ÁSIA
A independência das Filipinas, em 5/7/1945, se efetiva em 12/6/1946, com a proclamação da República por Manuel Roxas. Na Indonésia, a guerra contra a colonização holandesa começa em 15/8/1945 e se estende até a proclamação da República, em 17/8/1950, pelo líder nacionalista Sukarno.Em 15/6/1947, as tropas soviéticas saem do Irã, onde estavam desde 1941. A independência da Índia e do Paquistão, em 15/8/1947, assinala o fim do domínio britânico no subcontinente. Assiste-se à emancipação da Birmânia, em 4/1/1948, e do Ceilão (atual Sri Lanka), em 4/2/1948.
Guerra da Indochina - No início do séc. XX surge, na União Indochinesa (a colônia francesa da Cochinchina e os protetorados do Camboja, Anã, Tonquim e Laos), a oposição nacionalista vietnamita, dividida no Partido Nacional do Vietnã, que deseja aliar-se à China de Chiang Kaishek, e no Partido Comunista Indochinês, fundado por Ho Chi Minh , que, em 1941, cria o Vietminh (Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã), contra os invasores japoneses. Em março de 1945, estes tinham expulsado os franceses, entregando o governo de Saigon ao imperador Bao Dai.
No final da II Guerra, o Vietminh alia-se aos nacionalistas que se opõem a Bao Dai e instalam, em Hanói, uma República Democrática reconhecida, em março de 1946, pela França, interessada em recuperar o controle sobre a região.
Paralelamente, em 1º/6/1946, o comissário francês para a Indochina, Thierry d'Argenlieu, apóia, em Saigon, a criação de uma República da Cochinchina - o que faz com que a França reconheça dois governos de fato na região.
Luta no Vietnã - As negociações com Hanói, sobre o retorno da administração colonial no Sul, chegam a um impasse. Diante disso, a França bombardeia Haiphong, em 24/11/1946. Após o fracasso, em 19/12/1946, de um golpe Vietminh em Saigon, Ho passa à clandestinidade e o general Vo Nguyen Giap dá início à guerra de guerrilhas.
A recusa de Ho em aceitar os acordos de 5/6/1948 e 8/3/1949, que reconhecem a independência dentro da União Francesa, tendo Bao Dai como chefe de Estado, faz o conflito ampliar-se em nível internacional. A essa altura, o Vietminh é apoiado pela China, e a França, pelos EUA.
Divisão - Depois da tomada, em 7/5/1954, da base francesa de Diem Bien Phu, no delta de Tonquim, pelo general Vo, aceleram-se as negociações que levam ao Acordo de Genebra, de 21/7/1954, pelo qual o país é temporariamente dividido, na altura do paralelo 17, até as eleições.
Estas deveriam realizar-se após julho de 1956, mas nunca serão convocadas. Bao Dai nomeia o 1º-ministro Ngo Dinh Diem, enquanto o Vietminh assume formalmente, em 2/9/1945, o controle do Norte. Na guerra, a França perde 92.800 dos 470 mil soldados da tropa colonial e da metrópole; o Vietminh possui 375 mil soldados, mas não há dados exatos sobre suas perdas. A guerra repercute também nos dois outros países da Indochina.
Laos - Autônomo desde 1949, divide-se em três grupos políticos: os neutralistas, do príncipe Suvana Fuma; os pró-comunistas, do príncipe Suvanavong; e os nacionalistas de direita, do general Fumi Nosavan. Em 1950, Suvanavong funda o Pathet Lao (Laos Livre), dissidência do movimento de resistência anticolonialista Lao Issarak. P
assa a controlar as regiões de fronteira com o Camboja e o Vietnã, em aliança com os revolucionários desses países; e boicota as eleições exigidas pela Conferência de Genebra (1954), que determinara a partilha da Indochina e a independência do Laos.
