A Origem do Atletismo: No Egito Antigo e Mesopotâmia
As primeiras Civilizações no Egito e Mesopotâmia, milênios antes dos Jogos na Grécia antiga, já tinham a tradição de atividades atléticas . Isto é comprovado por fontes literárias e iconográficas descrevendo cenas atléticas já em 3.000 a.C.
No Egito e Mesopotâmia, o interesse por atividades atléticas ficou registrado em templos e tumbas. O esporte no Egito antigo incluía: luta, combate com varas, boxe, acrobatismo, arco e flecha, vela, jogos de bola, eventos eqüestres e esportes típicos do Atletismo como Corridas, lançamentos de peso… Aliás tudo indica que os eventos atléticos eram restritos aos membros das classes elevadas. Textos egípcios mostram a importância da atividade física na preparação do faraó e membros da corte.
Os gregos pré-clássicos – micênicos e minóicos
Além do Egito e Mesopotâmia, outras civilizações, inclusive na própria Grécia pré-clássica, já praticavam o atletismo antes dos Jogos Olímpicos.
Os Minóicos, civilização que habitava a ilha de Creta no período de 2.100 a 1.100 a.C., tinham interesse especial pela ginástica. Os afrescos indicam que as atividades atléticas eram praticadas por membros da nobreza em áreas perto do palácio.
Na cultura Minóica os touros eram muito importantes (lembrem-se da lenda do minotauro de Creta) e também faziam parte dos eventos esportivos através do salto sobre o touro. Sim, os atletas realizavam saltos sobre touros vivos e provavelmente não muito amistosos!
Outros esportes praticados pelos minóicos eram o boxe, luta e acrobacias. Os estudos indicam que havia um componente religioso forte nos eventos atléticos.
Já os micênicos (1600-1100 a.C.), adotaram os esportes minóicos e acrescentaram a corrida de bigas e competições de pista. Tal qual na Creta minuana, os esportes tinham caráter religioso, porém os micênicos preferiam a luta e o boxe.
Curiosidade: A maratona lendária
No ano de 490 a.C. quando os soldados atenienses partiram para a planície de Marathónas para combater os persas na Primeira Guerra Médica, suas mulheres ficaram ansiosas pelo resultado porque os inimigos haviam jurado que, depois da batalha, marchariam sobre Atenas, violariam suas mulheres e sacrificariam seus filhos.
Ao saberem dessa ameaça, os gregos deram ordem a suas esposas para, se não recebessem a notícia da sua vitória em 24 horas, matar seus filhos e, em seguida, suicidarem-se.
Os gregos ganharam a batalha, mas a luta levou mais tempo do que haviam pensado, de modo que temeram que elas executassem o plano. Para evitar isso, o general grego Milcíades ordenou a seu melhor corredor, o soldado e atleta Filípides, que corresse até Atenas, situada a cerca de 42 km dali, para levar a notícia. Filípides correu essa distância tão rapidamente quanto pôde e, ao chegar, conseguiu dizer apenas “vencemos”, e caiu morto pelo esforço.
No entanto, Heródoto conta que, na realidade, Filípides foi enviado antes da batalha a Esparta e outras cidades gregas para pedir ajuda, e que tivera de correr duzentos e quarenta quilômetros em dois dias, voltando à batalha com os reforços necessários para vencer os persas
Seja como for, cerca de 2400 anos mais tarde, em 1896, nos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, Filípides foi homenageado com a criação dessa prova cuja distância era de 40 km, mas que desde 1908 está estipulada em 42,195 km.
A maratona é um símbolo das Olimpíadas e principalmente um símbolo do Atletismo.
