Tendo uma visão de mundo fortemente dualista, os cátaros acreditavam que a glorificação do espírito só pode ser alcançada a partir do momento em que as sensações carnais fossem desprezadas. Influenciados por essa concepção, os cátaros viviam uma vida extremamente simples e se abstinham do consumo de alguns alimentos como a carne e qualquer outra fonte de sustento que fosse obtida por meio da procriação. Além disso, se recusavam a realizar o sacrifício de qualquer tipo de animal e não aceitavam os tradicionais juramentos feudais.
A rejeição do mundo material se sustentava numa crença anterior, na qual acreditavam que todo o mundo espiritual fora criado por um “deus do bem” (Deus) e toda a realidade material fora concebida por um “deus do mal” (Diabo). Sendo assim, o homem deveria buscar sua purificação espiritual e tomar as mais diversas ações que lhe permitissem se afastar da esfera material. Mesmo acreditando na existência do mal, eles não acreditavam no inferno, pois, ao fim, o bem triunfaria para todo o sempre.
Entre os séculos XI e XII, o catarismo se desenvolveu por diversos cantos da Europa e teve seus praticantes conhecidos por nomes diversos. Na Alemanha, foram chamados de “ketzers”; entre os italianos foram nomeados como “patarinos”; e em terras búlgaras foram conhecidos como “bogomils”. No século XIII, o grande número de cátaros existentes na cidade de Albi – localizada na região francesa do Languedoc – fez com que os praticantes dessa heresia também fossem conhecidos como “albigenses”.
Na medida em que tinham sua igreja e suas próprias liturgias, os cátaros foram perseguidos pelos representantes do catolicismo. No ano de 1119, o Concílio Regional de Toulouse chegou à conclusão de que o catarismo era uma séria ameaça à manutenção da unidade da fé cristã. Inicialmente, os clérigos católicos tentaram reafirmar sua autoridade religiosa dialogando com os cátaros e enviando pregadores para as regiões em que a heresia se desenvolvia de modo mais expressivo.