Entre 1956 e 1960, os ataques do Pathet Lao e as tentativas de golpe de Fumi desgastam a coalizão de Suvana Fuma, que tem de fugir para o Camboja. Pressionadas por tropas americanas, as três facções concordam, na II Conferência de Genebra, de 1962, com a neutralidade do país e o retorno de Suvana.
Camboja - Autônomo dentro da União Francesa desde 1946, torna-se independente em 1954 e seu chefe de Estado, o príncipe Norodom Sihanuk, declara-o neutro. Mas essa posição não agrada à extrema direita das Forças Armadas, em vista do aparecimento do Khmer Vermelho, grupo de extrema esquerda que age na clandestinidade. Em 18/3/1970, o golpe do general Lon Nol derruba Sihanuk e permite a entrada de tropas americanas no país, para combater o Khmer Vermelho e seus aliados do vietcong.
Subcontinente indiano - No início do séc. XX, a Índia, cujo território incorpora os atuais Paquistão e Bangladesh, é o centro do Império Britânico. O movimento de libertação é organizado, a partir de 1919, pelo advogado hindu Mohandas Ghandi, que viria a ser conhecido como o Mahatma (grande alma). Ele prega a resistência pacífica e luta por reformas sociais e econômicas que dêem melhores condições de vida a 60 milhões de párias contra os monopólios britânicos.
Em 1942, o Partido do Congresso (P do C), fundado pelos hindus em 1885, rompe com a Liga Muçulmana (LM), criada por Mohamed Ali Jinná, pois esta deseja formar um Estado muçulmano independente no Paquistão, englobando o Baluquistão, o Punjab ocidental, o Sind e Bengala Or. (Bangladesh). O P do C é posto na ilegalidade, enquanto a LM, em troca do apoio à Grã-Bretanha na II Guerra, é autorizada a funcionar.
Cisão - Em 1947, surgem duas nações independentes: a Índia, liderada por Jauaharlal Nehru, e o Paquistão, tendo Liaqat Ali Cã como 1º-ministro. Mas os conflitos entre hindus e muçulmanos continuam, custando mais de 1 milhão de vidas. Os dois novos países disputam pelas armas os Estados de Jammu e Cachemira; o cessar-fogo obtido pela ONU não põe fim ao litígio e, em 1957, contrariando a resolução da Assembléia Geral, a Índia anexa a parte da Cachemira que ocupou.
Guerra Indo-chinesa - Começa em 20/10/1962; suas causas são o litígio sobre territórios fronteiriços, a ajuda indiana à guerrilha antichinesa do Tibete e o apoio chinês às reivindicações paquistanesas sobre a Cachemira.
A rápida vitória chinesa acelera o programa nuclear da Índia, que explodirá sua primeira bomba atômica (1974).
Guerra Indo-paquistanesa - Em 25/8/1965, o Paquistão tenta uma vez mais recuperar a Cachemira; mas é derrotado em 22/9. Um acordo será assinado, no ano seguinte, pelo 1º-ministro Lal Bahadur Shastri e pelo presidente general Ayub Cã.
Secessão - Em 23/3/1971, o Paquistão Or. começa a luta pela independência, proclamando, em 17/4, a República de Bangladesh. Mas como seu território continua ocupado por tropas de Islamabad, a Índia, em 3/12, invade o Paquistão, que se rende em 16/12, sendo forçado a reconhecer o novo país. Em 28/8/1973, é assinado acordo para resolver os problemas criados pela guerra, entre os quais o da troca de prisioneiros.
ÁFRICA
No fim da II Guerra, a França promete revisar o estatuto que limita o acesso dos nativos à cidadania e dar certograu de autonomia a seus territórios de ultramar. E a Grã-Bretanha prevê, para futuro remoto, a representação majoritária dos colonizados no governo de suas próprias nações.