A História do Atletismo (agora como esporte)
Como dito no início do texto, o mais antigo registro de competições de atletismo data de 776 a.C., mas é certo que os esportes organizados, incluindo provas de pista e campo foram praticados muitos séculos antes. Já nas primitivas civilizações, o homem cultivava o gosto de competir, medindo sua força e rapidez e habilidade. Os exercícios destinados a aprimorar ou a manter a saúde do corpo decorriam da própria luta pela sobrevivência; obrigado a enfrentar, de início, inúmeros obstáculos naturais e, mais tarde, o seu semelhante, o homem apurou seus instintos de correr, saltar e lançar. Com as guerras criaram-se os exércitos. O uso de paus e pedras, como armas, deu lugar ao de lançar, dardos e espadas.
Em 2500 a.C., os egípcios já se ocupavam de provas de luta livre e combates com paus. Dez séculos depois, os cretenses dedicavam-se à dança, ao pugilato e à corrida a pé, como forma de recreação. Vários achados arqueológicos confirmam que os antigos habitantes da China, Índia e Mesopotâmia também conheciam pela mesma época, as corridas e os lançamentos de peso.
O berço do esporte organizado situa-se, porém, na Grécia. Segundo Filóstrato, em 1225 a.C. foi disputado o primeiro pentatlo, série de cinco provas (corrida, salto em distância, luta e lançamento de disco e dardo), por um mesmo atleta. No canto XXIII da Ilíada, Homero narra os funerais de Pátroclo, junto aos muros de Tróia, e as provas atléticas que Aquiles fez celebrar em honra do morto. Entre essas provas, estavam a corrida (“… o filho de Oileu [i.é, Ájax] tomou a dianteira, sobre seus passos lançou-se o divino Ulisses…”), o lançamento de um bloco de ferro maciço e o lançamento do dardo. Para honrar os deuses ou homenagear os visitantes, os gregos costumavam organizar programas esportivos, perto de Olímpia, tradição que foi mantida pelo menos até a segunda metade do século X a.C.
Coube a Ífito, rei da Élida, por sugestão da Pítia, sacerdotisa que interpretava os oráculos de Delfos, reviver a tradição, em 884 a.C., certo de que, com isso, os deuses interviriam em seu favor e poriam fim à peste que assolava o Peloponeso. Mas os jogos olímpicos, recriados por Ífito, só começaram a ser contados de 776 a.C. em diante, quando os nomes dos campeões passaram a ser inscritos nos registros públicos. O primeiro foi Corebo (grego Kóroibos, latim Coroebus), da Élida, vencedor da única prova do programa; a corrida do estádio (grego stádion, latim stadium).
O estádio tinha a forma de letra U, com 211 por 23m. A corrida, ou dromo (grego drómos, latim drõmos), era disputada num percurso de 192,27 m, distância que os gregos diziam eqüivaler a 600 pés de Hércules, herói mitológico cujas façanhas, segundo a lenda, estariam ligadas à própria origem dos jogos.
A corrida do estádio em 724 a.C., passou a ser disputada em duas voltas completas pela pista, denominando-se diaulo (grego díaulos, latim diaulos). Quatro anos depois, realizou-se a primeira carreira de fundo, ou dólico (grego dólikhos), que consistia em 12 voltas completas pela pista, ou pouco menos de 4.700m. O programa olímpico, depois disso, só foi alterado em 708 a.C., quando, além das corridas a pé e de carros, se efetuou o pentatlo com as mesmas cinco provas descritas por Filóstrato. Seu primeiro vencedor chamava-se Lâmpis (grego Lámpis, latim Lampis) e nascera na Lacônia.
Graças aos registros públicos – e às narrativas homéricas, pós-homéricas e de outros poetas e prosadores, conhecem-se hoje alguns dos princípios que regiam as provas daquele tempo. Nas corridas, os atletas dispunham-se à boca de um túnel, localizado a oeste do bosque sagrado, numa linha de saída denominada áfese (grego áphesis). Um toque de trompa ou trombeta, em forma de cone (grego sálpiks, latim sapinx), precisava o instante da partida, que também podia se anunciada pelo juiz, a viva voz.
