General Z.Taylor, pôster pela guerra | ||
"A pura raça anglo-americana está destinada a estender-se por todo o mundo com a força de um tufão. A raça hispano-mourisca será abatida." New Orleans Creole Courier, 27.01.1855. |
Alegoria do Destino Manifesto | ||
A questão texana, que se iniciou em 1836, foi um poderoso fator de mobilização nacional para a concretização de mais uma etapa do Destino Manifesto.
O General Santa Anna rende-se a Sam Houston em San Jacinto,1836 | ||
Sam Houston, presidente do Texas | ||
A resposta não tardou. O general Santa Anna, marchando para o norte, dizimou uma centena de fronteiriços, aventureiros americanos, em Los Alamos (6 de março de 1836), onde cinco mil mexicanos cercaram e mataram todos os 144 sitiados, comandados pelo coronel Travis e pelo aventureiro David Crockett e seus caçadores do Tennessee - num episódio que foi celebrado como a Tróia dos texanos -, mas terminou fragorosamente derrotado na batalha de San Jacinto, quando Sam Houston, o general-em-chefe dos texanos, não só destroçou as forças mexicanas como capturou o próprio comandante-em-chefe: o general Santa Anna, em trajes civis, em pessoa (21 de abril de 1836). Os texanos ratificaram sua nova constituição, legalizaram a escravidão e elegeram Sam Houston presidente. Logo trataram de obter o reconhecimento dos Estados Unidos bem como encaminharam uma solicitação de anexação pela União. Se foi Jackson quem reconheceu a república do Texas, coube ao presidente Tyler admiti-la na União em caráter definitivo em fevereiro de 1845.
Alamo, a Tróia dos colonos texanos | ||
O presidente James Polk (1845-49) | ||
Batalha de Cerro Gordo | ||
Capitão Fremont, líder da Califórnia | ||
Poucos tempo depois, em janeiro de 1848, o capitão John Suttler e o carpinteiro James Marshal acharam uma maravilhosa pepita à beira do rio American Fork, no Moinho Sutter, dando início à Golden Rush, a célebre corrida do ouro da Califórnia.
Batalha de Monterrey, 1846 | ||
A conquista da Cidade do México | ||
Em 2 de fevereiro de 1848, foi assinado o Tratado Guadalupe Hidalgo, no qual o México reconheceu a fronteira do Rio Grande como definitiva, cedendo em caráter permanente o Texas, perdendo ainda o Novo México, o Arizona, o Colorado, a Alta Califórnia, incluindo Nevada, Utah e o Wyoming: uma área que perfazia bem mais da metade do território mexicano. Como as baixas fatais dos americanos alcançaram 2.703 homens, é de se supor que foi a maior proporção de terras obtidas numa guerra pelo menor número de vidas perdidas na sua conquista em toda a história moderna. O vencedor assumiu as obrigações de pagamentos pendentes bem como de indenizar o vencido em quinze milhões de dólares. É fácil, pois, entender o profundo sentimento antiamericano presente nos mexicanos até os nossos dias. Para Lippman, a conquista da maior parte do México, a pretexto de expandir a democracia, "foi uma vilania vestida com a armadura de uma causa justa". Conclusão não muito diferente que chegou um dos próprios
Batalha nas proximidades da cidade do México | ||
Interessa observar a maneira totalmente contraditória que dois intelectuais americanos viram a guerra mexicana e a subseqüente cessão do território aos Estados Unidos. Enquanto Henry Thoureau denunciou a guerra como um ato covarde de uma nação poderosa contra uma república pobre, pregando a desobediência civil, conclamando, por meio do seu panfleto Civil Desobedience, 1849, os cidadãos americanos que não pagassem imposto e nem aceitassem colocar uniforme, Walt Whitman, ao contrário, endossou-a com entusiasmo dizendo: "O que tem a haver esse México miserável e ineficiente - com suas superstição, com sua paródia de liberdade, sua tirania real de poucos sobre muitos - que tem ele a haver com a grande missão de povoar o novo mundo com uma raça nobre? Que seja nosso lograr esta missão!"(5)
H.Thoreau e W.Whitman, opostos durante a guerra contra o México | ||
Leia mais:
» As Bases do Imperialismo
» A Conquista do Canal do Panamá
» O Corolário Roosevelt e a Diplomacia do Dólar
» Cuba e a Guerra Hispano-americana de 1898
» A Doutrina Monroe, 1823
» EUA e o Delírio Intervencionista
» O Império de Classe Média
1) WEINBERG. A. Destino Manifesto. Buenos Aires. Paidós, 1968, p. 16.
2) MORRISON & COMMAGER. História dos Estados Unidos da América. São Paulo: Melhoramentos, v. II, p. 13 e seg.
3) MORRISON & COMMAGER. Op. cit., p. 26-8.
4) MORRISON & COMMAGER. Op.cit. p. 28-9, também em Dozer, D. América Latina. 2.ed., Porto Alegre: Globo, 1974, p. 301.
5) QUIROGA, Miguel Angel G. - El poder de una idea [http://www.pbs.org/kera/usmexicanwar/mainframe-sp.html]
Fonte: