O sistema de Strowger era um aperfeiçoamento dos aparelhos anteriores. Ele também tinha um dispositivo com um contato metálico principal, móvel, que se deslocava passo a passo, acionado por eletroímãs, "varrendo" diversos contatos fixos, cada um deles conectado a uma linha telefônica. Mas havia uma diferença importante: o sistema se movia dentro de um cilindro e podia tanto girar em torno do eixo do cilindro como também se mover para cima e para baixo. O cilindro tinha, em sua parte interna, 10 fileiras com 10 contatos metálicos cada uma, totalizando 100 contatos. A "vassoura" ou "escova" metálica central podia assim se deslocar facilmente e escolher um dos 100 contatos, cada um dos quais representava uma linha telefônica.
O sistema Strowger de comutação automática: esquema (esquerda)
e fotografia de um dispositivo de 1902 (direita)
O sistema de comutação automática desenvolvido por Strowger tem duas partes básicas. Uma é o dispositivo existente na própria central telefônica, que realiza as conexões entre as linhas telefônicas. A outra é um dispositivo colocado nos aparelhos dos usuários, que permite enviar sinais à central telefônica informando o número do telefone com o qual se quer fazer conexão.
Representação esquemática de um dispositivo de comutação
com 100 linhas, cada uma delas ligada a um telefone. O dispositivo
precisa conectar os fios do telefone que está chamando (à esquerda)
com qualquer uma das conexões dos outros aparelhos.
Inicialmente, os usuários não dispunham de nenhum mecanismo especial para enviar os sinais à central. Eles tinham dois botões na caixa dos seus telefones, e deviam apertar cada um deles um certo número de vezes. Por exemplo, para se conectar com o telefone número 34, era necessário apertar o primeiro botão 3 vezes e o segundo botão 4 vezes. Cada vez que um botão era apertado, ele enviava um pequeno pulso elétrico para a central e fazia o dispositivo se mover um passo. O sistema funcionava, portanto, da seguinte forma. Quando uma pessoa queria telefonar, ela tirava o telefone do gancho (para se ligar com a central telefônica) e então apertava os botões do seu aparelho. Na central telefônica, o dispositivo ligado a este telefone ia se movendo, primeiro na direção vertical, depois girando, até fazer a ligação com o número desejado. Então, a pessoa girava a manivela do magneto, para produzir um sinal na campainha do número chamado. Durante toda a conversa, o dispositivo Strowger se mantinha na mesma posição, ligando as duas linhas. Quando a conversa terminava, era necessário apertar um botão que fazia o dispositivo Strowger da central telefônica voltar para a sua posição inicial. Se a pessoa não apertasse esse botão, seu telefone continuaria conectado à linha que havia sido chamada antes.
Com um dispositivo do tipo Strowger original, era possível escolher apenas uma de 100 linhas telefônicas. Seria possível construir cilindros com maior número de contatos, mas isso era complicado, sob o ponto de vista técnico.
Havia outros problemas com o sistema. Cada telefone precisava estar ligado à central telefônica através de vários fios: os fios que enviavam a voz, e outros fios que enviavam os sinais elétricos para mover o dispositivo automático. Isso encarecia bastante o sistema porque, como vimos, o custo dos fios telefônicos era bastante alto. No caso do primeiro tipo de sistema, com botões, era necessário um fio para cada botão, aumentando portanto dois fios para uma rede de 99 telefones.
Um segundo problema era que cada telefone da rede precisava dispor do seu próprio dispositivo na central telefônica. Esses dispositivos eram caros e ficavam quase todo o tempo parados, pois cada usuário utilizava o telefone apenas durante uma pequena parte do dia.
Outro problema era que uma pessoa podia se conectar a um telefone que já estava sendo usado. Nas centrais com telefonistas, isso não acontecia, porque a telefonista sempre verificava se a linha já estava ocupada. Nas primeiras centrais automáticas, não havia nada que impedisse uma pessoa de se ligar a uma linha ocupada, e nesse caso ela podia ouvir a conversa de outras pessoas ou intrometer-se na conversa.
Por fim, cada pessoa precisava se lembrar de apertar um último botão ao terminar a conversa, para fazer o dispositivo Strowger da central voltar à posição inicial, e muitos se esqueciam disso.
APERFEIÇOAMENTOS DO SISTEMA STROWGER
Strowger empregou algumas pessoas que ajudaram a aperfeiçoar o seu sistema automático. Em 1892, ele contratou Anthony E. Keith e, em 1894, Frank A. Lundquist e os irmãos Erickson (John e Charles)*. Foram essas pessoas, e não o próprio inventor, que aperfeiçoaram esse sistema. Em 1896, Strowger teve problemas de saúde e se afastou da companhia que havia criado, morrendo em 1902.
(* Esses irmãos Erickson não possuem relação com o Ericsson da Suécia.)
Keith resolveu em 1893 um problema simples: a pessoa que telefonava não precisava mais apertar um botão quando terminava a conversa. A própria colocação do telefone no gancho enviava um sinal à central telefônica, que fazia o dispositivo Strowger voltar à posição inicial. Além disso, em 1894, Keith, Lundquist e os irmãos Erickson eliminaram a possibilidade de uma pessoa se conectar a linhas já ocupadas.