Nos saltos, era permitido ao atleta impulsionar o corpo, desde que seus pés não ultrapassem uma linha-limite riscada no solo. O vencedor era o que atingisse a maior distância, na soma de três saltos. O disco (grego dískos, latim discus), antes de pedra, passou a ser de bronze, ao tempo de Ífito. Era mais grosso ao centro, fino nos bordos, media de 20 a 36cm e pesava 5kg. O discóbolo (grego diskóbolos, latim discõbulus) situava-se num trampolim ou barreira de terra batida, e ali reproduzia o gesto imortalizado por Mílon ou Milão de Crotona, atleta cujo lançamento de disco é, até hoje, um dos símbolos dos jogos olímpicos.
O dardo (grego ksystón), aproximadamente com 1,80m de comprimento, tinha uma extremidade de ferro pontiaguda que possibilitava ao atleta, com o lançamento, fincá-lo no solo. Sua propulsão fazia-se com o auxílio de uma correia de 40cm, enrolada um pouco atrás do centro de gravidade do dardo. Essa correia, acionada com força no momento do arremesso, impunha um movimento rotativo ao dardo, levando-o a grandes distâncias.
O programa dos jogos olímpicos manteve-se praticamente o mesmo por toda a Antigüidade. No século VII a.C., em Esparta, houve modificações, para que as mulheres também pudessem competir. Coube a Licurgo a decisão de que “…as mulheres, como os homens, devem medir entre si a força e rapidez, pois a missão das mulheres livres é engendrar filhos vigorosos”. Nos jogos realizados em Delos, elas participavam de corridas a pé, por categorias segundo a idade, cumprindo um percurso equivalente a 160m.
Os romanos, assimilarem a cultura grega, já no século I d.C., prosseguiram com a tradição dos jogos olímpicos, embora com espírito mais recreativo do que competitivo, até que, em 393, o imperador Teodósio – responsável pela matança de dez mil gregos em Tessalonica – se converteu ao cristianismo, após curar-se de grave enfermidade: para ganhar o perdão de Ambrósio, bispo de Milão, concordou em suprimir todas as festividades pagãs, inclusive os jogos olímpicos.
Da Idade Média aos vitorianos
O atletismo dos romanos já apresentou uma fase de decadência em relação as dos gregos, não só por menos competitivo e sem fim educativo, mas também porque o atleta, em geral escravo ou prisioneiro de guerra, estava muito longe de gozar do prestígio social dos antigos competidores gregos. Como o gladiador, ele era treinado para divertir, no circo ou no anfiteatro. Os jovens romanos de boa posição preferiam as carreiras de bigas e quadrigas, ou mesmo os banhos nas termas, às corridas, saltos e lançamentos que os gregos quase cultuavam.
Os séculos que separam Teodósio do ano de 1154 – quando se vai encontrar o primeiro registro de provas de atletismo na Idade Média – foram total abandono das competições de pista e campo. A não ser pelos jogos de alguns povos da América pré-colombiana e uma ou outra atividade isolada em poucos países do Oriente, quase sempre ligada às corridas a pé, não houve atletismo organizado nesse período e mesmo depois.
As provas que realizam em Londres e outras cidades inglesas, em 1154, não passaram de um recomeço discreto. Eram corridas e saltos em distância e altura, lançamentos de peso e outros jogos de campo, praticados sem regras fixas. A Europa medieval, então, interessava-se mais pela cavalaria, pelos exercícios militares que aperfeiçoavam o manejo de espadas, lanças, arco e flecha, mais úteis numa época de guerras quase permanentes. Alguns reis, como Eduardo III, chegaram a proibir a prática de qualquer esporte que não tivesse associado ao treinamento dos soldados, incuindo o atletismo. Embora outros soberanos se tenham mostrados mais tolerantes, como Henrique VIII, que participou de vários torneios de lançamento do martelo, o atletismo não era considerado esporte nobre. Essa condição (à qual se adiciona o ascetismo cristão da Idade Média, segundo o qual os cuidados com o corpo deveriam dar lugar à purificação da alma) explica seu esquecimento até o século XIX.
