Após a fundação da União Indochinesa, no final do século 19, a França aproveitou os conflitos regionais e expandiu o seu domínio colonial a uma grande parte do Vietnã atual, ao reinado vizinho do Camboja e ao Laos. Porém, já na virada do século, aumentava entre a pequena elite cultural vietnamita a resistência contra a colonização sistemática.
Nos primeiros 40 anos do século passado, os franceses ainda conseguiram controlar uma população de 18 milhões de pessoas. Quando, em novembro de 1940, uma rebelião dos comunistas foi reprimida de forma sangrenta no sul do Vietnã, fundou-se então a Liga para a Independência do Vietnã, conhecida como Viet Minh, com participação decisiva do líder revolucionário e posterior chefe de Estado Ho Chi Minh.
Da resistência ao conflito armado
Foi só uma questão de tempo, até que estourasse o conflito aberto entre a reivindicação de direito dos franceses sobre a "sua" colônia e a aspiração de independência do Viet Minh. Em novembro de 1946, quando tropas francesas bombardearam a cidade portuária de Haiphong, no norte do Vietnã, o Viet Minh começou a resistir com mão armada ao domínio colonial francês, em todo o país.
Apesar do apoio financeiro e logístico dado pelos EUA às tropas francesas, a partir do início de 1950 o Viet Minh já controlava cerca de dois terços do território vietnamita no final daquele ano.
No começo de 1954, 12 mil soldados franceses de uma tropa de elite foram cercados na região montanhosa e isolada perto de Dien Bien Phu, no norte do Vietnã, pelas forças muito mais numerosas do Viet Minh. Apesar disso, o comandante-em-chefe francês Navarre acreditava que conseguiria vencer uma batalha decisiva.
Situação agrava-se
Em março de 1954, quando o Viet Minh intensificou seus ataques e as tropas francesas só podiam ser abastecidas através de paraquedas, Paris e Washington se conscientizaram da crise. O presidente norte-americano Eisenhower e seu secretário de Estado não queriam aceitar a derrota dos franceses. Contudo, um ataque aéreo teria provocado uma intervenção chinesa.
O presidente Eisenhower ressaltou diante da imprensa internacional, em 7 de abril de 1954, a gravidade da situação e a importância da Indochina para o seu país. Nessa entrevista, ele denominou de teoria do dominó a avaliação política exterior do conflito com o comunismo, em vigor na estratégia governamental americana desde 1950.
Eisenhower almejava uma coalizão dos EUA, entre outros, com o Reino Unido, a França e a Austrália, a fim de defender o Vietnã e todo o Sudeste da Ásia contra o comunismo. Porém, tais planos não encontraram apoio. Ele rechaçou, por sua vez, uma ação unilateral dos americanos, assim como uma intervenção somente ao lado dos franceses. A seu ver, os Estados Unidos ficariam então muito identificados com a política colonial francesa aos olhos da opinião pública mundial.
Selou-se assim o destino das tropas francesas em Dien Bien Phu, cuja derrota foi anunciada em Washington, no dia 7 de maio de 1954, pelo secretário de Estado norte-americano John Foster Dulles:
"Há algumas horas, caiu Dien Bien Phu. Sua resistência de 57 dias entrará na história como um dos maiores atos de heroísmo de todos os tempos. Os franceses e as forças nacionais de defesa impingiram graves perdas ao inimigo. Os soldados franceses provaram que estão dispostos e aptos à luta, mesmo sob as piores condições. O Vietnã provou que tem soldados com a capacidade necessária para defender o seu país."
A queda de Dien Bien Phu marcou não apenas o fim do domínio colonial da França no norte do Vietnã, mas também o começo da retirada francesa de toda a Indochina.
Michael Kleff (am
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