Começam a surgir, entretanto, movimentos de libertação nacional nos países árabes do norte da África (o Neo-Destur tunisiano, a Frente de Libertação Nacional argelina, os nacionalistas e pan-arabistas egípcios e sírios).
Na África negra, a consciência da necessidade de autodeterminação provém da ocidentalização das elites intelectuais e das transformações sociais decorrentes da exploração econômica européia. O processo de independência desses países, entretanto, é desigual e, em muitos casos, a emancipação só será conquistada à custa de lutas demoradas.
Países árabes - A independência do Egito é obtida com a revolução nacionalista de 1952; constitui-se em seguida, com a Síria e o Iêmen, a República Árabe Unida, que dura até 1961. No plebiscito de 1956, o Sudão decide separar-se do Egito.
Nesse mesmo ano, a ONU confirma a independência que a Líbia - perdida pela Itália na II Guerra - obtivera em 1951, e o Marrocos e a Tunísia conseguem que a França lhes dê autonomia. Mas a independência da Argélia terá de ser arrancada por uma guerra civil, fruto do descontentamento árabe com a política de confisco de terras (em 1950, um terço dos melhores terrenos estava nas mãos dos colonizadores).
Guerra da Argélia - Nem a extensão da cidadania francesa aos argelinos (1947), nem a abertura de postos aos muçulmanos no serviço público conseguem conter a agitação. O conflito é desencadeado pelos atentados com que, em 31/10/1954, a Frente de Libertação Nacional (FLN) responde aos atos terroristas antiárabes dos extremistas pied noir (colonos franceses).
Tropas coloniais, reforçadas pela metrópole, obtêm vitórias iniciais. Mas a FLN, unida aos comunistas, desencadeia extensa campanha de terrorismo urbano em agosto de 1956. Na Batalha de Argel, de janeiro a setembro de 1957, o general Jacques Massu desmantela a organização terrorista, o que contribui para separar ainda mais as comunidades européia e muçulmana.
Na França, a guerra divide a opinião pública: a passividade da IV República, incapaz de reprimir a rebelião e de impor reformas decisivas, e a suspeita de que há negociações secretas entre Paris e a FLN geram a crise de maio de 1958, que resulta na volta do general De Gaulle ao poder em 21/12/1958.
Em setembro de 1958, no Cairo, constitui-se, sob a presidência de Ferhat Abbas, o Governo Provisório da República Argelina (GPRA). Mas só depois do referendo de 3/1/1961 De Gaulle tem carta branca para negociar a paz.
Decidida, no entanto, a impedir a independência, a ala conservadora do Exército, liderada pelos general Maurice Challe, André Zeller, Edmond Jouhaud e Raoul Salan, tenta um golpe entre 21 e 26/4/1961; derrotada, entra para a clandestinidade, forma a Organização do Exército Secreto e promove novas ações terroristas, fazendo o GPRA retomar as negociações: em 18/3/1962, o Acordo de Evian reconhece a soberania da Argélia.
Dos 2 milhões de franceses envolvidos no conflito, 24.614 morrem e 64.985 ficam feridos: segundo estimativa da FLN, suas perdas totais elevam-se a 1 milhão de homens.
Os acontecimentos na Argélia contribuem para apressar a abolição do protetorado francês, no Marrocos, e espanhol, no Riff. Em 1969, o enclave espanhol do Ifni é anexado ao território marroquino. Mas a Espanha permanece no Rio de Oro (atual Saara Ocidental), de onde só se retirará em 1976.
Países negros - Das colônias francesas, a Guiné é a única a optar pela independência no plebiscito de 1958, organizado por De Gaulle. As demais preferem esperar pela reforma constitucional de 1960, que lhes permite ficar na Comunidade Francesa e conservar a ajuda econômica da metrópole, participando, por seu intermédio, da CEE e tendo sua moeda (o franco CFA, divisa dos países membros da Comunidade Financeira Africana) alinhada à da França. Em 1960, é negociado, na ONU, o fim dos mandatos franco-britânicos no Togo e Camarões.