Coube exatamente aos ingleses reviver, de forma definitiva, as competições clássicas de pista e campo. Os povos das ilhas Britânicas sempre apreciaram os esportes. Mesmo durante a proibição reais, eles os esportes reais, eles os praticavam, ou clandestinamente ou pelos favores de autoridades benevolentes. O gosto pela recreação ao ar livre levou-os a criar ou a adaptar uma variedade de jogos, muitos dos quais têm popularidade em todo o mundo, nos dias de hoje. No início do século passado, com reforma que os educadores vitorianos introduziram nas escolas públicas, foram aproveitados os princípios defendidos por Thomas Arnold, na Rugby School.
Thomas Arnold, educador inlgês nasceu em East Cowes, ilha de Wight, a 13 de junho de 1975, e morreu em Rugby a 12 de junho de 1842. Educado em Winchester e Oxford, apresentou-se como candidato a chefe da escola de Rugby em 1827, a disposto a transformar o sistema educacional público não apenas naquela instituição, mas em toda a Grã-Bretanha. Lembrado principalmente por seus sermões na capela escolar, Arnold teve o mérito de conseguir mais do que até então o sistema de prefeitos nas escolas públicas produzida. Após sua morte, a maioria das escolas secundárias inglesas tomaram a Rugby como modelo. Admirador da civilização grega, Arnold reviveu o princípio de uma união fértil entre o esforço físico e o mental.
De acordo com Arnold, o esporte sistematizado era de grande importância na ducação do jovem, disciplinando-o aprimorando-lhe as qualidades morais, e sobretudo, levando a descarregar nos campos de jogo um potencial de energia que, de outra forma poderia ser utilizado em práticas condenáveis. Entre essas práticas, os educadores ingleses incluíram idéias reformistas dos jovens da classe média, em oposição ao tradicionalismo vitoriano. Em 1825, corridas a pé eram disputadas regularmente em Uxbridge. Em 1838 os alunos de Eton praticavam as primeiras provas com barreiras, numa distância de 110 jardas. Seis anos depois , a primeira corrida de fundo, também com barreiras, chamada steeplechase (do inglês literalmente “busca ou caça da torre”, meta que devia ser atingida vencendo quaisquer obstáculos; o vocábulo documenta-se em inglês já em 1805), ampliava o programa de provas atléticas. Na metade do século, com a adesão de escolas como Winchester, Charterhouse, Shrewsbury, Westminster e Harrow, o atletismo estava oficializado na Inglaterra, de onde passou para a Escócia; Irlanda e país de Gales, chegando finalmente a outros pontos da Europa. Os alemães e os escandinavos, que já se dedicavam à ginástica e outras formas de educação física, foram os primeiros a adotar o atletismo inglês.
As provas regulamentadas pelos educadores vitorianos – e que serviram de ponto de partida para o moderno programa de competições atléticas – compreendiam as quatro modalidades clássicas dos gregos (corrida, salto em distância, lançamentos de dardo e disco) e muitas variantes por eles criadas ou adaptadas. As corridas eram disputadas em várias distâncias, a menor de 110 jardas; a maior de 3 a 4 milhas. Além de salto em distância, havia o de altura, o triplo (que se inspirava nos três saltos isolados dos gragos) e o com vara, cuja origem se situa nos antigos métodos ingleses de pular sobre valas, riachos e canais, com o auxílio de varas.
Aos lançamentos de dardo e disco, acrescentaram-se os de peso e martelo, este de origem celta e muito popular, havia séculos na Escócia e na Irlanda. Havia ainda, uma forma rudimentar de revezamento (corridas entre equipes, com passagem de bastão de um corredor para outro) e provas combinadas nos moldes de pentatlo.
