Kamikaze é a expressão com o qual ficaram conhecidos as unidades de ataque congregando pilotos de aviões (e em menor medida, tripulantes de embarcações) japoneses que, durante os combates da Segunda Guerra Mundial, em meio à situação de revés que o Japão enfrentava, e ante a falta de recursos, tinham como missão jogar seus aviões cheio de combustível inflamável em direção aos porta-aviões e demais alvos similares do inimigo norte-americano, buscando com isso, causar o maior número de baixas possível ao outro lado, utilizando o mínimo possível de material bélico e contingente humano.
A expressão tem o significado de “vento divino” em japonês, e era uma esperança para as forças japonesas, em um período da guerra em que o Japão já dava sinais da derrota iminente. O ataque dos batalhões kamikaze foi a planejado pelo vice-almirante Takijiro Onishi, comandante aéreo nas Filipinas, que há muito defendia a tese de que as forças aéreas nipônicas não eram mais capazes de conseguir vitórias ante os ataques às poderosas forças americanas. Só uma nova concepção de guerra poderia causar uma reversão dos acontecimentos, e com base na tradição e na história de seu país, Onishi denominou o novo modo de ataque de Vento Divino ou Kamikaze, uma referência ao vento que impediu as forças navais do conquistador mongol Kublai Khan de invadir e ocupar o Japão em 1281.
Com a sistemática baixa de pilotos mais experientes, os voluntários recrutados eram invariavelmente simples estudantes que muitas vezes não recebiam mais do que uma instrução básica de pilotagem. Era realizado um estágio especial de uma semana, sendo dois dias para a decolagem com uma bomba de 250 quilos, dois dias para o vôo em formação e três dias para a abordagem e o ataque. Poderia transcorrer várias semanas desde a assinatura do compromisso até a morte do piloto voluntário, que, apesar de adiada estava inevitavelmente programada. Uma grande importância era atribuída à preparação mental para um sacrifício cuja única justificativa era a eficácia, senão a utilidade, exigindo-se daquele que o realizava perfeita lucidez, paz de espírito e autocontrole. A ênfase era colocada na necessidade absoluta de manter os olhos abertos até o “encontro” com o objetivo, pois uma distração de uma fração de segundo poderia provocar o fracasso. Descobriu-se que os kamikazes interrogavam-se vivamente sobre as possibilidades de controle desse último instante.
A estratégia, apesar de ter provocado o terror em muitos contingentes norte-americanos, não foi suficiente para reverter a guerra a favor do Japão, que acabou por render-se poucos meses depois da sua aliada, a Alemanha. Com o fim da guerra, muitos voltariam à vida civil, desenvolvendo, porém, um complexo de culpa por não terem cumprido com seu compromisso e se juntado aos 4615 pílotos kamikazes que haviam se juntado aos deuses. Alguns se suicidaram, outros seguiram socialmente alheios à sociedade japonesa que emergiu da guerra, mas, a grande maioria foi reintegrada à sociedade, contribuindo para o crescimento das grandes empresas que ajudaram a reorganizar a economia japonesa.
Bibliografia:
MEYER, Charles. Kamikazes, as bombas humanas. Disponível em
DELLINGER, Dieter. Kamikazes. Disponível em