O continente perdido já foi "encontrado" no mundo inteiro, mas era só uma metáfora sobre a soberba
por Emiliano Urbim
A não ser que você esteja pensando na praia de Atlântida, que ficava e ainda fica a 130 quilômetros de Porto Alegre, a resposta é: lugar nenhum. Após séculos de especulações, o consenso atual é de que o continente submerso descrito por Platão (428-348 a.C.) é tão real quando Patópolis. Tudo que o filósofo grego fez foi criar uma fábula sobre a soberba.
Resumindo a história contada em Timeu e Crítias, há milhares de anos havia no meio do oceano Atlântico uma ilha gigante, praticamente um continente, na qual vivia uma civilização muito avançada e poderosa, que dominou grande parte da África e da Ásia. Após uma tentativa fracassada de invadir Atenas,Atlântida afundou "em um único dia e noite de infortúnio". Moral da história: quanto maior a altura, maior a queda. Até a Idade Média, todo mundo parecia ter entendido a brincadeira. No entanto, quando chegaram as GrandesNavegações e os europeus passaram a descobrir continentes inteiros, surgiu a questão: e se Platão estivesse falando sério?
Desde então, não há um oceano onde a ilha não tenha sido "localizada", inclusive em locais com os quais os gregos nem sonhavam, como o Altiplano Boliviano, a Indonésia e a Antártida. Mas nenhuma dessas teorias tem fundamento algum.
É até possível que Platão tenha se inspirado em desastres naturais e conflitos internacionais do seu tempo, mas só usou essas referências para fazer ficção filosófica. Como escreveu o próprio Platão no livro que conta a história que deu origem ao mito todo: "O grande desafio é achar um conto que sirva ao nosso propósito".
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