O empirismo é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias. O nome empirismo vem do latim: empiria (experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Temos, assim, a “corrente filosófica da experiência”.
Ao longo de toda a história da filosofia, diversos pensadores abordaram a questão, dando importância ao conhecimento da experiência (da sensibilidade) ao invés de apenas ao intelectual. Entretanto, o principal defensor do empirismo foi John Locke (1632-1704), filósofo inglês. O empirismo defendido ficou conhecido como empirismo britânico, e influenciou diversos filósofos.
Locke defendeu que a experiência forma as ideias em nossa mente, no seu livro Ensaio acerca do entendimento humano, de 1690. Na introdução, ele escreve que “só a experiência preenche o espírito com ideias”. Para argumentar a favor, Locke critica o conceito de que já existem ideias em nossa mente (ideias inatas). Ele procura demonstrar que qualquer ideia que temos não nasce conosco, mas se inicia na experiência.
A experiência, para Locke, não são as experiências de vida. Experiência para ele são as nossas sensações (sentidos). Ouvimos, enxergamos, tocamos, saboreamos e cheiramos. Cada um dos cinco sentidos leva informações para o nosso cérebro. Quando nascemos não sabemos o que é uma maçã, mas formamos a ideia de maçã a partir dos sentidos. Vemos a sua cor, sentimos o seu aroma, tocamos sua casca e mordemos a fruta. Cada uma dessas sensações simples nos faz ter a ideia de maçã. A partir da sensação, há a reflexão. Dessa forma, nossas ideias são um reflexo daquilo que nossos sentidos perceberam do mundo.
Com essa constatação, Locke afirma que, ao nascermos, somos como uma folha em branco. São, então, os sentidos responsáveis pelo preenchimento dessa folha.
Para confirmar sua teoria, o filósofo inglês antecipa futuras críticas. Entre as possibilidades de crítica, existe o argumento de que somos capazes de ter ideias de coisas que nunca foram percebidas pelos nossos sentidos. Locke argumenta contra este tipo de crítica, pois mesmo ideias de seres mitológicos como sereias, unicórnios e faunos são apenas junções de ideias que já tivemos anteriormente. Uma sereia é a união da ideia de mulher e peixe. Um unicórnio é a união da ideia de cavalo com a de chifre. Um fauno é a mistura de homem com bode. Não há nada nessas ideias que não tenha sido conhecida previamente. Até mesmo a ideia recente de alienígenas nada mais é do que a ideia de um homem deformado (com cabeça e olhos maiores, corpo pequeno etc.)
Depois de Locke, o empirismo britânico conheceu a reformulação feita pelo irlandês George Berkeley (1685-1753). Para ele, o que conhecemos do mundo não é realmente o que o mundo é. O mundo não é o que percebemos dele. Podemos perceber o mundo através dos sentidos, mas não conhecê-lo de verdade.
Mais radical do que o empirismo de Berkeley está o que pensou David Hume (1711-1776), natural de Edimburgo, Escócia. De acordo com Hume, só existe o que percebemos. Todas as relações que fazemos entre o que conhecemos não são conhecimentos verdadeiros. Podemos conhecer uma bola e podemos conhecer um pé, porém se chutamos uma bola não há nada que confirme que a bola se move porque foi o pé que a moveu. Com isto, Hume critica as ciências, pois trabalham com a ideia de causa e efeito. Essa relação de causalidade (causa-efeito) é uma relação entre ideias e é, portanto, não verdadeira. Tudo o que pensamos ser verdadeiro, como a causa do movimento da bola, é imaginação.
Se o que sabemos vem da experiência e a experiência apenas nos informa um pouco sobre como o mundo é, precisamos, de acordo com o empirismo, estar atentos e críticos às falsas ideias que não podem ser verificadas pelos sentidos.
Filipe Rangel Celeti
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