Chamá-lo de Oscar pode ser um reconhecimento ao que Niemeyer, o arquiteto mais importante do Brasil - e um dos mais influentes da arquitetura moderna - traz em sua bagagem. Uma experiência ímpar que o projetou como o defensor de uma sociedade mais igualitária e fraterna e que, por seu talento, o tornou um cidadão do Mundo.
Outras efemérides de 15 de dezembro
1923: Petit Trianon, a nova sede da ABL
1960: É inaugurado o Cine Paissandu
1966 - Adeus a Walt Disney, o criador da fábrica de sonhos
Nascido em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares passou a juventude como um jovem carioca típico da época: boêmio, sem a menor preocupação com os rumos de sua vida. Concluiu o ensino secundário apenas aos 21 anos, mesma idade com que se casou com Annita Baldo (1909 - 2004), filha de imigrantes italianos com quem teve apenas uma filha, a galerista Anna Maria Niemeyer.
Um ano depois, Niemeyer matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, de onde sairia em 1934 com o diploma de Engenheiro Arquiteto: "Depois de casado comecei a compreender a responsabilidade que assumia e fui trabalhar na tipografia de meu pai, entrando depois para Escola Nacional de Belas Artes".
Em 1935, iniciou sua vida profissional no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. "Não queria, como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial que vemos aí. E apesar das minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar, gratuitamente, no escritório do Lúcio Costa e Carlos Leão, onde esperava encontrar as respostas para minhas dúvidas de estudante de arquitetura. Era um favor que eles me faziam".
Passados dois anos, assinou o seu primeiro projeto: a Obra do Berço, no Rio. No ano de 1939, viajou com Lúcio Costa para projetar o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York. Foi nessa época que conheceu o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, que o chamaria para projetar seu primeiro trabalho individual. era o início de uma fase em que projetaria uma série de prédios em Belo Horizonte, mais tarde conhecidos como Conjunto da Pampulha. A construção, que ficou pronta em 1943, rendeu muitas críticas e admiração e trouxe ao arquiteto sua primeira projeção internacional.
Em 1951, Niemeyer cria em São Paulo o Conjunto do Ibirapuera (um parque com pavilhões de exposições em homenagem ao aniversário de 400 anos da capital paulista) e o edifício Copan, prédio situado em um dos pontos mais movimentados do Centro que se tornaria um dos símbolos da cidade.
No ano seguinte, é a vez do Rio ganhar as atenções do jovem arquiteto. Ele constrói sua própria casa - a Casa das Canoas, que recebe o nome devido a estrada em que a residência se encontra. Muitos anos depois, o local torna-se parte da Fundação Oscar Niemeyer.
Com a eleição presidencial de Juscelino Kubitschek, Niemeyer é convidado para a realização de um projeto ambicioso: a criação da nova capital do País. Niemeyer é encarregado de organizar o concurso para a escolha do plano-piloto de Brasília, participando também da comissão julgadora. Nesta época, o arquiteto projeta o Palácio da Alvorada e os principais prédios da nova capital, entre eles o Congresso Nacional, a Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios e o Palácio do Planalto, além de prédios residenciais e comerciais. Lúcio Costa, seu antigo patrão e grande amigo, vence o concurso para o projeto urbanístico, e coloca em prática conceitos modernistas de cidade, inspirado nas idéias do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, como ruas sem trânsito, prédios erguidos por pilotis e integrados à natureza. Brasília é projetada, construída e inaugurada no intervalo de tempo de um mandato presidencial, quatro anos. Após sua construção, Niemeyer torna-se coordenador da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília (UNB). Em 1963, durante a Guerra Fria, é nomeado membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos dos Estados Unidos, e ganha o prêmio Lênin em favor da paz.
Filiado ao Partido Comunista Brasileiro desde 1945, o arquiteto visitou a União Soviética e tornou-se amigo pessoal de diversos líderes socialistas. Fidel Castro teria dito a respeito dele: "Niemeyer e eu somos os últimos comunistas deste planeta". Sua miltância política aproximou-o de personalidades com o mesmo posicionamento, especialmente do poeta chileno Pablo Neruda e do ex-presidente Salvador Allende, a ponto de realizar recentemente o projeto de um centro cultural em Valparaíso, cidade natal do estadista.