Colônias britânicas - Gana é a primeira a se emancipar, em 1957. À exceção do Quênia, onde há a rebelião Mau Mau, os conflitos com os nativos não assumem proporções extremas e, até 1968, todas as colônias e protetorados estão independentes: a Nigéria em 1960; Serra Leoa e Tanganica em 1961; Uganda em 1962; o Quênia em 1963; Zâmbia, Malavi e Zanzibar em 1964; Gâmbia em 1965; Botsuana e Lesoto em 1966; Suazilândia e Maurício em 1968. Em 1964, Zanzibar une-se a Tanganica, formando a Tanzânia.
A minoria branca da Rodésia declara a independência unilateral em 1965, só reconhecida pela Grã-Bretanha em 1980, quando o país, que passará a chamar-se Zimbábue, já está sob controle de um governo negro. Em 1960, a Somalilândia britânica obtém permissão para integrar-se à República da Somália, originada da ex-colônia italiana.
Colônias belgas - No Congo e em Ruanda-Urundi a emancipação é obtida à custa de guerras desgastantes. No primeiro, após sangrentas manifestações que forçam Bruxelas a conceder independência, em 28/6/1960, o país mergulha na guerra civil: há três grupos lutando pelo poder, sob a liderança do conservador Joseph Kasavubu, do comunista Patrice Lumumba e de Moïse Tshombe, que conta com apoio belga.
Ela se encerra com o golpe do coronel Joseph Mobutu, que, mais tarde, adotará o nome de Mobutu Sese Seko. Derrubando Lumumba, afasta os demais líderes e instaura um regime forte, ainda hoje vigente no atual Zaire.
Em Ruanda-Urundi, herdada da Alemanha após a I Guerra, a luta pela independência confunde-se com a guerra da maioria hutu contra os dominadores uatutsi. O plebiscito de 1962 separa Ruanda e o Burundi; mas os conflitos interétnicos permanecem até hoje.
Colônias portuguesas - Só se libertam após a Revolução dos Cravos, de 1974, em Portugal. Mas, desde a década de 60, a metrópole vinha enfrentando movimentos rebeldes.
Em 1961, a União dos Povos Angolanos (UPA) fixa posições no nordeste da colônia. Em 1966, o Movimento Popular para a Libertação de Angola, fundado em 1956 por Agostinho Neto, e a União Nacional pela Independência Total de Angola (UNITA), criada por Jonas Savimbi em 1966, abrem novas frentes.
Mas, apesar de seu crescimento e da ajuda externa que recebem, esses movimentos permanecem divididos. Uma tentativa de superar divergências é a união de Agostinho Neto com Holden Roberto, da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), em 1972.
O acordo de Alvor, de 15/1/1975, promete a independência para 11/11; mas os litígios entre os movimentos de libertação fazem com que o governo português o revogue, em 29/8, retirando-se de Angola sem ato oficial de passagem do poder, para demonstrar que não apoiava nenhum dos grupos em luta.
A rebelião, na Guiné-Bissau, também começa em 1961, sob a liderança de Amílcar Cabral, do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em setembro de 1973, à revelia de Portugal, o PAIGC anuncia a independência da Guiné-Bissau e o governo de Luís Cabral é reconhecido pela ONU. A revolta da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) é um pouco mais tardia (setembro de 1964).
O assassinato de seu líder, Eduardo Mondlane, em 5/2/1969, retarda o processo; mas o movimento é encabeçado por Samora Machel, que reivindica a independência. O novo governo português acelera a descolonização, assinando acordos preliminares com o PAIGC, em Argel (26/8/1974), e com a Frelimo, em Lusaca (7/9/1974). A independência definitiva da Guiné-Bissau vem em 10/9/1974 e a de Moçambique em 24/6/1975.
