O fim dos conflitos e a vitória da Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial foram seguidos pela discussão sobre as punições e regras impostas aos países derrotados, principalmente contra a Alemanha. Inicialmente, o presidente norte-americano Woodrow Wilson propôs o estabelecimento dos “Catorze pontos para a paz” onde defendia uma “paz sem vencedores”. No entanto, em janeiro de 1919, as potências vencedoras tinham outros planos para os derrotados.
Reunidos na cidade de Paris, os vencedores exigiam que fossem impostas indenizações contra as nações da Tríplice Aliança. De acordo com o Tratado de Versalhes, o Estado alemão foi obrigado a ser desmilitarizado, obrigado a pagar pesadas indenizações e perder parte de seus territórios. Ignorando qualquer possibilidade de revanche ou ressentimento, o acordo foi ratificado em junho daquele mesmo ano.
Com relação aos territórios, a Alemanha foi obrigada a devolver a Alsácia-Lorena para os franceses. Além disso, o recém-criado Estado polonês obteve o direito de livre passagem por uma faixa territorial que dividia a região norte da Alemanha. No plano territorial externo, os alemães cederam todas as suas possessões para Inglaterra, França, Bélgica e Japão.
Precavendo a formação de uma nova empreitada militar dos alemães, o Tratado estabeleceu severas restrições ao poder bélico dos germânicos. As forças do Exército não poderiam ultrapassar o contingente máximo de 100 mil homens e o alistamento obrigatório seria extinto. Nenhum tipo de indústria bélica poderia ser criada e as forças da Marinha e da Aeronáutica seriam praticamente extinguidas.
As pesadas indenizações financeiras colocadas aos alemães foram justificadas com a necessidade de sanar os prejuízos materiais e amparar as famílias afetadas com a guerra. O valor estipulado foi de aproximadamente 30 bilhões de dólares, sendo que a grande maioria foi concedida à França. Durante a década de 1920 esses valores foram renegociados até que, em 1932, a dívida foi extinta na Conferência Internacional de Lausanne.
Outro ponto estabelecido pelo Tratado de Versalhes foi a criação da Liga das Nações, um órgão de caráter internacional responsável pela manutenção do equilíbrio entre as nações. As funções determinadas à liga acabaram não tendo o efeito necessário, já que importantes países como Rússia e Estados Unidos não integraram à recém-criada instituição. Nas primeiras tensões políticas que anteviram o início da Segunda Guerra Mundial ficou claro o fracasso político da Liga das Nações.
Nesse mesmo período, tratados de menor importância foram assinados com os demais países envolvidos na Primeira Guerra. O Tratado de Saint-German promoveu o fim dos impérios Austro-Húngaro e Turco Otomano com o reconhecimento da independência de diversas nações do Leste Europeu, que se subordinaram aos interesses econômicos dos vencedores.
Dessa forma, fica claro que os acordos selados no pós-Guerra reafirmaram um desequilibro político e econômico entre os povos europeus. Enquanto Inglaterra e França ampliavam seu poderio econômico, a arrasada Alemanha suportou restrições que colocaram sua população em um irreversível ciclo de problemas sócio-econômicos.
Por Rainer Sousa
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