Qual foi a fuga de presídio mais incrível da história?
por Giselle Hirata
Foi a escapada de prisioneiros da Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, um dos presídios mais temidos do mundo, em 1935. Era para esse lugar que o governo francês deportava presos políticos e assassinos condenados à prisão perpétua. O local era de difícil acesso e à prova de fugas, já que as águas que cercavam a ilha eram infestadas por tubarões. Além disso, os presos ficavam encurralados em meio a uma selva repleta de penhascos e pântanos. O personagem mais famoso dessa história é Henri Charrièri, autor do livro Papillon ("Borboleta", em francês), no qual relata como conseguiu escapar da ilha sozinho. A obra virou best seller e até ganhou uma versão cinematográfica, em 1973, estrelada por Steve McQueen e Dustin Hoffman. Mas pesquisas recentes sugerem que Charrièri seria um farsante, uma vez que a verdadeira história envolve mais sete presos na fuga, incluindo René Belbenoit - intelectual que viveu seus últimos anos no Brasil e de quem Charrièri teria roubado os manuscritos do livro.
Plano de fuga
Pesquisas e trabalho em grupo garantiram a liberdade dos detentos
1. Após vários anos na Ilha do Diabo, recebendo tratamentos desumanos, oito presidiários (entre eles Belbenoit e Charrièri) planejam uma fuga
2. Eles se dedicam a estudar o movimento das ondas e da correnteza em torno da ilha. Em suas observações, percebem que a sétima onda (contando a partir da mais fraca) é a maior e a mais forte
3. A segunda parte do plano foi começar a fase de testes. Eles reaproveitaram os sacos nos quais vinham os mantimentos e os encheram de cocos - que ficavam espalhados pelo chão da ilha - até completar, aproximadamente, o peso de um homem
4. Os detentos lançavam esses sacos ao mar para avaliar se a força da sétima onda seria capaz de empurrá-los para longe da ilha. E, como previsto, funcionou! Ao ricochetear no penhasco, a onda levava o saco para alto-mar, onde ele era levado pela correnteza
5. Na etapa final da fuga, os presos construíram uma jangada com sacos cheios de cocos, amarrados com palha e madeira da floresta. Eles esperam a onda certa se formar e lançam a embarcação ao mar
6. Em seguida, todos pulam do penhasco e se agarram à jangada. Eles desbravam o oceano Atlântico e ficam 60 horas à mercê da correnteza até encontrar, por fim, a liberdade
7. Pelo que se sabe, todos fugiram para a Guiana Inglesa (uma colônia que ficava na costa norte da América do Sul), onde viviam do garimpo de diamantes e ouro. Anos depois, o grupo veio para o Brasil, navegando pelo rio Demerara de barco e caminhando 23 dias pela selva até chegar a Roraima, no norte do país
8. René e outros ex-detentos teriam permanecido no território brasileiro, mas Charrièri resolveu ir para a Venezuela, onde abriu um restaurante em Caracas. Em 1968, ele publica o livro Papillon, lançado na França no ano seguinte
9. Charrièri se tornou um autor de sucesso. O livro foi traduzido para mais de 16 idiomas e adaptado para o cinema
Fugitivos famosos
Eles se tornaram astros da fuga ao enganar a polícia e picar a mula do xadrez
John Dillinger
Foi um dos mais famosos ladrões de banco da história dos EUA no século 20. Dillinger escapou de uma penitenciária utilizando uma arma esculpida em madeira e escurecida com graxa de sapato.
Jack Sheppard
Não, não é o cara do Lost! Este Jack viveu no século 18 e ficou conhecido como o maior fujão da Inglaterra, escapando da forca várias vezes - com cordas de lençóis, saltando muros e até vestido de mulher.
Ronald Biggs
Ele esteve no assalto ao trem pagador, em 1963, no Reino Unido, fugindo com 2,6 milhões de libras. O "ladrão do século" escapou da prisão, fez várias plásticas e passou décadas foragido no Brasil.
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