Fonte:
Começam a surgir, entretanto, movimentos de libertação nacional nos países árabes do norte da África (o Neo-Destur tunisiano, a Frente de Libertação Nacional argelina, os nacionalistas e pan-arabistas egípcios e sírios).
Na África negra, a consciência da necessidade de autodeterminação provém da ocidentalização das elites intelectuais e das transformações sociais decorrentes da exploração econômica européia. O processo de independência desses países, entretanto, é desigual e, em muitos casos, a emancipação só será conquistada à custa de lutas demoradas.
Países árabes - A independência do Egito é obtida com a revolução nacionalista de 1952; constitui-se em seguida, com a Síria e o Iêmen, a República Árabe Unida, que dura até 1961. No plebiscito de 1956, o Sudão decide separar-se do Egito.
Nesse mesmo ano, a ONU confirma a independência que a Líbia - perdida pela Itália na II Guerra - obtivera em 1951, e o Marrocos e a Tunísia conseguem que a França lhes dê autonomia. Mas a independência da Argélia terá de ser arrancada por uma guerra civil, fruto do descontentamento árabe com a política de confisco de terras (em 1950, um terço dos melhores terrenos estava nas mãos dos colonizadores).
Guerra da Argélia - Nem a extensão da cidadania francesa aos argelinos (1947), nem a abertura de postos aos muçulmanos no serviço público conseguem conter a agitação. O conflito é desencadeado pelos atentados com que, em 31/10/1954, a Frente de Libertação Nacional (FLN) responde aos atos terroristas antiárabes dos extremistas pied noir (colonos franceses).
Tropas coloniais, reforçadas pela metrópole, obtêm vitórias iniciais. Mas a FLN, unida aos comunistas, desencadeia extensa campanha de terrorismo urbano em agosto de 1956. Na Batalha de Argel, de janeiro a setembro de 1957, o general Jacques Massu desmantela a organização terrorista, o que contribui para separar ainda mais as comunidades européia e muçulmana.
Na França, a guerra divide a opinião pública: a passividade da IV República, incapaz de reprimir a rebelião e de impor reformas decisivas, e a suspeita de que há negociações secretas entre Paris e a FLN geram a crise de maio de 1958, que resulta na volta do general De Gaulle ao poder em 21/12/1958.
Em setembro de 1958, no Cairo, constitui-se, sob a presidência de Ferhat Abbas, o Governo Provisório da República Argelina (GPRA). Mas só depois do referendo de 3/1/1961 De Gaulle tem carta branca para negociar a paz.
Decidida, no entanto, a impedir a independência, a ala conservadora do Exército, liderada pelos general Maurice Challe, André Zeller, Edmond Jouhaud e Raoul Salan, tenta um golpe entre 21 e 26/4/1961; derrotada, entra para a clandestinidade, forma a Organização do Exército Secreto e promove novas ações terroristas, fazendo o GPRA retomar as negociações: em 18/3/1962, o Acordo de Evian reconhece a soberania da Argélia.
Dos 2 milhões de franceses envolvidos no conflito, 24.614 morrem e 64.985 ficam feridos: segundo estimativa da FLN, suas perdas totais elevam-se a 1 milhão de homens.
Os acontecimentos na Argélia contribuem para apressar a abolição do protetorado francês, no Marrocos, e espanhol, no Riff. Em 1969, o enclave espanhol do Ifni é anexado ao território marroquino. Mas a Espanha permanece no Rio de Oro (atual Saara Ocidental), de onde só se retirará em 1976.
Países negros - Das colônias francesas, a Guiné é a única a optar pela independência no plebiscito de 1958, organizado por De Gaulle. As demais preferem esperar pela reforma constitucional de 1960, que lhes permite ficar na Comunidade Francesa e conservar a ajuda econômica da metrópole, participando, por seu intermédio, da CEE e tendo sua moeda (o franco CFA, divisa dos países membros da Comunidade Financeira Africana) alinhada à da França. Em 1960, é negociado, na ONU, o fim dos mandatos franco-britânicos no Togo e Camarões.