Em 1896, Keith e os irmãos Erickson desenvolveram um processo que eliminava a necessidade de que os usuários ficassem apertando vários botões. Foi colocado no aparelho telefônico um sistema que enviava seqüências de pulsos do aparelho do usuário para a central. Esses dispositivos empregavam discos que eram girados e que, ao voltarem para sua posição, iam fazendo essencialmente a mesma coisa que a pessoa fazia antes apertando o botão várias vezes. É exatamente por causa desses discos, utilizados durante quase um século, que até hoje utilizamos a expressão "discar um número", embora utilizemos telefones que não possuem mais discos, e sim teclas.
Aparelhos telefônicos com sistema de discagem de Strowger: modelo
de 1899 (esquerda) e modelo de mesa, de 1905 (direita)
Detalhes do aparelho de discagem de Strowger, de 1899: disco externo (esquerda) e mecanismo interno correspondente (direita)
No sistema de discagem utilizado durante muitas décadas, o funcionamento sempre foi essencialmente o mesmo. A pessoa girava o disco até uma certa posição (um número) e largava o disco. Então, uma mola fazia o disco voltar para a posição inicial, e ao mesmo tempo um mecanismo atrás dele fazia uma sucessão de contatos elétricos, enviando uma série de "clicks" para a central telefônica. Esses sinais produziam o mesmo efeito que apertar o primeiro botão várias vezes. Depois, quando a pessoa novamente girava o disco e enviava novos sinais, o efeito produzido na central telefônica era o mesmo de apertar o segundo botão várias vezes. Esse sistema reduziu também o número de fios ligando cada aparelho à central telefônica.
No mesmo ano em que inventaram o sistema de discagem, Keith e os irmãos Erickson começaram a desenvolver um modo de utilizar o dispositivo de Strowger em uma rede com 1.000 linhas telefônicas. Em vez de construir um dispositivo maior, eles resolveram utilizar dois dispositivos. A idéia é simples. As linhas são divididas em " troncos", cada uma com 100 linhas. Cada tronco pode, portanto, utilizar um dispositivo Strowger comum, com 100 posições. Utilizando 10 dispositivos Strowger, é possível portanto fazer conexões com 10 troncos de 100 linhas, atingindo assim 1.000 linhas.
Seletor de linha (1905) desenvolvido por Keith
Nesse sistema, quando um usuário quer se conectar a uma das linhas, ele disca primeiramente um número, que corresponde à escolha do tronco; então, na central telefônica, um aparelho simples (um seletor com 10 posições) estabelece sua ligação com o tronco. Ao ser conectado a esse tronco, a sua linha é ligada a um segundo aparelho, do tipo Strowger, e os dois números seguintes enviados pelo usuário vão escolher a linha exata dentro do tronco.
Não há limites para o sistema, pois é possível formar 10 grupos de 10 troncos (um total de 10.000 linhas), por exemplo, introduzindo mais uma etapa da discagem.
Sistema automático tipo Strowger (passo-a-passo) com várias
etapas. Um telefone é ligado, primeiramente, a um dispositivo que tem
10 opções. Cada uma delas é ligada a um aparelho tipo Strowger com
100 ligações. Cada uma dessas 100 ligações pode levar a um
outro aparelho Strowger, e assim por diante.
Uma central desse tipo (com dois estágios) foi instalada em 1897, para 400 linhas. Cada telefone tinha, na central, um seletor simples (de apenas 4 posições) e 4 dispositivos tipo Strowger (de 100 posições). Portanto, a central telefônica tinha, ao todo, 400 seletores simples e 1.600 dispositivos tipo Strowger. O sistema funcionou, mas era extremamente caro. Para redes com número ainda maior de linhas, o sistema se torna proibitivamente dispendioso. Para 800 linhas (o dobro), por exemplo, seria necessário um seletor simples de 8 posições e 8 dispositivos Strowger de 100 posições para cada linha telefônica. Multiplicando por 800, vemos que seriam necessários 800 seletores simples e 6.400 dispositivos tipo Strowger. Ou seja: para o dobro de linhas, o custo do sistema seria aproximadamente 4 vezes maior. Para um número 10 vezes maior de linhas, o custo seria 100 vezes maior. Portanto, embora o sistema pudesse ser aumentado de forma ilimitada, seu custo aumentava tanto que o tornava inviável para redes grandes.
O SISTEMA PASSO-A-PASSO
Esse tipo de problema foi resolvido por Frank Lundquist, que havia saído da companhia de Strowger em 1896 e desenvolvido um novo processo, que foi patenteado em 1897. A idéia consistia essencialmente em utilizar um menor número de dispositivos na central telefônica automática, levando em conta que, do modo como o sistema funcionava, quase todos os dispositivos ficavam a maior parte do tempo sem funcionar. Por exemplo: na rede descrita acima, com 400 linhas, havia 1.600 dispositivos Strowger, mas apenas 200 deles, no máximo, seriam utilizados ao mesmo tempo. Na prática, como apenas cerca de 10% dos telefones eram utilizados ao mesmo tempo, o número de dispositivos realmente utilizados a cada momento era ainda menor. Portanto, devia haver um modo de, em vez de ter um conjunto de dispositivos Strowger para cada linha telefônica, utilizar um número menor, partilhado por todos.
