Por Emerson Santiago |
O sucesso viria em 1886, com o domínio sob o porto de Massaua, segunda cidade da atual Eritréia, tomado do decadente Quedivato do Egito. Depois da “colonia primogenita” (título com que os italianos se referiam “afetivamente” à sua primeira conquista), veio a aquisição da Somália Italiana em 1889, adquirida por meio de tratados que “implodiram” os governos locais (os sultanatos de Hobyo e Majeerteen).
Mas o verdadeiro alvo dos italianos era o legendário Império Etíope, localizado entre suas duas colônias. A conquista da Etiópia unificaria as colônias italianas no chamado “chifre da África”, originando um imenso território sob seu domínio.
Mas é aí que ocorre o maior revés ante as pretensões coloniais italianas, pois as forças etíopes, em maior número, conhecedoras do terreno e melhor organizados, vencem a Batalha de Adua, marco histórico de vexame dos italianos e inédita vitória de um exército africano sobre outro europeu. A Etiópia permaneceria independente.
Mesmo com a vergonhosa derrota a Itália não desistiria de aumentar seus domínios. Em 1901 é conquistada uma concessão dentro do território chinês, em Tientsin (similar aos casos de Macau e Hong Kong), e na mesma época é fundada a Associação Nacionalista Italiana, que pressiona o governo pela aquisição de novas colônias, sendo também mais tarde uma grande fonte de suporte para o ditador Benito Mussolini. A alternativa escolhida foi a de enfrentar o oponente mais fraco, o Império Otomano (atual Turquia), com pouca capacidade de resistir a uma agressão. Consciente disso, os italianos invadem a Líbia, naquela época província otomana, onde usam todo o armamento disponível, para evitar qualquer revés. Foi neste conflito que pela primeira se realizou um ataque aéreo, estratégia italiana para bombardear importantes centros turcos naquela província.
Além da Líbia, os italianos tomariam dos turcos as ilhas gregas do Dodecaneso, conseguindo estabelecer de facto seu império colonial.
A Itália participaria na I Guerra Mundial esperando compensações que aumentariam seu império. Suas pretensões foram solenemente ignoradas pelas grandes potências, levando a um distanciamento do país dos vencedores da guerra. Com a ascensão de Mussolini, é ocupada a ilha grega de Corfu, entre a Albânia e Grécia, e adicionada a Jubalândia à Somália Italiana, destacada do território queniano, como prévia compensação pela participação italiana na guerra.
Mussolini tentaria “vingar” o vexame italiano de Adua, invadindo a Etiópia com sucesso, em 1936. Com essa manobra, a Itália atraiu a condenação da opinião pública internacional, sendo a anexação reconhecida precariamente. Mussolini declararia, mesmo sob protestos, a fundação da África Oriental Italiana (AOI), enorme território controlado pelos italianos no leste africano.
O fim de tal império construído ao longo de 50 anos veio rápido: mesmo com a anexação da Albânia em 1939, e a invasão da Somália Britânica, anexada à AOI em 1940, os enormes revezes vindos da precipitada entrada italiana na Segunda Guerra Mundial fizeram com que todos os territórios fossem abandonados e posteriormente ocupados pelos aliados. De todas as conquistas sobraria apenas a Somália, que após a guerra, foi entregue pela ONU a uma administração provisória italiana, que prepararia o território para uma independência próxima, a ocorrer em 1960. Chegava ao fim o sonho de constituição de um império que se equiparasse ao dos tempos da antiga Roma.
Bibliografia :
Italian Empire. Disponível em: http://www.warandgamemsw.com/blog/466430-italian-empire/ Acesso em: 03 jul. 2011.
Fonte:
http://www.infoescola.com/historia/imperio-colonial-italiano/