De Coubertin até hoje…
Em 1892, numa sessão solene realizada na Sorbonne, em Paris, Pierre de Fredi, barão de Coubertin, apresentou um projeto para que fossem recriados os jogos olímpicos extintos por Teodósio. Seu objetivo era um movimento internacional, o olimpismo, que visava a promover o estreitamento de ralações entre os povos através do esporte. A proposição tinha também, fins pedagógicos: “… Formar o caráter dos jovens pela prática esportiva, despertando-lhes o senso de disciplina, o domínio de si mesmo, o espírito de equipe e a disposição de competir”.
Mas a idéia só se concretizou em 1894, a partir de um congresso realizado também na Sorbonne, dessa vez com a participação de representantes de 14 países. Foi criado o Comitê Olímpico Internacional, com sede em Lausanne, Suíça, e estabeleceram-se as normas para a realização dos primeiros jogos em 1896, na Grécia.
O primeiro programa olímpico de atletismo compreendia corridas de 100, 400, 800 e 1.500m, e mais a de 110m com barreiras, saltos em distância, altura, triplo e com vara, lançamentos de peso e disco. Uma prova especial a maratona, foi organizada para os corredores de fundo, por sugestões do linguista e helenista francês Michel Bréal. Pretendia-se com ela, recordar a façanha de Fidípdes (gr. Pheidippídes), soldado atenciense que correu da cidade de Maratona, perto de Ática, até Atenas, para anunciar aos gregos a vitória de Milcíades sobre os persas em 490 a.C. A maratona olímpica – que acabou convertendo-se numa das provas clássicas dos jogos olímpicos modernos – foi corrida num percurso de 42Km, aproximadamente a mesma distância cumprida por Fidípedes. Seu primerio vencedor foi o grego Louís Spýros, modesto fabricante que vivia em Marusi.
O programa original do atletismo olímpico, aberto apenas a competidores do sexo masculino, foi sendo sucessivamente modificado. Em 1900, introduziram-se as provas de 400m com barreiras, de 2.500m de steeplechase e de lançamento do martelo. Das modalidades clássicas, as últimas a figurarem nos modernos jogos olímpicos foram o lançamento do dardo, só disputado oficialmente em 1908, e pentatlo, em 1912. Neste ano realizaram-se também, o primeiro decatlo (dez provas por um mesmo atleta) e os revezamentos de 4×100 e 4×400 metros.
As mulheres só começaram a participar regularmente dos jogos olímpicos em 1928, cumprindo um programa de 100, 800 e 4×100 metros, o salto em altura e o lançamento do disco. Até 1948, outros acréscimos e supressões foram feitos tanto no programa masculino como no feminino. De 1948, quando o número de provas para mulheres aumentou consideravelmente, a 1956, ano em que disputou a primeira marcha de 20km (a de 50km já fora introduzida em 1932) o programa oficial sofreu suas últimas alterações.
Os jogos olímpicos ajudaram a popularizar o atletismo, universalizando-o cada vez mais. No século passado, já existiam alguns órgãos dedicados à regulamentação e promoção de torneios atléticos, entre os quais o London Athletic Club e o Amateur Athletic Club, ambos na Inglaterra, a Association of Amateur Athletes of América e o New York Athletic Club, estes nos E.U.A., além de clubes, associações e escolas de educação física na Alemanha, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega e França. O intercâmbio entre esses países fez-se gradativamente. Os ingleses sistematizaram o atletismo e defundiram-no pela Europa e E.U.A.
Os mesmos ingleses, os alemães e os norte americanos introduziram-no em toda a América Latina. Mas foram os jogos olímpicos no século XX, que transformaram as provas de pista e campo num esporte universal, base de todos os outros.
Corridas
As corridas são, em certo sentido, as formas de expressão atlética mais pura que o homem já desenvolveu. Embora exista algo de estratégia e uma técnica implícita, a corrida é uma prática que envolve basicamente o bom condicionamento físico do atleta.