Em 1964, Niemeyer é surpreendido pela notícia do golpe militar no Brasil. Na ocasião, ele estava em Israel a trabalho. No mesmo ano, o arquiteto retorna ao País e é chamado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) para depor.
Sua posição esquerdista lhe custa caro. A revista da qual ele é diretor, Módulo, fundada em 1955, tem a sede semi-destruída em 1965. Seus projetos começam a ser recusados e seus clientes desaparecem. "Mas durante a ditadura, tudo foi diferente. Meu escritório foi saqueado e o da revista Módulo, semi-destruído. 'Lugar de arquiteto comunista é em Moscou', desabafou um dia à imprensa o Ministro da Aeronáutica".
Em 1965, Niemeyer retira-se da Universidade de Brasília ao lado de 200 professores como protesto contra a política universitária. No mesmo ano ele viaja a Paris para a exposição de sua obra no Museu do Louvre.
Impedido de trabalhar no Brasil, Niemeyer decide mudar-se para Paris. Ele abre um escritório na famosa avenida Champs-Élysées e passa a ter clientes de todo o mundo. Na Itália, ele projeta a sede da Editora Mondadori e na Argélia, a Universidade de Constantine.
Seu trabalho é reconhecido internacionalmente, e ganha admiradores em todas as áreas, como o sociólogo italiano Domenico de Masi, os escritores José Saramago e Eduardo Galeano, o historiador britânico Eric Hobsbawm, o ex-presidente português Mário Soares, o cineasta Nelson Pereira dos Santos e o cantor Chico Buarque.
Nos anos 80, Oscar Niemeyer volta ao Brasil. Nesta época, ele projeta o Memorial Juscelino Kubitschek, o prédio-sede da Rede Manchete de Televisão, o Sambódromo do Rio de Janeiro, o Panteão da Pátria de Brasília e o Memorial da América Latina, em São Paulo.
Em 1987, ele recebe nos Estados Unidos o Pritzker de Arquitetura, considerado o prêmio mais importante do mundo na categoria. Três anos depois, junto ao amigo Lúcio Costa, Niemeyer desliga-se do Partido Comunista Brasileiro.
Aos 84 anos, Oscar Niemeyer projeta o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), que muitos consideram sua obra-prima. Os traços modernos do museu fazem a construção se assemelhar a um disco voador. Projetado sobre uma pedra, a construção oferece visão para a Baía de Guanabara e o Rio de Janeiro.
Em 2002, é inaugurado em Curitiba o Museu Oscar Niemeyer, conhecido como Museu do Olho, devido ao design de seu edifício. Quatro anos depois, é inaugurado o Museu Nacional Honestino Guimarães, de autoria de Niemeyer, localizado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Viúvo desde 2004, Niemeyer decide se casar com Vera Lúcia Cabreira, 60 anos, sua secretária há três décadas, em dezembro de 2006, aos 98 anos. Os dois casaram-se no dia 16 do mesmo mês, em uma cerimônia civil realizada na residência dele no Rio. Apenas um juiz e duas testemunhas estiveram presentes. Niemeyer só informou sua família da união no dia seguinte.
No final de agosto deste ano, Niemeyer lançou seu novo livro As Igrejas de Oscar Niemeyer, que traz plantas e fotos dos principais projetos do gênero nos quais ele se envolveu. O evento ocorreu na Galeria Anna Maria Niemeyer, no Shopping da Gávea, localizado na zona sul do Rio de Janeiro. Além desta obra, lançou também a décima edição da revista Nosso Caminho, publicação voltada à arquitetura que criou em 2008. Celebrando 104 anos, Niemeyer continua em plena atividade profissional. E a vida continua...
14 de dezembro de 1966: Morre Rubem Berta, um símbolo da aeronáutica brasileira
O Presidente da Varig, Rubem Berta, 59 anos, morreu após sofrer um colapso cardíaco em seu gabinete, onde, sozinho, preparava o relatório sobre as atividades da empresa naquele ano. Encerrava-se assim, uma história de quase 40 anos de dedicação à empresa que ajudou a construir e consolidar no mundo do transporte aéreo comercial.
Na folha 1 do Livro 1 do Registro Aeronáutico Brasileiro consta a inscrição do primeiro avião comercial brasileiro, data de 7 de maio de 1927. O avião era o pequeno Atlântico, e com ele começa a história da Varig. O gaúcho Rubem Martim Berta, nessa época, era um rapaz de 20 anos, funcionário do departamento de contabilidade da empresa, fundada um ano antes por Otto Meyer Labastille.
