O Mercosul, no entanto, é alvo de críticas desde sua criação. "Embora tenha sido idealizado para enfrentar a globalização, isso se desvirtuou", diz José Alexandre Hage, professor da Escola Trevisan de Negócios. "O que a União Europeia levou 30 anos para conseguir, quiseram fazer em quatro." Segundo Hage, isso é reflexo de interesses políticos, já que, menos interessados em reduzir a rivalidade entre as nações, os governos adotaram uma postura imediatista.
Outros defendem que o bloco coloca entraves para negocições do Brasil com outros países. Mas o Brasil, por enquanto, tem uma situação comercial favorável graças à sua participação dominante no bloco. Na maioria das relações de comércio entre os integrantes, o país é superavitário. Só com a Argentina, em 2010 houve um saldo comercial positivo de mais de 4 bilhões de dólares. O Brasil vende produtos manufaturados, com alto valor agregado, mas, em troca, importa basicamente matéria-prima. E essa é a base da argumentação dos sócios menores, que tentam proteger suas indústrias com barreiras alfandegárias. O turismo também apresentou alterações significativas. Sem a necessidade de passaporte, os argentinos passaram de 500 mil (1994) para mais de 1,21 milhão (2009) em solo brasileiro.
Apesar das críticas e das distorções comerciais criadas pela diferença no tamanho dos integrantes do bloco, ainda há quem se interesse em fazer parte dele. Desde 2006, a Venezuela aguarda a aprovação para ser integrante pleno e, recentemente, a Colômbia mostrou interesse em se tornar um membro. Os dois, juntamente com Bolívia, Chile, Equador e Peru, são países associados (têm uma agenda distinta de integração) e também se beneficiam nos acordos.
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