As corridas dividem-se em curta distância ou velocidade (tiro rápido), que nas competições oficiais vão de 100, 200 e os 400 metros inclusive; média distância ou de meio fundo (800 metros e 1 500 metros); e longa distância ou de fundo (3 000 metros ou mais, chegando até às ultra maratonas de 100 quilômetros). Podem ser divididas também de acordo com a existência ou não de obstáculos (barreiras) colocados no percurso.
Nas corridas de curta distância, a explosão muscular na largada é determinante no resultado obtido pelo atleta. Por isso, existe um posicionamento especial para a largada, que consiste em apoiar os pés sobre um bloco de partida (fixado na pista) e apoiar o tronco sobre as mãos encostadas no chão (posição de quatro apoios). São frequentes as falsas partidas, quando o atleta sai antes do tiro de partida, que é o sinal dado para começar a prova. Qualquer atleta que dê uma falsa partida será desclassificado. Contudo, nas provas combinadas (ex decatlo) cada atleta tem direito a uma falsa partida. Nas provas mais longas a partida não tem um papel tão decisivo, e os atletas saiem para a corrida em uma posição mais natural, em pé, sem poder colocar as mãos no chão.
Maratona
A maratona é uma corrida de longa distância ou de fundo, realizada parcialmente ou totalmente fora do estádio, ou seja em estrada. A distância que, segundo a lenda, teria percorrido um soldado grego, Filípides, para anunciar que os helenos haviam vencido uma batalha contra os persas. O trecho teria sido entre a planície de Maratona (o local da batalha) até a cidade de Atenas.
A maratona é uma prova que envolve grande resistência física, sendo seu percurso estabelecido em 42 quilômetros e 195 metros (aceite tolerância por excesso de + 42 metros). Organizam-se ainda corridas de cross country ou um “corta-mato” de campo e de montanha. Em pista podemos ainda assistir a corridas de barreiras e de obstáculos.
Lançamentos
As disciplinas oficiais de lançamento envolvem o arremesso de peso, o lançamento de martelo, o lançamento de disco e lançamento do dardo. O arremesso no Brasil lançamento em Portugal de peso consiste no arremesso de uma esfera metálica que pesa 7,26 kg para os homens adultos e 4 kg para as mulheres. O martelo é similar a essa esfera, mas possui um cabo, o que permite imprimir movimento linear à esfera e assim atingir uma distância maior. Já o disco é um pouco mais leve, pesando 1 quilograma para as mulheres e 2 quilogramas para os homens. E o dardo pesa 600 gramas para as mulheres e 800 gramas para os homens.
Os lançamentos são executados dentro de áreas limitadas, são círculos demarcado no solo para o arremesso ou lançamento de peso, de martelo e disco, e antes de uma linha demarcada no solo para o lançamento do dardo. A partir dessas marcas é que é contada a distância dos lançamentos. Normalmente as competições envolvem várias tentativas por parte dos atletas, que aproveitam as melhores marcas obtidas nessas tentativas. As provas de lançamento são normalmente praticadas no espaço interior à pista das corridas.
A origem desta atividade é também irlandesa, pois nos jogos Tailteanos, no início da Era de Cristo, os celtas disputavam uma prova de arremesso de pedra que pelas descrições se assemelhavam à prova atual. Alias, é interessante notar que na Península Ibérica, nas províncias onde ainda se encontram concentrações humanas etnicamente celtas, Galiza na Espanha e Trás-os-Montes em Portugal, ainda se disputa uma competição chamada de “arremesso do calhau”, que se assemelha ao nosso moderno arremesso do peso. De qualquer forma, a codificação da prova, tal como ela é hoje, é totalmente britânica, inclusive o peso do implemento, 7,256 kg, correspondente a 16 libras inglesas, que era precisamente o que pesavam os projéteis dos famosos canhões britânicos do início do século XIX.