Como fazer isso? Lundquist imaginou que bastaria introduzir um novo seletor que procurasse um dispositivo desocupado para usar. Vamos imaginar, primeiramente, uma rede com apenas 100 linhas, que exigia (pelo sistema antigo) 100 dispositivos tipo Strowger. Podemos agora construir uma central telefônica que tenha apenas 10 desses dispositivos. Cada um deles serve para fazer conexões com todas as 100 linhas, mas eles não "pertencem" a nenhum assinante em particular. Eles ficam disponíveis, esperando que alguém precise deles. Para que possam ser partilhados, é necessário haver um pré-seletor, ou seletor de dispositivo desocupado. Cada linha telefônica, ao chegar na central, é ligada a um pré-seletor desse tipo. No exemplo que estamos considerando, esse pré-seletor tem 10 posições diferentes, podendo ser ligado a cada um dos 10 dispositivos Strowger. Quando uma pessoa quer fazer uma ligação e tira o telefone do gancho, esse pré-seletor é colocado em movimento na central e vai girando de posição em posição e testando, até encontar um dispositivo Strowger desocupado. Então, um som especial é ouvido pela pessoa que está querendo fazer a ligação, e ela pode discar o número desejado, enviando os sinais elétricos para o seletor Strowger que foi selecionado. Quando termina a ligação, esse dispositivo Strowger fica desocupado, e pode ser utilizado por outra pessoa.
Esse novo tipo de sistema, embora introduza uma etapa a mais, utiliza um menor número de dispositivos seletores, e por isso é muito mais barato.
Assim, o sistema de ligação de uma linha a outra linha telefônica utiliza uma seqüência de etapas, passando por vários dispositivos encadeados. Esse sistema é chamado "passo-a-passo".
Manutenção de antigos dispositivos de sistemas automáticos passo-a-passo
O mesmo princípio pode ser utilizado para uma rede com maior número de telefones. Consideremos uma rede com 1.000 linhas, por exemplo, divididas em 10 troncos de 100 linhas. No sistema anterior, cada assinante tinha à sua disposição, na central telefônica, um seletor de troncos (com 10 posições) e 10 dispositivos de Strowger (com 100 posições), com um total de 1.000 seletores de tronco e 10.000 dispositivos Strowger. No novo sistema, bastam 100 dispositivos Strowger, partilhados entre todos. O sistema funciona assim: cada linha telefônica, ao chegar à central, é ligada a um pré-seletor de 10 posições, que procura um seletor de troncos que esteja desocupado. Assim, em vez de 1.000 seletores de tronco na central telefônica, há apenas 100, partilhados pelos 1.000 usuários. Quando o pré-seletor encontra um seletor de tronco livre, a pessoa ouve um sinal e então começa a discar o número desejado. A primeira seqüência de pulsos elétricos vai mover o seletor de tronco para a posição desejada. No sistema antigo, isso ligaria o seletor diretamente com um dispositivo Strowger com 100 posições. No novo sistema, o seletor é ligado a um segundo pré-seletor de 10 posições, que vai procurar um dispositivo Strowger livre, daquele tronco. Em vez de 100 dispositivos Strowger para cada tronco, podem ser utilizados apenas 10.
Uma central telefônica inglesa do início do século XX, que utilizava o sistema passo-a-passo
Assim, o sistema completo, para 1.000 linhas, teria: 1.000 pré-seletores iniciais de tronco livre; 100 seletores de tronco; 100 pré-seletores de dispositivo Strowger livre; e 10 dispositivos Strowger para cada tronco, com um total de 100 dispositivos Strowger para toda a rede.
No caso de centrais telefônicas com um número maior de linhas, o sistema é um pouco mais complicado, exigindo outras etapas. Para 10.000 linhas, por exemplo, são necessários 100 troncos de 100 linhas. Na central telefônica, cada linha pode estar ligada a um pré-seletor de 10 posições, que procura um primeiro dispositivo tipo Strowger (de 100 posições) desocupado. A pessoa disca os dois primeiros números, e esse primeiro dispositivo Strowger seleciona o tronco desejado. Então, nesse tronco, um segundo pré-seletor (de 10 posições) procura um segundo dispositivo Strowger desocupado, e os dois últimos números discados pela pessoa movem esse dispositivo, ligando-a à linha desejada.
Esses sistemas passo-a-passo mais desenvolvidos foram exibidos pela primeira vez em 1899 e adotados pouco depois na França e na Alemanha. Keith e os irmãos Erickson, utilizando o sistema inventado por Lundquist, construíram centrais telefônicas para grande número de linhas, a partir de 1900. Uma central para 4.000 linhas foi instalada em New Bedford (Estado de Massachusetts), e depois em outros locais (principalmente fora dos Estados Unidos).