Berta fazia de tudo sem limite de horário: atendia no balcão, escrevia à máquina, despachava e recebia os aviões, e entregava a correspondência no correio. Foi despachante, contador, secretário de Diretoria e Diretor-Suplente, funções que o obrigaram a abandonar os estudos quando já estava no 4º ano da Faculdade de Medicina de Porto Alegre.
Em 1941, o Brasil se preparava para entrar na guerra, e o sentimento antigermânico cersceu em Porto Alegre. Percebendo que sua origem poderia comprometer o interesse e a popularidade da Varig, Meyer Lobastille resolveu renunciar à Presidência. Berta, que gozava de sua plena confiança foi nomeado Diretor-Gerente, passando em 1945 a Diretor-Presidente. Na Presidência, Berta procurou traçar um plano de rotas interestaduais e internacionais, o que alcançaria com êxito em poucos ano.
A dedicação ao trabalho consumiu bastante de sua vida pessoal. Foi um homem sem hobbies e sem vida social. Chegou, por diversas vezes, a dormir em seu escritório. E sua principal distração era debruçar-se sobre os mapas da companhia, imaginando novas rotas. Gostava de embarcar como um passageiro anônimo, para verificar pessoalmente o funcionamento do serviço aéreo.
Reconhecido por diversos prêmios de renome no cenário empresarial brasileiro, Rubem Berta foi à altura de seu sonho. Deixou viúva D. Vilma Berta, com quem teve duas filhas.
Outras efemérides de 14 de dezembro
1962: Mariner 2 chega a Vênus
1972: A Apollo 17 retorna à Terra
1981: Israel anexa as Colinas de Golã a seu território
13 de dezembro de 1968: Tempo negro. Temperatura sufocante. É decretado o AI-5
Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável.
O país está sendo varrido por fortes ventos.
Máx.: 38º em Brasília. Mín.: 5º, nas Laranjeiras.
Jornal do Brasil
Na noite da sexta-feira, 13, com o objetivo de administrar a crise política, o Governo do General Arthur da Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5, e com base nele, o Ato Institucional Complementar nº 38, que decretou o recesso do Congresso Nacional, por prazo indefinido.
Outras efemérides de 13 de dezembro
1981 - Governo polonês decreta estado de guerra
1996 – Kofi Annan é o novo secretário-geral da ONU
Entre as resoluções do AI-5, suspendia-se os direitos políticos, e proibia-se atividades e manifestações sobre assuntos dessa natureza, condicionando a infração a severas penalidades, desde a liberdade vigiada ao domicílio determinado. Para garantir a ordem, os quartéis mantiveram-se em rigoroso regime de prontidão, e mobilizaram-se integralmente as Polícias Federal, Militar, Civil e a Guarda Civil.
O ano de 1968 foi de grandes protestos contra o regime militar. No início do ano, artistas de teatro mobilizaram-se contra a censura. Em março, uma manifestação universitária no restaurante Calabouço terminou na morte do estudante Edson Luís. Greves e passeatas eclodiram em todo o país, culminando com a passeata dos 100 mil, em junho, no Rio.
Atentados, expropriações, paralisações prosseguiram no segundo semestre em diversas partes do país. Um dos momentos mais tensos foi o discurso do deputado Márcio Moreira Alves, no início de setembro, conclamando a população a boicotar os eventos programados para o Dia da Independência. A declaração elevou ao máximo o descontentamento dos militares, que pediram a cassação do deputado. O pedido foi rejeitado pelo Congresso (216 votos contra, 141 a favor e 24 abstenções) na véspera da instauração do AI-5.
Anos de chumbo e a censura
Nos dez anos de vigência do mais cruel dos Atos Institucionais, sua fúria consternou a sociedade brasileira e internacional. Impondo-se como um instrumento de intolerância aos contestadores do regime militar, promoveu arbitrariamente repressão e intervenção, cassação, suspensão dos direitos, prisão preventiva, demissões perseguições e até confisco de bens.
A censura federal, recrudescida, atuou veentemente na interdição de mais de 500 filmes, 400 peças de teatro, 200 livros, e milhares de músicas. Tudo sob a égide da segurança nacional.
Fonte: Jblog