As primeiras marcas registradas pertencem ao inglês Herbert Williams, que em Londres, em 28 de maio de 1860, lançou o peso a 10,91 m, e o da Era IAAF ao americano Ralph Rose, que em 21 de agosto de 1909 arremessou 15,54 m em São Francisco. William Parry O’ Brien revolucionou esta prova, criando um novo estilo, no qual o atleta começa o movimento de costas para o local do arremesso. Parry O’ Brien venceu os Jogos Olímpicos de Helsinque e Melbourne, ganhou a prata em Roma e ainda se classificou em 4º lugar em Tóquio 12 anos depois de iniciar a sua carreira olímpica. Foi também o primeiro atleta a vencer mais de 100 competições consecutivas. No Brasil, o primeiro recorde reconhecido foi do atleta E. Engelke, vencedor do primeiro Campeonato Brasileiro de 1925, com a marca de 11,81 metros.
Saltos
As provas de salto podem ser divididas em provas de salto vertical e de salto horizontal. Dentre as provas de salto vertical, temos o salto em altura e o salto com vara. As provas de salto horizontal envolvem o salto em distância chamado também de salto em comprimento e o salto triplo ou triplo salto. Os atletas tomam impulso numa pequena pista de balanço, objetivando maior distância no salto. O salto em altura, que tem por objetivo ultrapassar uma barra horizontal (fasquia), é realizado mediante tentativas. A fasquia é colocada em determinada altura à qual os atletas devem tentar saltar. Se conseguirem, os atletas progridem para a próxima altura a que os Juízes colocarem a fasquia.
Qualquer atleta que realize três derrubes da fasquia (3 ensaios nulos), será impedido de continuar, sendo creditado com a marca correspondente à maior altura em que conseguiu realizar uma ensaio válido. O salto com vara funciona do mesmo modo, mas neste salto, o atleta tem o apoio de uma vara. Em ambos os saltos, há um colchão para amortecer a queda do atleta após o salto.
Atleta na prova de salto em distância ou salto em comprimento. No salto em distância e no salto triplo / triplo salto, o atleta faz sua aterrissagem numa caixa de areia. Há uma tábua de chamada na pista que indica o limite máximo de corrida de balanço antes do salto; caso o atleta ultrapasse ou toque nessa marca, realizará um ensaio nulo. Caso tenha saltado antes da tábua de chamada, a distância do ensaio será considerada apenas entre o limite na tábua de chamada até o local onde aterrissou. É importante destacar que vale o ponto de aterrissagem mais próximo à tábua de chamada.
Provas combinadas
Algumas competições esportivas envolvem uma combinação de várias modalidades, no intuito de consagrar um atleta mais completo. As provas oficiais do decatlo (para os homens) e do heptatlo (para as mulheres) combinam corridas, saltos e lançamentos. Os atletas pontuam de acordo com as suas marcas nas provas individuais (tendo por base uma tabela de conversão de marcas por pontos), e esses pontos são somados para definir o vencedor.
A pista
A pista de corrida normalmente contém 8 raias, cada uma com 1 metro e 22 centímetros que são os caminhos pelos quais os atletas devem correr. Deste modo, a largura da pista é de no mínimo 10 metros, com algum espaço além das raias interna e externa. Uma pista oficial de atletismo é constituída de duas retas e duas curvas, possuindo raias concêntricas; tem o comprimento de 400 metros na raia interna (mais próxima ao centro). A raia mais externa é mais longa, possuindo 449 metros. Nas corridas de curta distância, os atletas devem permanecer nas raias a partir das quais largaram. Nas corridas de média e longa distância, os atletas não precisam correr nas raias, e geralmente se encaminham para a raia mais interior, evitando percorrer distâncias maiores.
As barreiras têm 1,06 metros, nas competições para homens, e de 84 centímetros, nas competições para mulheres. Se o atleta derrubar as barreiras enquanto corre, não é desclassificado – conquanto perca tempo substancial. As corridas com barreiras têm 10 obstáculos. Embora a maratona seja disputada nas ruas de uma cidade ou em um local externo, o seu trajeto é estabelecido de modo que a chegada se dê num estádio ou pista de atletismo.
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