Colônias britânicas - Gana é a primeira a se emancipar, em 1957. À exceção do Quênia, onde há a rebelião Mau Mau, os conflitos com os nativos não assumem proporções extremas e, até 1968, todas as colônias e protetorados estão independentes: a Nigéria em 1960; Serra Leoa e Tanganica em 1961; Uganda em 1962; o Quênia em 1963; Zâmbia, Malavi e Zanzibar em 1964; Gâmbia em 1965; Botsuana e Lesoto em 1966; Suazilândia e Maurício em 1968. Em 1964, Zanzibar une-se a Tanganica, formando a Tanzânia.
A minoria branca da Rodésia declara a independência unilateral em 1965, só reconhecida pela Grã-Bretanha em 1980, quando o país, que passará a chamar-se Zimbábue, já está sob controle de um governo negro. Em 1960, a Somalilândia britânica obtém permissão para integrar-se à República da Somália, originada da ex-colônia italiana.
Colônias belgas - No Congo e em Ruanda-Urundi a emancipação é obtida à custa de guerras desgastantes. No primeiro, após sangrentas manifestações que forçam Bruxelas a conceder independência, em 28/6/1960, o país mergulha na guerra civil: há três grupos lutando pelo poder, sob a liderança do conservador Joseph Kasavubu, do comunista Patrice Lumumba e de Moïse Tshombe, que conta com apoio belga.
Ela se encerra com o golpe do coronel Joseph Mobutu, que, mais tarde, adotará o nome de Mobutu Sese Seko. Derrubando Lumumba, afasta os demais líderes e instaura um regime forte, ainda hoje vigente no atual Zaire.
Em Ruanda-Urundi, herdada da Alemanha após a I Guerra, a luta pela independência confunde-se com a guerra da maioria hutu contra os dominadores uatutsi. O plebiscito de 1962 separa Ruanda e o Burundi; mas os conflitos interétnicos permanecem até hoje.
Colônias portuguesas - Só se libertam após a Revolução dos Cravos, de 1974, em Portugal. Mas, desde a década de 60, a metrópole vinha enfrentando movimentos rebeldes.
Em 1961, a União dos Povos Angolanos (UPA) fixa posições no nordeste da colônia. Em 1966, o Movimento Popular para a Libertação de Angola, fundado em 1956 por Agostinho Neto, e a União Nacional pela Independência Total de Angola (UNITA), criada por Jonas Savimbi em 1966, abrem novas frentes.
Mas, apesar de seu crescimento e da ajuda externa que recebem, esses movimentos permanecem divididos. Uma tentativa de superar divergências é a união de Agostinho Neto com Holden Roberto, da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), em 1972.
O acordo de Alvor, de 15/1/1975, promete a independência para 11/11; mas os litígios entre os movimentos de libertação fazem com que o governo português o revogue, em 29/8, retirando-se de Angola sem ato oficial de passagem do poder, para demonstrar que não apoiava nenhum dos grupos em luta.
A rebelião, na Guiné-Bissau, também começa em 1961, sob a liderança de Amílcar Cabral, do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em setembro de 1973, à revelia de Portugal, o PAIGC anuncia a independência da Guiné-Bissau e o governo de Luís Cabral é reconhecido pela ONU. A revolta da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) é um pouco mais tardia (setembro de 1964).
O assassinato de seu líder, Eduardo Mondlane, em 5/2/1969, retarda o processo; mas o movimento é encabeçado por Samora Machel, que reivindica a independência. O novo governo português acelera a descolonização, assinando acordos preliminares com o PAIGC, em Argel (26/8/1974), e com a Frelimo, em Lusaca (7/9/1974). A independência definitiva da Guiné-Bissau vem em 10/9/1974 e a de Moçambique em 24/6/1975.
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