Pelo menos em dez capitais houve manifestações de rua contra o Governo Collor. Contrariando o apelo presidencial para que as pessoas vestissem as cores da Bandeira Nacional, milhares de manifestantes desfilaram em carro ou a pé, de preto ou de vermelho, em sinal de luto ou de indignação.
Em Brasília, mais de 50 mil pessoas, segundo organizadores, acompanharam uma carreata vestidas de vermelho e preto, com faixas e cartazes pedindo a renúncia de Collor. De acordo com o capitão Renato Fonseca, da PM, responsável pela segurança do evento, a carreata só se comparou ao badernaço de 1986 contra o Plano Cruzado II.
No Rio, a passeata do luto, que foi precedida por uma carreata nas ruas do Centro, Praça da Bandeira, São cristóvão e Aterro do Flamengo, saiu por volta de 10,30h do Leme, com mais de 10 mil pessoas, em direção ao Leblon, onde chegou no fim da tarde. Com a presença de artistas, intelectuais, crianças e idosos, o movimento na orla carioca se caracterizou por paródias, bom humor e palavras de ordem.
Em São Paulo, a Avenida Paulista, a principal da capital, ficou congestionada por manifestantes que usaram, além das roupas, guarda-chuvas e até sapatos pretos, pendurados nos carros.
A maioria da equipe ministerial não ficou em Brasília para engrossar o movimento verde-amarelo. Os ministrosque permaneceram na capital preferirram não sair de casa.
Apesar da extensão dos protestos, o então porta-voz da Presidência da República, Etevaldo Dias, garantiu que "as cores verde-amarelo predominaram nas manifestações" e que o presidente Collor estava satisfeito porque havia recebido muito apoio por telefone.
Oito dias depois, a Comissão Parlamentar de Inquérito do PC concluia, por meio de relatório, que o então Presidente tinha conhecimento das atividades ilegais de PC Farias e fora omisso no “seu dever funcional de zelar pela moralidade pública”. Considerando que Collor recebeu “vantagens econômicas indevidas”.
Em outubro, Collor foi afastado da Presidência, e em 29 de dezembro de 1992, renunciou ao mandato na tentativa de evitar ter seus direitos políticos cassados. A medida, no entanto, não funcionou. O documento da CPI deixou aberto o caminho para que a Procuradoria Geral da República processasse o presidente por corrupção passiva e que a Câmara dos Deputados instaurasse seu processo de impeachment que seria concluído em 16 de dezembro de 1993.
Fonte:JBlog