Esse sistema foi aperfeiçoado e adotado no mundo todo, até 1926, quando foi introduzido o sistema crossbar na Suécia. O serviço de comutação automática se expandiu mais fortemente na Europa (especialmente na França), na primeira década do século XX. Na década de 1910, as centrais automáticas se espalharam nos Estados Unidos, mas apenas entre os sistemas telefônicos "independentes" (isto é, os que não pertenciam ao sistema Bell). A Bell passou a utilizar no início do século XX algumas pequenas centrais automáticas em vilas e regiões rurais em que era difícil treinar e empregar telefonistas, mas apenas na década de 1910 começou a se preocupar com a necessidade de centrais automáticas exigidas por grandes cidades.
Somente na década de 1920 a própria Bell adotou o sistema automático, utilizando telefones com discos, que passou a ser chamado de "sistema francês", embora tivesse sido inventado nos Estados Unidos. A substituição das centrais manuais foi lenta: até 1936, 52% das centrais dos Estados Unidos utilizavam telefonistas.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA AUTOMÁTICO
Como as pessoas estavam acostumadas às centrais manuais, houve uma resistência para mudar. O sistema de discagem às vezes falhava e fazia uma conexão com o número errado. Era também considerado mais lento do que o serviço das telefonistas.
As centrais telefônicas manuais tinham diversas vantagens sobre as automáticas. As telefonistas prestavam vários tipos de serviços, fornecendo informações sobre horário, clima, sobre pessoas e empresas, e às vezes informações sobre atividades culturais (teatro, música etc). As telefonistas eram tão gentis que muitas pessoas ligavam para a central apenas para conversar com elas.
Inicialmente, as pessoas simplesmente perguntavam às telefonistas que horas eram, e elas olhavam para seus relógios (ou relógios existentes na sala de comutação) e respondiam. Como esse tipo de pergunta era muito freqüente, acabou sendo criado um número especial de telefone para responder a essa demanda. Nesse número, que podia ser acessado simultaneamente por muitos assinantes, uma pessoa ficava olhando para um relógio e dizendo as horas, "ao vivo". Somente depois da Segunda Guerra Mundial foram criados sistemas automáticos para informar as horas, nos Estados Unidos. O custo (e manutenção) das centrais automáticas era muito alto, e as centrais manuais, apesar de exigirem a contratação de telefonistas, podiam oferecer vantagens, em relação ao custo total. As centrais manuais ofereciam também a vantagem social de criar um grande número de empregos. Em 1907, o sistema Bell empregava 50.000 mulheres e 42.000 homens. A maioria das mulheres trabalhava como telefonistas, enquanto os homens desempenhavam trabalhos técnicos (instalação e manutenção de linhas e equipamentos) e administrativos.
Os principais problemas do serviço das telefonistas era que não havia privacidade (as telefonistas sabiam quem telefonava para quem, e podiam escutar as conversas) e, além disso, o serviço manual se tornava inviável quando havia um número de dezenas de milhares de linhas conectadas a uma única central.
INAUGURAÇÃO DAS PRIMEIRAS CENTRAIS AUTOMÁTICAS NO BRASIL
PORTO ALEGRE
"Telephones Automaticos
Hontem, foram inaugurados os vinte primeiros telephones automáticos, installados pela Companhia Telephonica Riograndense.
A inauguração foi coroada de exito, demonstrando as vantagens que trazem esses apparelhos.
A's 16 horas, communicou-se com o apparelho da nossa redacção, que tem o número 330, o dr. Viterbo de Carvalho, um dos directores da Companhia Telephonica Riograndense, que nos transmitiu a notícia da inauguração."
RIO GRANDE
"Hoje, às 17 ½ horas, foi officialmente inaugurado o novo servico telephonico, systema automatico, importante melhoramento com que vem de ser dotada a nossa cidade pela acreditada Companhia Telephonica Riograndense, com o operoso Governo do Município.
Para o acto da inauguração que teve lugar no Centro desta cidade, recebemos attencioso convite, gentileza que muito agradecemos.
Acham-se já em pleno funcionamento e com o mais satisfactorio resultado, duzentos e cincoenta apparelhos."
RECIFE
Transcrição de trecho do livro "Pequena História da Telefonia em Pernambuco" - de Lourdes Sarmento, Companhia Editora de Pernambuco, Recife, 1980, pág. 61
"OS TELEFONES AUTOMÁTICOS
Jornal do Commercio
04 de dezembro de 1927
O Jornal do Commercio, associando-se aos progressos do Recife, publicava no seu periódico a instalação, no dia 03 de dezembro de 1927, dos telefones automáticos, às 21 horas.
Comentou o Jornal do Commercio que o ato revestiu-se de uma bonita solenidade quando compareceram pessoas de destaque. Cita o JC, a presença do Dr. Sebastião Lins, Secretário de Agricultura, Chefe de Polícia, Comandante da Força Pública, Diretor da Faculdade de Direito e representantes da imprensa.
Na oportunidade, falou o Dr. Arthur Smith, gerente da Companhia, que se referia ao novo melhoramento da telefonia. O Dr. Sebastião Lins agradeceu em nome do Sr. Governador e foi estabelecida a ligação com a residência do Governador Júlio de Mello. Respondendo, o Sr. Governador felicitou a empresa.
Outras ligações foram feitas depois para as residências dos Srs. Edgard Altino, Souza Leão, Samuel Hardman e Netto Campello.
Após os telefonemas, foi servido champanha aos presentes, havendo trocas de brindes.
A nova rede foi montada pelo engenheiro chefe J. Berry, servindo como electricista e instaladores os senhores W. L. Martins e E. Seeley."
SÃO PAULO
Transcrição de artigo da Revista "Sino Azul" - anno 1, jul. 1928, vol.I, nº.7, p.1, 2, 3
"SAO PAULO, a formosa capital do grande Estado, inaugura este mez o serviço telephonico automatico num trecho de sua vasta area.
Esse acontecimento notavel vem realçar ainda mais a situação de destaque que a adeantada cidade tem entre as demais cidades brazileiras, si bem que em algumas dellas, como Recife e Porto Alegre, já existisse serviço telephonico automatico. Mas, si compararmos a situação dessas cidades com a da metropole paulista, sob o ponto de vista telephonico, chegaremos á conclusão de que o acontecimento deste mez tem, moral ou materialmente, uma significação toda especial na vida de uma das maiores e mais adeantadas cidades do nosso paiz.
A capital de S. Paulo possue uma rêde de cerca de 25.000 telephones, o que dá uma idéa do progresso a que atingiu esse meio de communicação e do augmento crescente do numero de seus habiantes. ...um trabalho de muito maior vulto comparado com o que foi feito nas duas cidades acima citadas que, pode-se dizer, tinham um equipamento obsoleto, que foi completamente abandonado, ...
O caso de S. Paulo é differente. Essa cidade possue estações telephonicas manuaes relativamente modernas, com material novo e aperfeiçoado que logicamente, não pode ser abandonado. É por essa razão que a substituição do serviço manual por automatico não será feita por completo. ... Não se trata assim de uma substituição de material, mas a introdução de apparelhamento novo, ...
Já estão quasi terminados os preparativos para a inauguração da primeira estação automatica, o que deve ser feito ás 24 horas do dia 13 do mez corrente. Desse modo, a partir da hora 0 de 14, todos os assignantes comprehendidos na area da estação "Cinco", em numero de 3.500, aproximadamente, passarão a formar no disco os numeros dos telephones com que desejem falar.
...
O novo edifício da rua Brigadeiro Galvão 55, especialmente construido para nelle ser installada a estação "Cinco", contém, pode-se dizer, mais do que um navio pode comportar de delicadas peças indispensaveis á installação do serviço automatico.
...
A Companhia Telephonica Brasileira despendeu quantia superior a 12.750:000$000 na installação do serviço automatico em S. Paulo...
...
O systema escolhido pela Companhia para sua primeira estação automatica foi o Strowger, com todos os mais modernos aperfeiçoamentos. Esse material foi fornecido pela Automatic Electric Co., de Chicago, America do Norte.
Os trabalhos de installação da estação automatica foram dirigidos por H. J. English, Superintendente do Equipamento de S. Paulo. A Automatic Electric Co., além do Engenheiro J. B. Cooley, que acompanhou todos os trabalhos, na qualidade de engenheiro residente, mandou-nos mais um chefe de installadores, E. C. Mickelsen e seu ajudante, M. N. Hampton, com longa pratica do serviço.
...
O exito do funccionamento do systema automatico depende da correcção com que os assignantes manejarem o apparelho telephonico. Nesse sentido a Companhia tem diffundido instruções claras ensinando como se procede para obter uma ligação telephonica automatica. Destacou tambem a Companhia vinte e cinco empregados, especilamente treinados, para darem nas casas dos assignantes as necessarias instruções sobre o modo de usar os novos telephones automaticos e esses empregados puderam constatar o interesse por todos manifestado em receber essas instrucções.
O manejo do telephone automatico é, aliás, tão simples que se não encontrará difficuldade em fazel-o funccionar com perfeição, depois de lidas attentamente as instrucções contidas nas primeiras paginas da nova Lista da Assignantes e no folheto já largamente distribuido pela Companhia, com todos os detalhes sobre o modo de pedir uma ligação."
RIO DE JANEIRO
Transcrição de artigo Revista "Sino Azul" - anno 2, dez. 1929, vol. II, nº 24, p.3,4 e 5
"A cidade do Rio de Janeiro, cujos dotes naturaes lhe conferem o privilegio da mais bella capital do mundo, acompanha o progresso geral em todas as suas manifestações, aproveitando os surtos que assignalam as etapas de civilisação para provar a capacidade de trabalho e a orientação dos seus governos.
Prestigiada, assim, pela elite das populações e pelos Governos, a Companhia Telephonica Brasileria tem estado á vontade para pensar no melhoramento do seu equipamento telephonico, de que a ultima palavra é o systema automatico.
E essa substituição, que com tanto successo foi feita na capital de S. Paulo, acaba de atingir agora a Capital da Republica com a inauguração da primeira estação automatica, parte de um grande projecto de remodelação da rêde telephonica do Rio de Janeiro.
