanecido em Espanha) a África, atraído pelas suas riquezas e pela fertilidade da região. Beneficiando da discórdia entre o governador da província, Bonifácio, e o governo imperial, rapidamente conseguiu derrotar os romanos, que apenas conservaram o controlo de Cartago. Posteriormente, os romanos reconheceram aos Vândalos o seu estabelecimento no proconsulado de Numidia. Começou assim o reino africano dos Vândalos, que alcançou o seu auge durante o reinado de Genserico. O domínio dos Vândalos estendeu-se progressivamente em África e, ao mesmo tempo, a frota vândala castigava com sucessivas incursões de pirataria as costas da Sicília e da Sardenha. A morte de Valentiniano ofereceu a Genserico a oportunidade de saquear Roma em Junho de 455 d. C. As repetidas tentativas militares e diplomáticas para conter e derrubar o poder dos Vândalos revelaram-se infrutíferas e, em 476 d. C., o imperador bizantino foi obrigado a reconhecer oficialmente o reino dos Vândalos, que consistiria numa alargada zona territorial: toda a província da África, Baleares, Córsega, Sardenha e Sicília. O estabelecimento dos Vândalos em África teve fortes repercussões sociais e religiosas. Os Vândalos submeteram os católicos a fortes perseguições, mas, no final do reino de Genserico, a opressão aliviou um pouco e foi permitido o regresso dos clérigos desterrados. Com Ilderico, neto de Genserico, dá-se uma reviravolta política: o rei Vândalo rompe a antiga aliança com os Ostrogodos, estreita relações com o imperador de Bizâncio e com os romanos, e concede liberdade religiosa aos cristãos. Mas a conduta de Ilderico suscitou um profundo descontentamento entre os Vândalos e o rei foi deposto e encarcerado, tendo sido substituído por Gelimero, sobrinho de Genserico. Justiniano aproveitou a ocasião para enviar a África um corpo expedicionário, comandado por Belisário que, aproveitando o apoio dos Ostrogodos da Sicília e dos povos indígenas africanos, derrubou em pouco tempo o reino dos Vândalos (Junho de 533 - Março de 534), que saíram assim definitivamente da História.
Fonte:
Vândalos. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-02-07].
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