A revolta popular na Tunísia fez cair a primeira pedra do dominó árabe. A seguir foi o Egipto. Quem se seguirá? Um pouco por todo o Médio Oriente, as dificuldades económicas estão a servir como rastilho para novos protestos populares. Aqui escolhemos dez desses países onde há notícias de protestos na rua para tentar perceber quem se seguirá. São dez, poderia haver outros, como a Síria e a Palestina, onde também se sente a pressão do povo.
Os protestos revelaram sobretudo até que ponto, muitos regimes cujos líderes estabelecem recordes de longevidade no poder, carecem de legitimidade popular.
Marrocos
Rei Mohammed VI
Chegou ao poder em 1999
Depois de ter prometido reformas e abertura logo após subir ao trono, Mohammed VI rapidamente recuou nas suas intenções. Fecha jornais, prende jornalistas e oposicionistas, impõe mão de ferro sobre os sarauís, ao mesmo tempo que pouco faz para combater a corrupção generalizada. O rei diz que combate a pobreza, a oposição responde que pouco mudou. O facto de o país se ter transformado num berço do terrorismo islâmico pode jogar a favor do monarca alauita, que tem forte apoio dentro de certos sectores da sociedade.
Argélia
Abdelaziz Bouteflika
Chegou ao poder em 1999
O aumento do preço dos alimentos serviu de detonador aos protestos contra o presidente Bouteflika desde Janeiro. Há quem nele aposte como o terceiro país em que o governo cai por causa dos protestos na rua, embora não se possa esquecer que, ao contrário da Tunísia e do Egipto, na Argélia o fundamentalismo islâmico tem força suficiente para tomar as rédeas do poder – convém lembrar que em 1991 os islâmicos ganharam as eleições e foram impedidos violentamente de assumir o poder que era legitimamente seu.
Líbia
Muammar Khadafi
Chegou ao poder em 1969
A Revolução Verde murchou, já não se exporta para lado nenhum e apenas sobrevive sem brilho na Líbia. Khadafi já não é o inimigo número um do Ocidente e até tem "comprado" a sua entrada no círculo das nações abrindo as portas ao investimento estrangeiro. Os protestos de ontem em Benghazi mostram que o homem que há mais tempo está no poder em África e no Médio Oriente poderá ter os dias contados. Porém, se antes nenhuma potência mexeria uma palha para o manter no poder, hoje Reino Unido e EUA até poderão fazer alguma coisa.
Egipto
Hosni Mubarak
Deposto após 30 anos no poder
O que 30 anos não fizeram para o derrubar, foram conseguidos em 18 dias de ininterruptos protestos na Praça Tahrir, no Cairo. Aos 82 anos, o homem que herdou o poder do carismático Anwar el-Sadat, depois do assassínio deste em 1981, resistiu até onde pôde para abrir mão do poder que pretendia passar ao filho Gamal, numa sucessão "dinástica" que não caiu bem entre os militares. A Irmandade Muçulmana, que o regime manteve ilegal, não terá força para ganhar eleições mas será uma força importante no futuro do Egipto.
Jordânia
Rei Abdullah II
Chegou ao poder em 1999
País pequeno no xadrez complicado do Médio Oriente, Abdullah II herdou
o trono em 1999 e tem conseguido manter o seu país mais ou menos incólume nesta região tão volátil. De qualquer maneira, as dificuldades económicas, o aumento do preço dos alimentos e a falta de emprego, principalmente entre os jovens, fomentaram uma série de manifestações populares que levaram o monarca a remodelar o governo por falta de empenho nas reformas, tendo o novo executivo sido empossado no passado dia 10.
Tunísia
Zine al-Abidine Ben Ali
Deposto após 23 anos no poder
Corrupção, nepotismo, abusos de poder, as mais de duas décadas de Ben Ali marcaram a sociedade tunisiana que um dia ocupou as ruas e enfrentou as balas da polícia para fazer exilar o presidente e a sua família. A revolução popular, instigada pela imolação de um jovem vendedor de fruta, conhecida como Revolução de Jasmim, foi a primeira pedra a cair entre os regimes autocratas do mundo árabe. Sociedades onde sempre conviveram as várias religiões monoteístas, é improvável que o fundamentalismo ganhe terreno na Tunísia.
Irão
Mahmoud Ahmadinejad
Chegou ao poder em 2005
O governo iraniano começou por saudar as revoluções populares no mundo árabe como sendo uma consequência do facto de os governos tunisiano e egípcio serem apoiados pelos Estados Unidos. Só que rapidamente os protestos se estenderam às próprias ruas de Teerão, onde o regime, tal como na Revolução Verde, voltou a enviar as forças de segurança para os reprimir. Apesar dos manifestantes mortos e dos deputados terem pedido a execução dos líderes opositores, a oposição não parece parar.
Iémen
Ali Abdullah Saleh
Chegou ao poder em 1978
Num país onde o fundamentalismo islâmico está enraizado e as diferenças tribais obrigam a um grande exercício político de equidistância, Ali Saleh tem conseguido o feito de se manter no poder há quase 33 anos. Tal como Ben Ali e Mubarak, também Saleh já prometeu que este será o seu último mandato, mas a julgar pelo destino dos seus antecessores, e pela continuação dos protestos populares, não parece que seja por aí que o presidente se salva. A nação mais pobre do mundo árabe poderá estar
Arábia saudita
Rei Abdullah al-Saud
Chegou ao poder em 2005
Berço do local mais sagrado para os muçulmanos (Meca), monarquia que mantém um férreo controlo sobre a sua população, a Arábia Saudita é um feudo da família Saud, que aproveita as suas relações privilegiadas com os Estados Unidos para se manter incólume como inspiração para o fundamentalismo islâmico. No entanto, também aqui a pressão para reformas é muito grande e o rei, que tem reclamado várias vezes contra a instabilidade que as revoluções populares trouxeram à região, poderá ter de ceder e reformar o regime.
Bahrain
Rei Hamad
Chegou ao poder em 1999
Nas ruas do pequeno arquipélago não se pede a mudança de regime, apenas mais liberdades e oportunidades para a maioria xiita de um país liderado por uma dinastia sunita. Os problemas económicos, a falta de liberdades políticas e a discriminação de acesso aos postos de trabalho a favor dos sunitas estão no centro das críticas levantadas pelos manifestantes. O monarca já veio afirmar que as duas mortes entre os manifestantes serão investigadas e os culpados julgados mas deverá ter de introduzir reformas para calar os protestos.
Fonte:
http://www.ionline.pt/conteudo/105220-mundo-arabe-os-proximos-candidatos-cair-do-poder
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