Em cumprimento ao accordo firmado com a Prefeitura do Districto Federal para reforma da rêde da Capital da Republica, a Companhia Telephonica Brasileira, inaugurará no dia 24 do corrente mez, ás 23 horas e 30 minutos, a primeira estação automatica da cidade. Esta estação, installada no mesmo edifício da estação manual Norte, á rua do Costa nº 69, terá uma capacidade inicial de 6.000 linhas.
A H. L. Banfill, Engenheiro Chefe, coube a tarefa de inicair o grande empreendimento, coordenando todos os planos já feitos e delineando novos planos exigidos pelo rapido desenvolvimento que vae tendo o Rio de Janeiro. A A. I. Peterson, Sub-Superintendente Geral, a cujo cargo esta a Divisão do Rio, coube a execução de um serviço que , si bem fosse chamado de emergencia, para attender ás necessidades mais urgentes do serviço telephonico no centro commercial da cidade, tinha extraordinaria importancia pela presteza com que devia ser executado e pelas dificuldades em remodelar a rêde de uma cidade de vida intensa como o Rio, justamente em sua zona de maior trafego, não só de vehiculos como de pedestres.
Em principios de Maio do corrente anno foram iniciados os serviços de excavação das ruas, para a abertura de valas por onde deviam passar as linhas de ductos conduzindo os novos cabos. Os trabalhos foram feitos dia e noite, de acôrdo com os planos traçados por A. T. Penna, da Engenharia de Divisão, e com turmas que se revezavam. Valas abertas num dia já no outro appareciam cobertas e com ductos installados. Ruas de grande movimento como Marechal Floriano, Ouvidor e Avenida Rio Branco, foram abertas sem o menor transtorno para o trafego intenso das mesmas.
Só em Junho começou a chegar o equipamento encommendado para a nova estação automatica á International Standard Electric Corporation, de Bruxelas, Bélgica. Já a esse tempo se achavam no Rio, J. Harms, Installador Chefe da fabrica, com uma turma de installadores dirigida por H. Holgersen, e R. Wetterlind.
Os trabalhos de installação tiveram começo na primeira quinzena de Julho e correram tão intensos que cinco mezes depois começaram a ser feitos os ultimos tests. Nesses trabalhos deve ser tambem incluido o equipamento automatico installado nas estações manuaes, para communicação destas com a estação automatica e vice-versa.
A. T. dos Santos, Superintendente Commercial, dirigiu todo o serviço de aviso e instrucção aos assignantes e ao publico em geral. A Lista de Assignantes foi preparada e distribuida, para ser posta em vigor apenas em 24 de corrente, a partir das 24 horas.
O PRIMEIRO TELEFONE
Graham Bell e seu amigo Thomas Watson já tinham construído vários aparelhos e sempre encontravam algum problema .
No dia 3 de junho de 1875, Watson, atendendo mais uma solicitação de Graham Bell, da noite anterior, para que construísse um novo aparelho adaptando um dos antigos dispositivo, construiu dois exemplares. Um deles era de uma estrutura de madeira que tinha uma espécie de tambor mantendo todas as partes do dispositivo nas posições corretas.
Devido ao formato dessa estrutura, esse dispositivo recebeu o apelido de "telefone da forca".
Reprodução do telefone em forma de forca, de Graham Bell, utilizado em 1876.
Fotografias (esquerda) e esquema (direita) do telefone em forma de forca, utilizado por Bell em 1876
A idéia de Bell era que ao falar próximo à membrana ela vibraria, fazendo a lâmina tremer perto do eletroímã e induzindo correntes elétricas variáveis até sua bobina. Ele esperava que essas vibrações sonoras fossem reproduzidas igualmente na forma elétrica que seria conduzida por fios metálicos até um outro aparelho idêntico, fazendo-o vibrar e emitir um som semelhante ao inicial.
Para começar o teste, Watson e Bell colocaram os aparelhos em lugares bem distantes; um no sótão e o outro no terceiro andar do prédio - dois andares abaixo, ligados por um par de fios metálicos. À noite, Bell ficou no sótão e Watson na sala do terceiro andar, tentando se comunicar através do aparelho. Por mais que Watson falasse alto ou mesmo gritasse, Bell não ouvia nada, no entanto, quando Bell falava em seu dispositivo, Watson ouvia alguns sons . Não que fosse possível entender alguma palavra mas, certamente ele escutava alguma coisa.
O sótão da loja de Williams, onde Bell e Watson realizaram seus primeiros experimentos (reconstrução montada a partir de fotografias da época)
Hoje é possível entender quais eram os problemas técnicos desse primeiro aparelho. Um deles era a lâmina de aço, que deveria vibrar livremente induzindo as correntes elétricas, mas que tinha, nesse aparelho uma de suas extremidades presa, o que a impedia de acompanhar as oscilações da membrana. O outro problema é que, para emitir sons com mais força, era preciso dimensionar o aparelho de maneira mais adequada, levando em conta, por exemplo, as distâncias entre o eletroímã e a lâmina. Enfim, era preciso aperfeiçoá-lo.
