O centro Espacial de Houston divulgou transmissões da Rádio de Moscou, segundo as quais Komarov, com problemas de controle, comunicações e consumo demasiado de combustível, lutou durante três órbitas para fazer a União-1 reingressar na atmosfera, mas o pára-quedas da nave não se abriu e precipitou-se ao solo, a uma altura superior de 6 mil metros.
Experimentava a primeira de uma nova geração de cápsulas espaciais, as Soyuz, maiores, mais pesadas e aperfeiçoadas que suas antecessoras. Os projetos soviéticos previam o abandono da cápsula pelos astronautas e a descida em pára-quedas. A morte de Komarov causou impacto tão grande em toda a União Soviética que homens e mulheres choravam abertamente nas ruas.
O Coronel-Engenheiro Vladimir Komarov, primeiro a pilotar uma nave Soyuz, herói da União Soviética, tornou-se o primeiro astronauta a morrer no regresso de uma missão espacial.
Komarov, filho de operários, cursou a primeira Escola das Forças Aéreas de Moscou, terminando em 1945. Segundo os seus chefes Vladimir Komarov possuía qualidades de segurança e reações rápidas, profundo conhecimento técnico e grande valentia. Depois de terminado o curso de Engenharia Militar Aérea, foi convidado a fazer parte do destacamento de cosmonautas.
Recebeu postumamente a Medalha da Estrela de Ouro. Com honras de Estado, seus restos, traslados do Centro de Vôos Espaciais para Moscou, foram cremados antes de baixar à sepultura no Kremlin, onde repousam os heróis do país.
Os caminho sem volta do céu
Nem todos podem sentir-se felizes como Gagárin ao ver que a Terra é azul, ou compensar a terrível solidão das alturas na festa do desembarque. No caso dos heróis do espaço, o imprevisível resiste à exatidão dos cálculos, à perfeição dos instrumentos, e, de certa forma, até à capacidade humana de imaginar uma tragédia além dos limites do mundo.
Quando Vladimir Komarov faz cair o silêncio sobre o que seria a notícia de um novo recorde soviético, não há quem não veja na figura dos cosmonautas um halo quase grave, pela certeza de que eles se preparam também para o pior.
Vladimir Komarov
Cosmonauta
Komarov se tornou cosmonauta em 1960, no primeiro grupo de homens selecionados para o programa espacial soviético, junto com Yuri Gagarin e Gherman Titov, os dois primeiros homens em órbita da Terra e subiu ao espaço pela primeira vez em 1964, comandando a nave Voskhod 1, em companhia dos cosmonautas Boris Yegorov e Konstantin Feoktistov, no primeiro vôo ao espaço de uma nave com mais de um tripulante.
Tragédia
Em 1967 ele realizou seu segundo vôo espacial, desta vez sozinho na nova nave Soyuz 1e tudo correu normalmente durante o vôo, até a reentrada na atmosfera, quando o pára-quedas de freio não abriu e a cápsula se espatifou no solo, matando Komarov.
Pouco antes do impacto, o premier soviético Alexei Kossygin disse a Komarov que seu país estava orgulhoso dele. Um posto de escuta da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, em Istambul, Turquia, revelou que a resposta de Komarov foi inaudível.[1], apesar dos persistentes rumores, na época, de que ele morreu maldizendo os construtores da nave e o controle de terra. [2]
Desde sua morte, começaram a aparecer notícias de que a nave Soyuz tinha problemas de concepção e funcionamento desde o início e não estaria em condições de realizar uma missão espacial tripulada, mas apesar das objeções dos engenheiros do programa espacial o vôo teria acontecido por pressões de líderes políticos soviéticos, que desejavam uma grande missão espacial em comemoração do aniversário de nascimento de Lênin.
Honrarias
Vladimir Komarov foi condecorado duas vezes com a Ordem de Lenin e com o título de Herói da União Soviética e seus restos mortais se encontram sepultados no Kremlin, em Moscou, ao lado de outros luminares da antiga União Soviética. Sua referência na cultura popular se fez presente em diversos momentos.
Uma cratera da Lua e o asteróide 1836 Komarov foram batizados em sua homenagem. Também, a banda italiana de rock progressivo Taproban inseriu no trecho final da canção "Nexus" as últimas palavras pronunciadas por Komarov, na Soyuz, antes de sofrer o acidente que tirou sua vida.
Fontes: Jblog