Por Ana Lucia Santana |
Há muito tempo atrás alguns estudiosos seguiam a hipótese então vigente de que Abraão seria integrante de um grupo nômade, dedicado às tarefas pastoris, residindo distante dos grandes centros urbanos. Hoje, porém, sabe-se que ele nasceu e cresceu na cidade de Ur doscaldeus, tribo que habitava o litoral do Golfo Pérsico, localizada no sul da Mesopotâmia, atual Iraque. Esta região era considerada uma das mais importantes metrópoles da época, florescente núcleo comercial e político.
Apesar de viver em uma cidade extremamente civilizada, o pai de Abraão reúne toda a família e, de repente, decide se mudar para Harã, situado no norte do Vale do Eufrates, bem longe de Ur. Levantam-se várias teses para explicar esta decisão. O arqueólogo Leonard Woolley encontrou nas capelas familiares comuns naquele período, indícios de que as práticas de adoração adotadas em Ur, as quais privilegiavam o deus familiar ao invés do deus lunar, teriam motivado essa mudança. Mas pode também haver razões ligadas aos negócios empreendidos pelo grupo familiar, ou uma conexão com a morte trágica do filho mais velho, pai de Ló.
Nessa época Abraão já teria, aos catorze anos, ainda em Ur, deixado de lado a idolatria e passado a adorar a Deus, entregando a ele sua alma e a de seus descendentes. Aos 49 anos ele se casa com Sara; quando seu irmão morre, ele já se encontra com 60 anos. Não se sabe precisamente quando Abraão teria vivido, mas a Idade dos Patriarcas Bíblicos é normalmente localizada temporalmente na Idade do Bronze – 2000-1500 a.C. Assim, a viagem para Ur pode ter ocorrido, segundo estudiosos modernos, entre os séculos XX e XIX a.C. A família parte para Canaã, mas talvez pela morte do pai, Terá, ela se fixa no ponto em que se encontrava, dando o nome do irmão morto, Harã, a esta localidade. Este também é um ponto de progresso, constituindo estratégico local de passagem para as caravanas que chegavam do Oriente Próximo. Este fator econômico deve ter pesado na decisão de Abraão quando ele recebe o primeiro chamado de Deus para partir desta terra, e mesmo assim permanece em Harã.
É possível que Deus tenha chamado Abraão pela segunda vez, prometendo fixar sua família em uma terra que seria indicada por Ele. O Criador promete transformar sua descendência em uma grande nação. Eles partem novamente na direção de Canaã, terra fértil e próspera. Estabelecem-se inicialmente em Siquém, terra dos cananeus, depois em um local entre Betel e Ai, onde também fixa um altar; posteriormente eles chegam a um terceiro local não explicitamente determinado nos textos bíblicos, mas associado por alguns a Salém, atual cidade de Jerusalém. Esta região da Palestina era muito assediada por hititas, filisteus e assírios, por essa razão eles instalam um acampamento fortificado nesta área próxima à cidade. Depois disso, as idas a Salém tornam-se constantes para Abraão e seu sobrinho Ló.
Com a invasão da fome nas terras cananéias, Abraão e a família partem para o Egito. Mas logo são obrigados a deixar a terra dos faraós, após um incidente entre o rei egípcio e Sara, por quem ele se apaixona acreditando que ela é irmã do Patriarca. Em contato novamente com as terras secas dos cananeus, Abraão e Ló se separam. Este se instala próximo a Sodoma e Gomorra, onde se torna prisioneiro de reis mesopotâmicos. Seu tio segue em seu socorro e o resgata, derrotando os soberanos e ocupando o sul de Canaã. Ele e seu povo progridem nessa região longínqua, quando Deus visita Abraão novamente, reafirmando sua promessa.
Sendo Sara até então estéril, ele tem um filho com Agar, aia de sua esposa, chamado Ismael pelo pai, com um destino já traçado, dar origem aos povos árabes. Mas então sua mulher engravida, dando à luz Isaac, quando então se cumprem as promessas de Deus. É então que o Senhor testa a fé do patriarca, pedindo-lhe que sacrifique o caçula no Monte Moriá. No último instante, porém, o anjo segura a mão de Abraão e o liberta de sua promessa.
Sara morre em Hebron, aos cento e vinte e sete anos, e é enterrada na Cova de Macpela, primeira propriedade de Abraão em terras cananéias. Os textos bíblicos apontam para um segundo matrimônio do patriarca, com Quetura, que lhe teria concedido seis filhos, os quais originam outros povos, sobretudo os midianitas. Abraão morre aos cento e setenta e cinco anos, sendo também enterrado junto a sua esposa Sara. Documentos afirmam que toda a herança coube a Isaac, restando apenas alguns presentes para os filhos de Hagar e de Quetura.
Fontes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caldeu
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraão
http://www.ixtus.pro.br/textoDez.htm