Apesar de todos esses avanços, Hubbard continuava a pressionar Bell para que se dedicasse ao telégrafo harmônico, e não à transmissão de voz.
O TELÉGRAFO HARMÔNICO
Em 1873 e 74, um escocês chamado Alexander Graham Bell fazia experimentos com um objetivo: enviar notas musicais através da eletricidade. Mas por que será que alguém passaria seu tempo tentando fazer uma coisa dessas? Bell fazia tal pesquisa, pois acreditava que, se pudesse transmitir notas musicais, conseguiria também transmitir a voz das pessoas. Você consegue pensar na importância que isso tinha na época? Não? É simples, basta imaginar sua vida sem telefone... Tem gente que não consegue sequer se imaginar sem celular! Já pensou se, a cada vez que tivesse que dar um recado a alguém ou matar a saudade tivesse que ir até a casa dela? Ia ser bastante difícil, não acha? Mas isso ainda não era o bastante, Bell queria, além de transmitir a voz das pessoas, fazer mais de uma transmissão ao mesmo tempo. Será que ele queria demais?
Um senhor chamado Hermann von Helmholtz, achou que não, pois provou naquela época que era possível sintetizar sons articulados a partir de notas musicais. Mas o que isso significa afinal? Significa que diferentes notas musicais podem ser usadas para enviar diferentes mensagens telegráficas ao mesmo tempo e por um único fio. Essa era a mesma idéia que Elisha Gray , especialista em eletricidade e um dos fundadores da empresa de telégrafos Western Electric Company tentava desenvolver. Ele dizia que usando freqüências distintas, seria possível transmitir entre 30 e 40 mensagens simultaneamente, através de uma única linha telegráfica, substituindo as inúmeras linhas existentes entre as cidades, com grande economia.
Gray trabalhava na construção de um aparelho do mesmo tipo e era, portanto, um dos maiores concorrentes de Bell que, apavorado com a idéia de ficar pra trás, escreveu, em novembro de 1874, a seguinte mensagem: "É uma corrida pescoço a pescoço entre o Sr. Gray e eu próprio para vermos quem completará um aparelho antes".
Essa mensagem foi escrita para Thomas Sanders e Gardiner Greene Hubbard , dois senhores que conheceram, se interessaram e resolveram investir no projeto do "telégrafo harmônico", pois perceberam que, se não conseguissem transformar o projeto do telégrafo em realidade rapidamente, perderiam essa corrida, e com ela, muito dinheiro.
Hubbard, um homem bastante prático, percebeu como a idéia de Bell poderia render dinheiro, e logo foi dar uma olhada no Escritório de Patentes de Washington (para saber se alguém já tinha desenvolvido alguma coisa parecida ).
Não é que a idéia era realmente original! Ele não encontrou nenhum registro sequer. Isso fez com que os dois novos parceiros de Bell decidissem de uma vez investir no projeto, pois o primeiro a terminá-lo, seria o dono de sua patente , podendo vendê-lo às empresas de telegrafia.
Hubbard, Sanders e Bell se associaram e, em fevereiro de 1875, criaram a empresa Bell Patent Association , que colocava no papel o combinado que fizeram: Bell entrava com as idéias, estudos e experimentos, Sanders e Hubbard com apoio, sobretudo financeiro, dividindo os lucros em três partes iguais.
No meio dessa corrida contra o tempo, Bell vai a Boston e conhece uma fábrica de aparelhos elétricos como dispositivos para telégrafo, campainhas elétricas, alarmes, etc., que pertencia a Charles Williams Jr., a quem Bell passou a pedir que lhe confeccionasse uma infinidade de aparelhos.
A loja de materiais elétricos de Charles Williams Jr., na Court Street, em Boston
Charles Williams Jr. (esquerda) e um anúncio de sua loja (direita)
Certo dia, Bell levou a Williams alguns de seus desenhos para que fossem construídos modelos experimentais de seu telégrafo harmônico, e este encarregou Thomas A. Watson desse trabalho.
Thomas J. Watson, em 1874
Apesar de não ser o assistente de Sherlock Holmes, Watson ajudaria bastante na investigação de Bell, pois tinha grandes conhecimentos sobre eletricidade e uma incrível habilidade na construção de aparelhos. E foi assim que ambos se conheceram.
MAS AFINAL DE CONTAS... COMO O TELÉGRAFO FUNCIONA?
O telégrafo harmônico funcionava da seguinte maneira: um conjunto de eletroímãs , em forma de ferradura, produzia vibrações em pequenas lâminas de aço. Cada extremidade desta ferradura prendia uma das pontas da lâmina de aço. Junto a uma das extremidades dessa lâmina, havia também um contato elétrico. Quando o eletroímã estava ligado a uma pilha, a lâmina de aço passava a ser atraída, separando-se do contato elétrico. Quando este eletroímã era desligado, a lâmina voltava à sua posição inicial aproximando-se do contato elétrico.
