Nos fins do século XIX, a região dos Bálcãs foi um dos vários palcos de disputa entre as grandes nações imperialistas. Nessa época, o Império Turco-Otomano perdia o controle sobre a região e dava espaço para que várias nações independentes ali surgissem. Observando o desmembramento dos territórios, algumas potências vizinhas prontamente manifestaram interesse em impor seus interesses políticos naquele lugar.
Por um lado, a Rússia apoiou expressamente os movimentos pan-eslavistas que defendiam a formação de uma única nação entre os povos eslavos. Apoiando esses movimentos, os russos pretendiam garantir sua vindoura influência política e econômica. Para tanto, contavam com o apoio da Sérvia, que pretendia capitanear localmente a anexação dos territórios.
Em contrapartida, o Império Austro-Húngaro, com o apoio alemão, ambicionava construir uma estrada de ferro ligando as cidades de Berlim e Bagdá através do território balcânico. A concretização de tal projeto seria um primeiro passo para que os germânicos obtivessem vantagens políticas e econômicas em um território politicamente e militarmente esfacelado. Teríamos assim a construção de uma rivalidade imperialista apartando russos e austro-húngaros.
Por volta de 1912, o Império Austro-Húngaro se envolveu em uma série de conflitos onde acabou sendo derrotado por uma coligação militar composta por diversos povos eslavos. Aproveitando dessa situação, a Bósnia e a Hezergovina se inclinaram a romper com a hegemonia que os austríacos impunham em seus respectivos países. Nesse momento, o imperialismo austríaco nos Bálcãs se via claramente ameaçado por todos os lados.
Em 1914, visando reverter a situação, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, resolveu fazer uma viagem até a cidade de Sarajevo, capital da Bósnia. Nessa comitiva, ele pretendia anunciar a formação de um grande império que elevaria a Sérvia e a Hezergovina à mesma condição política desfrutada pela Áustria e pela Hungria. Dessa forma, se arquitetava uma estratégia diplomática que preservaria a presença austro-húngara nos Bálcãs.
Contudo, essa missão diplomática acabou sendo desastrosa quando integrantes de um grupo nacionalista assassinou o arquiduque Francisco Ferdinando. Imediatamente, abandonando as negociações planejadas, o Império Austro-húngaro ameaçou os sérvios militarmente e realizou uma série de exigências compensatórias. Aconselhados pelos russos, a Sérvia não atendeu às reivindicações impostas. Em resposta, os austríacos declararam guerra aos sérvios.
Naquele instante, os russos declararam guerra ao Império Austro-húngaro visando alcançar suas antigas pretensões imperialistas na península. Nesse instante, os alemães apoiaram a Áustria e também declararam guerra contra os franceses. Por conseguinte, a Inglaterra entrava no conflito para cumprir os acordos de apoio militar firmados junto à França. Dessa forma, o problema nos Bálcãs acionou as alianças que marcaram o desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial.
Por Rainer Sousa
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