Por Antonio Gasparetto Junior |
No final do século XIX, novas potências começaram a se formar na Europa. Estes novos países que tinham suas economias ligadas às produções industriais necessitavam de mercados consumidores ao redor do mundo e também de fontes de matérias-primas que sustentassem suas produções. Esse momento é conhecido como a fase de expansão do capitalismo imperialista, no qual os países mais poderosos econômicos e industrialmente, países europeus e os Estados Unidos, buscavam por suas zonas de influência que atendiam aos seus anseios capitalistas. A entrada de novos países europeus na disputa por tais localidades ocasionou um clima de forte instabilidade no continente europeu.
Em 1914 a paz foi rompida na Europa com a deflagração da Primeira Guerra Mundial entre os países imperialistas, especialmente impulsionada pelos interesses de Alemanha e Itália que entraram tardiamente na corrida capitalista. Rapidamente, a Alemanha se expandiu militarmente por territórios adversários e montou suas bases de guerra. No início, a infantaria foi muito utilizada com o apoio da cavalaria e de peças móveis de artilharia. Este tipo de combate marcou a primeira fase do conflito, identificado como guerra de movimento.
Aos poucos passaram a ser utilizadas as trincheiras como estratégia de guerra, o que causou muitas baixas ao exércitos que insistiam no deslocamento de tropas. Mesmo fazendo uso de bombardeio, gases e lança-chamas, o mecanismo das trincheiras, que utilizavam metralhadoras e eram defendidas por arame farpado, causava o fracasso da infantaria.
O recurso às trincheiras era uma forma de guerra já conhecida na antiguidade, mas foi somente na Primeira Guerra Mundial que ocorreu efetivamente uma Guerra de Trincheiras, muito impulsionada pela invenção da metralhadora. As trincheiras eram cavadas pelos próprios soldados, possuíam cerca de 2,5 metros de profundidade e 2 metros de largura, por onde se movimentavam os combatentes. Em sua parte posterior, eram protegidas por sacos de areia, que defendiam do impacto dos tiros e dos estilhaços das bombas. À frente desses sacos de areia, estavam longas coberturas de arames farpados, algumas vezes eletrificados, que impediam a aproximação do inimigo. Devido à profundidade das trincheiras, não era possível observar o campo de batalha, por isso construía-se algumas elevações dentro das trincheiras que permitiam alcançar o nível de visão adequado do combate e também o acesso às metralhadores, o equipamento básico que era capaz de destruir muitos inimigos.
A Guerra de Trincheiras marcou a segunda fase da Primeira Guerra Mundial. Foi a fase mais sangrenta, onde se verificava as piores condições humanas de sobrevivência em um campo de batalha. Milhares de soldados permaneciam durante meses dentro desses túneis que eram interconectados formando uma rede de defesa dos exércitos. Apesar das trincheiras defenderem contra tiros de rifles e metralhadoras, não tinham muito sucesso contra projéteis de artilharia. As condições de sobrevivência eram as piores possíveis. Quando os soldados cavavam as trincheiras em regiões perto do mar, acabavam encontrando água no meio do processo, o que deixava o terreno permanentemente tomado por lama. Em ocasião de chuva, a situação se intensificava, os túneis ficavam inundados e os soldados tinham que lutar, comer e dormir encharcados. A lama evitava que se mantivessem aquecidos e o cheiro de mortos era constante. Pela presença de muitos cadáveres em decomposição, apareciam muitos ratos em busca de alimentação e o quadro geral se tornava muito propício à morte.
Entre trincheiras inimigas havia um espaço de aproximadamente 200 metros de distância, no qual jaziam muitos mortos ou feridos que esperavam por socorro. Entretanto só era possível que as equipes de resgate saíssem à noite para tentar salvar algum combatente, o que costumava ser tarde demais. Ainda nas trincheiras, os soldados se alimentavam com carnes e vegetais enlatados ou biscoitos. Em um momento único, no primeiro Natal depois de iniciada a Guerra de Trincheiras, os soldados cessaram os ataques e saíram das trincheiras para se cumprimentarem. Mas o grande número de mortos que viria em seguida e o elevado índice de estresse causado pelo combate aumentaram o ódio entre os combatentes, impedindo que algo parecido ocorresse novamente.
A Guerra de Trincheiras não foi o motivo pelo qual o lado vencedor venceu a guerra, ela apenas trouxe mais morte e sofrimento para os combatentes. Foi com o uso de tanques de guerra seguidos por soldados e aviões de combate que, em 1918, foi possível quebrar as defesas alemãs na Frente Ocidental.
Foto: http://www.valedoparaiba.com/terragente/estudos/rev32_02.htm
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