Transmissor (esquerda) e receptor (direita) do telégrafo harmônico de Bell
Quando a corrente elétrica do eletroímã passa pelo contato elétrico entre a lâmina e o imã, ele se rompe. Esse rompimento é causado pelo próprio ímã, que corta a corrente elétrica fazendo com que a lâmina volte para seu lugar, produzindo um novo contato. Então, a lâmina é atraída até que seu contato se rompa e assim sucessivamente, até que a pilha - geradora da corrente seja retirada ou se esgote. Essa vibração da lâmina diante do eletroímã produz um zumbido, com diferentes f reqüências , o que depende do comprimento e da grossura da lâmina de aço.
Diagramas dos osciladores do telégrafo harmônico, desenhados por Bell em 1875
Bell mandou construir vários sistemas desse tipo formando pares idênticos. Cada um dos aparelhos construídos produzia um zumbido ou som, igual ao emitido pelo seu par, porém, diferente dos sons produzidos pelos outros pares. Complicado não é? Basta prestar um pouco de atenção e você entenderá tudo com "um pé nas costas". Cada par de eletroímãs iguais formava um sistema de transmissão e recepção de sinais elétricos. Bell esperava que quando um eletroímã produzisse um som, se ligasse a um outro eletroímã idêntico. Esse segundo, também começaria a vibrar, produzindo o mesmo som ou zumbido. Quando eletroímãs diferentes fossem ligados entre si, um deles não faria o outro vibrar, ou seja, um não causaria interferência no outro. Bell não tirou tudo isso somente da sua imaginação, mas sim de seus estudos, nos quais conheceu um princípio da física que se tornou a base de suas hipóteses, o da ressonância de oscilações. Se você quiser constatar esse princípio, faça o teste: coloque dois violões idênticos e bem afinados, um na frente do outro. Se tocar uma das cordas de um deles, a mesma corda, do outro violão começará a vibrar, enquanto as outras continuarão paradas. Quando Bell pensou no telégrafo harmônico, estava tentando produzir um fenômeno semelhante, porém com vibrações transmitidas pela eletricidade, e não pelo ar.
Fotografia dos dispositivos do telégrafo harmônico de Bell, juntamente com duas pilhas da época
Se isso desse certo, Bell colocaria um eletroímã de cada tipo de um lado e seus correspondentes do outro, em um circuito elétrico. Ele esperava que, como aconteceu com o violão, apenas o par certo de cada eletroímã entrasse em vibração do outro lado. Se isso funcionasse, cada vibrador poderia ser manipulado por um telegrafista, possibilitando a transmissão de várias mensagens ao mesmo tempo pelo mesmo fio, cada uma com uma freqüência, sem que se misturem, sendo recebidas por diferentes aparelhos do outro lado.
Como pudemos perceber, na teoria, tudo parecia perfeito, porém, depois que Watson fabricou os dispositivos, o sistema ainda não funcionava. Com isso, Bell tentou fazer uma série de modificações, as quais Watson seguia fielmente, ainda assim sem sucesso.
O dia-a-dia de Bell era bastante cansativo, dava aulas durante o dia, e visitava a oficina de Williams à noite. Enquanto trabalhavam, Bell contava a Watson suas idéias - inclusive sobre seu projeto de transmitir vozes à distância.
Sem nunca esquecer o projeto de construir o telégrafo, Bell saiu em busca de interessados em seu outro trabalho. Foi a Washington e conversou com Joseph Henry, um importante físico especialista em eletricidade, que conhecia os aparelhos de Johann Philipp Reis (possuía até uma cópia dele), que tinha bastante interesse no assunto. Ao contrário de outras pessoas, Henry incentivou Bell a trabalhar com a transmissão da voz. Apesar da falta de sucesso, Bell estava obcecado pelo trabalho e por isso, em março de 1875, decidiu parar de dar aulas. Tomou tal decisão para poder dedicar mais tempo às suas pesquisas, o que lhe trouxe sérios problemas financeiros. Gastou todas as suas economias, e precisou pedir dinheiro emprestado a seu amigo Watson.
QUEM FOI REIS
Um jovem professor alemão chamado Johann Philipp Reis, construiu o primeiro "telefone" elétrico que conseguiu transmitir sons. Este aparelho era muito semelhante ao telégrafo - com um aparelho transmissor e um receptor. A novidade é que, ao invés de enviar sinais batendo com o dedo sobre um interruptor, era a voz que fazia este aparelho funcionar e com uma grande vantagem: os sons ouvidos no aparelho receptor tinham a mesma freqüência do som que saia do aparelho transmissor.
Esquema e fotografia do telefone de Reis
Reis fez uma demonstração de seu aparelho diante da Sociedade Científica Alemã em 1861, em que foi possível ouvir uma música cantada por um cantor profissional que estava a 100 metros de distância. No entanto, só era possível reconhecer a seqüência de sons musicais, pois o aparelho não reproduzia nem as variações de intensidade do som, nem as palavras cantadas, nem tampouco, as características da voz do cantor.
Com o aparelho de Reis conseguia-se distinguir a voz de um homem e de uma mulher, além de reconhecer as notas musicais de uma melodia, porém, não era possível entender uma só palavra.
Fonte: www.museudotelefone.org.br